Dois

Foto de Enomis

TEMO

Tenho medo do passado
Pertuba-me o presente
E ancia -me o futuro
Teu amor e teu carinho
Infinito motivo de viver
Corrói meu espírito,
embebeda-me a consciência
Cheiro de você no ar
no mar
em mim
Desespero sem motivo
motivado pelo teu amor
Cansaço ofegante
Razão desconcertante
Temo-te e temo a mim
Temo a nós dois
Medo mais destemido
Maltrata e Cura
Revitaliza e me parte
Venha teu amor
Venha minha dor
Temo mais não me acovardo
Temo mais me atraio
Recebo-te desconhecido
Vem ao caminho do meu coração

Foto de Bianca Costa

Almas Gêmeas

ALMAS GÊMEAS

Almas que se buscam
Numa procura perene,
Incessante...

E sentem uma a outra
Ainda que na distância presente...
Almas amigas... Almas irmãs...
Partes de um único todo,
Separadas em algum instante
Da caminhada astral...

Um desejo as move,
Impulsiona a busca,
Tornarem a se encontrar
E, de novo, recompor o todo
Que outrora fora em dois partido...

Duas partes iguais...
Incompletas...
Errando por esses mundos,
Atormentadas pelo sentimento
De se completarem,
Fundirem seus corpos desnudos
Numa conjunção de desejos...
E arfares roucos...
E delírios lúgubres...
E gemidos surdos...
É o Amor revivendo...

Enfim, a jornada termina
No seu ponto de partida...
É a Vida recomeçando...
Dure o tempo que durar,
Viva quantas vidas forem
Necessárias,
Lá estará ele, a esperar...
E ansiar a chegada,
Tão intensamente almejada...

O Amor Transcendental...
Imortal...
Ímpar...
Inigualável...
Único capaz de unir,
Novamente,
Duas almas perdidas,
Gêmeas de si mesmas,
No Todo de origem,
Que outrora fora dividido,
E, na imensidão cósmica,
Viverem unidas...
... Eternamente...

Foto de Graça-da-Praia-das-Flechas

" SOU TUA PROMETIDA"

Sou tua prometida sim,
Perdida de desejos,
Aguardando a ânsia de teus beijos,
Deste teu corpo quente,
Que me faz vibrar em vários tons,
Como se colorido fosse,
Este louco desejar,
Que por ti sinto em meu peito,
Só sabendo teu nome chamar...
Sou tua prometida sim,
Quando em ardência tu me queres,
Para apagar as nossas chamas,
Que invadem nossas entranhas,
Loucura é tamanha,
Que viramos duas feras,
Nos amando, nos mordendo,
Insanos desejos não mais contidos,
Somos dois amantes,
Pelo prazer, pervertidos...
Sou tua prometida sim,
Quero te dar meu calor,
Enlouquecer-te com meu sexo,
Com meus beijos molhados,
Lamber este corpo suado,
Exalando puro perfume de amor...
Sou tua prometida sim,
Quando me pedes carícias,
Carregadas de malícias,
Querendo provar diferentes sensações,
Que nos fazem entrar,
Em espasmos e convulsóes...
Sou tua prometida sim,
Quando manhoso me fitas,
Com este cândido olhar de ternura,
Desejando carícias impuras,
Pois queres todas experimentar,
Sensual e ardentemente,
Com minhas promessas indecentes...
Sou tua prometida sim,
Como Afrodite me sinto,
Deusa da beleza e do amor,
Contigo faço tudo,
Sem regra e sem pudor,
Trago em meus seios o poder,
Onde residem meus encantos,
A Ternura,
O Desejo,
O dom da Sedução,
Que são Poderes que enganam,
Até o mais sábio Coração...
És porém o meu Adonis,
Amante meu tão desejado,
Doce sonho acalentado...
Venhas comigo agora,
Quero te deixar bem louquinho,
Coloques tua boca quente,
Em meu sexo pelo prazer molhado,
Quero que te sintas,
De tesão, embriagado,
Nunca te deixarei partir,
Sem teus desejos realizados...
Sou tua prometida sim,
Quando em ânsia louca,
Nossos sexos se encontram,
Com ritmo e desenvoltura,
Somos içados às alturas,
Levados por este tesão louco,
Que invade nossos corpos...
Sou tua prometida sim,
Venhas agora em meu ninho,
Sugue-o ardentemente,
Quero teu membro em minha boca,
Neste meia-nove safado,
Estás gemendo alucinado...
Sou tua prometida sim,
Troquemos as posições,
Pois estou tendo contrações,
Quero teu falo em minha gruta,
Agora me chames de tua puta,
Ao comprimir este membro louco,
Dentro de mim, latejante,
Quero vê-lo insano,urrar,
É agora, meu Homem,
Vamos juntos
Ao prazer grandioso chegar...
Sou tua prometida sim,
Vou reinar absoluta,
Saboreando-te,
Degustando-te,
Esgotando-te,
Tendo-te somente para mim...

