Fruto

Foto de Remisson Aniceto

Substância (para Rosangela de Fátima)

Encontro-me tantas vezes pensando em ti
e visualizo tua perfeita forma de mulher,
o dia a aflorar-te nos lábios de veludo,
a noite a escorrer-te pela seda dos cabelos.
Se estás longe de mim, dia após dia
transformo-te na delícia do fruto que aprecio,
no frescor da água que me sacia a sede
e na substância, enfim, que me permite o amanhã.
Posso te sentir na suave brisa matutina,
nos primeiros raios do sol que me aquecem
e ouso ver-te em cada objeto, em cada rosto,
em cada gota de orvalho da verde grama
e no ruflar das asas das andorinhas...
Sou pequenino ante tua presença
e obscuro ante tua transparência,
mas mantenho os olhos cerrados
enquanto o dia corre,
enquanto a hora vital não chega,
até que te encontro, nascida do nada,
florescida, cristalina ante meus olhos,
e bebo da taça dos teus lábios
e aqueço-me do sol do teu sorriso
e me desfaço em infantil alegria...
E vão-se do meu rosto a sombra e a amargura
e tudo o que me faz sofrer quando não te tenho.
Onda que vem
e que vai
e vem novamente
e torna a partir,
mas que não escoa nunca,
neste oceano de delícias que é o teu corpo,
que banha o meu corpo,
que faz nascente o sol no meu rosto.
És a delícia, a doçura dos meus dias
e a cada hora te espero
para reinar sempre em minha vida.

Foto de Mariii

Desejos

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Foto de andrepiui

Soldado

Noites esperando por algo
Neste vai e vem do rio
Mendigos esperam ajuda do alto
No meio deles me encontro vazio

Agüentando como um avestruz
Na selva de pedras subo montes
Lua me aparece como luz
Céu e inferno de forma constante

Fortalece minha alma
Num beijo sutil
Refrigera fica estagnada
Rotação a mais de mil

Extintores sopram
Fogo em todo lugar
Pessoas que se foram
Pra nunca mais voltar

Encontrar-te-ei
Talvez algum dia
Em frente sigo e sei
Seria a minha alegria

Destino que não conheço
Não posso mudar
Cresce apenas o desejo
De um mundo melhor encontrar

Olho fixo e vejo
Grãos de areia a se espalhar
Seu rosto desenhado em meu peito
Acordo e do meu lado você não esta

Doce fruto para meus filhos deixo
É o meu melhor, nas veias segue a pulsar
Sangue misturado por meus antepassados
Sou soldado estou na batalha só posso acreditar.
(Autor: André dos Santos Pestana)

Foto de fer.car

CAMINHOS E SOLIDÃO

Neste silêncio minha alma sangra sua ausência
É como parte minha estivesse morta para não mais viver
Como se a energia se esvaisse de meu corpo
Como se o brilho virasse cinzento
Meus olhos tristes e secos de tanto chorar
Este espinho que cravou em meu alma jamais irá sarar
E a falta que me faz não se vai, nada a tira daqui
Neste espaço nosso, não abrigo outros beijos e abraços
Em meu corpo, ainda sinto o grito do adeus
Suas lágrimas percorrendo sobre esta face rude
Em seu peito existem cortes profundos
Eu criei estes cortes, deixe que os feche por favor
Sua vida, minha vida, somos o que além e depois do que fomos?
Não sei se o erro maior é eu tentando fingir que sou feliz
Ou você acreditando que sem mim pode viver
Neste silêncio crio sua imagem a imagem de Deus
Acredito que não existe fim se estive perto da eternidade
Se alcancei os céus com as mãos enlaçadas nas suas
Se senti o pulsar do amor tendo nossos corpos alados
Neste silêncio apenas fecho meus olhos
E sinto-o aqui, perto de mim
E quando os abro sangra minha alma sua ausência
É como parte minha estivesse morta para não mais viver
Como se a energia se esvaisse de meu corpo
Como se o brilho virasse cinzento
Meus olhos tristes e secos de tanto chorar
Talvez isso se chame solidão
Caminhos que tomamos, dores que amainamos
Pessoas que não substituem, e palavras que não conciliam mais
Talvez amor eu me sinta só
A solidão como fruto dos caminhos que traçamos
Caminhos que tomamos, dores que amainamos

Foto de Mario Macedo de Almeida

Um toque de Amor

Um toque de amor... A simplicidade!
Dois olhares é a ingenuidade
Um te amo... O som da verdade
Este amor é forte a luminosidade.

