Crianças

Foto de CarolComPoesia

Trajetória

O que é o tempo
senão um passar incessante de horas,
momentos finitos que descem em escorregadores
plantados em praças,
onde crianças descem e prosseguem a
vida passante,
horas mutantes de instantes passageiros,
que, ligeiros, transmutam-se em tempo novo
como a flor que abre pétalas todos os dias
sobre um novo dia

Tempo desmedido,
não espera, não volta a cabeça,
inflexível vive, quem quiser que o siga,
são estradas e mais estradas, encruzilhadas.
Há opções, decepções e algumas flores,
meios e inteiros e algumas dores
em passos a escolherem a forma, o ritmo
e há bem mais, há escolhas

Tempo destemido,
não aguarda em estações e os bancos estão cheios,
é viagem sem paradas, com partidas e chegadas,
lágrimas e despedidas
e há versos em algumas estradas, deixados em jardins,
sob chuva e sol e esperam por mim,

Só os versos aguardam e guardam toda a vida em si
que nunca será colhida
- e espremida entre o tempo e o alento de passar os dias –
será a vida apenas horas
correndo na ampulheta morta, que nada sabe
a não ser escorrer a areia com sonhos e sonhos
sobre orifício estreito feito um buraco
neste apertado peito.

(Carol)

Foto de Remisson Aniceto

Cara-de-pau

Hoje tirei o dia para pensar.
Pensar nas coisas que tenho para consertar:
os meus dentes, os dentes dos lá de casa,
os meus calos, aquele sapato furado (único que tenho),
a camisa social onde faltam dois botões,
o meu salário ou a falta dele,
o emprego que não tenho,
o pagamento dos impostos em atraso,
as contas de água e de luz,
o cheque sem fundos do supermercado,
as roupas das crianças que já não lhes cabem,
as sandálias surradas da minha esposa,
a comida na mesa...
Tanta coisa para consertar,
tanta coisa para comprar,
tanta coisa por fazer,
para por em dia,
mas esse filho pai-d`égua
tem que primeiro colocar vergonha
nessa cara suja!

Foto de Remisson Aniceto

Prisão e liberdade

À noite, o rosto nas grades da janela
Do colégio interno onde estudava,
Perguntei ao padre que cidade era aquela,
Toda escura, de onde nada se escutava.

Aos domingos, muita gente lá passeia
E outras, brancas, imóveis _ serão guardas?
Em novembro de flores fica cheia
E de velas as finas ruas enfeitadas.

_ Que cidade é esta, diz pra mim,
Que me atrai com seus noturnos mistérios?
O padre me olha sério e diz por fim:

_ Ali moram reis e rainhas de finados impérios,
Ricos, pobres, crianças, todos que dormem, enfim...
Aqueles muros brancos, filho, são os muros do cemitério.

Foto de LordRocha®

Sonhei...

Essa noite tive um sonho;
Sonhei que tudo era perfeito;
O sol brilhava com sua majestade;
O céu tinha um azul puro, imaculado;
O mar mantinha-se em movimento;
Apenas para produzir ondas suaves;
A brisa era suave, com o som das águas;
Não existia poluição sonora, nem visual;
Apenas horizontes naturais e impecáveis;
Vi crianças a brincar e sorrir;
Adultos a dançar em harmonia;
Anciães a caminhar como anjos;
Não existia fome, miséria, doenças...
Não existiam ambições, desigualdades...
Tudo tinha um equilíbrio natural;
A terra exalava o cheiro do orvalho;
Pássaros voavam e cantavam como nunca;
Não existia presa ou predador, só vida;
Acordei, percebi que tinha tido o sono dos anjos;
E isso tinha se dado pelo fato de você estar ali;
Sentia seu corpo no meu, então tive a certeza;
Que nem tudo estava perdido, o sonho tinha acabado;
Mas você estava ali, podia sentir isso, ainda sinto.

Foto de Gaivota

____ COMPRIMIDOS _____

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Calma!
Aberto o dia comprimido
eis que o vejo sorrir!
Diga-me
por favor diga-me..
Por que o dia
precisa estar assim
guardado em laminado,
preso
em papel lacrado,
sem ar sem luz
na caixa
que o abriga?

