Blog de Melquizedeque

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Ser alado

Cortante vento que me afoga em um respirar sufocante
Que traz nesse simbiótico relógio a rasura inócua do tempo
Faz-me saber, no último momento, a casta dos segredos teus
Inflija o nascer das flores do dia. Deixe-me velejar no teu oceano

Rasgue a noite com os relâmpagos estridentes
Quando meu dia chegar me eleve ao cume dos montes
Ensina-me a voar e desvairar em um tornado incessante
Sou um incrédulo que transcende ao planar em colinas distantes

Vejo o beija-flor que voa livre nas tuas leis
Vento que bate no coração encarcerado
De um pássaro condenado a viver sem te enfrentar
Tira a solidão do escravo, um sagrado segregado que jamais pode voar.

(Melquizedeque de M. Alemão, 02 de julho de 2011)

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Olho da rua

Na espreita de um velório
Quando quis envenenar-me
Recuei por ver perigo
Em coleiras me guardastes

Da fogueira as bruxas fogem
Na madrugada em noites quentes
Um prevalente suor frio
Que enferrujam as correntes

Sangue nos olhos dos heróis
Reencarnados nas serpentes
Ascendem tochas de discórdia
Por seus medos contundentes

Corriqueiro navegante
No rio de gente enlouquecida
Da meretriz me torno amante
Sem ter água nem comida

Condenado sem ter provas
No julgamento misterioso
Encarcerado por instintos
Fui privado do meu gozo

Descalço e nu, na rua estou
Um pedinte humilhado
Desumano e desdentado
Pela angústia sou tragado

Tu condenas o meu não saber
Pensas ser mais do que eu
Mas nasci sem ser bebê
E agora bebo o que não é meu.

(Melquizedeque de M. Alemão, 15 de junto de 2011)

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Quimera

Um soneto retumbante encontra-se escrito no instante do meu olhar com o teu
Pois alegorias e falanges que percorrem a tua pele ao tocar-me traz o arrepio
Não sei se sinto o que me parece ser, ou apenas estou iludido. Talvez seja!
Face a face contigo me sinto perdido, já não sei mais se sou íntegro ou profano
Torna-se deusa da vontade e meu ímpio desejo jorra-se amiúde

Há um magnetismo em ti inerente. Tu és a bela e a fera, e eu as vírgulas do conto
Ao me achar em tuas andanças, eu era uma frágil criança em um berço de ébano
Não sabia se no frio chorava ou se demonstrava incontrolável alegria
Frágil e intocável fui carregado nos dorsos de dolosas fantasias
Por motivos não clarificados me vi entrelaçado na sinfonia dos seus beijos

Hoje cresci e ceio na mesa de meus inimigos. A cascata de medos já não me submerge
Minha vontade é explícita, fraudulenta e incontrolável. Tu fazes a chama reascender!
Quando estamos juntos, de tudo falamos, porém, nada é dito
Tua beleza é a própria transcendência. Estou definhando pela peçonha de seus lábios
Teu corpo seduz minha inocência. Diante de ti percorro do romance à tragédia
És tu um Belerofonte encantado e, também, uma malevolente Quimera.

(Melquizedeque de M. Alemão, 11 de junho de 2011)

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Poetiza

Certa lembrança rasgou dentro de mim os meus diários indeléveis
Vi nas ruas o reflexo de cães melancólicos que vagavam em infinita jornada
Fui banhado por ondas catastróficas de águas salgadas, ao sentar na sarjeta de sua rua
Lembrei de tempos passados em que me recolhia no calor de seus seios
E um bilhete rabiscado recebi de um mensageiro indecifrável

Olhei o papel envelhecido pelo tempo, e sua letra ali estava quase recém escrita
A dor da morte em meu peito apertava e aquela lembrança me remoia
Pensar no tempo em que te amava, mesmo um amor não consumado
Refazia minhas fábulas e cada personagem que eu vivia
Sempre herói tu me fizeste ainda que tão fraco e impotente

Aquela manhã jamais esquecerei... Quando acordei com imensuráveis sentimentos
Não havia forma alguma que minha mente entendesse, mas fui tomado de energia
Corri enlouquecido sem saber o rumo que tomara, não parei em nenhuma esquina
Não sei dizer se cheguei dormindo ou acordado, mas vi você na calçada caída
Na frente de sua casa uma multidão lhe rodeava. Fui banido de ver o que ali ocorrera

Eu sabia muito bem do que se tratava. Percebi que seu respirar eu já não mais sentia
Sua ida foi acompanhada de um crepúsculo fulgurante. Minha poetiza havia partido
Sem haver despedida, nem último beijo foi-se para o reduto onde nascem as palavras
Talvez um dia eu me torne eterno como tu, ou eu seja enterrado no olhar daqueles cães
O escuro hoje é meu aposento que resguardo meu lamento junto com a melancolia.

