Nostalgia

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE - O Cantar do Galo

CRÔNICAS DA SAUDADE – O cantar do Galo.
De repente ouço um cantar de galo ao longe e o inusitado no mundo urbano abre uma porta para uma enorme nostalgia. Instalada no meu peito sem pedir licença, ela dói de forma aguda. Fecho os olhos, encho o peito de ar num suspiro profundo e como num filme, vejo caminhos de terra batida, dourados pelo sol em claridade tão intensa e morna que quase consigo materializar o momento. Vejo laranjeiras, goiabeiras, sinto o cheiro do mato orvalhado pelo sereno das madrugadas e flores e folhas se embebedando. O galinho que canta ao longe de forma repetida, insistente faz meu peito se abrir sem quer, ardendo de uma saudade com gosto de infância, de avó lavando roupa na tina de madeira do fundo da casa.
Tina de madeira para lavar roupas. - Alguém mais já viu isto? Eu lembro nitidamente, tinha um pedaço de madeira com costelinhas que se enfiava dentro da tina para o esfregaço. Vejo a enorme pedra arredondada bem no meio do terreiro desafiando o tempo. A pedra instalara-se ali, como prova material de que algum dia tudo naquele espaço fora um oceano.
Todos nós crianças e netos ou não, adorávamos brincar naquela pedra, e certamente ela, testemunhou muitas outras infâncias. Subíamos, pulávamos e caiamos. Meu irmão que sempre quis ser super-herói improvisava uma capa nas toalhas de banho ou algum outro pedaço de pano que estivesse para lavar e voava da pedra com sua espada de cabo de vassoura para salvar o Mundo.
A cantoria do galinho indigente que agora escuto, somente no sentido de remexer as entranhas da saudade, trouxe-me neste exato momento o cheiro da madeira queimando no fogão de lenha e do feijão, cozendo na panela de ferro, feijão que meu irmão um dia mexeu com um pedaço de pau em brasa, lenha do fogão. Minha mãe quis pegá-lo de tapas, mas minha avó, somente riu com as bochechas avermelhadas e mandou que ele fugisse para não apanhar dizendo: “Ora deixa o menino, isto é coisa de criança”. Ela protegia todos os netos, perto dela ninguém levava tapas palmadas, surra então, nem pensar.
Tenho saudade do meu irmão que hoje sequer fala comigo, mesmo estando ao alcance do meu abraço, pois ambos esquecemos como se abrem os braços e se abraçam fraternamente os irmãos. Do menino franzino que não conseguiu salvar o Mundo, nem mesmo o nosso pequeno mundinho. Estou com saudades da minha avó conciliadora, que jamais deixaria isto acontecer, mas ela, não está mais aqui e tudo mudou. Tem uma eternidade que não vou ao terreiro dos fundos da casa de minha avó, nem sei se aquela pedra existe mais. - Será que virou concreto? Sei que há muito deixou de existir a cozinha feita de “barro a sopapo”, com o fogão de lenha e as panelas de ferro em cima, cozendo com amor para a família.
O sol nasce a cada dia e continua banhando os caminhos. São ruas asfaltadas, cimento e concreto e ele, queima de forma impiedosa e dolorida a minha pele, não me faz carícias como no tempo de criança. De repente o cantar insistente do galinho me desperta do mundo para o qual me levou, lembrando abruptamente, num suto, de que eu também deixei de ser criança.
Rosamares da Maia

Foto de Carmen Lúcia

Quero

Quero...
Ser o elo entre o mundo e a paz,
a vida simples de quem é capaz
de unir humildade e grandeza,
sabedoria e beleza
com a mansidão de um barco
aportando o cais...

Quero...
Ser rio que chega ao mar
vencendo as batalhas de seu fluxo
ao tornear pedras , colidir em rochas,
modelar-se à opressão das margens,
nortear as águas durante seu percurso,
único recurso para estancar a sede.

Quero...
ser o filme dos instantes felizes,
o ancoradouro das melhores lembranças,
a saudade que faz companhia
quando a ausência marca triste mudança
e a vida mostra o outro lado da face,
um lado sombrio, que se desconhecia.