É, encontrei o dia assim..
Rasgo a caixa,
destaco os dias,
e os retiro
da torre branca
e abafada,
com tarjas
genéricas
nas prateleiras das
drogarias.
Haverei de soltar os dias,
mortos de sede e ar.
E depois? Ora depois..
vamos passear,
correr, pular
como crianças
na porta da escola.

RJ – 24/07/2006
** Gaivota **

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Foto de Boemio

O Profeta

Diga-me que não vai acontecer,
Não deixe o céu escurecer
A vida agora passa longe
Vejo os mortos se levantando no horizonte,
São distantes de mim os sinos
Que tocam tristonhos
Lembrando longínquos sonhos
Que tínhamos quando dormíamos tranqüilos.
As estrelas já não estão mais brilhando,
Os pássaros não estão mais voando,
As crianças não estão mais brincando
Meu Deus
Diz-me o que aconteceu?
Tínhamos o futuro nas mãos
Que nos escorregou por entre os dedos,
Os brilhantismos se tornaram vãos
Escondidos na escuridão do medo,
Todo este desejo
Está sendo sufocado
Nos corações desalmados,
Onde fica a alma nessa podridão?
Alma perfeita num mundo imperfeito
Responde-me Deus
Por que criaste Adão?
Já sabia que tinha o defeito
De não querer ser um dos seus,
Por que o deixou cumprir sua ambição?
Agora estamos perdidos,
Há salvação mas é como um cálice perfeito:
Só bebe quem quer,
Eles mataram teu filho
O mundo é o que é.

Foto de andrepiui

Vida

Idéias me vem em massa
Incentivo que faltou
Nas ruas tanta desgraça
A fome dominou

Cada rosto um olhar
Relatando o que passou
Tentam acreditar
No ensinamento do criador

Pelas calçadas
Cobertor de papelão
Crianças marginalizadas
Pronto, formado mais um ladrão

Que fazer, quando desistir
Às vezes é melhor do que lutar
Se até o simples ato de sorrir
Dá vontade de chorar

Infelizmente e ou felizmente
A vida hoje e a muito é assim
Cheia de maldade, verdades em cores diferentes
Mas o nascer do sol não demora a surgir

Como, quando e onde
Vou continuar a me perguntar
A certeza que me vem constante
No firme compasso de meu pulsar...
(Autor: André dos Santos Pestana)

