Dois

Foto de Carmen Lúcia

Entremeios

Não quero ser começo nem fim
e sim entremeio dos enredos
onde a essência reside sem medo,
sem prever o que está por vir...

Não quero ser flor nem espinho;
o meio termo é que determina o caminho
e o cultivo traz a satisfação de ter deixado
em cada trecho, sangue, suor e carinho.

Não quero ser profana nem sagrada,
mas sucumbir na palavra sacramentada
e conhecer os dois lados da vida...
Colher o que me coube ao longo dessa estrada.

Não quero ser canção ou melodia
mas do piano, as notas musicais,
ainda espremidas em solfejados ais
num ritual que leva à sinfonia.

Não quero ser Romeu nem Julieta,
chorar a dor do sentimento arrebatado,
mas sim o canto da cotovia
anunciando um amor inacabado...

Não quero ser rio nem oceano,
mas a gota que falta pra preencher o vazio
e transbordar no estio do sertão
o pranto feito um elo de restauração.

_Carmen Lúcia_

Foto de Evandro Machado Luciano

Ressurreição

O nome dele era Coronel Mendonça Filho. Grande estrategista militar, sempre fora considerado um dos nomes de maior importância no terreno bélico. Sua atitude ríspida, duramente agressiva, ofensiva, contrastava com seus anseios, seus sonhos. Seria impossível viver seus sonhos, do alto da torre de marfim em que Coronel Mendonça Filho vivia.

Tinha dois filhos, ambos do sexo masculino. Sempre exigira uma masculinidade exacerbada de suas crianças. Masculinidade, esta, que por vezes fora confundida com uma ideologia sexista ultrapassada, reacionária. Criara seus filhos como ideólogos machistas. Ao menos, tentara.

A carreira de Coronel Mendonça Filho fora construída durante longos e prestigiosos anos. Trinta, ao todo. Hoje, Coronel Mendonça Filho, contabiliza 20 primaveras, 5 verões, 10 outonos e 30 invernos. Não é mais nenhum menino, por assim dizer.

Seu caráter, sempre fora alvo da opinião pública. Sim, porque Coronel era uma figura pública. Considerado por muitos, o sucessor no plenário nacional, fora duramente criticado pelo telejornal das oito horas, o que era muito significativo, pois este jornal emanava opiniões que desmantelavam o nível intelectual da população. Mas em nenhum momento teve seus delitos comprovados legalmente.

Tudo estava como deveria ser na vida de Coronel Mendonça Filho. Até que um belo dia – nem tão belo assim, uma tragédia assolara a vida deste sujeito. Seus filhos, ao mesmo tempo, foram alvo de um acidente de trânsito. Veja você, tamanha ironia do destino. Mortos, vítimas de um atropelamento. Coronel Mendonça Filho perdera seus herdeiros. Os herdeiros de sua virtude. Os herdeiros de sua índole. Os herdeiros de sua fortuna.

Agora, nada mais restava na vida de Coronel Mendonça Filho.

Como se não bastasse esse fato catastrófico, Coronel sofrera imensuráveis acusações de crimes de guerra, oriundos do conflito entre Brasil (sim, por que caso não tenha notado, caro leitor, estes fatos ocorreram no Brasil) e França. Sua fortuna estava prestes a ir pelo ralo. Não obstante, nosso Oficial não via mais utilidade para sua quantia monetária exorbitante, visto sua idade avançada e falta de herdeiros. Não se importaria mais em perder seu dinheiro.

Advogados, processos, subornos. Tudo lhe roubava o ouro, conquistado a sangue, suor e retórica. Ao fim, empobrecera.

Sem vintém algum, sem filho algum, com uma mulher que não amava, o Coronel resolveu que não admitiria mais em seus restantes dias de vida, compartilhar com o mundo uma vivência desonesta e fútil. Partiria em rumo de seus sonhos, honestamente, vivendo plenamente as poucas horas vitais que lhe sobraram. Antes tarde, do que mais tarde.

Nascia, assim, Mendonça Filho.