Quero...
ser a frágil bailarina,
girar o corpo ao redor da rima,
de seu interior ouvir a melodia
inspirada na arte que combina
passos , compassos, coreografia ,
todo espaço irreal, sua geografia
sendo transformada em poesia.

Quero...
ser a tarde e sua nostalgia,
cores indecifráveis a findar o dia
num céu que rouba toda a magia
na transição de fim e recomeço,
reverenciando a noite, o luar,
as constelações do espaço estelar
preparando mais uma manhã.

_Carmen Lúcia_

Foto de Riva

NAMORADOS DE OUTRORA

NAMORADOS DE OUTRORA

Noite calma, o silêncio orquestrava aquele lugar,
Um recanto bucólico para o amante em exultação,
Na dileção da donzela se enleava em conquistar,
Nos bancos da praça, a preferida do seu coração.

Eram flertes bem velados, um poema a declamar,
Ritual dos enamorados, a mais viridante sedução.
Do coreto se contemplava os casais indo passear,
De mãos-dadas e em pares, iam em toda direção.

Lirismo de uma época que hoje passo a lembrar,
Deste lindo amor poético em grande veneração,
Havia encanto, havia beleza, uma união a fulgurar,
Era o tempo das pucelas, convictas por devoção,

Nostalgia da pureza, da cândida virgem ao altar,
Vestalinas de agora! Por que esta transformação?!

Rivadávia Leite

Foto de Carmen Lúcia

Incomparável

Comparo-te ao outono,
ao dourado de meu sonho,
às folhas que se esvaem
num tempo bem ameno
de sol que às vezes brilha
acarinhando o dia
em outras que desmaia,
e brilha a nostalgia.

Comparo-te à chuva miúda
gotejando vida...
Em mim brotando alegria,
afastando qualquer melancolia
ao desabrochar da primavera...
Envolvente e mágico perfume
e a inquietante espera
da tua presença com teu lume...

Tens o fascínio do mistério
e a chave da revelação
da eterna mutação da natureza,
sedução da estação que preconiza
a suave inquietação de tua beleza.

Comparo-te ao ritual do fim de tarde
quando o tempo parece parar
e por detrás de uma vitrine embaçada
observa folhas amareladas, outonais,
ladeando a passarela de sonhos irreais.

É como se depois da tempestade,
da bravia tormenta e da neblina
com o arco íris se encontrasse
encantando-me a retina.
A noite vem de repente...
Véu negro pontilhado de prata.
Traz fantasia, sons e odores inebriantes
que arrebatam...

Pergunto-me: És deus? Um mito?
Surreal? Metafísico?
E sinto romper a linha tênue
atada à lógica e à emoção
e me amparo ao desequilíbrio
insano da incompreensão.

Perco-me na imensidão do meu medo
sem saber ao certo a dimensão
desse enredo...
Apenas enveredo-me nesse sonho
que transita entre o real e o irreal
nessa aventura inigualável...
Nesse sentimento sem palavras...
Para sempre Incomparável!

_Carmen Cecília e Carmen Lúcia_

"Obrigada, querida Carmen Cecília, pela parceria que nos deu o 3º lugar no torneio de parcerias, na Navegantes das Estrelas."

Foto de DINHO CM2

Sabia Expressão

O foda do mundo e você viver nele sem te o direito de ali estar, mesmo ele sendo seu, com a carência do amor e a abundancia da dor vamos vivendo, pois os dois sentimentos são necessários.
Sufocado com essa nostalgia do preconceito idiota e hipócrita continuamos vivendo, atrás de um amanha onde eu possa sorri e lavar minhas mãos ensanguentada, machucadas de tanto trabalhar.
Que palavrões são esses dizendo que o meu país esta crescendo isso e uma ofensa a nossa pessoa que madrugar e anoitece sem parar.
Como dizer que o nosso índice de alfabetização subiu, acho que ele subiu tanto que passou da onde era, pois a escassez do poder na educação estar em alta.
A saúde faleceu há uns anos atrás, pois a pouco da morte diziam que a saúde esta doente, homem cruel esse rei!
O que dizer do caixa dois, se detectou a corrupção, uma senhora ofensiva ao governo que eu ajudei a eleger. Triste realidade e essa a minha, mais se houvesse visão, na política não iria existir ladrão, mais o fato de ser um pais de todos faz juízo ao nome. Pois a perfeição e divina!

