Mais uma vez de inútil espera,
de acreditar no ilusório,
de ver além do que era.
Perdurar, o sequer provisório.
É tão fácil ver o que se quer
nas silhuetas nebulosas...
Que aderem nas formas do querer,
saliva a boca... Coisas gostosas.
E por isso, eu danço no escuro;
onde todo gato é pardo,
e as brumas, comem metro e muro,
dando-me a impressão que aguardo.
Enquanto a espera, não se mostra vã.
Hora marcada para depois... Depois...
Vir um frio, que não aquece a lã,
pois, a alma dividiu a roupa em dois.
E a roupa é a pele ao seu redor
e fica o todo em carne-viva
cada toque por mil, dor e amor,
mas, no fim, um ferimento que criva.