Difícil

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A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 2)

Com o passar do tempo, a tal tempestade não viera e duvidando de que viesse, afinal a montanha apiedou-se do pintassilgo, que se mostrava irredutível. Pediu que cantasse alguma coisa, depois que voasse para outra fenda só para ver o colorido das suas penas, pediu até que fizesse ao menos alguns passos da sua dança nupcial, o que era capaz de despertar sincera inveja da montanha. Tudo em vão. O passarinho só conseguiu emitir um único pio, mesmo assim em um tom debochado. A montanha então se indignou: quem esse cara pensa que é ― perguntou a si própria ― qualquer um dos sóis que passaram por aqui nos últimos mil anos daria qualquer coisa para me ver pedindo algo a alguém! Qualquer estrela desceria do infinito para me salvar, como se eu fosse a sua dracma perdida particular! Que raio de motivo pode ter este ínfimo montículo de penas, para recusar os pedidos tão simples de uma montanha tão maior que ele?

Raio?! Onde, onde dona Montanha? ― O pintassilgo saiu subitamente da sua silenciosa meditação. Ora, Pintassilgo, não sabia que tu és capaz de ler pensamentos. Não o sou de fato, exceto quando podem ser um indício de tempestade. Verdade? É verdade sim... Eu estava aqui quietinho, quase zen, entrando em alfa. Sei... Um zero à esquerda. Não! Um zero não. Nem à esquerda nem à direita. Mas nesse estado, a minha mente poderosa é capaz de proezas que não podes imaginar... Ah, mas que bichinho mais pretensioso. Tuas explanações a respeito são desnecessárias. Esquecestes de que sou uma montanha? Eu já dominava estas técnicas muito antes dos teus ancestrais secarem as penas. Eles foram pegos por uma tempestade, foi? Que tempestade o quê, Pintassilgo, tu tens fobia de tempestade. Então por quê ficaram com as penas molhadas? Pintassilgo... Quis dizer-te que nós as montanhas passamos a vida a meditar. E que eu já houvera feito isso por uma pequena eternidade, quando os primeiros pintassilgos migraram do mar para a terra. Entendestes agora? Não sei bem, dona montanha. Penso que podes estar a me enrolar com esta tua sabedoria. Ora, por quê? Porque se meus ancestrais moravam no mar, deviam ter escamas e não penas molhadas.

A montanha aprumou-se nas suas profundezas e pôs-se a refletir por um instante: precisava concentrar-se mais, era muita arrogância para o seu gosto, contudo até que ele era bem esperto. E também teimoso como uma pedra... ― a montanha riu-se da própria piada. Depois, pensando bem, sentiu-se compelida a reconhecer que a tal tempestade, justo por não chegar, houvera lhe feito um bem. Deu-se então conta de que havia uma velada simbiose naquela relação aparentemente pouco útil. Mais que isso. A amizade de um passarinho não deveria ser importante para quem tenha a vida de uma montanha, muito menos os seus dejetos, que já lhe pareciam suportáveis. Sequer deveria tê-lo percebido, ele não viverá tempo bastante para ser importante. Entretanto, embora isso fosse difícil de explicar, já o era. Tanto que lhe preocupava. Conseguira despertar a piedade de uma montanha!