Direitos Autorais Reservados

NITERÓI- RJ

Foto de a_luiz

OS DOIS LADOS DO AMOR

TUDO NA VIDA TEM DOIS LADOS,
O AMOR COMO A VIDA TEM DOIS LADOS...

O LADO DE AMAR E O LADO DE SER AMADO!

QUANDO SE AMA, EXISTE PREOCUPAÇÃO E CARINHO...
QUANDO NÃO SE É AMADO, FICA A DOR E A SOLIDÃO...

MAS A VIDA DÁ-NOS ESPERANÇA, E O AMOR SOFRIMENTO...

COM TANTO SOFRIMENTO DE QUE VALE A PENA AMAR?...

VALE SEMPRE A PENA AMAR...
POIS O AMOR DÁ-NOS O QUE NEM O SOFRIMENTO FAZ PASSAR.

P/ SARA BAYYURT

Foto de Amalia Grisi

Carta para o amor

Eu não sei... Será que aqueles olhos são meigos e risonhos com todo mundo? Algumas vezes penso que não! Penso que são meus e aquele olhar é para mim... Penso que tem alguma coisa em mim que ele gosta muito e sinto por não saber bem o que é...
Se as sensações denunciassem a verdade diria mais: diria que sei que ele gosta da minha simplicidade, se identifica com meus problemas e com minhas qualidades. Ele as admira. Ele mal acredita que elas existam... E por isso ele às vezes tenta achar alguma falha no meu plano...
Não sei se tem vontade de me beijar! Uma vez pensei que sim. Viajamos juntos. Não foi de propósito, não tinha nenhum motivo especial, estávamos unidos em prol de um objetivo comum e era isso que me fazia estar ali. Quando nos despedimos seus olhos tinham alguma coisa... Talvez uma preocupação paterna, uma admiração contida por eu estar ali e nós sabíamos por que, e estávamos os dois, orgulhosos disto ou... Simplesmente, o que eu tentei não acreditar, mas senti. Talvez ele quisesse me beijar e abraçar dizendo eu acredito em você, não tenha medo! Talvez... Talvez ele realmente se importe comigo.
Sempre conversamos sobre tudo. Para mim sempre foram mágicas as oportunidades de falar com ele, só isso já me deixava muito feliz e poderia passar horas assim, mas não era só isso... Eu já desejei estar com ele... Quando me abandono da idéia de pecado, quando sonho... Uma vez sonhei com um laboratório antigo e nós dois, ele me pedia para namorar e me beijava. Que mágico! Tão ele! Tão eu!
Outra vez, muitas outras vezes, sonhei com ele. De algumas me fiz esquecer. Minha cabeça roda em mil direções quando penso nisso e por mais que eu acredite no amor, teimo em respeitar as leis dos homens e me faço esquecer... De outras ainda me lembro. Lembro de estar em um lugar escuro ouvindo-o dizer que não era feliz e por algumas vezes, já havia pensado em separar-se. Se eu contasse a ele, sei o que diria. Sua crença nas coisas metódicas diria que é força do meu próprio desejo inconsciente, talvez seja mesmo!
Mas já senti suas mãos em meu corpo, mesmo sabendo que elas nunca estiveram lá. Talvez nunca estejam. Queria escrever para ele uma poesia cheia de amor e verdade, como Quintana. Acredito que Quintana nunca foi infeliz. Eu também não sou, guardo em mim um sonho e o alimento quando posso...
Meu sonho tem perto dos 40 anos, alguns poderiam achar muito para mim. Não sou uma menina, talvez nunca tenha sido. E o que vejo e sinto é que sou inteiramente como ele, minha alma é muito parecida e respeita algumas diferenças que nos fazem tão compatíveis, independente de qualquer outra coisa que nos separe. Mas ele é um menino. Sua mente é. Quando a situação permite, suas atitudes também são. E eu já tive o privilégio de vê-lo com medo, com gula, com doçura... É tudo que uma mulher como eu pode ver para sentir o quanto um homem pode ser apaixonante... E legal, e companheiro, e amigo, e verdadeiro, e sincero... Que mais posso dizer? Que mulher não espera encontrar alguém assim?
Não sei se ele é bonito. Já não sei mais vê-lo distante destas qualidades. E em conjunto com seu corpo e sua essência, ele é um dos homens mais atraentes que já vi... Ele se veste com simplicidade e às vezes, sem nenhuma intenção de perverter minha ordem, ele deixa transparecer um pedaço de seu peito por sobre a camisa e enlouqueço de me imaginar colocando a cabeça ali, deixando que suas mãos me afaguem e sendo feliz... Jamais poderei dizer isso a ele. Você que leu, agora sabe e compartilha do meu segredo. Somos cúmplices. Se algum dia o vir, diga a ele que eu o amei demais, talvez o ame para sempre e estarei sempre esperando por ele...

