Desinteresse

Foto de vthgga

Explicação e Sentidos.

Amar você parece mais aos meus olhos
O derradeiro vôo de Ícaro
Mas um dia arranco tua alma de teu corpo
E em um delírio agonizante verás:
Que minha luz é como a tua
E brilha em vossa direção.
Ao ser arrebatada de volta a tua carne
Logo serena ou inquieta
Então contemplaras como eu te vejo.

Amar você mais parece à minha boca
O deliciar do leão descobrindo a caça
Meu coração manada de antílopes
Estoura por medo de ser devorado.
E já abatido terás no meu gosto
O gosto do desejo que em ti sinto.

Amar você mais parece aos meus ouvidos
O som das primícias trovoadas.
A pulsação já na garganta,
O querer fugir, como correr de ti deveras .
Mas se isso em teu ser for música
Música então será minha vida entregue.

Amar você mais parece ao meu olfato
O respirar da primeira primavera
A embriagues de não conhecer o cheiro
Mas saber que é bom e pelo mesmo ser dominado
Como a flor encanta a abelha
E o teu perfume ao meu legado.

Amar você mais parece ao meu pensamento
Como tentar parar de pensar
E ao dedicar-se a isso,
Tem que de princípio esquecer a idéia
Ficando tudo confuso,
Assim mesmo lógico.
Entender isso...
É saber que te quero, não querendo.
E no desinteresse, fixar-te em minha mente.

Foto de Ana_Luar

Palavras Nuas

Observo-te de longe...
Tento perceber-te... Para entender
Porque te vestes como um guerreiro pronto
Para a guerra da indiferença
Encerrando a ternura, num íntimo de aço...
Onde sem te dares conta...
Desprezas o sabor da brisa
A eloquência do sonho
O desejo de voar.
Falas-me em metáforas...
Sinais que eu apreendo... ou não!
Mesmo que contestes a sua direcção...
Sei que é para mim que falas!
Assim interrogo:
Onde fica o desinteresse que te instiga a desnudar as palavras?
Que me diz que sou aurora na tua saudade?

Não me dás ouvidos quando te sussurro
Que no céu são muitas as estrelas que existem por numerar...
Estrelas que te vigiam...
Iluminando esse caminho tortuoso no qual te alforrias.
Na boca do poeta achei a verdade
e a verdade diz:
"Que para morrer apenas carecemos
da indiferença do nosso próprio olhar".
Criaste dúvidas onde existia genuinidade...
Deixas-te o acre no lugar de beijos
Ergueste defesas que impedem o abraço.
Algo sucedeu e não me dei conta!
Desculpa se a expressividade das minhas palavras
te provocam a precaução dos sentidos.
Envergonho-me da minha simplicidade,
de não conseguir sair digna... deste sonho solitário
que me permiti sonhar.
Conheces-me...
sabes que...
A minha ternura,
Existirá para lá do sonho
Para lá dos beijos
Para lá do desejo...
Porque eu permaneço!

Foto de laurinda malta

Desinteresse

Gaivotas pairam no ar, famintas, às voltas a desesperar.
Tempestade no mar, tempo chuvoso, ciclone a ventar.
Alma perdida, costas voltadas ao mundo, em qualquer lugar;
Gaivotas já não esvoaçam, não labutam, estão só no céu a planar.

Algo de alguém nascido, perdido, esmorecido, desinteressado.
Sentimento de bem, adormecido, empobrecido, interesse hibernado.
Desinteresse conformista, algo sem conquista, impavidez amarrada;
Apatia ao mindo, rebeldia à vida, energia enraivecida, traumatizada.

Não me chamem. Não me toquem. Não me olhem, nem me falem.
Não oiço, não sinto, não tenho tacto. Coração bate lento, algo fraco.
Sem forças, sem vontade, reajo com desalento á chuva e ao vento.
Arrastem-me, levem-me, puxem-me, espezinhem-me, sou um caco.

Gaivota, grasno perdido no vácuo do tempo.
Som emitido, sofrido, emitido sem alento,
Vida sem alma, alma esmagada de vida ausente.
chilrear, grasnar, melodia ou barulho, já não existe momento.

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