Espetáculo

Foto de Senhora Morrison

Farta

Chega estou farta...
Não tenho mais motivos pra chorar
Porque deveria?
O nosso amor não vingou...
Quero respirar
Deixe-me ir...
O que me demonstras é esse seu medo egoísta
Em ficar sozinho
Não prenda minha vida
Desvencilhe
Acabe logo com tudo
Seja piedoso
Dei-me um único golpe
Deixe-me uma única dor
És incapaz...
Já não terei mais você então...
Deixe-me
Vou caminhar sem você
Monte outro palco pro seu espetáculo
Neste nunca houve papel pra mim...
Não quero ser um segundo plano
Amo-te
E por isso vou partir
Não és feliz
Aceite fracassamos
Isso me dói
Estou a morrer
Ensinastes-me a morrer...
Ouça a vida nos chamando
Vou-me antes que ela se cale
Quero viver
Para ver-te feliz
Ficarei com o doce das lembranças
Que me são tão amargas neste momento
Não quero mais suas palavras
Não vê que não me convences
Estou farta...
Meu coração se cansou
De falsidade...

Foto de Eduardo Augusto

A Beleza

A beleza é fundamental sim, mas os complementos são essenciais. Tornam-na mais bela.

A BELEZA

O enlevo exagerado ao corpo é um modismo. Restrito não só ao desejo simplista de torná-lo ou mantê-lo saudável, mas a evidente exaltação à vaidade de senti-lo esbelto, elegante, inserido no contexto do que se convencionou rotular de padrão de beleza, tão propalado mundo afora.
O endeusamento ao fenótipo atingiu proporções incrivelmente extraordinárias. Diante da estampa do visual de um corpo belo, que tanto deslumbra nossos olhos, a beleza resguardada do eu, isso que se chama beleza interior ficou relegada aos bastidores, pano de fundo inexpressivo nesse espetáculo bufo, ante ao clamor delirante e frenético da beleza física.
Os olhos, principalmente os dos poetas sempre foram, desde há muito, servos declarados da beleza, endeusada e exaustivamente decantada em odes, prosas e versos.
Vinícius de Morais foi um entusiasta autêntico e declarado da beleza feminina, verdade inconteste na sua famosa citação:..."a beleza é fundamental". Dedução simplista e evasiva por nos fazer crer que a beleza da "estampa", ou aquela flagrada pelas retinas sensíveis de nossos olhos é a fundamental.
A definição de beleza parece ser muito abstrata. Somente a interação harmônica dos sentidos nos pode dar com absoluta precisão subsídios expressivos sempre quando ousamos defini-la, senti-la. Nessa concepção a beleza corpórea “nua e crua” não é tão bela. A beleza feminina para ser essencialmente bela necessita de ingredientes e complementos os quais não se adquire nas academias ou nas tão propaladas privações agressivas ao corpo com dietas absurdas. Parece ir além, muito além do que somente a fascinação aos nossos olhos. Precisa estar no timbre de uma voz manhosa a nos falar coisas que precisamos ouvir e esse falar manso nos envaideça o ego machista, na doce ilusão de que somos onipotentes; precisa estar presente discretamente nas retinas de um par de olhos astutos e perspicazes, que sempre nos busquem e quando caem profundos nos nossos, tenhamos a sensação de que fomos atingidos em cheio por duas lanças certeiras; precisa estar no contato do corpo, num abraço sempre cheio de saudades, transbordantes de insinuações maliciosas, discretamente indecentes; precisa estar na pele, no cheiro, no suor; precisa estar na elegância exagerada do falar, do ouvir, do comungar cumplicidades; a beleza feminina precisa estar na perspicácia, na intuição e na disposição incansável de saber fazer-se sempre bela não só aos nossos olhos.
A beleza é fundamental sim; mas os complementos são essenciais. Tornam-na mais bela

Foto de Junior A.

Homenagem a um poeta... (Carlos Magno)