Foto de alexandrefaleiro

O meu poema

Amo-te e procuro sempre encontrar sinais da tua paixão nas pequenas coisas do dia-a-dia. Pois é aí que o amor reside.
Quando me sinto estranho comigo próprio, e nem a mim mesmo consigo explicar o que sinto, é o teu carinho que me põe em ordem;
Quando me sinto triste com o mundo, tu não hesitas em tentar compreender-me, mesmo até quando isso é difícil;
Nunca estamos longe um do outro, porque para ti não há limites nem fronteiras entre nós dois.
E procuras-me. Procuras-me sempre para me ofereceres o teu sorriso doce de menina;
Desde que te conheci nunca mais soube o que é estar só. Lembro-me do teu rosto luzidio e essa é a melhor companhia que posso ter.
Ter-te, é um privilégio que me foi concedido por “Vénus”, Deusa do amor, e eu espero estar a altura de merecer tal preciosidade.
Que mais posso eu querer, se tenho a tua amizade e paixão todos os dias?

Amo-te, como o mar ama a lua, as flores a chuva, ou Romeu amou Julieta.
Nunca creias que eu te esqueça um dia, acredita sim, que não viverei se não tiver o teu amor, que não sorrirei se perder a tua paixão, mesmo que um dia o sol ilumine apenas a minha casa e todos os sítios por onde eu possa caminhar.

Isto não é um poema, e eu nem sequer sei o que é ser poeta, mas se ser poeta é conceber e descrever a exaltação da vida, então o meu poema és tu.

És o meu poema quando me sorris,
És o meu poema quando me tocas,
És o meu poema quando me amas,
Serás sempre o meu poema.
Só os apaixonados escrevem assim