(Melquizedeque de M. Alemão, 26 de maio de 2011)

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Está escrito

Admiro cada palavra que escondo no meu não dizer
Tudo o que penso em ocultar, torna-se gritante no escrever silencioso
Apesar de não falar, certo estou de que do calar não sou escravo
Talvez tenhas razão ao mentires sobre minhas verdades

Cada gota de tinta que pinta meus papéis, um dia pintaram sua etérea beleza
Ao escrever, ando das igrejas aos bordéis à procura do desconhecido
Encontro leveza, a neblina e os mistérios do além. Meus passos não deixam rastros
Meu silêncio escreve enigmas velhos em novas páginas do livro da vida

Toda flor um dia murcha, ou se resseca em livros fechados
O que dizer ao beijar quem se ama? Pra que falar se o outro já entendeu?
Amo o silêncio e me calo sozinho. Por que dizer aquilo já estava escrito?
Pro acalento do útero retorno! Não preciso falar, mas apenas escutar o que já foi proferido.

(Melquizedeque de M. Alemão, 20 de maio de 2011)

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O silêncio de um morcego

No sótão da casa de Emília, havia um morcego que ali vivia
Os raios do sol jamais bateram em sua sensível pele
Um fantasmagórico ser que nenhum som emitia
Não era grande nem pequeno, nem filhote ou muito velho

Não se sabia de onde viera, nem parecia ser amigável
De cor negra e grande olhos, em suas asas se escondia
No escurecer do dia o sangue dos ratos o alimentava
Mas para cada rato assassinado, sua sede só crescia

Emília, uma inocente criança, não sabia do horror lhe viria a acontecer
Em uma sexta-feira, de nublado céu e lua cheia, barulhos no sótão escutou
Era meia noite, e seus pais já dormiam. Acorda assustada e, olha a janela
Estava um tanto escancarada e a luz da lua no chão batia

A curiosidade, em seu pequeno coração, aumentava ao som que ouvia
Extremamente aflita e angustiada, lentamente caminha até a porta
O ruído cresce... E o sangue de Emília, por um instante, parece que não existia
Ao olhar da fechadura nada de estranho encontrou

No fim do corredor, mais uma janela aberta avista. Imensa, larga, bucólica e horrenda
Sente um vento frio e sua pele arrepia. Mas o ruído que escutara parece ter uma direção
Ergue seus olhos e vê uma escada. Sobe sem pestanejar, sem ter idéia de para onde iria
O morcego percebe o som da porta que se abre. Voa velozmente para a parte mais sombria

Esse tenebroso ser se cala ao sentir o frenético bater do coração daquela menina
A armadilha é arquitetada pela mente sagaz de um animal ensandecido
Emília pergunta com voz baixa e muito trêmula: Olá! Tem alguém que possa me ouvir?
O morcego lhe responde: Falo pouco, quase nada, mas eu sou um bom ouvinte

Emília fica assustada, paralisada e emudecida. Tenta correr, mas não consegue
Parece estar entorpecida. Sua voz desaparece mesmo dentro de sua mente
O ar frio dá lugar ao quente no respirar dentre os dentes do monstro que lhe mordia
Seus olhos perdem a vida que lhe é totalmente aniquilada

No amanhecer, em seu corpo já não havia mais sangue e nem coração que pudesse bater
Parecia estar dormindo em um sono profundo. O cadáver é iluminado pela luz do novo dia
Seus pais ficaram atormentados à procura da menina. Gritavam bem alto seu nome
Mas o silêncio do sótão continuou... E a busca de seus pais até hoje não se findou.

