Agosto

Foto de Moisés Oliveira

Dia qualquer

14 de agosto de 1968, momento marcado de um dia qualquer.
O tempo que agora passa não me muda mais, o que passou ontem já não me quer.

As horas que passam não mudam meu passado, amanhã sempre é o dia da minha decisão.
Não faço nada se isso for agora, espero calmo pela solução.

O vento que passa me marca o rosto, rugas da minha pele contam o que vivi,
olhar pro relógio embranquece o cabelo, o tempo passou e não percebi.

Lutei pelo que já tinha, enalteci o que não precisava,
vendi barato meus melhores anos pra comprar caro o que não me faltava.

Comi o fruto que me alimenta, mas cai da árvore que não plantei.
Mato a fome com arrependimento, busco a resposta do que já não sei.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 8

E o gueto seguia a sua sina. Agosto continuava. De um lado, haviam uns pobres-diabos, de sangue quente e ralo, fracos como sua carne. De outro, os de sangue frio, os nobres, os prostituídos. É impressionante como esse universo em que vivemos sempre apresenta dualidades. O bem e o mal, a ordem e o caos, o positivo e o negativo. A vida e a morte. O destino e a discórdia. Parece que a chave da nossa existência, consciente, até que prove o oposto, é o puro e estúpido conflito entre um lado e outro. Como o branco e o preto, o homem e a mulher, eu e você. O amor e o ódio. A indiferença... As aparências enganosas...
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Clarisse, puta e fresca, mandava e desmandava após a morte do déspota Justo. Ela o envenenara, diziam os mais ácidos. De todo jeito, exercia seu poder de forma objetiva, sem rodeios para punir ou matar. A fome crescia. As rixas entre uns e outros esquentavam a frieza da antítese coletiva do buraco onde estávamos. Os tons variavam, para Clarisse, cinza e vampiro, para o povo, vermelho e sombrio. As facções tomavam conta do que o poder não se importava. E a turba, tarada e convulsiva, cantava assim:

- Morte aos infiéis! Aos traidores da fé e radicais! Morte aos sujos, aos virais! Que Deus abençoe os puros de espírito e só eles!

Clarisse ouvia e fingia que não.

- Esse bando de idiotas... Pensam até que fazem alguma diferença no mundo...

Clarisse se enfeitara de todas as jóias, roupas, perucas e os mais escandalosos adornos. Maria Antonieta sentiria inveja dela, se hoje possuísse a cabeça no lugar. Ela fizera um acordo com os dominantes, que poderiam explorar o que e quem bem entendessem do gueto sem interferências, desde que mandassem o mínimo de dinheiro e suprimentos para baixo. Uma troca perfeita. Bugigangas por ouro. Espelhos, pentes, pelo Pau-Brasil. Água potável por celulares. Qualidade de vida pela favela, e por aí vai. Enfim, tudo ia calmo e sossegado, até que os seres superiores decidiram controlar o crescimento populacional do gueto. Seu plano era jogar cocaína nas fontes de beber aos babacas de sangue quente. Marginalizar, culpar, destruir. Mas o efeito que obtiveram foi muito diferente do esperado.
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Pois bem, um Belo dia os dominantes jogaram o pó na água:

- É o pagode!

E o povo continuava:

- É o pagode!

O mantra se espalhava como a sangria de um cordeiro indesejado. Barrabás sorria. O reino dos homem resplandecia em alegria e empolgação.

- É o pagode!

Os dominantes jogavam o pó, jorravam, Clarisse deixa o canibalismo rolar solto. A massa é burra. Mas por ser massa, é manipulável. Quero dizer, todos ali tinham vontade própria, mas podiam ser condicionados. Outra hora eu estava falando com o Skinner, e foi isso o que ele me disse. O Planck discordou, mas o Planck discorda até dele mesmo. Já o Zeca Pagodinho assinou embaixo. Eu gosto do Zeca. Ele é legal.

Não se sabe bem como, mas em determinado avanço do batuque, as macumbas se intensificaram e o fogo começou. Não sei se o fogo foi proposital, se foi um gaiato que tocou, ou se foi uma empreiteira. Eu só sei que a chama subiu pelas paredes, madeirites, celulares de tela plana. O fogo destruia os crediários, os baús da felicidade, as roupas de marca, toda a tristeza de barriga cheia que o gueto alimentava para continuar a receber esmolas. Uma pomba andava os telhados, indiferente à baderna, uma cabra vadia olhava a correria e nada entendia. Eu só sei que a favela pegava fogo e não queria ficar lá para pegar fogo também.
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Eu corria e a torta segurava a minha mão. Os colegas, apesar do amor que eu sentia por eles, tentavam me pisotear e jogar contra o fogo. A tragédia era mesmo anunciada. Clarisse tinha anunciado aos macumbeiros que não interrompessem seus rituais, ainda que fossem consumidos pelas labaredas. A torta me puxava e impedia que a tara de me matar se consumasse.

