Espada

Foto de Viollett

Contigo (Viollett)

Não abras os olhos agora!

Quero abraçar-te,

E que dure para sempre este minuto, esta hora...

Quero poder sonhar!

E pouco a pouco, devagarinho,

Entrar na tua realidade, de mansinho...

E ver que todo o sonho é verdade

Que sonhas com a minha saudade.



Levanta-te!

E com a tua mão na minha entrelaçada,

Atreve-te a guiar-me para a vida pela tua secreta estrada

Realidade perdida, abandonada!

E só encontrada

Quando por alguém como tu é sonhada

Pois a vida também tem de ser amada!

Amei (e amo)

Amei, deveras que te amei.

Está bem, confesso!

Confesso que também chorei!

Que ainda choro,

Que em ti ainda moro

Me demoro...

Amei

Amei assim.

Sem querer, sem saber o que ia acontecer

O que estava ao fundo da estrada

Por baixo da capa alada

Para além do cavaleiro, da espada

Do dragão, da lenda, da fábula sonhada...

Sem pensar que a estrada podia ser a errada

A capa rasgada....

Que podia não estar acordada!

Que a fábula era inventada, inacabada,

Para além da página arrancada...

Aos meus sonhos.

Andamos, buscamos,

Queremos, desejamos,

Mas nem sempre encontramos

O que está para além da vida.

Da alma sofrida

Do limiar da dor...

Amor.

Contra ele nada pode ninguém!

Mas pode realmente tê-lo alguém?!

Amar só pode quem pensa que o não tem!

Não amar,

Por seu lado...

Só pode quem é amado!

Só quem não ama pode dizer

Que amar não ama

E fazer sofrer...

Amarei até morrer!

Viollett

(Uma Estrela suspensa na Lua)

Foto de EduardoBarros

Rei e Rainha (Eduardo Barros)

Doces imagens, doces loucuras

A verdadeira imagem da doçura

Aquele painel, belo e iluminado

Eu observo o imaginário ...

O fogo, o aperto, o beijo amado

Com que carinho ela me atrai a sua teia

E eu como um inseto vivo

Me desmancho aos prazeres dela

A minha amada ...



Naquele canto, aquele recanto

ela se faz rainha e ele rei

Ele a espada e ela a coroa

E nessa batalha de amor e paixão

Novamente o amor se faz

Se revelando para um novo dia.

Eduardo Barros

Foto de Patrícia

Cantata de Dido (Correia Garção)

Já no roxo oriente branqueando,

As prenhes velas da troiana frota

Entre as vagas azuis do mar dourado

Sobre as asas dos ventos se escondiam.

A misérrima Dido,

Pelos paços reais vaga ululando,

C'os turvos olhos inda em vão procura

O fugitivo Eneias.


Só ermas ruas, só desertas praças

A recente Cartago lhe apresenta;

Com medonho fragor, na praia nua

Fremem de noite as solitárias ondas;

E nas douradas grimpas

Das cúpulas soberbas

Piam nocturnas, agoureiras aves.

Do marmóreo sepulcro

Atónita imagina

Que mil vezes ouviu as frias cinzas

De defunto Siqueu, com débeis vozes,

Suspirando, chamar: - Elisa! Elisa!

D'Orco aos tremendos numens

Sacrifício prepara;

Mas viu esmorecida

Em torno dos turícremos altares,

Negra escuma ferver nas ricas taças,

E o derramado vinho

Em pélagos de sangue converter-se.

Frenética, delira,

Pálido o rosto lindo

A madeixa subtil desentrançada;

Já com trémulo pé entra sem tino

No ditoso aposento,

Onde do infido amante

Ouviu, enternecida,

Magoados suspiros, brandas queixas.

Ali as cruéis Parcas lhe mostraram

As ilíacas roupas que, pendentes

Do tálamo dourado, descobriam

O lustroso pavês, a teucra espada.

Com a convulsa mão súbito arranca

A lâmina fulgente da bainha,

E sobre o duro ferro penetrante

Arroja o tenro, cristalino peito;

E em borbotões de espuma murmurando,

O quente sangue da ferida salta:

De roxas espadanas rociadas,

Tremem da sala as dóricas colunas.

Três vezes tenta erguer-se,

Três vezes desmaiada, sobre o leito

O corpo revolvendo, ao céu levanta

Os macerados olhos.

Depois, atenta na lustrosa malha

Do prófugo dardânio,

Estas últimas vozes repetia,

E os lastimosos, lúgubres acentos,

Pelas áureas abóbadas voando

Longo tempo depois gemer se ouviram:

«Doces despojos,

Tão bem logrados

Dos olhos meus,

Enquanto os fados,

Enquanto Deus

O consentiam,

Da triste Dido

A alma aceitai,

Destes cuidados

Me libertai.

«Dido infelice

Assaz viveu;

D'alta Cartago

O muro ergueu;

Agora, nua,

Já de Caronte,

A sombra sua

Na barca feia,

De Flegetonte

A negra veia

Surcando vai.

Correia Garção (1724-1772)

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