Foto de yeliel

Análise duma poema de Luís de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Este poema não intitulado, escrito por Luís de Camões, apresenta como tema principal a paixão do sujeito poético para coma sua amada, que, para tristeza, morreu jovem. Como a amada do sujeito poético já se despediu para sempre, o tom desse poema é simplesmente revoltado por um ambiente amargo e triste. O poema também tem a função de revelar a saudade do sujeito poético à sua amada que, provavelmente, o pode ouvir do céu. O poema é constituído por quatro estrofes, duas quadras e dois tercetos. As duas quadras apresentam rima interpolada e emparelhada e os dois tercetos rima cruzada.
A primeira estrofe introduz a situação dos amados. Logo no início do poema, o sujeito poético invoca a sua amada emocionadamente através da designação amorosa “alma minha gentil”, dando-nos a conhecer que o poema é dedicado a uma pessoa que ele ama com alma. Depois desta apóstrofe, também no primeiro verso, revela que ela já tinha falecido. O verbo “partiste” neste contexto tem o significado de morrer, mas o sujeito poético não quis utilizar “morrer” para nos dizer que a sua amada só partiu para um mundo diferente, mas continuará viva. No segundo verso, o advérbio de intensidade “tão” reforça o adjectivo “cedo” dizendo-nos que ela morreu ainda muito nova. Nos dois versos seguintes o sujeito poético mostra outra vez que acredita que a sua amada continua viva através do verbo “repousa”; o determinante demonstrativo “lá” fez o céu parecer não tão misterioso por ser o local onde ela vive. Note-se que “Céu” é escrito com maíuscula referindo-se ao “Paraíso”. Os advérbios “eternamente” e “sempre” são muito intensos, ambos são sem fim, com a ausência da noção do tempo. Os dois amados estão assim separados pelo céu e terra, pelo que não se vislumbra reencontro.
Na estrofe seguinte, o sujeito poético faz um pedido para a sua amada não o esquecer. O “assento etéreo” é referido como “céu”. Ele suplica para que no céu as pessoas vindas da terra continuem a ter a memória do que se passou com eles quando estavam na terra, para que a sua amada não se esqueça “...daquele amor ardente / Que já nos olhos meus tão puro viste” (es2,vs3-4). A expressão do “amor ardente” está a realçar o quão apaixonado o sujeito poético está pela sua amada, amor que está escrito nos olhos puros dele. Como o adjectivo “puro” significa sem mistura, e os “olhos” são a porta para a alma e coração, caracterizando os seus “olhos” como sendo “puro(s)”, ele quer dizer que tudo nele é somente a paixão verdadeira e honesta por ela.
O terceto que vem a seguir diz exactamente como ele ficou depois de ela ter morrido – doloroso, magoado e sem remédio, que são apresentados em forma dum assíndeto no último verso da estrofe “da mágoa, sem remédio...”. A amada do sujeito poético é como se fizesse parte física e psicológica dele, porque, depois de a perder, ele ficou “sem remédio”.
Na última estrofe do poema, o sujeito poético pede a sua amada para pedir a Deus para que ele morra também mais cedo, para poder ver a sua amada. Na segunda parte do primeiro verso, houve uma inversão “..que teus anos encurtou”. O verbo “encurtou” está, mais uma vez a referir que a morte da sua amada é jovem de mais, a sua vida foi curta de mais. O segundo verso é o pedido que ele quer que a sua amada faça a Deus, o advérbio de intensidade “tão” serve para enfatizar “cedo” que ele também quer morrer, e o desejo que ele quer ver a sua amada. Finalmente, o sujeito poético não se esqueceu de relembrar outra vez a insatisfação que sente pelo facto de o destino ter levado a vida da sua amada demasiado depressa. “Meus olhos” é uma sinédoque, “olhos” é apenas uma parte do corpo mas está a representar o corpo todo, os olhos não podem ver a sua amada é mesma coisa de estar separada dela. Neste verso também o advérbio “cedo” que se está a referir à morte da sua amada, este “cedo”, juntamente com o do verso anterior, formam uma epanalepse. Por fim, a utilização de vários pronomes de segunda pessoa “te” ao longo do poema faz-nos pensar que no pensamento do sujeito poético, no mundo só existia ele e a sua amada.

Foto de Edson Rodrigues Simões Diefenback

Dois a sonhar

Duas pessoas a sonhar...
dois sonhos a interpretar...
Para os sonhos combinar,
teriam que se acertar...

Serão sonhos
risonhos?
Serão iguais os sonhos?
Não se sabe para onde vão..

Duas pessoas... dois sonhos...
como saber...
com o que sonha o coração...
por vezes, falta combinação,
ou então comunicação...

Espera-se uma adivinhação...
Como entender o que se passa
no íntimo de cada qual?
Para os sonhos realizar,
tem que se comunicar...

falar... declarar...
convidar para juntos sonhar...
Ou então... simplesmente sonhar...
E é tão bom sonhar... devanear...

Da realidade fugir,
escolher onde ir...
Sonhar... Viver... Sorrir...

Devaneando, vamos onde queremos ir...
Beijos sonhados... carinhos desejados...
Amores devaneados...