- Dimas, não deixa esses porcos te matarem!

Não sei bem porque, eu por uns três milésimos de segundo valorizei minha vida. Me imaginei bem e feliz, realizado, sem medo de porra nenhuma. Obedeci a mulher que me amava e segui em frente.
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O fogo carbonizava colegas que eu sabia o nome e que não sabia. a cena era muito feia. As pessoas não tinham onde ficar, crianças choravam, vigaristas encenavam uma tristeza de forçar um choro inexistente, catárticos e sadicos apreciavam a ruína. O lixão da novela parecia um cenário de ficção, se bem que o lixão da novela é um cenário de ficção mesmo. Uma voz de olhos laranjas paralizou a escapada que a torta havia pensado com tanto cuidado.

- Calma lá, seus condenados! Chegou a hora da queima de arquivo.

Dona Clarisse queria nos mandar para o micro-ondas.

Foto de Bruno Silvano

A mais bela da tricolores

A estação era o inverno, um dos invernos mais quentes dos últimos anos, aquele típico “veranico” de agosto com aquele vento forte sem direção, sem rumo. Era um garoto de classe media, morava afastado da centro da cidade, e talvez por esse motivo um pouco tímido, acostumado a falar mais com a plantação de milho, do que com as pessoas.

Passara uma grande parte do meu tempo dedicado a ações sociais, em uma ONG de animais. Muitas vezes ficava horas e horas recolhendo animais feridos, por toda a cidade. Assim eram minhas tardes, e como as outras, essa não poderia ser diferente havia passado rapidamente, minha mão estava toda calejada, pelo duro trabalho realizado. Fiquei cansado, mas não tanto o suficiente para planejar minha vida pessoal, estava ali sozinho no canto da fazenda de quase 2 hectares observando as estrelas, sonhando acordado talvez com o jogo do dia seguinte, que era de suma importância para o Criciúma. Havia achado no meio da tarde uma linda flor, junto a uma gata que havia sido maltratada, a replantei naquele mesmo local. Pensara comigo mesmo, de quantas vez escutara que se fizermos algo de bom a natureza, ela nos retribuiria de tal maneira. Imaginava, se comigo a mãe natureza fizesse a mesma coisa, talvez com mais uma vitória do Criciúma, o meu time de coração. Observava a flor era linda assim como uma daquelas “perolas” torcedoras do tigre,a cada segundo parecia ganhar mais e mais vida. Era uma “Dama da Noite” possuía um perfume doce adorável. Adormeci por ali mesmo.
No dia seguinte teria que me acordar cedo para a aula, mas nada me tiraria de perto daquela flor. Durante o sono como sempre tudo passou rápido e terça feira já havia amanhecido. A flor se adaptou rapidamente a aquele solo fértil, arenoso e decorado com aquele gramado verde, era um verdadeiro espetáculo, principalmente ao orvalho da manhã que em contraste com o sol se formava as mais bonita das combinações de cores, preta, amarela e branca . Apesar de ser um exímio observador, jamais tinha visto tamanho magnitude e beleza em uma planta, seu caule formava um “J” que talvez representasse a juventude.
Por coincidência era dia de jogo do Criciúma, assim como a planta toda a cidade estava no esquenta do jogo. Era Criciúma e Avaí, o interior contra a toda poderosa capital do estado, era o duelo de predadores o tigre contra o leão. Estava tremulo em razão da empolgação, talvez até um pouco demais. Toda apoio do mundo seria bem vindo ao estádio, até pensei em levar aquela planta ao estádio, mas não poderia acabar com tamanha beleza. A escuridão da noite se aproximava, os nervos iam aumentando, a cidade desde cedo estava sutilmente pintada com as cores da camisa tricolor.
O espetáculo já estava todo armado, faltava apenas o time entrar em campo, contávamos com mais de 15000 apaixonados, que apoiaram do primeiro até ao ultimo segundo do jogo. Apesar do transito cheguei em tempo de ver o inicio dessa linda festa, junto a torcida mais amada e bonita desse pais. O resultado da partida foi surpreendente 5x1 para o Criciúma, foi uma chuva de golaços, muitas vezes confundido com o choro de alegria do torcedor, que torcia para o time que acabara de conquistar o simbólico titulo do 1º turno do Brasileirão da serie B.
A flor teria dado uma sorte e tanto, mas não contei que toda aquela chuva de gols poderia prejudicar aquela linda dama da noite, suas pétalas mucharam, nunca mais vi no orvalho da manhã as cores tricolores. Esperei pelas próximas noites atrás de seu perfume, tudo isso em vão, acabei me conformando que a mais linda das tricolores nunca mais abriria. Ainda era muito novo um adolescente e não entendia o porque ela se fechou. Confesso ter deixado algumas lagrimas caírem em suas folhas e suas raízes.
Continuei comparecendo a todos os jogos do Criciúma no estádio Heriberto Hulse mas o time nunca mais havia repetido uma atuação de gala, já não era mais o primeiro, mas era a final do campeonato e o tigre ainda poderia sagrar-se campeão. O jogo se encaminhava para a etapa final, quando depois de muito tempo senti aquele maravilhoso cheiro, daquela jovem plantinha, que tanto teria me deixado saudade, quase que a podia senti-la aos brilhos dos meus olhos novamente, a procurei suavemente, olhei para o lado e o brilho foi quase instantâneo, me encantei com aquela torcedora, Cujo possuía os olhos brilhantes, a pele serena, os cabelos lisos, tal iguais a aquela dama da noite que havia ficado em meu coração, seu nome era Julia, ela podia não ser uma planta mas com certeza era uma flor, das mais lindas, ainda mais realçada com as cores de sua camisa preta amarela e branca, minha euforia foi acalmada por um grito de “Gol”. O Criciúma sagrava-se campeão nacional daquela modalidade de futebol. Embora nunca mais pude ver Julia, na noite em que a vi minha flor havia brotado novamente, me fazendo recordar a cada instante as mais bonitas das tricolores.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Agosto

