Em bandos esfarrapados,
Milhões de sombras
dentro em mim se agitam,
pedindo socorro.
São vozes que descem
Do Morro Angústia,
Sobem do Beco Ai-meu-Deus,
E, em lágrimas,
Simplesmente se abrigam
No meu ser.
São gemidos em filas,
Dores discriminadas,
Enfim, paridos pela má sorte
Que me invadem
Com suas nuvens de borrascas.
Assim povoado de lamentos,
Vou gritando "socorro"
Pela noite deserta,
Enquanto brilha no alto
A indiferença dos astros.
Às vezes, quero fugir,
Mas já não me pertenço:
Atropelando o meu querer,
O populacho turbilhona em mim
Brandando por socorro!
Autor: Gonzaga de Carvalho