Descobertas

Foto de sidcleyjr

Surpresas

Efeito que cala
Sente
Transmite.
Olhos ao refleti a luz pela primeira vez
Queima fragmentos,
Anuncia os bombeiros que não chega.
Surpresas
Momentos claros
Escuros
Atrás da face por minutos
Aparece para suspirar
Determinar
Testar a paciência dos sentidos
Para chover no dia de verão
Reunir a família
Separar aquele amor
Cumprir escrituras
Desvendar calunia.
Sorrir
Chorar
Seguir o pensamento obstinado
E por um final nas descobertas.

'Macro

"Recomendação

Poema : Escritas "

Foto de Cecília Santos

PULA, PULA NA PANELA (POEMA INFANTIL)

PULA, PULA NA PANELA
#
#
#
Coloquei os grãos de milhos.
Dentro da caçarola.
Mas eles são tão travessos.
Logo começou a euforia.

Todos de roupinhas amarelas.
Um verdadeiro batalhão.
Rolavam pra lá e pra cá.
Na maior agitação.

Pula, pula na panela.
Pula, pula sem parar.
Está um calor danado.
Que não da mais pra parar.

De repente a caçarola.
Quietinha se tornou.
Ao destampar a panela.
Vejam só o que encontrei!

Os travessos milhozinhos.
Agora estavam branquinhos.
Iguais pedacinhos de algodão.
E nuvenzinhas no céu.

Com cheirinho delicioso.
Foram logo descobertas.
E as crianças felizes.
Se juntaram na cozinha.
E num piscar de olhos.
Devoraram as pipocas.

Direitos reservados*
Cecília-SP/08/2008*

Foto de Nellyra

Nossa Historia de Amor

VOCÊ E EU (nosso primeiro encontro!)

Lembra de nosso primeiro encontro!?!
Era a "nossa primeira vez". Com todos os receios, o desejo, as vontades, as inseguranças e constrangimentos naturais. Por mais experiências que tivéssemos ou achássemos que tínhamos, aquele era um começo e uma nova aprendizagem.

Foi dessa forma que nasceu uma nova intimidade entre nós dois... de amantes!
Aquela noite ficou e ficará pra sempre gravada na nossa memória, pelos momentos, pelas descobertas, pelas ternuras, pelas loucuras e pela intimidade que vivemos sob aquela inesquecível lua cheia.

Acho que você me desejou de uma forma diferente, pelo meu jeito de ser, pelo meu humor, inteligência, pela calma que a idade me tinha dado me permitindo viver entre a serenidade e a urgência. Eu deixava que fosse você a ditar o ritmo sem pressas, mas sempre com enorme desejo, respeitava-a enquanto você me provocava. E você entregou-se sem ter noção de que o fazia tão deliciosamente.

O local, Brasília, tinha sido escolhido por você, estávamos ambos certos que seríamos almas anônimas por aquelas paragens.
Suficientemente longe dos caminhos cruzados diariamente, suficientemente perto para podermos regressar rapidamente ao nosso cotidiano. O sigilo privado do encontro foi mais uma das tantas emoções daqueles momentos, que se tornariam tão especiais.

Com o seu saber feminino, você tinha proposto (“se você for, prometo que não vai se arrepender”), o que há muito eu desejava. Teria sido mais comum se fosse eu a propor, mas a nossa relação sempre foi pautada pela surpresa, pela recusa às convenções e pelo desejo arrebatador.
Você não faltou ao prometido. Arranjou-se para mim como sabia que eu gostava: aquele vestido de decote atrevido e curvas gostosas, que ainda hoje me excita, e o cabelo lindo e solto ao vento. Eu não faltei ao prometido. Desejei-a como se fosse a primeira vez e amei-a como se fosse a última, sem limites e sem pressa.

A noite foi de sonhos, dançamos como se fossemos apenas os dois naquele salão de festas, enquanto olhos te cobiçavam, você era só minha.
Saímos e fomos tomar um banho para trocar a roupa suada, nos encontramos a seguir.
Até hoje, nesse instante, posso ver teu jeito lindo no olhar, tímido e serelepe, como uma criança preste a fazer uma travessura.
Um olhar de desejo, aquele toque de fêmea no cio, os lábios que se mordem só de imaginar a loucura que se aproxima. Os corpos que desejavam libertar-se das roupas para se entregarem mutuamente, a urgência do amor, a vontade de dar asas à imaginação e a concretização do crescente desejo.

