Blog de Daemon Moanir

Foto de Daemon Moanir

Onde estás?

Batem à porta da minha mente
Ideias demasiado dúbias e senis
Que para nada mais servem se não tirar-me o sono.

Batem à porta.
Batem à porta constantemente
E cada baque na porta
Me tira pedaço de vida .

Caiu na escuridão ignóbil de minh’alma,
Aí contento-me com sentir,
Pois se sinto estou vivo.

Oh! Mas que fria é esta vida.
Cheia de desamor, sem nenhuma alegria.
Rogo pragas a quem meu fado cantou!
P’ra que seus lábios cerrem
E me deixem então na paz.

Olho à volta,
Olho de novo e sei estar sozinho.
Onde estará o meu abrigo?
Onde o procurar?
Olho p’ra cima e suplico,
Deixa-me acreditar!

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A realidade

Se soubesses o quanto estou a tentar ser racional,
A pensar apenas com a cabeça
Ao invés de usar o coração…
O esforço é grande, porque espero maior recompensa.

Neste tempo ter-te-ia escrito todos teus cadernos com poemas,
Enchê-los com palavras e frases de minh'alma,
Cobri-los com doces carinhos e promessas d'amor,
Mas não, tenho a paciência e calma

E tudo correrá pelo melhor.
Fico à espera do tempo, para que passe,
Já esperei tanto e esperarei um pouco mais,
Pois não deixarei que levem pra longe de mim tua face.

Só falta uma palavra e o sonho estará completo,
Estará o sonho e eu e tu e um beijo.
Estás tu aqui e o sonho é realidade
Por isso, quero-te apenas ver meu anjo.

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Tenho de escrever

Escrevo até meus olhos doerem,
Para não ter de os ouvir sofrerem,
Para não ter de me ouvir sofrer.
Para ser sempre eu,
Para não mudar e sempre escrever.
Tenho de escrever, de escrever...
Tenho de mandar fora gritos de arrependimento,
Paixão, prazer ou sofrimento
Só assim serei eu no meio de tantos
E encontro-me sempre, não interessa o local.
Sofro, mas sou eu e prefiro-me assim...

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É algo

É algo estranho,
Estranhamente doce, mas vazio.
Ela é bela, muito até, demais talvez
Meu buraco continua a crescer...
Ó Deus agradeço o nada de tudo que tenho
Que me faz ver com olhos de ninguém o que existe.

Que confusão!
Que estado o meu,
Estranho,
Estranhamente suave,
O voltar das conversas do âmago
E sinceridade em cada palavra.
Ah Deus é tão bom!
O ser tão natural! Tal como comer uma maçã,
As frases fluírem sem estorvos!
O querer do acordar amanhã!
Ó Deus é tão bom!
O cheiro a terra molhada pela manhã.

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Pouco sei sobre amor

Pouco sei sobre amor.
Sei o que escrevem,
Sei o que sinto,
Mas pouco de tal é amor.
Tenho saudades de quando me era simples
Lidar com tudo isso, ou não,
Altura em que o frio era eu
E o amor só em poemas aparecia.

Sim, falta-me amor.
O bem que eu mais anseio,
Que me foge ou que me não tem…
Não vem…
Nunca me vem…não me ouve…
Não sei…

Como posso obcecar-me com o desconhecido?
Como posso procurar,
Se não conheço seu toque, seu cheiro ou sabor?
Como posso eu vê-lo,
Se não conheço suas vestes ou silhueta!?
Mas como posso ser eu,
Se assim eu não for?

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Eles não sabem

Eles não sabem o preço.
O custo que escrever dá,
Não só escrever, antes fosse…
Escrever é fácil,
Pior é não escrever, ficar calado.
Transbordar de versos a fio,
Ou de poemas inteiros,
Ou de palavras penetrantes, duras,
Mas tão belas…

Pior, ah! Pior é ver imagem com olhos
E com a mente ver as letras arranjadas
Tão perfeitas, tão amargas…
Tão rasgadas, tão pisadas
Pobre coitadas e são minhas…
E sou eu…
Ó, eles não sabem o custo
Eles não sabem nada…

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Lisboa

Vejo lá no cimo
Lisboa em baixo,
De telhados a reluzir o dia,
O calor, o deserto, a falta de histórias d'amor.
Pobre Lisboa antiga,
Casa de artistas e meu refugio,
Que me faltam os braços pra te amparar.
Que te faltam poetas pra te crer viva.

Passo a ponte,
Nunca te consigo parar d'olhar,
Que és mais bela que as mais belas musas,
Ninguém te vê, poucos te querem.
Ó Lisboa, força sublime e transcendente
Mostra-me as histórias, quais paixões éreis!
Mostra-me a pureza em ti pendente.
Mostra-me a conquista que te fez nossa,
Corações fortes que nossa te querem.
Mostra-me os segredos que tanto te ferem.

Ó Lisboa, canto e choro teu nome simples,
Já te passei
E já só penso voltar a ti,
Porque tu morres e eu também!

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Lembro-me

Talvez fosse do corpete apertado,
Ou do cabelo longo bem tratado
Que me lembro de ti.
Talvez da tua loucura igual a mim,
Ou de me amares durante tão pouco,
Lembro-me assim…

O teu perfume cheiroso que o leve o vento,
É de paixão incerta, de fogoso momento,
De quebra e de outro tempo.

Lembra-me o som e teu toque,
Meu prazer e teu bem forte,
Lembra-me o ar depois pesado
Por respirar sem ar ao teu lado.
Lembras-te, assim, de tua sorte
E eu, assim, de meu fado.

Lembro-me de minha imagem ofegante,
E o medo da sua cabeça e fronha.
Lembro-me de seu corpo em minha estante
E o padecer devagar de vergonha.

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Sou

Sou ninguém,
Sou o livre de mente,
Pensador eterno.

Sou as olheiras e os olhos côncavos.
Sou os caules nos dedos,
Sou as noites pautadas
E as linhas que escrevo.

Sou os poemas que guardo,
Sou as portas trancadas,
Sou o aspecto doentio
E as feições desgastadas.

Sou o último a entrar,
Aquele que ninguém viu
Sou a loucura permanente,
A estrada donde ninguém partiu.

Não sou poeta
Nem sou gente,
Apenas demente
Com tiques de louco.
Sou estranho talvez,
Mas sou ninguém.

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Vontades

Tenho sede de amores eternos!
E de beber paixões violentas!
Embebedar-me em mulheres sedentas!
Sentir a boca pesada de tanto estar aberta
De falar deitado, ver estrelas cadentes,
De beijar demais lábios ardentes,
De o fazer antes e arrepender-me depois…
Tenho fome de vida! Tenho fome de vida!

Escrevo vontade, escrevo por vida!
Escrevo desesperado, sem sossego algum!
Escrevo a remexer-me, mal parado,
Escrevo fechado,
Escrevo para não gritar, escrevo na esperança
De tudo um dia voltar,

Escrevo escondido
P’ra ninguém me encontrar,
Escrevo em falsete,
Escrevo em mentira,
Escrevo sozinho
E escrevo por vida.

Bom era se vontade ter
Desse vida pra lá do nascer,
P’ra lá do viver.
Desse vida sem nada temer,
Desse os cantares dos pássaros
Sem entraves nem discordâncias.
Desse a mim o que mais ninguém quer.

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