Blog de Sonia Delsin

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TU NÃO SABES

TU NÃO SABES

Tu não sabes que sempre eu tive um diário.
Nele anotei algumas passagens.
Contei de tantas viagens.
Ao meu “eu”.
Contei.
Nele algumas palavras ficaram borradas.
Foram pelas lágrimas derramadas.
Não sabes como minha alma se refletia na minha poesia.
Nem sabes da minha maior alegria.
E da tristeza.
Da dor que mais me doía.
Mas não importa.
Este diário foi uma porta.
Pras outras dimensões de meu ser.
Aprendi lendo e relendo o que escrevi.
Aprendi.
Aprendi a viver sem ti.

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AVE DE ARRIBAÇÃO

AVE DE ARRIBAÇÃO

Sou tão pequena.
Às vezes penso.
E o mundo.
O mundo é tão imenso.
Sou grão na imensidão.
Sou ave de arribação.
Ou sou como um pedaço de chão.
Guardo os segredos da semente.
Guardo na mente.
Tudo que fui.
E sou.
Às vezes penso que nem estou.
Mas vivo na ilusão que sou, que vou...
A lugares que nem sequer existem.
Não me entristece isso.
Me alegra.
Me divido.
Me subdivido.
Sou a menor partícula do pó.
E ando pela eternidade na ilusão de que não ando tão só.

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SONHOS DE UMA VIRGEM

SONHOS DE UMA VIRGEM

Era ela e seus sonhos... na noite calada.
Lindos sonhos... tamanhos.
Sob a coberta axadrezada ela dava risada.
Um príncipe montado em seu cavalo percorria o quarto.
Na penumbra ela ria.
Se divertia.
Com a magia.
Com a fantasia.
Esta fantasia ela podia alimentar.
Linda virgem a sonhar...
A esperar.
A esperar...

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ENFEITEI TUA CHEGADA

ENFEITEI TUA CHEGADA

Eu te busquei nos recantos mais absurdamente acobertados.
Te busquei nos meus sonhos calados.
Erotizados.
Te busquei...
Pensava, meu amado.
Se este querer é pecado...
Ah, se é... estou pecando a todo instante.
Nunca vai ser o bastante.
Te busquei sim nas minhas noites insones,
nos meus dias infinitamente longos...
Nas minhas tardes monótonas, nas manhãs radiantes.
Te busquei nas minhas entranhas.
Senti tremendo calor.
Ardor.
Por ti.
Te buscando fui pensando.
Este homem vive em algum canto deste imenso mundo.
Sempre pressenti que te encontraria.
Sempre.
E enfeitei tua chegada com poesia.
Fiz de nossos dias vazios uma linda... uma linda e doce fantasia.

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NOSSO ENCONTRO

NOSSO ENCONTRO

Eu ia vivendo.
Amando e aprendendo.
Me perguntava.
Onde mora a metade que nasceu para me completar?
Onde vive?
Por que de mim não consegue se aproximar?
Eu caminhava à sua procura.
Pensava.
Que loucura!
Tenho tudo e tenho nada.
O mundo é feito de tanta coisa.
Tanto encontramos em nossa estrada.
Um dia eu percebi que encontrava o ser que buscava.
Ele me chegava.
Não via bandeiras balançando.
Vinha simplesmente conversando.
Uma conversa silenciosa feita de dedos e coração.
Haveria aproximação?
Porque distantes estávamos.
O sol e a lua parecíamos.
Distantes e amantes.
Um dia...
Ah! Houve o dia do encontro.
Houve.
Há.
Somos assim... uma coisa que não se pode explicar.
Um do outro.
Um sem o outro.
Um no outro.
Somos assim...
...um eterno viajar...
Um no outro.

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UM SUAVE IMAGINAR

UM SUAVE IMAGINAR

Deitada na rede fico olhando as estrelas.
Milhares de pontos luminosos.
Tão distantes.
Tão distantes que as vejo até quando elas nem mais existem.
Penso que sou um grão de areia.
Tenho uma alma que facilmente se incendeia.
Fecho os olhos.
Me vejo morando tão longe.
Para uma estrela me mudo.
O tempo parece que pára.
Parece que caminho noutro estrada.
Parece que meu ser começa a dar risada.
Me encontro em mim, noutro espaço.
Não me resta nenhum traço.
Do que fui aqui...
E sou...
Será que sou esta que aqui vive?
Aquela que lá distante consegue pisar?
Num doce, num suave imaginar.

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FICA SEMPRE...

FICA SEMPRE...

já disseram que fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas...
fica sempre no coração da gente um amor vivido.
ficam sempre os vestígios de um dia comprido.
sofrido.
como me custou naquela hora ter sorrido!
o adeus é tudo que não se deseja.
te amei...
talvez este amor não te realizasse.
houve o adeus...
e nas minhas mãos ficou o perfume das flores.
daquelas que eu te ofereci.
se sofri?
depois de tua partida um inferno vivi.
mas sobrevivi.

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ERGO A TAÇA

ERGO A TAÇA

O tempo é como a traça?
Tudo vai comendo?
Corroendo?
Estou vendo...
Outros tempos que me chegam.
Ergo a taça.
Ergo-a bem alto.
Bem acima.
Acima da minha cabeça.
E de meus pensamentos.
Ergo a taça.
A um ser invisível faço respeitosamente
meus cumprimentos.
Ergo-a.
Vivo agora outros momentos.

