És para mim
O relembrar do amor o cheiro
Quando me alcanças o seio e escorres
Caudaloso por entre vales e montes
Do meu corpo em pleno gozo...
Quando avanças encapelado
E transbordas em meu olhar
Teu mistério divagante
Ao desnudar-me inteira
No teu poder de atração
Ao vestir-me de espumas
É, sensual artesão...
Ao meu peito em desalinho
É a esperança e a aurora,
Ao estancar uma lágrima
Da minh’alma que chora
E, ao fechar as feridas
Em suave marulhar
Gota a gota, com invisíveis
Mãos de curar...
És, ainda um lírico poema
Quando teces no evolar
Da maresia veleiros de sonhos
Que levam os meus, além-mar...
Louvam-te a soberania
Canôpus e Antares,
Suspensos na luzente imensidão
Quando buscam esses mares
E espelham em ti silenciosos
O suplício da solidão...
Cale-se o burburinho
Ante o orquestrar de tuas ondas
Que vêm se quebrar na areia, sem peia
Num concerto à exaltação que encerra
Mensagens de amor e de alegria
Desse Arauto da vida na Terra!
Centelha Luminosa (Maria Lucia)