De repente o pintassilgo cantou, arrancando a montanha das suas reflexões. E logo ele ergueu-se, espreguiçou-se abrindo longamente as asas e depois sacudiu-se todo, da cabeça a ponta do rabinho. Mas a montanha ficou dividida. Em parte era o que ela queria antes: vê-lo menos triste. Por outro lado porém, ao vê-lo assim ela teve um pressentimento desagradável. A montanha dissimulou: Ora, ora, que bom vê-lo tão bem disposto, Pintassilgo! É mesmo, Montanha. Acho que a tempestade foi passear no mar... Talvez, mas, olhe aí bem ao teu lado, estas sementes fresquinhas, devem estar uma delícia e servirão para que reponhas as tuas forças. Nossa, Montanha, eu não estive doente. É, mas ficastes aí nesta fenda quentinha por horas, como se esperasses pelo fim do mundo, e não te alimentastes nem um pouco. Sei que tu estás todo doído. Não estou não, dona Montanha, e para que tenhas certeza disso, vou descer ao vale e comer as mais tenras lagartinhas, que não agüentam subir aqui. Sementes são comida para pintassilgo com auto-estima baixa. Mas Pintassilgo, não há necessidade ― ponderou ela ― então não sabes que sob as pedras também há insetos apetitosos? Claro que sei, mas estes têm sabor de terra. As lagartas que se empanturram de folhas têm um suculento e variado sabor, dependendo das folhas que estiverem comendo. Para um pintassilgo, o vale na verdade é uma colossal bandeja de salada, hum... É simplesmente irresistível!

O bichinho parecia mesmo decidido e a montanha já se sentia irritada com tanta teimosia. Mas como, para uma montanha, não é bonito que se exploda por um reles pintassilgo, somente porque ele não quer entender os seus tão bem intencionados motivos, ela optou por mudar a tática: Se tu te contentares com as larvas que te ofereço, antes de cair a noite te contarei um segredo que vais adorar. O pintassilgo franziu a testa e refletiu. Depois tentou negociar: Talvez... Se me contares logo. Ah, contando logo não terá graça nenhuma. Mas, ao cair a noite já estará na hora de dormir, e o que vou fazer de bom com este teu segredo? Que me importa? Azar o teu ― Ela dissimulou... Caramba, dona Montanha! Não eras tu que me aperreavas para que saísse a voar por aí? Estás a me esconder algo.

(Segue)

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A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 5)

A novamente recolhida em si, a montanha não se conformava. Como podia ser aquilo? Um pintassilgo tão lépido e inteligente tinha obrigação de encontrar a saída providencial. Será que a velhice roubara a sua visão? Claro que não, para outras coisas não! Medo de vento ele sempre tivera, mas ante a possibilidade fortuita de recuperar a sua sagrada liberdade, não poderia titubear em optar pelo vento que, diga-se de passagem, não seria mais perigoso fora do que dentro da gaiola, onde já havia entrado. Não, tinha que haver uma outra razão plausível.

De repente, ela se recordou de um detalhe que lhe pareceu importante: durante o imenso minuto em que tudo aconteceu, em nenhum momento o pintassilgo lhe dirigiu sequer um único pensamento. Foi como se ele não ouvisse os seus apelos agoniados, para que fugisse pela portinhola entreaberta, antes que fosse tarde demais. Por que tal comportamento? Será que não mais considerava valiosa a especial e já manifestada amizade de uma montanha? Ora, não havia dado a ele nenhum motivo para tamanho desprezo, muito pelo contrário.

Sua indignação contudo ainda se transformaria em perplexidade: algum tempo depois a montanha foi arrebatada das suas reflexões pelo canto, agora de fato inconfundível, do seu pintassilgo. Lá estava ele novamente. A gaiola fora reposta no mesmo arvoredo, reabastecida de sementes e água, parecendo que nada havia acontecido ao passarinho. Até se poderia deduzir que estava mais feliz do que antes da ventania. Coisa mais absurda ― disse ela a si mesma. Porém, era evidente, nenhum pintassilgo deprimido poderia cantar tanto nem com tamanho virtuosismo, nem dar cambalhotas no ar e fazer outras piruetas. Até um banhinho ele tomava. Sucinto, como são os banhos dos passarinhos, que não têm muita intimidade com líquidos e nem muito o que lavar. Mas bem diante dos arregalados olhares da montanha, o bichinho espirrava água para todos os lados, enquanto, literalmente, mostrava ser também um entusiasmado cantor de banheiro.