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UMA ATITUDE - Conto

UMA ATITUDE

Mariana sempre se levantava tão cedo. Gostava disso. Heitor ficava na cama e ela saía para suas caminhadas matutinas.
Ia olhando as árvores, os pássaros, as casas. Caminhava porque gostava e também para pensar na vida.
O casamento estava mal? Péssimo. Não existia mais desejo de ambas as partes. A ternura dos primeiros anos... ah, aquele encanto todo tinha acabado há tempos. Por que continuavam juntos?
O único filho estava casado e morava no exterior. Por que continuavam morando sob o mesmo teto, se não existia mais nada? Ela não sabia, ou sabia.
Heitor procurava outras mulheres? Ela imaginava que sim, mas não se importava. Não dormiam mais no mesmo quarto e ela nem o via chegar. Isto não a incomodava. O casamento estava falido, como falida estava a empresa que tanto ela empenhara em manter de pé.
O pai deixara para ela a fábrica de pregos.
Pobre paizinho! De que valeu tanto empenho? Heitor afundou-a.
Viviam da aposentadoria dela e do que Marcelo enviava. Marcelo queria ajudar, sempre tão prestativo e amoroso o filho.
Pelo menos ele estava bem, pois encontrara uma boa esposa, tinha um excelente emprego e morava no primeiro mundo.
-- Mãe, por que não se muda pra cá?
-- Deixar seu pai?
-- O casamento de vocês está acabado faz tempo.
Estava mesmo e ela ia ficando.
Um cão se aproximava e ela o agradava. Mais pra frente era um gato que vinha lhe fazer um agrado.
Um casal passava conversando. Caminhando e conversando e ela pensava se seriam felizes como aparentavam ser.
Ela não fora feliz no casamento e era uma covarde, pois não tinha coragem de sair dele.
Um dia teria? Talvez nunca.
Heitor por certo ficaria na cama até dez horas e se levantaria mal humorado. Colocaria defeito no almoço, em tudo. E ela ficaria quieta. Pra que brigar?

Ao abrir o portão Mariana notou que havia visita na casa. Era uma prima que não via desde o ano passado.
-- Você aqui, Bene?
As duas se abraçam.
-- Bonita como sempre, Mariana. O Heitor me contou que não abre mão das suas caminhadas por nada.
-- É, eu gosto.
-- Tirei o Heitor da cama hoje.
Mariana olhou o marido de pijama. Que ridículo ele lhe parecia naquele instante. Tinha bolsas enormes sob os olhos. Será que andara bebendo? É, ele andava bebendo nos últimos tempos. Além de fumar demais começara a beber. Será que estava querendo morrer?
O marido agora era um estranho pra ela. Um estranho que dormia no quarto ao lado do seu e que comia na mesma mesa.
Deus! O que ela fizera com a própria vida... o que ela fizera. As roupas de ambos eram lavadas na mesma água na máquina de lavar e estendidas no mesmo varal. E eram dois estranhos. Nada mais e nada menos que dois estranhos.
Tão longe ela estava quando Bene lhe chamou a atenção. Abraçada a Heitor a prima lhe parecia tão bem.
-- Estou apaixonada, prima.
-- De novo? É o quinto este ano?
-- Sexto.
-- Nossa! Você se apaixona tanto.
Heitor sorri gostosamente. Naquele instante ela até sente uma certa ternura por ele. Ele sorri tão leve e tão solto que parece o marido dos primeiros tempos.
Mas ela sabe que quando Bene se for ele será o mesmo ranzinza de sempre.

-- Fica pra almoçar, prima.
-- Tenho um compromisso. Estou de férias este mês, mas tenho mil coisas a fazer. Estou reformando a casa.
-- De novo?
-- Talvez o Marcos fique morando comigo.
-- Nossa! É sério desta vez?
Bene sorri e lhe dá um beijo na ponta do nariz.
Sussurra em seus ouvidos.
-- Vocês não parecem nada bem.
Ela nada diz. Melhor calar.
Os olhos do marido não a abandonam todo o tempo naquela manhã. Será que vai querer brigar quando a visita se for? Credo. Ela nem quer pensar nisso.
O que ela precisa é de uma atitude. Mas quando? Quando acontecerá?
Vai até o portão se despedir da prima e entra na casa. Começa a sua habitual tarefa. Arrumar a casa, ouvir as reclamações de Heitor...
Não quer brigar e deixa-o falar.
As palavras dele não têm mais o poder de perturbá-la, feri-la. Está meio morta e se faz de surda como uma porta.
Quando tomará uma atitude? Talvez nunca... Feliz é a Bene, ela pensa.

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ESTRANHO AMOR

ESTRANHO AMOR

Que amor é este que eu senti por ti?
Capaz das maiores loucuras.
Cheio de coisas tão puras.
Amei-te.
Amei-te sim na manhã que nascia.
Era um amor poesia.
Estranho.
Um amor que mais lindo meu dia fazia.
E me entristecia.
Estranho amor que minhas entranhas queimava.
E causava ardor no meu peito.
Eu não achava um jeito.
De vivê-lo. De matá-lo.
Do meu ser expulsá-lo.
Que tomasse conta de mim eu deixava.
Nele eu entrava.
Me entontecia, me embriagava.
Estranho amor que tomou minha alma.
Levou minha calma.
Estranho amor... amor tão estranho.
Lindo. Tamanho.
Que faz parte de mim.
Nunca vai se acabar.
Nem vai me matar.
Vou pra sempre guardar.

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