Eu te amo
E que se danem os cabuçus
Os camburões

Eu te amo
E que se danem os mensalões
Os medalhões

Eu te amo
E sempre te amarei
E o resto que se foda

Eu quero que tudo se exploda
Eu quero que tudo se lasque
Eu quero que tudo se tasque
Como um Agosto vira Setembro

Foto de Rosamares da Maia

Patchwork não!

Patchwork não!

Eu não sou patchwork. Não!
Sou mesmo colcha de retalhos, de todo tipo,
Pedacinhos de sobras de pano, irregulares,
Cortados na tesoura de minha avó portuguesa.
Sem modelagem ou ângulos retos harmoniosos.
Nem tecido fino de boa origem - tom sobre tom.
No aproveitamento, sou chitinha povoada de cor.
Dançando na mesa farta de minha avó,
Viva e sempre consistente de generoso amor.
Desse jeito era minha Mãezinha com nome de flor,
Costurava sem burocracia recortes do dia a dia.
Os retalhos unidos com a linha da solidariedade.
Trama pueril de filhos e netos, naturais e postiços.
Entrelaçados na colcha fraterna da família
Cada laçada uma lembrança – eram tantas.
Cada pedacinho uma história brincando de vida,
Amor costurado em colchas e toalhas de mesa,
Verdades transbordando na noite sem TV,
No som sem cortes dos programas de rádio,
Pregados na emoção dos pedaços da alma,
Banhada em sorrisos entre lagrimas e orações.
Não! Não quero ser patchwork não.
Aprendi a assimetria simples de minha avó,
De ser retalhinho sem sofisticação, costurado á mão,
Empregnado do som das novelas de rádio,
Do olhar ao longe desenhando os personagens,
Doce olhar da minha saudade descosturada,
Dos retalhos da minha infância distante,
Que o tempo não aprendeu a remendar.

Rosamares da Maia – 06 de agosto de 2012

Para a série "Retalhos - Pedaços de Vida"

Foto de Maria silvania dos santos

O amigo perfeito

O amigo perfeito

_ Hoje 09 de agosto de 2011 meu irmão me trouxe para o sítio do patrão dele, para que eu pudesse molhar o gramado, logo ele foi embora e eu fiquei aqui molhando o gramado, e então comecei a observar como a natureza é linda.
Os pássaros cantando, lagartixas correndo no meio do mato.
E eu estava muito feliz, é claro né!
O meu melhor amigo estava aqui do meu lado me acompanhando, e me ajudando a molhar o gramado!
Ele sempre está comigo em todas as horas, nas horas boas e ruins, é ele que sempre me da os melhores conselhos, mesmo que eu não o escuto, ele nunca me deixa sozinha, ele dorme comigo ,acorda comigo, ele fica o dia todo ao meu lado, vinte e quatro horas sem se afastar de mim.
Você deve estar se perguntando, quem será este amigo tão companheiro, sempre disposto a ajudar?
É ai que eu te pergunto, tem certeza que você não o conhece?
Pois se não o conhece você precisa o conhece-lo.
Não irá se arrepender, ele é o amigo perfeito para você, ele é o único amigo que todos nós temos.
Mesmo que algumas pessoas não queiram ser amigo dele, mesmo assim ele está sempre ali perto para ajudar.
Tem certeza que não sabe de quem estou falando?
Então vou dizer, eles é JESUS, que está sempre com você, mesmo que você não o veja ele esta bem do seu lado, é só você ter fé e acreditar nele que você vai perceber o quanto ele está te ajudando.
Busque por JESUS e será feliz eternamente, pois ele é o caminho a verdade e a vida.
Creia em JESUS e seja feliz!