Quando a tarde já se preparava para anunciar a sua partida, uma cena insólita mais uma vez surpreendeu a montanha. Vieram os dois caçadores na direção do arvoredo. O velho, ensimesmado, apertando as pálpebras como que por impaciência, não respondia uma só palavra, ao passo que o jovem, mostrava-se inconformado. Alguma coisa o levava a gesticular muito e a despejar no vento repetidos argumentos, tão atropelados que era difícil entender o mínimo. Até mesmo interpor-se no caminho do outro o jovem tentou, inutilmente. Para espanto até do pintassilgo, não apenas o caçador mais velho retirou a gaiola do galho em que estava pendurada, como ainda meteu a mão pela portinhola, apanhou o bicho apavorado entre os dedos, grosseiros mas cuidadosos, e em seguida simplesmente abriu a mão e esperou que ele voasse. O passarinho atônito demorou a entender, porém depois de poucos e longos segundos, mais assustado do que feliz, lançou-se no vazio, seu natural quase esquecido pelos anos de cativeiro. Com um sorriso contido no rosto também marcado pelo tempo, o homem ficou olhando onde ele pousaria. Por seu lado, aborrecido, o jovem virou-lhe as costas e com as mãos na cabeça, numa expressão de perda, foi-se embora a passos duros na direção do vale.

O pintassilgo não chegou muito longe em seu primeiro vôo. Não mais reconhecia a liberdade, suas possibilidades e perigos. Logo percebeu que praticamente nada estava tão perto e disponível, e que necessário se fazia agora dosar o esforço de se deslocar. A satisfação das necessidades dependeria de ser capaz de reconhecer seus limites. E aí estava uma coisa que não lhe parecera importante durante muito tempo: teria que olhar para dentro de si, em vez de conhecer, por dentro, apenas a gaiola. Mas a prática de todas essas coisas teria que ficar para o dia seguinte, pois já estava completamente escuro. A noite, fora da gaiola, era terrivelmente assustadora, até porque, embora estivesse acomodado em um lugar bem seguro contra predadores, ele não sabia disso. Perdera as referências para avaliar a sua segurança e, desse modo, tudo parecia potencialmente perigoso. Os múltiplos sons da noite, assim mais se assemelhavam a uma sinfonia macabra. Fora das paredes da casa do velho caçador, o mundo se tornara quase desconhecido. Não havia mais o acolhedor teto de sapê seco. Não havia ali, na verdade, nenhum teto e o sereno já se mostrava ameaçador. Em compensação não havia nenhuma ventania (Céus! Uma ventania no meio dessa escuridão seria morte certa e dolorosa!), contudo a aragem natural e constante da noite, resultante do resfriamento, tornava difícil manter uma camada de ar, aquecido pela temperatura do corpo, entre as penas e a pele delicada. Apesar de ser pessoa de intelecto muito simples, o caçador sabia que os passarinhos dependem disso para sobreviver e tivera sempre o cuidado de manter a gaiola em algum lugar bem protegido.

Porém, todas essas perdas decorrentes do cativeiro prolongado pareciam secundárias, do ponto de vista de alguém que não poderia caber em gaiola nenhuma. A montanha passara as últimas e desesperadas horas tentando se comunicar com o pintassilgo. E assim foi, ainda por outras horas. Era alta madrugada, ela resolveu que devia armar-se de mais paciência. Decepcionada, viu afinal que as tais perdas tinham uma magnitude bem maior. O seu velho amigo passarinho perdera grande parte da percepção do seu meio natural e exterior, porém, perdera também parte da percepção interior. Que triste era isso.

(Segue)

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A MONTANHA E PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 7)

Lendo os pensamentos do gato e do gavião, a montanha deduziu que estava se repetindo ali outro fundamento da natureza: a competitividade. Pois que o gato, que antes havia adotado uma postura cautelosa, ao perceber que o gavião já vinha voando rápido e rasteiro na direção do pintassilgo, resolveu que teria de ser ainda mais rápido do que o gavião e aproveitar-se da distância bem menor a que estava do passarinho. Porém ainda mais rápida foi a montanha. Numa atitude muito condenável para qualquer montanha, no entanto, naquela situação, para ela plenamente justificada, puxou com força para dentro de si as raízes do arvoredo onde estava o pintassilgo. Assim, todos muito assustados, o passarinho levou um tombo, o gato deu um bote no vento e rolou longe, e o gavião por pouco não quebrou a asa no lajedo, ao desviar subitamente o seu rumo.