Foto de P.H.Rodrigues

Sorvete Colado

Ah! Minhas páginas viradas,
meus recortes e minhas colagens,
minhas visões, que belas imagens.

A capa com gosto de quero mais.
Sim, vontade de se aventurar,
em novas colinas, e provar,
novas frutas, quem sabe a proibida.

Nostalgia passageira, é hora de se levantar,
sacudir a poeira, e te encarar.
Olhos nos olhos sem nada dizer.

E tudo termina com um abraço ou aperto de mão.
Recorto, e colo em meu caderno de recordação.

Foto de Carmen Lúcia

Momento único

Um doce enlevo me conduz à recordação,
trazida pelo vago entre a tarde que morre
e a noite que se anuncia...
Pela nostalgia que se espalha no ar
e pelo espaço vazio entre os dois momentos;
final da tarde e início de noite...
Pelo surgir, de qualquer canto, da saudade
que invade e toma forma,
pra se fazer notar...

Então a vejo...
A tez clara em oposição à contraluz do lugar;
brilho ao mesmo tempo fosco e esfuziante...
Cabelos discretamente dourados,
como folhas de outono, apagadas...
Olhos que me acariciam, me adornam...
E me deito em seu colo
tentando retroceder o tempo...
Queria esse tempo agora...

Utópico pensamento que me consola.
Suas mãos macias em meu corpo
me fazem renascer...
Adormeço com o seu cântico
a me embalar ... e de novo me gerar.

Minha mãe...Eterna morada...
Acordo... enquanto o doce enlevo se desfaz;
olho para o espaço vazio
entre a tarde que se vai
e a noite que ainda vem.
É o momento de a reencontrar...

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Outono

Tempos dourados outorgam novo ciclo,
Outonam caminhos, regam a esperança,
douram folhas, desnudam paisagens
que nuas perambulam, a contento,
bailando sem pudor entre o calor e o frio
e de mansinho desaparecem com o vento.

Acordam a nostalgia com acordes de magia
a tecer um tapete de ouro pelo chão
por onde passará com nobreza e distinção
a doce trilogia: beleza, poesia e emoção,
fazendo o tempo deslizar bem devagar, sem precisão.

Da terra brotam sulcos, alcovas das sementes
e silenciosa, a germinação procede vagamente,
acalentando o sono das flores adormecidas,
enquanto o frio do inverno cumprir sua missão.

Mas hoje é outono, tempo de espera,
as folhas jazem mortas... até a primavera,
que cobrirá de cores o cenário amarelado,
de flores e de vida o momento esperado.

_Carmen Lúcia_

Foto de Alexandre Montalvan

Lar

Há dor neste pedaço de papel
te descrever é tão cruel, sentir teu pranto
por ser agora o teu encanto, ser esta dor
em que eu esbarro
em meio à tênue fumaça de cigarro
mas ninguém fuma

E não há dor alguma
talvez apenas nostalgia
acentuada pelo gosto da cafeina
mas ninguém toma café
talvez com fé, um arremedo de poesia
talvez um lar

Talvez a verdade nua e fria
em minha casa vazia
em minha sala sombria
apenas uma cadeira
vazia
E eu em pé!

Alexandre Montalvan

Foto de Elias Akhenaton

Flashback

Hoje me bateu uma terna saudade,
Que passou como um filme no pensamento.
Com cenas de outrora... Da mocidade,
Que expandiu assim, este sentimento.

São belas lembranças que estão guardadas
Para sempre, eternamente no coração.
Das festas curtidas até às altas madrugadas,
Nas danceterias, no clima d’uma linda canção.

Dançava colado no rostinho da namorada,
Com beijo na boca com gosto de quero mais.
Só no embalo da música eu e minha amada.

Agora sinto um misto de saudade e alegria,
São momentos verdadeiramente especiais.
Um flashback de uma doce nostalgia.

-**Elias Akhenaton-**-
“Um peregrino da vida, pescador de emoções”.

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