Ventura

Foto de brgigas

Bem me quer

Bem me quer mal me quer
Rodo e tiro cada pétala
Desse malmequer
Espero que a minha sorte
Não seja nula
E que nesse malmequer
Encontre essa ventura
Presa em cada pétala
Que arranco assim com medo
Na expectativa
Espero por ela
E digo a cada uma que arranco
E se perde ao cair no chão
Bem me quer Bem me quer
E despido fica
Esse malmequer
Que ao cair de cada pétala
Faz soar o nome
No meu bem-querer
Rodo e rodo nas minhas mãos
Essas palavras que conduzo
Nem malmequer
Nem Bem me quer
Me irá afastar
Assim de tão belo olhar.

Foto de Rafael pereira de souza

Meu grande amor nunca esquecido!!!

Sempre soube terminar os poemas que falam de saudade, de amores finitos, mas nunca começá-los, pois o início  tem gosto de ausência, tem cheiro de perda, tem peso de outrora. Amores passados, perdidos, partidos, apenas convidam ao silêncio, e a confissão, e a solidão, florescem implacáveis na ponta da língua, como brados, como adagas, e então, ao pretender o afago, apenas desenho um lamento profundo, e ao tentar esquecer o inesquecível implanto as lembranças na retina da memória, que dói como se fosse o dia da partida e não a hora das reminiscências.
Mas, sim: aprendi a dizer que não te esqueço; que o eco dos teus pés - que já foram o meu chão - retumba a cada passo que caminho nesta doce amargura escandinava, escondido entre ruivissímos cabelos e branquíssimas mentiras.
Revejo os instantes e vejo que o tempo, a destempo, ensina a dizer que te amo, que te lembro quando é tarde, quando a noite do tempo deitou-se para sempre entre nós, como  água sem barco, como  margens sem rio como um dia sem horas.
Difícil começar a dizer da saudade que sofro, da angústia que vivo, da dor que me ataca, da culpa que sinto, que não é vã, mas justa: mea culpa, mea máxima culpa.
E os minutos, esses que teimam em ficar horas a lembrar-te; e as horas, que ficam dias teimando em reviver os instantes que não voltam, apenas desamarram as palavras que impunes e sem medo se escrevem letra a letra lapidando um pedido de socorro, rabiscando um retorno ao passado, esculpindo um desejo de futuro, conquistando uma chance de ventura.
Sim, não nego: quis construir uma ponte de amor, um dizer de saudade, um grito de esperança, um pedido de clemência.
Nem mais, nem menos, nem muito ou pouco, nem tarde ou nunca: um tudo ou nada.
Sim, um poema de amor manchado de saudade, pintado em cor remorso, é o que tento iniciar e não consigo,
pois dizendo que sim, que te amo e não te esqueço, não começo, mas termino.
E isso faço, começo terminando com um resto de esperança, que é o fim de todos os princípios, e repito, como um disco, que te amo, que te amo, e que deixar-te foi tão duro como te saber distante. E termino começando, pronunciando o teu nome, o que até agora apenas me atrevia: vivendo de amor, e não morrendo, suando de ternura e não de angústia gritando de esperança e não de raiva, é como digo que te amo, minha Kleice nunca esquecida!

Foto de José Rafael

NOITE DE AMOR

Minhas mãos no teu seio,
minhas pernas no teu calor,
nossas bocas no enleio
do gozo fútil do amor.
Nossos espíritos silenciosos
pelo êxtase e emoção,
nossos olhares ansiosos
cheios de louca paixão.
Nosso amor na mesma cama
em união perfeita
num ardor que inflama,
incendeia e deleita.
Nossos lábios ruborizados
de delírio e ventura
roçam os corpos suados
casados em poemas de ternura.
Tua púbis de rara beleza
aumenta o desejo de amar,
unem-se os corpos na certeza
do acto de amor consumar.

Foto de Patrícia

Rosa Pálida (Almeida Garrett)

Rosa pálida, em meu seio

Vem querida, sem receio

Esconder a aflita cor.

Ai! a minha pobre rosa!

Cuida que é menos formosa

Porque desbotou de amor.


Pois sim...quando livre, ao vento,

Solta de alma e pensamento,

Forte de tua isenção,

Tinhas na folha incendida

O sangue, o calor e a vida

Que ora tens no coração,

Mas não era, não, mais bela,

Coitada, coitada dela,

A minha rosa gentil!

Curvam-na então desejos,

Desmaiam-na agora os beijos...

Vales mais mil vezes, mil.

Inveja das outras flores!

Inveja de quê, amores?

Tu, que vieste dos céus,

Comparar tua beleza

Às folhas da natureza!

Rosa, não tentes a Deus.

É vergonha...de quê, vida?

Vergonha de ser querida,

Vergonha de ser feliz!

Porquê? Porquê em teu semblante

A pálida cor da amante

A minha ventura diz?

Pois, quando eras tão vermelha

Não vinha zângão e abelha

Em torno de ti zumbir?

Não ouvias entre as flores

Histórias de mil amores

Que não tinhas, repetir?

Que hão-de eles dizer agora?

Que pendente e de quem chora

É o teu lânguido olhar?

Que a tez fina e delicada

Foi de ser muito beijada,

Que te veio a desbotar?

Deixa-os: pálida ou corada,

Ou isenta ou namorada,

Que brilhe no prado flor,

Que fulja no céu estrela,

Ainda é ditosa e bela

Se lhe dão só um amor.

Ai! deixa-os e no meu seio

Vem, querida, sem receio,

Vem a frente reclinar.

Que pálida estás, que linda!

Oh! quanto mais te amo ainda

Dês que te fiz desbotar.

Almeida Garrett (1799 - 1854)

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