Algum tempo depois, como sempre acontece na natureza, tudo voltou ao normal e a vida prosseguiu sem grandes traumas. Mas não foi assim para a montanha. Ela havia agredido a natureza com seu ato impulsivo. Cometera uma transgressão. Usara o seu poder indevidamente e sabia que, de alguma forma, um dia pagaria um preço por isso. Até que esse dia chegasse, não obstante a distância física que havia entre elas, saberia que outras montanhas a veriam com outros olhos. Criara para si uma imagem de montanha passional, e ferira o sentimento de identidade das demais montanhas, que por isso não saberiam mais quem ela realmente era, e nela não confiariam mais. Seria pois discriminada e devia se preparar.

Para uma montanha tudo é bem mais demorado do que para um pintassilgo. É como se formassem os dois um grande lago. A tona da água seria como o pintassilgo, sua expressão externa, visível e inconstante, susceptível a uma enorme gama de fatores capazes de provocar grandes transformações em pouquíssimo tempo. Já o fundo do lago, protegido e isolado de tais fatores, onde nem mesmo pode chegar plenamente a luz solar, bem mais se assemelha à montanha. Nele nada é tão breve e tudo é mais verdadeiro e confiável. Muito a propósito, nessa dimensão da vida, não se provocam violações da naturalidade e por isso a montanha sentia-se pejada. Ela sabia que a natureza é sustentada por princípios ativos, que sempre conduzem tudo a bom termo, com base em uma sucessividade também natural, cuja mensuração chama-se tempo cronológico. A aceitação disso como verdade depende, entretanto, de que se tenha a consciência ancorada num nível universal e coletivo. Embora por inusitado e admirável sentimentalismo, ela priorizou as consciências individuais, do pintassilgo e dela própria, e por isso transgrediu. Esqueceu-se de que todas as soluções já fazem parte do todo, que ela própria representa nessa analogia. A supervalorização do nível individual da consciência, ou da sua auto-identidade, não é um comportamento adequado para uma montanha milenar, embora seja muito comum em seres que vivem menos como, por exemplo, os pintassilgos e os humanos.

O sol já ia bastante alto mais uma vez, quando a montanha estranhou o comportamento do seu tão amado amigo. Ele parecia estranhamente movido por uma força difícil de identificar, no entanto muito poderosa. Começou a piar cada vez mais forte e com maior freqüência, sem propriamente cantar, movimentava-se mais, expunha mais as penas à luz do sol e até os seus olhinhos negros pareciam brilhar mais. Impressionada e ao mesmo tempo preocupada com ele, já que assim despertaria mais o instinto dos seus predadores naturais, a montanha pôs-se a investigar mais de perto o que estava acontecendo e em alguns poucos minutos tudo começou a ficar claro.

Subindo lentamente a picada mal definida e íngreme que vinha do vale para a montanha, o mais moço dos dois caçadores, que a montanha já conhecia bem, chegava próximo ao lugar onde estava o pintassilgo. Tratava-se, com absoluta certeza, daquele mesmo que mostrara-se inconformado com a soltura do bichinho. E ele não podia estar bem intencionado, pois trazia consigo novamente uma daquelas gaiolas de caça, providas de rede, e dentro dela três outros pintassilgos, que também não paravam de piar apesar dos trancos e escorregões da subida. Não era para se acreditar que viera soltar mais pintassilgos. Seria bom demais se fosse verdade. Cansado da subida, assim que chegou ao lugar que julgou satisfatório, o homem pendurou a gaiola em um toco de galho quebrado e afastou-se, indo acomodar-se por trás do capim que cobria um pequeno lajedo, de modo a não ser visto.