(Melquizedeque de M. Alemão, 15 de maio de 2011)

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Boemia de um vampiro

O céu anoitece e resplandece seu corpo
Vislumbres meticulosos em afagos infindáveis
Parado a olhar a escuridão daquela noite
Vejo-te a contemplar certas águas que lhe entorpecem

Seres míticos e aquáticos emergem no horizonte obscuro
Meus sorrisos tímidos entrelaçam o seu
Acredito ser fruto de paixões já vividas
Fica escrito na água, nos rastros do vento

Não há nada que mude um minuto desse tempo
Sinto meu corpo, de coração frio, se aquecer em beijos incandescentes
Na escuridão da madrugada percebo a constelação de seu olhar
Com maliciosos sorrisos, em transe me espera com o corpo já despido

O tempo parece correr competindo com velozes maratonistas
Em um momento a lua sorri, em outro já é engolida
Exautorado de meu posto, por seus beijos, por inúmeros corvos
E o canto da lua encanta meus contos... Na rua deserta me leva e guia

O calar da noite se quebra com as ondas de um rio-mar
E é em seu desejo que impera minha fome animalesca
Antropofagia incontrolável... É seu sangue que me sacia
Entrastes neste jogo, onde o prazer é o seu prêmio e o ritual a boemia.

(Melquizedeque de M. Alemão, 10 de maio de 2011)

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Palavras

Tortos, becos, mortos, vinhos, pássaros, chistes, ópio
Crenças, medos, nascenças, velórios. Está sentenciado!
Talvez sim, talvez não... Eu nasço; tu morres; ele sobrevive
Acreditas? Estava lá... É secreto. Não me atentes!

Sobrancelhas desenhadas, virgens já violadas, essa, aquela, aquilo
Crianças que choram, que perdem os dentes. O tempo demora!
A vida me é imposta. Venhas morte, com a passagem de volta
É crime... Não se importes. És tu um náufrago nessa estória

Cadeias te prendem. Dê-me a mão, estou aqui fora!
Saia de meus pensamentos. Meu frenesi... Por que estais aí?
Eu temo não temer quando você tiver medo de mim
Por favor, fique! Esconda-se rápido, durma...

O que fizestes? Não era pra ser assim. Consegues me ouvir?
Respire, respire! Esse coração bate forte com o medo da vida, o anseio da morte
Pare! Cubra sua nudez. Vista-se com isso, com a honra que lhe dei
Tão lindos seus olhos, nesse seu choro sorridente. Tu já vais...
Não quero mais! Leve essas páginas. Jogue-as aos vendavais

O importante não é ter a importância que tanto lhe importa
É simples. Está aqui, ali, acolá... Não entendes o que digo?
Acreditas? Palavras que exportam. São fábricas, são fadas
Arquitetam sonhos, trocam mente por alma. Apenas palavras...

(Melquizedeque de M. Alemão, 13 de abril de 2011)

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Perdido em minha mente

Deixo aos caros leitores e escritores, um video curta metragem que produzi, baseado em um de meus poemas.

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Elixir dos imortais

Meus sonhos não tornarão a ser o que já foram um dia
Pois hoje tudo mudou, se entardeceu e me modificou
E o ar que eu respiro não é o mesmo que respirei ao dormir
Agora os pesadelos me atraem, me hipnotizam em lugares sombrios

Havia um homem, de certo lugar, com o nome incerto
Que escreveu em seu túmulo verdades em versos
Dizia que a vida não é mágica, não é um mar de lírios
Ela é simples, vaga, corrosível, lastimada...

Não aceitamos tais verdades, pois almejamos ser imortais
Assim criamos a esperança, filha bastarda da maldade
Com a pretensão de postergar a morte e esquecer como ela age
Mas igual ao carteiro que não se atrasa, ela sabe o seu endereço
Vem com cheiro de velório trazido nas asas dos pardais

Lembro-me que muito tempo atrás, contemplava o céu depois do mar
Via gaivotas que pairavam na beira da praia, como livros indomáveis
Posso sentir a brisa do silêncio entorpecedor que me libertava da normalidade. Tudo se passou e agora contemplo esse evento com olhos de águia. Vejo além do que se pode ver... Tudo significa mais, o mais lúcido devaneio

Por de trás dos véus avisto legiões de sonhos que não posso mais sonhar. Foram engolidos por fantasmas beberrões. Estão em cofres bem guardados. Agora entendo o olhar daqueles pardais... Jogados aos ventos são vitais. No entanto, não me encontrarão antes que eu beba o líquido imortal...Feito pelas mãos da aventurança, um elixir com gosto de vingança. Exclamam alto, os que se arriscam a beber... Gritam forte: quero mais!

(Melquizedeque de M. Alemão, 16 de Março de 2011)

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