Choro

Declarei me a você a muito tempo
Mas sem resposta veio a mim
Um silencio atordoante, me confunde
Sua face virada, sem me ver...
Sigo seus olhos fixos ao nada
"deveria eu ser o nada?"
Questões sem respostas, a dor
Junto me a outra pessoa, me faz sorrir
Mas minha amada me olha e entristece..
Não sei oque ela deseja, me preocupa
Aproximo dela, ela rejeita, não olha, ignora
Digo-a meus sentimentos novamente
Es o silencioso choro que florece o amor...
Abraça-me, acaricio-te, beija-me e te beijo

Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume de outrora
Flutua em volta delas, docemente...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mais fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...

Por vós eu choro, eu grito, por vós eu sinto, sois o meu viver.
Por vós eu luto, eu labuto, por vós sorrio em cada amanhecer.
Tendes me dado a vida, a força, coragem, sois o meu Poder.
Sois o meu principado, o reinado, tendes feito o meu Querer.