Por algum tempo a montanha sentiu-se muito feliz. O seu pintassilgo cantava loucamente, como nos velhos tempos. Cantava muito e alto, eriçando as penugens do peito, esticando as pernocas e o pescoço. Parecia à montanha comovida que nunca ele cantara tanto, com tanta eloqüência, tanta emoção. Era como se estivesse cantando pela última vez na vida, reunindo todas as forças para isso, e sua consciência coletiva, entrelaçada à da montanha, o fizesse cantar compulsivamente, como se dissesse ao mundo: Eu sou o pintassilgo e esse é o meu canto, o meu papel nesse mundo e o que sei fazer de melhor!

De tal forma o seu cantar se apossou do ambiente, que todos os demais animais se calaram. Até o vento parecia quedar-se a tão bela e sonora efusividade. Com dois olhos arregalados, o caçador mal acreditava no que eles viam e no que seus ouvidos escutavam.

(Segue)

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A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 8)

Porém, a eufórica felicidade da montanha de súbito cedeu os seus subterrâneos a uma terrível agonia. Ela logo percebeu que tudo era um golpe baixo. Os pássaros de dentro nada mais eram do que uma família. Para convencer o pintassilgo “fugido” a voltar para a prisão, para mostrar a ele que nunca mais seria o que foi, o caçador trouxera a sua fêmea e os seus filhotes, que piavam apenas porque nem sabiam cantar ainda. Furiosa, a montanha quis voltar a ser um vulcão, mas deteve-se a tempo de arrepender-se. Não poderia despertar tamanha força somente para despejá-la na cabeça daquele ínfimo caçador. Além do que, já tinha uma transgressão grave registrada na sua folha-corrida.

Acalmou-se para desfocar sua energia. Precisava voltar à sua dimensão consciencial, natural e soberana, e não negar ao pintassilgo o direito de escolher. Mas essa era uma tarefa muito difícil. Seu querido passarinho fora arrancado do seu abraço generoso. Passara muito tempo sendo condicionado a uma vida muito diferente, mas agora teria a chance que ele sempre esperara. Ou será que não? E se ele não o quisesse? E se sentisse medo da liberdade? Assim como não mais respondia aos apelos da montanha, com certeza perdera a sensibilidade para todas as coisas, não podia mais compreender o mundo exterior à gaiola. Fora acostumado a comer e beber do que lhe serviam, e não saberia mais encontrar alimento por conta própria. Por mais irônico e inaceitável que isso fosse do ponto de vista da montanha, ele poderia preferir a segurança oferecida por seus algozes. Pelo menos não perdera o seu canto maravilhoso, muito embora agora, isso parecesse menos importante. Mas para os seus filhotes sim, isso devia ser o que existia de mais importante. Sob o peso imenso da dúvida a montanha sentiu a conseqüência da sua ousadia. Deixara-se levar. Fora até onde montanha nenhuma houvera ousado chegar com seu comportamento. Não podia mais prosseguir sob o risco de perder-se em vão. Tudo por um pintassilgo que não quisesse, desgraçadamente, reencontrar-se. O fim das suas dúvidas não dependia mais de si, ou nunca dependera. Era preferível deixar que tudo se ajeitasse naturalmente.

Pois tudo aconteceu muito rapidamente. O gavião não resistiu à tentação de ver três refeições num espaço tão pequeno. Desceu noutro vôo rasante, passando bem próximo, na tentativa de fazer com que ao menos um dos pássaros saísse apavorado da gaiola. O gato achou que o risco já estava de bom tamanho e que poderia muito bem simplesmente esperar em um lugar mais seguro. Quem sabe? Com sorte lhe sobraria alguma coisa, pois havia mais passarinhos na confusão do que aquele gavião intrometido poderia carregar. Como a tentativa anterior não dera resultado, o rapineiro voltou e pôs-se a voar quase parado no ar, bem juntinho das varetas. Mais cedo ou mais tarde algum dos bichinhos se esgotaria de tanto se esbater, e então seria facilmente arrancado pelo pescoço, para fora da gaiola. Entendendo a malícia cruel do gavião, o pintassilgo lançou-se contra ele numa atitude heróica, pensando em bicar-lhe os olhos, golpe terrível e mortal para qualquer gavião, por condená-lo a morrer lentamente de inanição. O que se viu surpreendeu a todos.

