Consciência

Foto de Carmen Lúcia

...e o planeta chora...

...e o planeta chora lágrimas de ácido,
Que caem sobre os rios como aço
E retornam num ciclo plúmbeo, sarcástico,
Gerando nuvens de plástico,
Exalando gás carbônico que se alastra,
Penetrando os pulmões numa devassa,
Poluição, fumaça, desgraça...
É um vaivém que nunca passa.
A terra seca se racha,
O que beber já não acha...
Precisa se fortalecer
E seus filhos socorrer...
Cicio de cigarras...
Tempo quente, o sol abrasa...
Novas enchentes vêm de repente,
Corpos emergem, cidades imergem,
As camadas de ozônio sequer protegem.
O mar se revolta, sem volta...
E ondas cinzentas, pusilânimes,
Transformam-se em tsunamis...
El Niño (Jesus Menino) roga por preservação,
Mas a ambição, a autodestruição,
Acelera o seu ritmo num sádico delírio,
Desequilíbrio mental, desequilíbrio letal...
E nossa casa chora o descaso e o abandono
Lixos contaminam a consciência ambiental.
É a lei do retorno...
Almas enlatadas antecipam o final.

Foto de Lou Poulit

Amados Poetas, a Poesia é Espírito.

Ah, porque nos vestimos de palavras, tantas vezes não nos reconhecemos. Porque co-habitamos nosso próprio lirismo, e desse convívio alimentamos a auto-estima, pela humana necessidade de auto-identificação... Enfim, tantas vezes exilamos para outros níveis conscienciais a idéia da nossa verdadeira natureza. Íntima natureza dos poetas, que não cabem em si e precisa vasar.

Nossas palavras, meros veículos físicos, revelam-se multifacetadas à luz de um fogo interior. A poesia, como um diamante pendular, é susceptível às emoções das nossas fibras e à oxigenação do nosso sangue. Dança. Passa de mão em mão. A um só tempo é permissiva e púdica, torpe e lúcida, lânguida e dissimulada, escrachada e recatada, de modo a se aninhar no olho do turbilhão das susceptibilidades de cada um. E de modo a habitar a transitoriedade de tudo, faz-se sempre amigável e gentil. Rima-se dor com amor há uma miríade de sucessivos sóis, sem pensar na crueza dessa verdade, submetidas as nossas mentes pela força de preconceitos morais, instituídos e protegidos pela visão míope e dogmatizada de um deus meramente humano...

Então, pensamos que na poesia podemos ser o que, no nosso mundo humano, não teríamos coragem de ser. Ou deixar de ser o que para o mundo somos. Ou fazer-nos melhores, ou piores... Amados poetas... A poesia é espírito... E assim como não é a palavra, também nós (pensamentos e sentimentos) não somos nossa carne. Embora a exerçamos, e exercemos a vida e o mundo quando nos permitimos que a poesia nos possua! Lendo ou escrevendo, gozamos uma energia segundo a espiritualidade de cada um. Oh, não... Ao menos dessa vez não permitam que algum dogma turve a pureza cósmica de gozar, de transmitir e transformar, como manifestação de amor, de querer bem e de bem servir. Nem mesmo o dogma anárquico, segundo o qual nenhum dogma se justifica.

Façamo-nos dóceis e gentis. Podemos vestir a mais delicada seda ou a mais frágil renda. Podemos caminhar sem botas sobre peitos trêmulos, ou arar sulcos fremitosos, ou moer ansiosas areias até torná-las líquidas. Podemos fazer todas essas coisas e muitas outras, do lado de fora, sem macular a brancura do amor... Mas façamos isso, aqui dentro, lucidamente. Os poetas são herdeiros de Vulcano. Nas covas profundas das suas dores, onde escorre incessante o suor do seu trabalho interior tão desprezado e mal pago, acumula-se a pressão altíssima da sua sensibilidade, tenha ele ou não consciência disso. O inevitável. O imensurável. O intangível amor do poeta haverá de cumprir seu papel no mundo, sempre que se romperem as últimas crostas. Seus versos ejacularão o magma incandescente da sua pureza, sequiosa, ansiosa por um cadinho onde possa enfim repousar. Só então o seu espírito exultará levitado, sobre a sua carne, pacificada.