O desejo incendiou-nos os corpos, os seus olhos brilhavam, as nossas bocas famintas beijaram-se, nossas mãos inquietas brincaram no corpo desejado, despertando a urgência do amor.
Abraçamo-nos. Os nossos corpos amarrados entre si pelo abraço de amor, não podia esperar mais, entre roupas semi-arrancadas e semi-despidas, encostados numa porta, sob o olhar da lua, ali mesmo nos fomos consumindo pelo fogo do delírio. Era um amor urgente de ser vivido.
Me perdi nesse teu corpo para depois poder me encontrar no teu sorriso e na tua loucura…
Um desejo de te agarrar, de te beijar a boca, de te olhar a intimidade, de te tocar, de bolinar, mexer …alisar os teus cabelos … Ou simplesmente, de leve tocar os teus lábios, morder, desesperar, arder no teu corpo e suar…Brincar com as tuas mãos, brincadeiras inocentes, indecentes, esquecer a solidão, fazer-te vibrar, rir, chorar, gozar…!

Senti tuas mãos a percorrer o meu corpo sem medo e com vontade. Os meus lábios correrem atrás de ti, querendo saborear a tua pele... teus seios. O contacto do teu corpo semi-nu, com o meu, fez-me querer-te ainda mais. Minhas mãos irrequietas buscam o teu corpo excitado, para nos enlouquecer ainda mais. Você tremia a cada toque de minhas mãos, que lhe percorriam o corpo explorando-lhe a sensualidade feminina semi-adormecida. Eu quase a enlouquecer de excitação percorria a tua pele macia e quente, com as mãos irrequietas e atrevidas. Teus gemidos delatavam teu prazer com aquele atrevimento, que demonstrava todo o desejo que até hoje sinto por você.

Os teus dentes deslizaram pelo meu corpo enquanto o arrepiava sem limites. Sinto o cheiro do teu desejo misturado com o meu. E você me gemeu ao ouvido as palavras que mais me excita: "Viu como sou boazinha..., sou tua! Me possua!".

E eu te possui. Bebi o teu desejo em teus lábios, enquanto misturava teu corpo ao meu no sexo que você escolheu. Maravilhado à luz da lua, levantei seu vestido, arriei tua calcinha e despi o mais lindo corpo que tinha visto até então, seios lindos, ancas dispostas a me dar o melhor de todos os prazeres, uma vulva que continua até hoje me encantando de tão fêmea, gostosa!!! Nosso orgasmo!

É incrível, mas até hoje você me dá o orgasmo do primeiro encontro!
Te sinto o mesmo prazer, o mesmo tesão que me deixa atordoado, você é e será sempre, com imensa vantagem, a mais gostosa fêmea com quem já fiz amor.

Se fez tarde então e seria a última noite no nosso paraíso (bendita Luziânea), Os momentos vividos permitiram aumentar as saudades que sentimos no momento da despedida. Aquele tinha sido apenas um pequeno momento para tudo aquilo que desejávamos, e ao mesmo tempo um momento de enorme intensidade. Curto mas intenso. Pouco mas necessário. Incompleto mas avassalador. Duro foi retomar à vida no normal, pois combinamos que tudo terminaria ao voltarmos. Ambos sofremos o desconforto da despedida e a dureza do afastamento, mas conseguimos também entender que aquilo que tínhamos vivido era demasiadamente mágico para terminar. Um pouco mais de paciência e de sonho era tudo o que precisávamos para continuar essa paixâo que um dia nos levaria à novos lugares bem menos secretos mas... com o mesmo tesão, ternura e desejo.

Hoje somos amantes... verdadeiros amantes! Sabemos viver o amor de forma tranquila e cúmplice que só nós podemos ter, e com a loucura e arrebatamento que só o desejo dos amantes pode dar.
E se existe desejo selvagem misturado com um carinho terno, decerto que o amor está presente nessa loucura de amantes. Eu amo você!!!
As vezes adormeço serenamente enquanto penso em você. Sonho contigo a noite toda, quando acordo não recordo os pormenores, mas sei que foi com você que sonhei porque o meu sorriso ao acordar não deixa dúvidas... era em ti que pensava no momento que o meu corpo despertou do descanso.

O tempo é o nosso segredo e ninguem vai saber o que aconteceu entre você e eu..!
O prazer de dois corpos que se amaram, a felicidade de duas almas que se misturaram, a intensidade de dois seres que se entregaram... a capacidade de sonhar a dois!

