Beijos

Foto de Nuno

Olhos verdes (Alexandre Bragga)

São da terra, são do mar

Teus olhos de linda cor

Há o sal do verbo amar

E muros que trazem dor

O verde cor de esmeralda

Não se perde na distância

Em meu peito agora escalda

Uma paixão feita em ânsia.

As ondas com alegria

Os beijos n'areia dão

Mas não encontro uma via

Que leve a minha canção.

E como algas

Foto de LEOANDRADE

Your Latest Trick (Leonardo Andrade)

Sim, essa era a música , o solo de guitarra tornava-a inesquecível, quase antológica.

Ela tocara a primeira vez que foram juntos para a cama no apartamentinho de três cômodos de fundos que ela alugava.

Chegaram quase sem roupa tal era a ânsia de se terem, iam com a pressa dos amantes de primeira viagem, com a urgência que só o tesão tem, com a voracidade arquetípica dos caçadores de sentimentos ...

Aquela noite era totalmente “unforgettable”, a troca de beijos e carícias rapidamente deu lugar aos movimentos rítmicos e coreografias do sexo. E tudo fluiu tão perfeitamente que quase podia se ouvir aplausos no final.

A calmaria pós-prazer cheia de beijos carinhosos e corpos abraçados foi um justíssimo prêmio a irrepreensível performance de ambos.

Muitas noites seguiram-se a essa, mas para ele, a emoção ia reduzindo, quase imperceptivelmente, mas ia, o que era incontestável lentamente transformava-se numa incerteza.

Seu quadro perfeito de felicidade vinha esmaecendo nas cores, tornando a imagem difusa e ele começava a achar defeitos nele.

Agora, aqui estava relembrando a primeira vez e achando que essa era a última, sua última chance ...

Ele novamente pensou em conversar com ela, a cena aqui descrita era repetição “si ne qua non” das últimas noites e ele já nem lembrava da cena original, mas não suportaria o choro ou as perguntas que ela faria, ele não estava embasado em razões palpáveis para explicar nada, ele apenas não queria mais.

Ela deveria entender isso. Como as mulheres são difíceis!

Olhou para ela, não parecia a mesma mulher-deusa que ele moveu céus e terras para conquistar, parecia tão comum.

Agora ele podia entender quando diziam que a divindade era algo necessariamente cultuado

Foto de Carlos

Meu amor, meu Amado, vê... (Florbela Espanca)

Meu amor, meu Amado, vê... repara:

Pousa os teus lindos olhos de oiro em mim,

- Dos beijos de amor Deus fez-me avara

Para nunca os contares até ao fim.



Meus olhos têm tons de pedra rara

- É só para teu bem que os tenho assim -

E as minhas mãos são fontes de água clara

A cantar sobre a sede de um jardim.

Sou triste como folha ao abandono

Num parque solitário, pelo Outono,

Sobre um lago onde vogam nenúfares...

Deus fez-me atravessar o teu caminho...

- Que contas dás a Deus indo sozinho,

Passando junto a mim, sem me encontrares? -

Florbela Espanca (1894-1930)

Foto de Carlos

O Canto do Amor (Guillaume Apollinaire)

Eis de que é feito o canto sinfónico do amor

Há o canto do amor de outrora

O ruído dos beijos perdidos dos amantes ilustres

Os gritos de amor das mortais violadas pelos deuses



As virilidades dos heróis fabulosos erguidas como peças antiaéreas

O uivo precioso de Jasão

O canto mortal do cisne

O hino vitorioso que os primeiros raios de sol fizeram cantar a Mémnon o imóvel)

Há o grito das Sabinas ao serem raptadas

Há ainda os gritos de amor dos felinos nas selvas

O rumor surdo da seiva trepando pelas plantas

O troçar das artilharias que coroa o terrível amor dos povos

As ondas do mar onde nasce a vida e a beleza

O canto de todo o amor do mundo

Guillaume Apollinaire (1880-1918)

Foto de Carlos

Amor vivo (Antero de Quental)

Amar! Mas dum amor que tenha vida...

Não sejam sempre tímidos harpejos,

não sejam só delírios e desejos

duma doida cabeça escandecida...


Amor que viva e brilhe! Luz fundida

Que penetre o meu ser - e não só de beijos

dados no ar - delírios e desejos -

mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia

não virá dissipá-lo nos meus braços

como névoa de vaga fantasia...

Nem murchará o sol

Foto de Patrícia

Rosa Pálida (Almeida Garrett)

Rosa pálida, em meu seio

Vem querida, sem receio

Esconder a aflita cor.

Ai! a minha pobre rosa!

Cuida que é menos formosa

Porque desbotou de amor.


Pois sim...quando livre, ao vento,

Solta de alma e pensamento,

Forte de tua isenção,

Tinhas na folha incendida

O sangue, o calor e a vida

Que ora tens no coração,

Mas não era, não, mais bela,

Coitada, coitada dela,

A minha rosa gentil!

Curvam-na então desejos,

Desmaiam-na agora os beijos...

Vales mais mil vezes, mil.

Inveja das outras flores!

Inveja de quê, amores?

Tu, que vieste dos céus,

Comparar tua beleza

Às folhas da natureza!

Rosa, não tentes a Deus.

É vergonha...de quê, vida?

Vergonha de ser querida,

Vergonha de ser feliz!

Porquê? Porquê em teu semblante

A pálida cor da amante

A minha ventura diz?

Pois, quando eras tão vermelha

Não vinha zângão e abelha

Em torno de ti zumbir?

Não ouvias entre as flores

Histórias de mil amores

Que não tinhas, repetir?

Que hão-de eles dizer agora?

Que pendente e de quem chora

É o teu lânguido olhar?

Que a tez fina e delicada

Foi de ser muito beijada,

Que te veio a desbotar?

Deixa-os: pálida ou corada,

Ou isenta ou namorada,

Que brilhe no prado flor,

Que fulja no céu estrela,

Ainda é ditosa e bela

Se lhe dão só um amor.

Ai! deixa-os e no meu seio

Vem, querida, sem receio,

Vem a frente reclinar.

Que pálida estás, que linda!

Oh! quanto mais te amo ainda

Dês que te fiz desbotar.

Almeida Garrett (1799 - 1854)

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