Caro Carlos Magno

Sua última carta era dessas que ou se responde imediatamente, na paixão da leitura, ou não se respondem nunca. Creio que optei pela segunda decisão, ou antes, que fui levado a ela. O certo é que li sua carta com um interesse danado, que a vivi intensamente, que tornei a lê-la muitas vezes, e que, apesar da distância em tempo e espaço, me senti acompanhando você na terrível e dolorosa descoberta do poema "Um dia Eterno". Não sei se você meditou bem no que escreveu sobre isto, mas considero sua carta muito mais importante do que qualquer poética ou tentativa de explicação e interpretação de poesia, dessas que os eruditos escrevem, escrevem... friamente. Impressionou-me ver você tateando no escuro, apalpando, procurando, monologando, sofrendo e ao mesmo se observando tão lúcido, desdobrado e ao mesmo tempo uno, que poder! Me perdoe se achei sua confissão admirável, certamente você não quis se dar para mim como espetáculo, nem eu senti isso, mas não posso deixar de manifestar a espécie de susto iluminado, de terror feroz, não sei bem, todas estas palavras parecem bestas, diante do itinerário do poema que você traçou. E você me pede opinião! Como posso dar opinião sobre aquilo que resultou de uma experiência tão pessoal e tão direta de você, cada palavra tendo surgido de uma necessidade ou uma circunstância específica de você, o poema todo sendo tão propriedade sua que.. A verdade é que acabo não podendo escolher entre as variantes, aceito todas as variantes, e você me ensina que é possível fazer um poema com diversas redações, todas rigorosamente legítimas, coisa em que eu não acreditava. Já vê você que abandono toda atitude crítica e só lhe confesso a emoção grande que me provocou esse episódio poético do "Um dia Eterno". E não considero esta carta resposta da sua, porque o gênero de coisas que ela acordou em mim não encontra expressão idônea nestas palavras que estou escrevendo.
Devolvo esta folha de caderno, embora quisesse ficar com ela; mas deve voltar ao caderno. Agora fico desejando que você me mande sempre coisas novas... Pelo menos quando puder mandar, e isso não o chatear muito. Obrigado pelas boas palavras sobre minha situação pessoal. Mas não há nada de escuro no céu, e vai-se vivendo, às vezes com gosto, às vezes enfezado. E tudo dá certo, enquanto há força no braço, vontade e sentimento cá dentro... Me sinto capaz de viver. Não uma grande vida, nem uma vida cheia, mas o meu pouco de vida tímida e inconformada, com desejo de fazer alguma coisa que não sei o que seja, mas que seja bom para os outros, isso eu vivo. E é bom saber, no momento indeciso, que a amizade de alguns poucos como você está vigiando e solidária. Adeus, Carlos.Dê notícias suas. O abraço forte do seu velho

Junior

PS:Esta carta Carlos Drummond de Andrade escreveu ao seu grande amigo Mário de Andrade quanto ao poema Reis dos Reis,mas faço minhas as palavras aqui descritas em homenagem ao grande poeta que a pouco tempo conheço... Mas me encanto a cada dia com suas expressões. Carlos Magno

Foto de souza vinicius

Palhaço universo

Vamos batam palmas
eu, o palhaço cheguei,
com a minha arte conforto o teu espirito
mas a tua alegria independe disso!
Deem boas risadas
eu, o palhaço cheguei,
e quando a piada não for engraçada
a culpa é de vocês!

O homen é o culpado desse baixo brio,
o coração esta ligado a boca
do que ri e do que não ri!

Veja que espetáculo, o circo é um baluarte,
uma casa para as pessoas, tão quão para os ursos,
os macacos, as focas e as leoas;
Tão quanto para mim, o palhaço,
que no desdem do teu contentamento
faço em meu peito um estilhaço,
mas da minha arte um sentimento!

...um movimento que os punhos não sustentam
porém o vento se alimenta e arrasta consigo,
onde velozmente personifica nas crianças
um semblante de amor!

Certo no entanto que o nariz vermelho
é o brasão do embaixador da felicidade,
peguem as pipocas,que eu, o palhaço,cheguei!
vamos batam palmas,
eu cheguei!
E neste momento o universo aumentou!

Foto de LEOANDRADE

Artistas Mambembes (Leonardo Andrade)

Amanhece

Lambo sofregamente o orvalho deixado na sua flor

Lágrimas de desejo , incontidas na torrente

Da incandescente noite que se vai ...

Exausta,

Plena,

Saciada,

Encantada.

Você tem sabor de quero-mais,

Não posso decepcionar meus alarmes de libido,

Volto a me perder de mim

e me encontrar no seu corpo.



Entre pernas e balanços,

braços e abraços,

Bocas que se unem

e línguas que exploram os limites improváveis ...

Palavras se perdem no ar ...

Algumas se solidificam,

tornam-se palpáveis,

Fundem-se a nós ...

Se eternizam em cicatrizes indeléveis

Em nossos corpos, em nossas almas ..

Gemidos, sussuros, mordidas

Explosões vulcânicas de prazer

Ciclo atemporal de desejo

Não há começo ou fim

Mera alternância de posições e posturas

Com breves intervalos para respirações individuais

Anoitece

A lua refeita retorna

Brindando-nos com seus raios.

Nos flagra como nos deixou...

Ela traz as estrelas,

gotas de prazer que se encantaram

e se espalharam pelo céu

levando o brilho mágico dos seus olhos ...

A lua quer espetáculo, veio para nos ver

Quer assistir a arte plena em infinitos atos ...

Nós , artistas mambembes do amor

Sabemos que o show tem que continuar ...

Sempre ...

Leonardo Andrade

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