Passo ante passo, vou entrando de soslaio
Olho e procuro, na névoa me embaralho
Não consigo mirar, meu espelho embaçado
E vapor fez que sumisse... de repente, do meu raio
Entristeço por não ver meu rosto
Tento sorrir, num pensamento forçado
Talvez melhor, meu rosto deve estar mal
Triste, sombrio e funesto – sem igual
Se ao menos estivesse por aqui, desembaçado
Poderia refletir, mesmo que a contra gosto
Ah, sentimento vão, sem resposta
Como pode o espelho não refletir assim?
Alma vazia, tal qual vampiro, imposta
Não faz de si um pedaço de mim
Mas lento e vagaroso abro a janela
Sei que o vapor vai sair
O ar frio vai entrar, espero, espera!
Talvez o tempo que levar
Me faça recuperar o brilho da tez
O brilho dos olhos, do coração talvez
Sei que esse espelho vai mostrar
Sei que esse espelho vai falar
Sei que esse espelho vai se ver
No espelho dos meus olhos
Desembaçados, como ele, e sentir
Alegria, por saber que encontrou
Alegria, por saber que não quebrou
Alegria, por saber que não foi deixado
Alegria por refletir
Alegria por estar apenas embaçado
︷︸ By Alexandre Andrade ︷︸