Foto de Bruno Silvano

O Hotel

Eram 19h, a noite a noite começava a chegar, o vento fazia barulhos desconfortáveis que aliados a tempestade que estava chegando dava tons aterrorizantes para aquela pequena e isolada cidade, esquecida no meio do mapa.
Não era dali, mas estava hospedado em dos mais nobres hotéis da região, era bastante antigo e lembra em muito um cortiço, o que reforçava ainda mais o cenário bucólico. Era as férias de julho e chegará ali por um antigo sonho de meu pai, o de viver em um lugar calmo e seguro, ou que ao menos acreditava-se de lá.
Tínhamos mapas antigos e meus pais haviam ido a uma vendinha da região atrás de mapas atualizados quando a tempestade começou. O céu escureceu rápido e estava lá, sozinho, preso naquele fúnebre e bucólico quarto, sentado em uma cadeira que mais parecia um balanço, sendo embalado sorradeiramente pelo vento que se atrevia a abrir a janela, e sendo seduzido pelo barulho ensurdecedor do assobio do vento. As ruas, os campos, o ceú da cidade, ficaram ainda mais desertos, até os menores seres se retiraram. O vento se intensificava cada vez mais, foi quando em um só solavanco a janela se abre por inteira, e mais embaixo vejo vindo do infinito uma bela garota ao meu encontro, se aproximando, e quanto mais ela se aproximava mais vultos se criavam ao meu redor.
A noite acará de possuir por completo o sol e a cidade toda estava sem energia. Havia conseguido arrancar a porta que trancava o quarto, comecei a ouvir sussurros e gemidos, que começavam baixos e iam aumentando, sai desesperadamente em direção a recepção, mas estava tudo trancado, corri em direção a cozinha em busca de velas, mas estava fechada, não havia mais ninguém dentro do hotel. O ar-condicionado havia ligado de repente e consigo começaram a escorrer sangue pela parede. Os gemidos aumentavam e vinham do ultimo andar, fiquei receoso em subir até lá. As escadas haviam suado e estava escorregadias, mas com bastante esforço cheguei até lá em cima, encontrei uma garota bastante pálida e chorando apontando para o quarto 666 – Não era muito ligado a crenças, mas mesmo assim me custei a entrar no quarto -. Ao entrar quase não pude ver nada, achei não ser tratar de nada, até que a porta do quarto bate e se tranca, bati desesperado para abrir, mas os gritos de choro da criança sumiu, e eu estava mais uma vez trancado.
Minha respiração começava a ficar aguniada, sentia cianeto no ar. Não enxergava nada até que duas lâmpadas vermelhas se acenderam rapidamente no quarto, via muitas mariposas, e dois corpos amarrados em pé, totalmente ensangüentados, começaram a sair sanguessugas de dentro deles, até que em um deles solta um grito sorrateiro e acabado batendo na parede e desmaiando.
Fiquei em coma por alguns dias, quando acordei recebi umas das piores noticias da minha vida, que a do meu pai havia sido atacado por sanguessugas e morreu lentamente.
Minha mãe me fazia companhia no hospital, porém teve que sair e fiquei trancado dentro daquele quarto de hospital, esta convencido de que lá era seguro. Quando de repente de algum lugar surge misteriosamente uma enfermeira, com uma espécie de Teres medicinal para mim tomar, dentro dele formaram-se as palavras “Sangue”, “Choro,”Menina”,”Missão”, “Sanguessuga”, “Morte” e “Cemitério Funerário das Capivaras”. Achei ser coisa da minha cabeça, e continuei tomando, até que meus olhos ficaram todo branco e meus dedos todo cortados.
O Tempo passou sem sobre naturalidades, até que tomei coragem pra ir ao cemitério onde meu pai estava, procurei por vários túmulos até eu o achar na lapide de numero 666, e ao seu lado havia três mulheres enterradas, uma menina de aparência pálida, uma adolescente e uma enfermeira, que coincidentemente morreram em ataques de sanguessugas, que foram provocadas por causa do desmatamento ilegal, que meu pai estava comandando na região.

Foto de Maria silvania dos santos

São cenas ilimitadas

São cenas ilimitadas

_ Você não faz ideia, do imenso desejo que desperta em mim, o desjo de me perde em seus braços, sentir a sua pele suave envolvendo a minha, sentir os seus amassos, me sufocar em seus beijos, ouvir você dizer que me ama, me chamar para cama, e sem hora para termina, fazermos amor...
Quando me concto a lembrança dos seus beijos ardente percorrendo sobre o meu corpo, a suas mãos delicada tocando sobre cada curva de meu corpo, fico fantasiando-me inumeras trocas de caricias, coisas imaginárias, maliciosas, gostosas que podem rolar entre nós dois, e nos levar ao delirio...
Por debaixo dos lenços, nossos corpos se unem, se transforma em apenas um, são desejos sobre desejos, são cenas ilimitadas as quais todas são validas entre quatro paredes...

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Chácara Sales

Coisas de Nós Dois

Simples palavras nos resumem
E num instante vão mostrando quem somos;
... Cada olhar cruzado revela o desejo – o de amar -
E num instante fazem os lábios se encontrar.

As confidências vão surgindo calmamente
No alento de nossas emoções;
Revelando ambos segredos ,
Exprimindo o querer e as paixões ...

Nesse laço de amor surge tanta emoção,
Tudo é motivo de alegria,
Tudo passa a ter razão...

E o simétrico destino faz-se
Resguardando sutilmente
Coisas ... coisas de nós dois.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 21

Em qualquer dia desses...