Foto de MARTE

VIVA O DIA DA LIBERDADE....SEMPRE

MARCHAR PELAS RUAS
COM CRAVOS BEM SEGUROS
AO RITMO DA DEMOCRACIA DO POVO

Num dia assim, milhares de pessoas saíram à rua.
Foi há 33 anos que se fez a revolução.
Depois foi o que se viu, tantos mais ontem
do que hoje andaram pela liberdade de punho
erguido, de voz bem alta e com muitos cravos.
E veio o 1º de Maio, celebrado, e eram todos um só!
Amanhã volta-se a sair à rua para gritar em liberdade,
democracia para o povo.
Empunhando cravos e bandeiras, ao ritmo de
slogans históricos e ao som das músicas e letras
que marcaram a mudança e continuar a
rodear os festejos da efeméride com as gerações
a cruzarem-se avenida abaixo, num testemunho em
larga escala de um cenário a viver de
Norte a Sul do País.
Celebrar as conquistas do 25 de Abril, de
olhos postos no futuro, feito de novos desafios
políticos, económicos, sociais, contra o fascismo
e o racismo.
No dia da liberdade, os motivos e causas
de luta do presente e do amanhã devem-se
fazer passear pelos cartazes de homens
e mulheres, civis e militares, novos e velhos,
que em jeito de protesto renovem os ideais
que deram flor e ditaram o fim da ditadura.
Para lembrar o que muito ainda falta
fazer, 33 anos depois da grande revolução,
que devolveu o poder ao povo, mas cuja
classe dominante continua a exercer o
seu poder e a esquecer os mais desfavorecidos.
Em vésperas do 1º de Maio, a manifestação
promete voltar a sair à rua e ganhar
novo fôlego, o da festa...num grito
de revolta pelo muito que ainda falta fazer.
Façamos juntos um 1º de Maio de Luta!
Basta de Crimes, Exploração e Opressão!
Viva a Luta da Classe Trabalhadora!*
Em todo o mundo, milhões de homens, mulheres
e crianças passam fome e miséria e vivem
nas piores condições.
Quanto mais a riqueza se acumula nas
mãos de poucos, mais o desemprego aumenta por toda
parte, causando a queda dos salários
e a retirada dos direitos dos trabalhadores,
principalmente em países como o Brasil e Potugal.
Indiferente a tudo isso, a burguesia continua
a contar com os favores de seus governos
para seguir acumulando riquezas pela exploração
do trabalho de todos nós.
Como se isso não bastasse, o capitalismo
vem destruindo o ambiente, provocando desastres ecológicos
e o aquecimento global, colocando em risco
a própria sobrevivência da espécie humana .
As guerras imperialistas em nome do lucro
e da ganância e as inúmeras bases militares norte-americanas
em todo o planeta promovem a cultura da violência,
sustentam a indústria armamentista
e assassinam milhões de pessoas.
No Oriente Médio, no resto da Ásia e na América Latina,
as intervenções imperialistas dos EUA levaram e continuam
a levar a inúmeras guerras de ocupação visando
a pilhagem das riquezas, a golpes de Estado, ditaduras
militares e guerras civis a serviço dos interesses
perversos de suas grandes empresas.
Nesse contexto, o governo Bush ainda recebe a colaboração do
governo Lula, que insiste em manter as tropas brasileiras
no Haiti, arriscando a vida de soldados
numa clara demonstração de subserviência aos EUA
e de completo desprezo pela soberania do povo haitiano.
Essa realidade só pode ser modificada pela organização
e luta consciente dos trabalhadores de todo o mundo
para construir uma sociedade em que a riqueza
produzida por nosso trabalho possa estar
a serviço da maioria real da população, os trabalhadores,
os jovens e o povo pobre ?
Uma sociedade socialista.
O 1º de Maio simboliza a luta dos trabalhadores,
que nesse dia saem às ruas em todo o mundo
para manifestar-se contra a violência,
a exploração e a opressão capitalistas.
No Brasil, o governo do PT e seus aliados traíram
a classe trabalhadora para seguir o mesmo caminho
dos governos anteriores: com as mais altas taxas de
juros do mundo, governam para nutrir os privilégios
dos banqueiros, especuladores, latifundiários,
empresários e políticos corruptos;
governam para fazer as reformas neoliberais
que retiram direitos históricos dos trabalhadores
(Reforma da Previdência, Reforma Sindical e Trabalhista,
entre outras);governam para promover o arrocho salarial
e sucatear os serviços públicos;
governam para seguir pagando a dívida fraudulenta aos ricos,
que a nesta altura já abocanham metade do orçamento público
e impedem que o povo brasileiro possa
se beneficiar dos impostos que pagam.
Hoje como ontem, a luta continua sempre...
até à vitória final.
Viva o 1º de Maio em liberdade...sempre
(30/04/2007)

Foto de Anjinhainlove

~~ Já não há Sol ~~

Já não há sol!
E junto com ele, a luz se foi
Deixando um negro de luto
Que minha alma corrói.

Já não há sol!
E já ninguém sente.
Às crianças é ensinada a ciência de odiar
Neste sistema educativo demente.

Já não há sol!
Só réstias de um futuro perdido
Coberto pelos panos de nuvens cinzentas
E do outro lado – o paraíso prometido!

Já não há sol!
Prédios gigantescos nos impedem de o ver;
Fomes fatais impedem milhares de sobreviver;
Ganâncias egoístas impedem mentes brilhantes de sentir...
O mundo em que vivemos, vejo-o prestes a ruir.

Foto de Agamenon Troyan

Lágrimas de areia

Lágrimas de areia
Agamenon Troyan

Lá estava ela, triste e taciturna
Testemunha de efêmeros conflitos
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.

Sentia-se solitária; oca.
Os homens admiravam-na
Pelos seus dotes
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!

De sua profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não umedeceram o seu rosto
Mas secaram o seu coração,
O poço da alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.

E lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali...

O dia começou a desfalecer
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...

Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia!
Em um porto seguro.

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