Foto de Jaque_m

Tudo Roda

Na roda da vida tudo roda, tudo gira, tudo muda de lugar, de figura, nada é mais do jeito que foi, nem a mesa, nem a cama, nem a sala de estar, nem meus olhos e tão pouco o meu olhar... O ponto de vista já não é mais aquele de ontem, mudou! O que eu pensava ontem não penso mais hoje e nem me lembro como cheguei a conclusão de pensar o que penso, não me lembro o que me fez pensar assim, pensar que isso ou aquilo é a melhor opção, a melhor coisa, o melhor acontecimento, a melhor visão do mundo, das coisas, da vida, de tudo... A roupa que eu usei ontem, hoje eu detesto, não tem nada a ver comigo, com minha personalidade, com meu jeito de ser, de ser? Mas quem sou eu hoje? Quem pode me garantir quem eu serei amanhã? A única coisa que sei é que não tenho certeza do que sou e do que quero para mim, pois hoje o que ´lindo amanhã é muito feio, o que é legal, depois fica muito chato e me incomoda, me irrita, me estressa, enche minha paciência e eu não quero mais... O que hoje eu não quero, amanhã posso querer, posso ir atrás... Mas hoje eu tenho medo do novo, tenho medo de não dar conta do novo, tenho medo da novidade, e então penso que é melhor as coisas ficarem como sempre estiveram, do mesmo jeito, no mesmo lugar, da mesma cor, com a mesma forma... Agora quero tudo novo, cansei do velho, quero novidade, quero desafios, quero saber que posso ir mais além, que sou capaz de conseguir... E assim a vida roda, tudo roda e eu não saio do lugar, pois cada vez que dou dois passos para frente, o medo me abate e dou mais dois passos para trás, quero me livrar disso, quero me libertar, quero quebrar as correntes que me amarram a essa realidade irreal...queor sumir, quero ir embora, quero fugir, quero ficar, quero permanecer, não sei mais o que quero, quero viver, quero morrer, quero ser eu e ser outra, quero poder ser duas para cada uma fazer uma coisa, só assim daria conta de ser tudo o que quero...

Foto de Edson Rodrigues Simões Diefenback

Dois caminhos

Existem em mim somente dois caminhos. O caminho para dentro e o caminho para ti.
Nenhum me leva para fora, porque tu estás dentro de mim, num pedaço sagrado e beijado somente pelas asas dos anjos alados e invisíveis.
Penso que aprendi a trilhar ambos os caminhos ao mesmo tempo. No fundo, levam-me a um mesmo sítio.
A mim.
Porque tu vives em mim e a tua imagem alimenta-me a sede de amar.
Ainda assim queria encontrar o caminho para fora. Sabes, é que o meu íntimo sufoca-me.
Funciona como uma gruta medonha que tenho medo de explorar. Quanto mais me aventuro, mais úmido e sombrio se torna.
Por vezes lembro-me que se um dia encontrar o caminho para fora, serei cegado pela luz ofuscante da Verdade. Os meus olhos nada mais lembram que não este negrume peganhoso.
Sinto-te nas paredes do meu íntimo. Estás gravado nelas, como se fosses delineado a carvão na alvura do lençol.

Percorro o caminho, tacteio a entrada que é simultaneamente a saída das antecâmeras e becos.
Se ao menos pudesse tropeçar em algo realmente útil. Um pergaminho, uma flor, uma fotografia do Sol.
Mas não.
Aqui tudo é igual, tudo é monótono.
E tu habitas-me. És a única irregularidade na tela do meu sonho.
Como tal, fascino-me com todos os teus poros de onde emergem melodias e fios de seda.
Fascino-me e surpreendo-me com os teus mais subtis respirares.
O sopro de vida que emerge de ti para mim é o poema mais saboroso jamais escrito por deus.

O meu íntimo é uma prisão, sabias?

Quero que aprendas os caminhos que apenas eu sei percorrer.
Ensino-te uma e outra vez e ainda assim perdes-te nos meus labiríntos.
Mas amor... se olhares tudo em tua volta sou eu. Porque é em mim que habitas e foi no meu íntimo que aprendeste a voar.

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