Ninguém ali sabia, mas os pássaros engaiolados na verdade pertenciam ao caçador mais velho. Vendo-os ameaçados pelo gavião, sem ter uma justificativa para o fato de tê-los pego sem pedir, ao mesmo tempo em que o pintassilgo atacou o caçador arremessou com toda a força uma pedra, na direção do gavião. Porém em vez deste acertou a gaiola, que caiu, se quebrando e libertando os pássaros. Aquela trapalhada encheu a montanha de alegria, por ver os pássaros libertos. Mas onde havia ido parar o pintassilgo? Todos procuravam por ele. Então descobriram que estava no galho mais alto, pendurado pelo pescoço no bico do gavião. Antes que pudessem dizer uma palavra, o rapineiro achou que já estava bom e tratou de bater suas asas até desaparecer nas nuvens, com certeza na direção de uma outra montanha, onde se sentisse mais bem-vindo.

Nesse dia a montanha chorou, mas ninguém percebeu. Não foi mais uma transgressão sua. Simplesmente ela se retirou para os seus subterrâneos e lá permaneceu por muito tempo. De tão triste não queria ver ninguém, sequer tinha vontade de apreciar o amanhecer como sempre fizera. As outras montanhas que achassem o que bem entendessem, não estava mais preocupada com o julgamento delas.

Numa manhã, entretanto, uma voz que lhe pareceu familiar fez com que voltasse a atenção para fora. Não pode ser ― disse a si mesma. Então chegando ao lugar onde tudo havia acontecido havia dois anos, lá estava um pintassilgo, que já não era mais um filhote, prestes a estourar o peito de tanto cantar. E não apenas por zelo. Vinha de logo abaixo uma zoeira que o fazia aumentar o volume para ser ouvido. Era uma cascata, uma pequena queda por enquanto. Sabia a montanha que, sem imediatismos, a fonte construiria um sulco que melhor lhe conviesse, e no futuro seria uma queda ainda mais bonita. E quando depois viessem lhe admirar, todos já encontrariam aquela plaquinha rústica pregada no arvoredo, escrita com letras que mais pareciam garranchos, porém onde se podia ler com alguma boa vontade: Fonte do Pintassilgo. Não vira quem a pregara ali, porém até que estava bem bonitinha. Obra do velho caçador? Mas que tanta diferença isso fazia?

Foto de Marceloi9

Descobrindo o AMOR pelo MEDO

O MEDO é um sentimento que restringe, paralisa, retrai, nos leva a fugir e a nos esconder, e muitas vezes mau percebemos, pois nos escondemos atrás de um carinho, um sorriso e algumas vezes atrás de alguém.

Levando em consideração, que tudo existe uma contrapartida, para chegarmos ao conhecimento de algo, e atestar a sua existência, é preciso descobrir o seu oposto.

E foi pensando no MEDO, que descobri que seu oposto é o AMOR.

O AMOR é o sentimento que expande, move, revela, e nos leva a ficar apesar do MEDO.

O MEDO cobre nossos corpos de roupas, o AMOR nos permite mostrar o que temos de melhor.

O MEDO, nos faz segurar tudo que temos, o AMOR nos liberta para doarmos aos outros.

O MEDO sufoca, ao AMOR sempre nos mostra afeição.

O MEDO irrita , o AMOR acalma.

O MEDO critica, o AMOR regenera.

O MEDO julga, o AMOR perdoa.