"Hoje já é sexta, segundo o incorruptível horário de Brasília. E eu tive mais um dia feliz. Não foi um dia maravilhoso, a Mega-Sena não me sorteou, o Corinthians não joga, a minha mortalidade continua a mesma, provável e certeira, nas suas dores antecipadas. Hoje, e os dois anos de repetência e depressão inúteis me ensinaram, hoje a vida é boa e inevitável. A minha companhia é a Tereza, e não me perguntem o motivo. A felicidade é inquestionável, ela é simples como o Sol em Sagitário e o pão com mortadela. A felicidade é o bolachão de zinco, o Yakult, o apoio da Caixa Econômica Federal, a condução vazia e o programa da Rede Globo. Quem explica, e pergunto para vocês mesmos, os paladinos do sentido e da vida acadêmica, se dentro da anulação da matéria pela antimatéria qual é o espaço possível para a existência? O que explica a felicidade, que é o que também explica o sofrimento, é o fato da eterna discórdia dos fatos, o poder dela sobre os acontecimentos, as situações, os desencontros, os milagres. A taça é o imponderável, o brinde é a vertigem, é a glória! Lasquem-se os objetivos estáticos! A realização já está dentro do ser quer ele queira ou não!"

Foto de Rosamares da Maia

A Dois Passos da Vida

A vida que não viveu ficou a dois passos de Ser,
A dois passos de nada...
Bem ao alcance das suas mãos.
Com um paladar de ausência em sua boca.

A vida que não construiu, apenas sonhou,
E que mora logo ali, ao lado da realidade,
Edificada no tom sem ritmo dos seus desejos,
Na falta do som da coragem concreta.

Tudo acomodação do politicamente correto.
A dois passos da Vida

Na vida ficou a dois passos de Ser,
Não viveu e ficou a dois passos do nada.
Quase ao alcance das suas mãos.
Com um paladar de ausência na boca.

A vida que não construiu, apenas sonhou,
Mora logo ali, ao lado da realidade,
Edificou no tom sem ritmo da sua vontade,
Na falta do som da voz, da coragem concreta.

Tudo acomodado e politicamente correto.
Molde e dogma social das vontades alheias.
A dois passos da sua vontade flácida,
Passivamente odiando o politicamente correto.

A dois passos de viver embarcou sem ver.
Viagens distantes, caminhos indeterminados,
Mas sem passos aventureiros, apenas miragens.
Não arredou um milímetro do tacanho chão.

E o tempo de quem não realiza é implacável,
Tem revelações contundentes, próximas demais,
A dois passos do espelho, olhos nos olhos.
Dos cabelos brancos e da pele cansada.

A vontade cordata oculta o caráter pequeno,
Negou a própria história, os amores, os desejos,
A vida escorreu na ampulheta do tempo,
Escreveu na areia fria - politicamente correta,

Os dois passos, traços num beijo frio,
Moinhos de vento que a vida levou,
Castelo plantado na areia que desmoronou.

Foto de Maria silvania dos santos

A chave do portão...

A chave do portão...

( R... ) Hum dia, um dia a muitos anos atraz, quando ainda eramos pequeninos, quase ainda com o cheiro do leite materno, eu com + ou - uns oito para nove anos de idade, e você com dois ou três anos talvez, não me lembro bem.
HÀ mas eu confesso que eu já sofria, me sentia solitaria, triste e sem sentido para viver.
Para mim, as cores eram pálidas, as flores dos jardins eram murchas sem vida, eram galhos secos já pedindo poda, ou novas sementes a ser semeadas.
O sol já não brilhava e nem aquecia, tanto o dia quanto a noite era frio, era escuridão, eu vivia embriagada pela solidão.
Apesar de ser criança, mas eu não tinha mais esperança.
Eu não agreditava na alegria, pensava que alegria era fantasia de quem queria ser feliz.
Mas para mim, a vida era com um buraco sem fundo, onde a tristeza não tinha como parar.
Mas um dia para minha suprema alegria, o que era escuridão virou dia, para minha quase que infinita fantasia, eu te conheci, e juro que naquele dia, algo novo, algo diferente em meu coração eu pude senti.
Eu não pude acreditar, mas em minutos você já me fez sorri, me fez sentir criança, me fez perceber a vida e encher de esperança, você me mostrou que a felicidade existe mesmo que por alguns momentos.
Naque momento, tudo para mim se transformou magico e pela primeira vez, eu pude sentir um abraço sincero, carinhoso e inocente, pude sentir o calor humano, naquele momento o sol volto a brilhar, as flores dos jardins ganharam vida, as cores firmaram seus efeito e tudo se transformou quase que perfeito.
Mas como diz o ditado, tudo que é bom dura pouco, você teve que parti e a saudade invadiu meu coração e roubo o meu sorriso.
Eu te comunico, que o jardim que você plantou em meu coração, as flores já quase não desabrocham mais, estam morrendo, precisa ser regado e só você tem a chave do portão...
Então venha, estou sentindo sua falta, venha, retira do meu peito esta solidão!..

