Ressoa o sino...
Badaladas ininterruptas,
simultaneamente
sonoras e abruptas.
Celebra o quê?
O que comemora?
O dia que nasce?
A tarde que morre?
A chegada?
A partida?
O encontro?
A despedida?
Soleniza funeral?
Da morte, um sinal?
E o sineiro não se cansa,
persiste até onde o som alcança
ultrapassando sua barreira...
Pendurado na corda,
envergadura torta,
cumpre a missão rotineira.
Lembra o corcunda
das badaladas soturnas
da catedral de Notre Dame.
Incompreendido, sofrido,
quase sem alma, inânime,
jorra sua deformidade,
a dor do amor- castidade
ao ribombar o sino
que trepida a cidade.
_Carmen Lúcia_