Foto de biankinhaaaa260693

*+*Segredo*+*

Vou contar-te um segredo
Um segredo que é só meu
Que um dia, ao olhar no espelho
Vi que quem refletia não era eu

Ao olhar aquele rosto
Triste como a lua
Que só espelha sofrimento
Eu perguntei: quem é você?
Mas não me respondeu, para meu tormento

Quando senti um alivio
Sem sentido, ao parecer
Perguntei novamente
Ele disse; eu sou você

Como pode? Fitei o espelho
Não pareço nada a ti
Sou sua consciência pesada
Te trazendo de volta a si

Fitei-o outra vez
E pensei em tudo que fiz
Você sabe o que fez
Eu não quis ser feliz

Você lembra do seu anjo
Que queria ser seu amor
Você o deixou no desejo
Por medo de sentir dor

Ao lembrar-me do meu anjo
Tive um arrepio de emoção
Ao sentir que no meu peito
Ainda batia um coração

Olhei novamente o espelho
E ele para mim sorria
E lembrei-me, simplesmente
Dos meus tempos de menina

Com os sonhos de criança
Arrebatados pelo tempo
Fui a rua e senti
Como é bom sentir o vento

E agora, anjo amado
Que leste meu segredo
Quero que saibas que em ti
Depositei meu amor e meu medo
Um amor azul e brilhante
E imenso como o mar
E quero que tenhas certeza
Que para sempre irei te amar
E o medo?
Ah sim, o medo que te falei
Não te abales, não tenhas medo
É o medo de te perder!

Foto de jes

Sonho...

Tenho sonhado
temido
esperado...
por não acontecer
tentamos desistir
e então não temos nada

antes a dúvida que o vazio
antes o conflito que a segurança
antes crescer que o estagnar

a vida é uma roda gigante
no alto, reinado
no baixo, humilhado
e é incrível
que seja normal
e esperado

viver é ser
garantias não existem
experiências dão resultados
se não viver não saberá como é
viver...
ser...
encontrar...
se ver...
realizar...
sonhar...
querer...
e o medo paralisa
quem não acredita
no amor
na dor
no sucesso
em si

o maior castigo
é exigir do amor

duvidá-lo
é ferir a Deus

amar é preciso coragem

luta
esperança, confiança

Nunca vi perfeição como
sinônimo de relacionamento
se anjos fôssemos
nem assim o seria
por que nem sexo tem os mesmos

vale sonhar em ter
pra ter
sonhar em ser
pra ser
sonhar em amar para ser amado
E na dança dos
sentidos
querer e viver
sem a sombra do medo
traições e outros bizarros
desistimos de tudo
porque não sabemos esperar
a hora...
a vitória...
a demora...
as provas...
e geralmente jogamos fora
a oportunidade da felicidade
porque somos ingênuos
de pensá-la
igualzinha a qual sonhamos
e confundimos real e imaginário

perdemos por não discernir
que o que vemos é
distorção senil
dos caprichos e defeitos
do nosso ser infantil

quando,
no ajuste de contas
que se cobra à consciência
pergunta-se por que fostes infeliz
e a resposta ecoará
nos teus ouvidos

fostes insano, imaturo e pueril
por julgastes que perfeito seria
o que humano te bastaria

Foto de PoetaProfeta

Perdoa-me!!!