AUTORA.; Maria Adriana dos santos

Foto de maria adriana dos santos

O amigo perfeito.

Hoje 09 de agosto de 2011 meu irmão me trouxe para o sítio do patrão dele, para que eu pudesse molhar o gramado, logo ele foi embora e eu fiquei aqui molhando o gramado, e então comecei a observar como a natureza é linda.
Os pássaros cantando, lagartixas correndo no meio do mato.
E eu estava muito feliz, é claro né!
O meu melhor amigo estava aqui do meu lado me acompanhando, e me ajudando a molhar o gramado!
Ele sempre está comigo em todas as horas, nas horas boas e ruins, é ele que sempre me da os melhores conselhos, mesmo que eu não o escuto, ele nunca me deixa sozinha, ele dorme comigo ,acorda comigo, ele fica o dia todo ao meu lado, vinte e quatro horas sem se afastar de mim.
Você deve estar se perguntando, quem será este amigo tão companheiro, sempre disposto a ajudar?
É ai que eu te pergunto, tem certeza que você não o conhece?
Pois se não o conhece você precisa o conhece-lo.
Não irá se arrepender, ele é o amigo perfeito para você, ele é o único amigo que todos nós temos.
Mesmo que algumas pessoas não queiram ser amigo dele, mesmo assim ele está sempre ali perto para ajudar.
Tem certeza que não sabe de quem estou falando?
Então vou dizer, eles é JESUS, que está sempre com você, mesmo que você não o veja ele esta bem do seu lado, é só você ter fé e acreditar nele que você vai perceber o quanto ele está te ajudando.
Busque por JESUS e será feliz eternamente, pois ele é o caminho a verdade e a vida.
Creia em JESUS e seja feliz!

Ass.; Maria Adriana dos santos

Foto de Anderson Maciel

ETERNO SONHADOR

Já é noite na cidade grande
e a chuva vem bem forte
me lembrando meu amor
o primeiro e único amor

Entre os pingos da vida
eu lembro-me de seu rosto
cativando meu finito ser
nos domingos de agosto

Quando já parecia no fim
você veio e tudo mudou
fazendo um reboliço em mim
me fazendo um eterno sonhador. Anderson Poeta

Foto de Rosamares da Maia

Vida em Tom Maior

Vida em Tom Maior

Segunda, 05/03/2012 - 16:45 - Rosamares da Maia

É uma janela simples e aberta,
Que pela manhã convida o sol a entrar.
Nela cada pequeno detalhe,
Cada ranhura do seu desgaste,
As suas dobradiças comuns,
Nada se perdeu ou jamais se perderá.
Ela contém e conta a tua história.
É a janela aberta do teu coração,
Emoção do pequeno passarinho,
Que enche o peito do ar fresco da manhã,
Respira a luminosidade do sol,
Aprontando as asas para voar.
Asas do homem que conservou o menino.
E na essência da alma, asas e mãos,
Entoam em traços a beleza da vida.
Vida em cores, vivendo em tom maior

Rosamares da Maia
24.agosto.2011.

Foto de Ana_Rosinha

A Rosa do Amor...

Autor:Ana Redondo
Escrito em: 20 de Agosto de 2011
Publicado em:4 de Setembro de 2011

No meu jardim procurei e encontrei.
A rosa do amor e dela cuidei.
Leveia para a minha casa para lhe
dar tudo, não queria que a rosa morresse.
E uma rosa linda, cheia de brilho e com um
amor para dar.
O amor que tenho pela rosa do amor cada
ves se tornou mais forte.
È o amor da rosa do amor que eu procurei,
mas que já encontrei.
Encontrei esse amor e lutei com todas as
minhas forças.
E agora que tenho o amor da rosa é com
a rosa que quero partilhar a minha vida.
Viver o magnifico amor e não deixa-lo morrer.
Porque o amor da rosa es TU!
Porque e contigo que quero ficar!
E por ti que vou lutar!

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