Acredito, que todas as nossas atitudes e sonhos, baseiam-se em um desses sentimentos.

Não temos escolha com relação a isso, porque nada mais há escolher, e isso é maravilhoso, isso se chama livre-arbítrio, o que nos permite ser LIVRES.

Aprendemos a viver com MEDO, por isso é tão difícil tomarmos decisões.
Sempre ouvimos falar da sobrevivência do mais forte e o sucesso do mais esperto.

Por isso tentamos ser os mais hábeis, os mais fortes e os mais espertos também, menos que isso significa temer a perda, porque nos disseram que ser menos é ser perdedor.

Por isso geralmente escolhemos as ações que o MEDO justifica.

Encontrei o MEDO...
Por isso posso agradecer, pois para isso tive de encontrar um AMOR sicero.

Me mantenho guardado...conversando com o tempo.

Buscando não saber
QUEM SOU EU,
mas sim....
QUEM EU ESQUECI QUE SOU.

Marcelo Souza
09/04/08 - 22:39h

Foto de Atylla FIlho

Bom Rapaz

Desculpe não ser vil
De tudo que já viu
Não é tão mal assim
Você gostar de mim

Foi tanto eu perdoei
Tanto que sofri
Que hoje pensei
Deus, já mereci

Devolve o meu lugar
Me deixe descansar
Aqui ou lá no céu
Já fiz o meu papéu

Que aqui tá ruim demais
Difícil de aguentar
Eu fui um bom rapaz
Me dá alguém pra amar.

Foto de syssy

TEXTO PERDIDO

Começar do ponto de partida é difícil, pois já não faz
parte do seu consciente, pode-se buscar á melhorar,
mais não fica igual à parte que foi embora, porque a
inspiração estava evidente na parte suposta por você,
encontram-se maneiras para alterá-la no seu contexto,
no demasiar, fica sem nexo.

Foto de jeffsom

Vida?

Existem três coisas que a vida jamais vai lhe ensinar, e não importa o quanto você caia as certas coisas nunca mudam.

Á primeira delas é que NÃO EXISTE A PESSOA CERTA!!!
Existe sim o momento certo, cabe a nós saber-nos aproveita-lo ou deixar passar mesmo que desapercebido, Ironicamente as melhores coisas da nossa vida passam tão rápido que se picar os olhos ao cruzar uma esquina podemos ter perdido a melhor chance de nossas vidas de contemplar alguem que nós complete ou ate mesmo ver e sentir aquele friozinho no coração e deixar passar...
ERRO FATAL!!!

Depois vem a falha humana que mais me dói em ter comprovado que ela existe, não somente em min, mas em quase 99% das pessoas que conheço e pelo que vejo nessa vida, á ARROGANCIA DESPROPOSITAL...

Coisa fútil é ser arrogante, mas o que é mais estupido ainda é ser desproposital, agora me pergunte como é possível ser assim? Simples basta olhar nos olhos de alguem e dizer que ontem foi perfeito e que a vida é uma maravilha, mesmo sabendo que sua vida ta uma bosta; mentir... sim é mentir para si mesmo. Um tipo de arrogante que propositalmente se mostra superior aos momentos, se vangloriando as pampas que a vida é o que é; e que o redondo dele nasceu quadrado!!!
À HUMILDADE É UMA CARACTERIASTICA MARCANTE NESSE TIPO DE PESSOA, MAS É O QUE TORNA ESSA FALHA DA VIDA PIOR. POIS É INCOERENTE SER HUMILDE E ARROGANTE COM A PRÓPRIA VIDA E PARA SI MESMO!!!
(para quem não entendeu leia a teoria da conspiração)

Agora finalizando a pior característica da vida é que ela não ensina ninguém a viver, e ninguém é capaz de lhe ensinar isso a não ser a própria vida...