Você sempre me diz que devemos apenas viver o presente!
Será mesmo que os amantes vivem somente do presente? Não consigo ter essa certeza porque... sei que...

NelLyra

Vou te amar pra sempre...Sempre!!!

Foto de Carmen Lúcia

III Evento Literário:Dia dos Namorados

Teu carisma é minha cisma
Diferenciando os dias meus,
Tua calma me alucina,
Algo assim vindo de Deus...

Tuas palavras absorvo,
Sem piscar eu nem me movo,
Teu sorriso é o paraíso...
Um lugar onde me acolho.

Teu saber me faz viver...
É um refletir sem sentir,
Descobertas, viagens sem fim,
Mostrando-me dentro de mim.

Tua alegria é minha poesia...
Transcende a noite, ascende ao dia
E quando tuas lágrimas se põem a brotar
Eu sinto que o mundo se deve calar.

Em tuas canções, apenas verdade...
Uma grande explosão e nenhum alarde
Nelas eu navego, me perco, não nego,
Emoção a inundar por onde trafego.

Teu olhar lança-me beijos
Magnetiza, faz sonhar
Em tua alma eu me vejo...
Em tua paz hei de ficar.

Amor sem dimensão,
Sem limite, explicação...
Mesmo sem tê-lo ao meu lado
Sinto-te em meu corpo, colado.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Enamorada

Teu carisma é minha cisma
Diferenciando os dias meus,
Tua calma me alucina,
Algo assim vindo de Deus...

Tuas palavras absorvo,
Sem piscar eu nem me movo,
Teu sorriso é o paraíso...
Um lugar onde me acolho.

Teu saber me faz viver...
É um refletir sem sentir,
Descobertas, viagens sem fim,
Mostrando-me dentro de mim.

Tua alegria é minha poesia...
Transcende a noite, ascende ao dia
E quando tuas lágrimas se põem a brotar
Eu sinto que o mundo se deve calar.

Em tuas canções, apenas verdade...
Uma grande explosão e nenhum alarde
Nelas eu navego, me perco, não nego,
Emoção a inundar por onde trafego.

Teu olhar lança-me beijos
Magnetiza, faz sonhar
Em tua alma eu me vejo...
Em tua paz hei de ficar.

Amor sem dimensão,
Sem limite, explicação...
Mesmo sem tê-lo ao meu lado
Sinto-te em meu corpo, colado.

(Carmen Lúcia)

Foto de paco santos

Existe sexo melhor que o meu???

O meu sexo é meu! Meu! E não interessa a mais ninguém. A que propósito devo pô-lo assim de graça e bandeja, nas mãos de quem quiser saber dele? Não. Não falarei sobre o meu sexo a ninguém, nem que me peçam de joelhos, nem que me paguem com labirintos de dominós ou fichas de casino. É meu, ‘meuzinho Girasol’.
O meu sexo é teu! Teu! E não percebo porque raio não interessa a muito mais gente, se no meu sexo há de tudo e todos, há cobras e lagartos. Falarei sobre esse nexo, conexo ou desconexo, porque o sexo também devia ver e ouvir, ir à revisão como a dentição.
O nosso sexo Masculino fala pouco do sexo que quer e não quer.
O vosso sexo não tem mistérios por decifrar?

- Que memória tem das suas primeiras impressões, sensações, descobertas eróticas na infância? Consegue descrevê-las?????
ª
ª
ª
ª
ª
ª
ª
ª
ª