Já faz tempo que nos conhecemos…O triste é que hoje em dia já não somos os mesmos…Foi de facto um momento importante para mim…Pois passei a saber que posso contar com alguém que também me ama sem fim… A gente teve quase todos os momentos felizes na vida…Momentos de muito amor, fantasia, junto aquela avenida...E acredita, meu amor, que nunca tive tamanha paixão em toda minha vida como aquela nossa paixão sentida…É este o caminho da vida, a consciência recta e uma sinceridade profunda que nos permite distinguir o que há dentro de nossos corações…Hoje em dia não sei o que vai no teu, arrependimento ou simples lembranças de emoções…No meu entender ainda existe um afecto mútuo, um sentimento puro que vive em nós…Um sentimento que jamais pode deixar nós os dois a sós…Aceito que estejas magoada…Era visível o quanto estavas apaixonada…Mas também não é fácil para mim saber que já não posso contar contigo depois de tudo o que nos aproximou durante a nossa relação…E agora tudo parece em vão…Sinal de que no meu coração já não pesa o orgulho, mas sim o amor que tanto sinto por ti….Amor, perdoa-me. Faço este pedido com consciência do sentimento maduro e conhecedor do que já vivemos, do que somos e do que podemos…Estou certo de que tudo depende de ti…Mas estou disposto a fazer de tudo para não voltar a fazer o erro que cometi…Não escrevi esta frase apenas por escrever, é a expressão do que o meu coração sempre viveu e vive, pois, em todas as contradições que tivemos no nosso percurso, da minha mente só saía a ideia de lutar, lutar e lutar sem fim, e só assim se mantinha o nosso amor…Então agora não vou ser diferente e sei também que não vais ser indiferente… Não sei mais a quem endereçar aqueles beijos que nos envolviam…Sinto saudades dos tempos que passámos, falavamos…Mas porque só as minhas palavras não trarão o nosso amor de volta, deixo-te, a ti, a grande esperança da reconstrução do grande dom de Deus “o nosso amor “"Eu tenho um grande amor e farei tudo para mantê-lo, mas não em palavras apenas, nem em acções, nem em ofertas, nem em abraços, mas sim em amor". Se não foi isso que fiz...vou me esforçar para voltar a encontrar o sentido do verbo AMAR..PERDOA-ME !!!

Foto de M.Veríssimo

…No Teu Silêncio…

No teu silêncio, transformaste-me
num novo individuo,
numa nova consciência
saindo da concha apertada
sufocante do silêncio gerado
no espaço entre nós.
No teu silêncio cresci,
esperando, aguardando
amadureci no jardim da nossa
relação inexistente,
da nossa relação inacabada,
e jamais concretizada.
No teu silêncio sonhei
por um novo mundo, uma forma
diferente de ver e viver a vida,
mais frontal, mais aberta,
mais livre, onde possamos
estar, onde possamos ser,
um só…
No teu silêncio me tornei um homem.

Foto de MIRZA

À espera do fim

Cada parte de mim é dor, cada parte de mim é lamento
A angústia me toma por refém, ameaçando minha lucidez
Cada parte do meu ser é você, causa mor do meu sofrimento
As horas passam e me reduzo a nada no todo de sua ausência
Tomei consciência do fim, agora sei que não tem mais volta
Sou obrigada a matar meus sonhos, te tirar da minha mente
Acabar com mais da metade de mim que é toda você
Sepultar para sempre esse relacionamento intermitente
Partir do princípio de que agora tudo acabou
Tolo coração, que se entrega e acredita! Merece a desilusão!
Sangrará sua dor sozinho, sem amparo e sem ninguém
Morrerá em meu peito ao provar o veneno da decepção
Pagará o preço alto (e justo!) por amar o impossível
Retorno ao abandono,a luz no fim do túnel se apagou...
O breu me envolve, fez-se noite eterna em meu viver
Suplico aos deuses que me levem e acabem com essa dor
Trancada em meu quarto procuro a paz que não tenho
Sonhei demais e perdi minha vida em busca do amor
Hoje meu caminho não me leva a lugar algum
E nada quero além de você... nada espero além do fim