Difícil entender? Então veja por esse ponto:

1 a vida é o principio da morte, viva bem e será feliz ao morrer?
2 Na vida nada é de graça, tudo tem seu preço e pode ate vir fácil; mas o preço certo será cobrado sempre na hora errada!
3 Amor... isso não existe é uma coisa que colocaram na sua cabeça; como um meio de achar um motivo para viver se não a esperança de uma morte tranqüila!!!
4 Olhar para o futuro é deixar de se comprometer com o presente é esquecer o passado, e em que etapa você vive? SE SOUBER A RESPOSTA TEM UMA CHANCE MAIOR DE SER PELO MENOS, MENOS INFELIZ.
5 Esperança é a força de vontade que nos mantém vivos e a mesma que nos empurra morro a baixo. E vemos que não a mais motivos para sorrir quando quem esta descendo sempre e cada vez mais rápido somos nós mesmos!!!

ENTÃO ANTES DE ME CRITICAR PENSE SE É VIDA É A VIDA QUE O MUNDO LHE DEU OU A QUE VOCÊ FAZ PARA SE MESMO...

AMO A MINHA VIDA POIS SEI QUE QUEM A GUIA A RÉDEAS CURTAS SOU EU!!! E SERÁ QUE ALGUEM AQUI PODE DIZER ISSO ALGUEM DIA?

Foto de Civana

Alma Gêmea II (Completa...)

Dizem que muitas vezes encontramos nossa alma gêmea nos sonhos, já que o encontro na vida real se tornou tão difícil. Será? Pode ser, mas também pode ser que tenhamos sonhado com aquela pessoa que idealizamos, que desejamos e esperamos tanto encontrar, perdida por aí em algum corpo.

E foi exatamente isso que aconteceu essa noite, me encontrei com minha alma gêmea ou meu amado idealizado. Só que, se foi idealizado, porquê ele não tinha uma fisionomia definida? Embora seu olhar fosse maravilhoso, iluminado, me atraía e transmitia tanta paz, que parecia o conhecer desde sempre! Por que sua voz não saía de sua boca? Embora a ouvisse dentro dos meus ouvidos, invadindo minha mente e corpo. Suas mãos me tocaram, mas não eram táteis, transmitiam um calor por onde passavam, até chegar ao abraço. Ah, o abraço, esse sim foi forte, intenso, carinhoso, me fazendo chorar de alegria!
E o local, que todos dizem ser um campo florido ou uma praia paradisíaca? Não, nada disso, nem existia local nenhum, apenas ele e eu. Surgimos do nada, não minto, apenas uma pedra enorme, ou melhor, uma montanha nos separava. Caminhei em direção ao local mais iluminado que havia e ele surgiu de trás da montanha, caminhando para o mesmo local. Paramos, nos olhamos, conversamos como velhos amigos e amantes, apenas afastados pelo tempo.

Encontrei-te... Em sonho, mas encontrei, enfim! Se algum dia pudesse chegar perto de uma experiência como essa, estaria definitivamente completa!

(Civana)

Foto de killas

DESABAFO AMOROSO

As pequenas lágrimas que me caem,
São sinais do meu pequeno coração,
São os meus sentimentos que saem,
E se vão de novo encontrar no chão.

Mas mesmo assim não me canso de sentir,
Todo o leque dos mais puros sentimentos,
Já não sei o que mais te vou pedir,
Para ver de novo brilhar os teus olhos.

Quase juro que não consegues entender,
Que é para ti que reservo o meu amor,
Será assim tão difícil de perceber,
Que eu só quero para sempre o teu calor.

Já não sei o mais vou inventar,
Para de novo te chamar a atenção,
Como te mostrar não estar a brincar,
Quando te mostro minha paixão.

Não sei se vou conseguir aguentar,
Para sempre esse teu eterno desprezo,
Quero apenas um simples olhar,
É por isso que todas as noites rezo.

Acho que não te consigo conquistar,
Vou ter de esconder o meu amar,
Acho que é agora que vou finar,
Para nunca mais ninguém me encontrar.

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