Paco Santos

Foto de Amadeo Santos

Comentário / Carta Aberta

MFN, espero que esteja tudo bem consigo!
Inicio este comentário (carta aberta) alertando que vou ser longo e directo, tal como o senhor costumava ser!
Devo informar que sempre fui unicamente visitante assíduo do site poemas de amor à muito muito tempo, sem nunca me ter inscrito. Fi-lo agora para poder intervir aqui nesta sua despedida. Acredito pessoalmente que os seus dados pessoais são verdadeiros e assim sendo, digo-lhe que tenho uns anitos a mais do que os seus. Sou já um reformado profissional e um activo na vida.
Como já falei, leio o poemas à muito tempo e reconheço aqui muitos bons valores da escrita, mas quando o descobri a si deu para notar de repente que se tratava de alguém muito especial e diferente. Foi ai que fui ver a sua ficha de identidade aqui no poemas e reparei muito atento no seu perfil e entendi perfeitamente a sua sinceridade e postura de vida. A sua frase de apresentação é duma sensibilidade incrível e os seus escritores preferidos são daqueles que interrogam profundamente o ser humano. Confesso que Augusto Cury não conhecia e fui descobri-lo porque entendi que sendo um dos seus preferidos só poderia ser interessante e não me enganei.
Deixe-me olhar para você com olhos de um velho homem apaixonado pela vida como o senhor provou ser, e de um jovem de espírito mas sem já a força física de outros tempos.
Você não é fácil de ler. Não sei se devo falar assim, quero dizer você obriga a reflectir demasiado cada palavra, cada frase, cada linha e cada pensamento. Você é diferente sabe? Sabe que o leio hoje e amanhã ao reler de novo uma reflexão sua ou poema, leio já de forma um pouco distinta? E não sou eu que mudo ou o meu estado de espírito, emocional ou psíquico, são os seus escritos que lendo-os com mais atenção eles me levam para outros pensamentos e descobertas de caminhos. São autênticas missivas de conhecimentos interpelantes.
Que me desculpem os moderadores do poemas de amor, mas é uma grande perda a sua saída sem querer menosprezar o valor dos outros. Você interpelava com os seus pensamentos, eles eram atrevidos, duros e directos. Demonstram uma sustentação de experiência não calculada à sua idade (a ser verdade a informação do seu perfil e que acredito que seja).
MFN o tempo como você diz foi pouco mas o que me transmitiu foi muito. Você tem poemas e reflexões pesadíssimos de saber. Creio que não serão capazes todos de os entender à primeira assim como eu. Assumo que não os apanho logo à primeira vez que os leio e nem tenho a certeza de chego onde você quer que eu chegue. São muito enigmáticos, pragmáticos e de uma objectividade inconfundível como confundível.
Tem uma reflexão (poema) seu que quando comecei a ler ia ficando com uma ideia mas fui-me habituando a que a qualquer altura e rapidamente você me iria confundir, porque o seguimento da reflexão parecia tão fácil de entender que desconfiei e na verdade estava certo, eu lia o evidente mas o que o senhor queria dizer não era o que eu lia assim tão evidente, era mais do que isso. Aprendi que não podia le-lo tão rápido, cada palavra tem o seu peso e encaixe e quando me apercebia que o julgava estar a entender logo pensava devo estar a perceber errado. Relia e concluía que era verdade, estava a falhar. Lendo rápido o senhor, fico com uma ideia depois ela é outra quando o tenho com mais atenção e serenidade.
Você escreve sempre em várias direcções, chegou até a fazer chamadas de atenção aqui ao site do poemas, fez também reparos a sua forma de ser, deu indirectas a alguns comportamentos e tudo se manteve. Acho que as suas observações passaram despercebidas a muitos, e que até muitos não o liam porque o que escrevia era sério de mais para o que muita gente está habituada a ler. E os que entenderam as vezes que se insurgiu contra entre aspas algo, preferiram manter-se calados, pois são muito mais aqueles que gostam do facilitismo e do deixa andar do que aqueles que preferem colocar o dedo na ferida para a tratar como deve ser. Reparei que fazia poucos comentários, e argumentava falta de tempo, acredito sinceramente que sim, e reparei também que só alguns o comentavam e não seria por falta de tempo, porque comentavam outros. Mas você escreveu também sobre isso de outra forma inteligente. Li um poema que falava de um polvo duro, e percebi onde quis chegar. Você falou tanto e tanta coisa em tão pouco tempo neste site e para este site directamente. Acho que sei quem você gostava de ler, e eram muito poucos e diferentes.
A sua despedida em vídeo, com um tema tão lindo e ao mesmo tempo tão triste, faz perceber que você sai descontente deste espaço. Talvez sentindo-se um incompreendido pela maioria. A ideia de colocar a sua voz no vídeo para que pudéssemos conhecer uma voz real, triste e melancólica, não foi só para a despedida do seu amigo, foi talvez para que pudéssemos perceber e entender a tristeza com que abandonava o site. Deixou em voz viva aqui e para sempre um rosto e as suas pegadas de passagem.
A sua passagem por este site, marcou mesmo. Repare que neste ultimo escrito seu, houve um comentário de um participante que nunca o tinha feito antes, acho que percebi perfeitamente a sua intenção e acho também que foi um comentário tão falso e tão verdadeiro de infelicidade. O comentário só lhe ocorreu na hora de saída e talvez por se sentir mais à vontade com o facto de ter comunicado de que não iria responder, e também, pela sua saída o deixar com menos sombra e mais visibilidade para quem gosta dela. A atitude do comentário é de facto uma das evidências negativas com que você algumas vezes se insurgiu aqui no poemas. Você no último vídeo diz que o seu amigo era “único”. Deixe-me que lhe diga, aqui no poemas tem bons escritos, mas os seus são tão únicos. Você é um dos únicos.
A sua entrada aqui no poemas criou alguns embaraços e amuos, você cortava a relva muito baixa e em todas as direcções e isso perturbava os mimaditos da casa, aqueles que gostam da popularidade, das palmadinhas nas costas, dos beijinhos, dos pontinhos e das vitórias sem suor e sem justiça. Podia continuar a escrever mais até porque sendo a primeira vez e só porque não me podia esquivar de deixar este escrito de justiça, tristeza e apreço à sua passagem por cá. Mas vou terminar desejando-lhe a maior sorte do mundo e sei que você vai consegui-la. Você deixou perceber que conhece os seus caminhos e como muitas vezes escreveu os seus momentos e tempos.
Aqui no poemas, vou resignarmos novamente à minha postura de visitante até que apareça algo a tocar-me profundamente como o MFN o fez. Mas confesso que leio muito aqui e gosto de ler outros escritos para além dos do MFN, mas os seus eram de longe os meus favoritos.
Despeço-me com respeito.
Amadeu Vargas