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Maria silvania dos santos

Porque nasceu isto em mim?

Porque nasceu isto em mim?

( R...) Hoje, quando o telefone tocou, confesso que meu coração despertou, até dei um grito, era restrito, pensei que fosse você.
Eu não consigo te esquecer, e ao atender o telefone até fiquei trêmula, mas para minha decepção ninguém quis responder, e eu, eu insistentemente dizia, alô, alô, alô quem fala?
Mas ninguém me respondeu, desligou o telefone e nem se quis diz o nome...
Com o telefone nas mãos, fixamente o olhando, o meu mundo desabou, mas minha esperanças ainda não acabou, espero um dia o telefone tocar, e do outro lado eu ouvir você falar...
E eu entre risos e lágrimas, ficar paralisada, pois com certeza darei vontade de seguir a linha do telefone e chegar até você...
Imagino eu, que certamente sua voz do outro lado da linha, me estremecerá, não vou ter voz nem pra falar, que meus dia com sua ausência é só chorar e por uma ligação sua esperar...
Não posso negar que a sua imagem ainda é reflexiva em meu olhar, nos meus sonhos sempre você está...
Lembro de muitas vezes eu ter ligado pra você, e você zangado não quis atender, isto me fazia sofrer pois eu podia percebe a magia da sua presença, era como se você estivesse ao lado do telefone me escutando...
Não da pra negar que isto e tudo mais, me fez sofrer, mas também me fez aprender muitas coisas...
Hoje vivo de reflexão, tento dar alivio ao meu coração com a esperança de um dia como dois amigos de verdade, segurarmos nas mãos e se houver alguma mágoa pedir-te perdão...
Lembro que muitas vezes, altas horas da noite, no MSN nós teclávamos, mas a um curto tempo depois, você foi afastando, eu estava notando, mas não queria aceitar que esta seria uma realidade, a única coisa que eu queria, é que você entendesse que eu era sua amiga de verdade!
Hoje fico na saudade, o que sinto por você, não diminuiu nem aumento, apenas modificou, é um sentimento tão mágico, que as vezes parece que você está tão perto de mim que eu até o posso sentir...
Sabe?
O que sinto por você é tão inexplicável que até chego pensar que você é o meu irmão perdido, é, o que perdi a trinta e dois anos atraz e nunca mais eu o vi, ou seja, é da sua mesma idade.
Eu não consigo entender porque eu não consigo para de pensar nele e nem em você, se eu penso em você, eu penso nele, se em você, também penso nele, mas porque isto meu DEUS!?
Será que ele está vivo?
Será que as duas pessoas são a mesma?
Porque nasceu isto em mim?

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Danyy Amor Paixao

Um lindo Exemplo S2

Felicidade, Quem é você? A resposta está no coração de cada um. Oi! muito prazer. Meu nome é felicidade, faço parte da vida daqueles que têm amigos, pois ter amigos é ser feliz. Faço parte da vida daqueles que vivem cercados de pessoas como você, pois viver assim é ser feliz.

Faço parte da vida daqueles que acreditam que ontem é passado, amanhã é futuro e hoje é uma dádiva, por isso é chamado presente. Faço parte da vida daqueles que acreditam na força do amor; que acreditam que para uma história bonita não há ponto final.

Sou casada sabiam? Sou casada com o tempo. Ah! O meu marido é lindo, ele é responsável pela solução de todos os problemas, constrói corações, cura machucados, vence a tristeza... juntos, eu e o tempo, tivemos três filhos a amizade, a sabedoria e o amor.

A amizade é a filha mais velha, uma menina linda, sincera e alegre. A amizade brilha como o sol; A amizade une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar.

A do meio, é a sabedoria. Culta, integra, sempre foi a mais apegada ao pai. O tempo.
A sabedoria e o tempo andam sempre juntos. O caçula é o Amor, ah! Como esse me dá trabalho. É teimoso. As vezes só quer morar em um lugar. Eu vivo dizendo: Amor. você foi feito pra morar em dois corações, não em um apenas.

O amor é complexo, mas é lindo muito lindo, quando ele faz estragos eu chamo logo o pai dele, o tempo. E aí o tempo sai logo fechando todas as feridas que o amor abriu.

Uma coisa é certa, tudo no final da certo, se ainda não deu é porque não chegou ao fim. Por isso, acredito no tempo, na amizade, na sabedoria e principalmente no amor. Aí quem sabe um dia eu: Felicidade, não bato na sua porta.

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