Foto de Jorgejb

E de um poema nasceu 2

Deixou um poema em cima da mesa e saiu. Sabia que ela, ao sentir o frio do outro lado da cama, saltaria pronta, procurando onde tinham feito amor, a mesa nua e fria, ainda quente do seu corpo, sulcos de si própria espalhados nela, e assim, perceberia a folha cheia, acolhendo palavras para si.
Não, não era um recado, nem uma justificação, nem concerteza razões expressas de forma polida e omnisciente, desculpando-se. Era um poema, zurzido da consciência do impossível, dos pedaços dos dois, que ainda ontem pareciam não conseguir se despegar, iluminados da loucura que os prazeres quando libertados, emprestam aos corpos e lhes dão aquele brilho, que só os amantes sabem contar e explicar dentro dos seus corações.
Uma dolorosa e delicada expressão de amargura, empalideceu seu rosto, sentindo a solidão dos amantes traídos; olhou de lado a sua cama, desarrumada, os lençóis descaídos e soltos, as roupas espalhadas pelo chão, como um mapa, com pontos demarcados e uma história apensa a cada um.
Já sentada na beira da cama, contida no seu próprio corpo, escondendo seus seios em seus braços, as pernas geladas, vermelhas, unidas na estupefacção do seu próprio ruído interior, procuraram nas palavras uma nova força, um destino, uma alma.
Encontrou-o mais uma vez. Como sempre, arquitecto de palavras, demasiadamente doce para a sua manhã, o rosto dele na sua memória - definhando, e foi lendo, e lendo, sem compreender onde chegava.
Era a carta de um homem com medo do amor, como se não lhe tivesses deixado os seus portões abertos para entrar, era a carta de um homem preso ao espaço e à resignação do mundo que trouxera atrás de si, como se ela alguma vez tivesse ousado tocar em seus haveres, ou pronunciado a palavra passado. Era ele e seu mundo, e a irrazoável forma de dizer adeus cobardemente, como se num último rebate, abandonasse a prancha mais alta e recusasse o salto para um mar maior e mais azul.
Ela sorriu, arrumou o quarto, tremeu de frio, e percebeu o quanto tinha estado nua, agasalhou-se sentindo o conforto do seu xaile de seda, onde tantas vezes repousara o seu amante, e sorrindo mais uma vez, abriu a janela que dava para o meio da rua, o rio entrando pelas suas narinas, extasiado do fresco ar húmido e salgado que a abraçava, e convidando o Sol a entrar, escutou no seu rádio a sua música favorita, trauteando um novo canto, sem saudade, sem rancor. O amor, o seu amor haveria de chegar outra vez.
Ele, parado no meio da rua, queria perceber o que tinha escrito, a impulsividade que o dominava, o medo de magoar, de prolongar sonhos sem esperança. Doía-lhe o peito e a saudade dos lábios dela. A manhã não lhe dava tréguas, de ter sido acordada tão cedo, enregelou-lhe os ossos, como querendo que ele voltasse ao leito que tinha deixado. Sentia o perfume dela, abraçando-o, mas soube que a outra história devia estar destinado. Final de história, os passos levavam-no em frente. Sorriu na compreensão, do quanto ela ficaria no seu peito, na sua memória, e amou esse momento na plenitude de um grande final e do quanto os momentos são diferentes na medição do tempo e dos seus segundos. Veio-lhe à memória a mesma canção, que tocava em todas as janelas abertas, a sua canção, espalhada por todos os rádios, esperando que ela também o tivesse ligado, trauteou baixinho para ela, que o amor nunca irá partir, um dia o amor, o seu amor haveria de chegar outra vez.

Foto de Sirlei Passolongo

Alma Negra

Minh’alma negra
Inda chora...
Chora a crueldade do
Preconceito.
Que há muito o mundo,
Miseravelmente,
Tem feito.

Meus olhos choram
Lágrimas de sangue
Pois só vêem dor e
Maldade...
Irmãos negros, pela cor
Subjugados,
Mundo afora humilhados.

Meu coração negro
Clama justiça ao meu povo
Milhares morrem de fome
E infinitas doenças...
Esmagados no esquecimento
Por preconceito e violência

Minh’alma negra e forte
Grita por respeito e igualdade
Não apenas
Um dia de consciência
Direitos a dignidade...
Por toda a nossa existência!
(Sirlei L. Passolongo)

20.11
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Foto de Jainara Martiny

ENCONTRO

Teus braços me envolvem com paciência
Meus dedos contam teus pêlos
Vibrando. Ardendo de desejo
Teus gemidos levam aos poucos minha consciência

Tudo o que recebe o toque da tua mão
Queima. Teu cheiro denso me alucina
Deixa meu corpo em ponto de ebulição
E eu preciso beber da água fresca da tua língua

Minha boca toma o doce do teu suor sem receio
Isso umedece o meu medo
Acalma tudo o que grita em mim

Teus dentes me marcam forte
E eu encontro a vida...
A vida, numa lenta e viciante morte...

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