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Ramon Cheloni

Forever

Um dia a maioria de nós irá se separar
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,dos filmes que agente nunca viu, dos tantos risos e momentos compartilhados.

Se isso acontecer, e cada momento for mais raro, teremos as lembranças.

E se um dia meus filhos, ou quem sabe meus netos me perguntarem, vendo aquelas fotos “antigas”, quem é esta pessoa? E estas roupas esquisitas?

Após um breve riso direi com orgulho:
- Foi a pessoa que mais amei na minha vida, com a qual vivi meus melhores momentos.Mas ela não teve, força para lutar pelo seus sonhos, e deixo a felicidade dela passa na frente dela,
Mas espero que ela esteja bem,porque depois que ela si foi minha vida nunca mais foi a mesma
Neste instante a saudade vai apertar, doer de fato pela ausência.
Quem sabe algumas lagrimas de tristeza e felicidade cairão de meus olhos...

Foto de Sonia Delsin

CADÊ O ANJO QUE ESTAVA AQUI?

CADÊ O ANJO QUE ESTAVA AQUI?

Ele estava sempre por perto.
Bastava uma precisão.
Nem precisava apertar botão.

O meu anjo tinha umas asas embutidas.
E um sorriso!
Quando ele sorria tudo virava paraíso.

Ele gostava de falar.
Quando começava costumava se empolgar.
E mil conselhos vivia a me dar.

Puxões de orelha então nem vou contar.

Eu sabia que disso precisava.
Diante dele eu me desnudava.
A orelha na sua frente até colocava.

Como eu o encontrei?
Eu vou contar.
Bom demais lembrar.

Naquele tempo andava fazendo perguntas pro meu eu.
E no meu caminho, do nada, ele apareceu.
Me dava o que eu mais buscava.
Tanto carinho ele me entregava.

Não sei se fantasiei.
Mas algo me diz que não.
Do passado eu o busquei.
As brumas do tempo atravessei.

Meu anjo me ouvia demais.
Em pouco tempo soube mais de mim que meus amigos mais especiais.
Vasculhei meu eu em busca de descobertas e lhe mostrei.
Nem sei ao certo como isso aconteceu.

Um dia... talvez ele tenha pensado
que eu já estava curada.
E se afastou de mim.
Estou equivocada em pensar assim?

Meu anjo foi indo devagarzinho.
Não acabou o carinho.
Mas ele se foi de mansinho.

Anjo, eu ainda preciso de suas advertências.
Sabe, todas as minhas crenças...
Há horas que se transformam em nada.

Meu belo anjo, um dia destes eu vi o seu sorriso.
Foi através de uma vidraça.
Num prédio, ao lado de uma praça...

Foi uma utopia.
Louca fantasia?
Só sei que meu coração ficou em cantoria.

Se puder, volte.
Eu estou aqui.
Sempre precisando.
Sempre lhe esperando.
Com você contando...

Soninha

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