Um toque de amor... A igualdade!
Termos um único pensamento
Em busca da nossa fertilidade.
Nosso palácio um apartamento.

Um toque de amor... O sonho!
Nunca parar de poder imaginar.
Oxigênio é o nosso caminho
Não se pode deixar de andar.

Um toque de amor... A certeza!
Ser um fruto da realidade.
Dois corações erguem uma fortaleza!
Um passo vivo para eternidade...

Foto de Carmen Lúcia

Louca mente

Loucamente... tentei livrar-me dessa triste sina,
Me equilibrei num fio da esperança incerta,
Com a mente insana,fruto da vida profana,
Que a pressão do mundo oprime e a sociedade aperta.

Loucamente...tentei juntar palavras desconexas,
Dar um sentido a elas e ser compreendida,
Mas o que sai de mim a todos vexa,
Fazendo-me voltar ao ponto de partida.

Loucamente...a mente louca que me foi legada
Traçou o meu perfil,mostrou a minha alma,
Gritou aos quatro cantos:-Quero ser amada!
E um silêncio mudo calou a tresloucada...

Loucamente...transpus as raias da loucura,
Busquei desesperadamente a minha cura,
E entre um delírio e outro,próprios de um ser louco,
Eu transcendi à dor,transgredi as regras e me enlouqueci de amor!

Foto de Ednaschneider

O espelho e a árvore

Na insônia nas horas da madrugada
Faço algumas reflexões
Penso em um modo que já amei desesperada
E sinto o vazio de não ter mais àquelas ilusões.

A semente do meu sofrimento
Regada com lágrimas que pareciam de morte
Produziu um fruto: o meu pensamento
Produziu uma árvore forte
E o resultado foi meu crescimento.

Amor é como espelho quebrado
Quando se perde a confiança
Uma vez despedaçado
Não existe mais esperança.

Eu sou àquela árvore forte á beira de um rio formado
Com as lágrimas do meu pranto.
O amor que sentia por ti é como aquele espelho quebrado
Que perdeu a força do seu reflexo a assim perdeu-se o encanto.

Mas em meio a decepções e tristeza
Sempre há uma compensação
Esta cheia de beleza
Veio em forma de perdão.

Perdão não tem forma?
Sim tem, a forma é de coração!
Este não nos engana e nos informa
Que está na hora de agir com a razão.

Assim sendo sigo meu caminho em paz.
Aquela árvore à beira de águas límpidas
Está mais verde e perspicaz.
E o que restou do espelho que se quebrou
Foi uma lembrança linda,
E um coração que perdoou.

Joana Darc

(Este poema é registrado.Copyright: Todos os direitos reservados à autora dos mesmos,não devendo ser reproduzido total ou parcialmente sem a prévia permissão da respectiva autora, estando protegido pela lei, ao abrigo do Código dos Direitos Autorais)

Foto de Andrea Lucia

Meu corpo no seu... (Andrea Lucia)

Meu corpo no seu... (Andrea Lucia)

Esperei vários dias para lhe ver
Meu corpo ansiava em lhe ter
Deitada, esperei por você nua
Ao me ver, sabia que era só sua

Foi se chegando perto de mim
Amou-me, loucamente, assim:
Entre beijos fogosos e abraços
Rolamos na cama aos “amassos”

Sua boca não parou um só segundo
Desbravou e percorreu meu mundo
Lambeu-me, deixando-me excitada
Chupou-me, deixando-me encantada

Meu sexo ficou molhado e carmim
Sua boca ficou repleta de mim
Minha boca também não sossegou
Percorreu seu corpo e lhe chupou
Seu caldo se perdeu na minha boca
Bebi você saborosamente feito louca

De repente, quando dei por mim
Nossas bocas se encontraram
Provei, na sua boca, não o seu sabor
Senti, na sua boca, meu caldo de amor
Igualmente você ao me beijar
Sentiu seu leite, fruto de amar

Nesse mágico encontro de sabores
Onde nos entregamos sem pudores
Provei e degustei você integralmente
Você me sentiu e sorveu igualmente

Amo me conhecer através de você
Encharcar minha boca do meu prazer
Você se conhece através de mim
Bebo seu leite e você o tem por fim

Não fazia idéia da falta que me fazia
Do quanto meu corpo lhe queria
Do quanto seu corpo me é benvindo
Do quanto nosso amor é lindo!

Foto de Carmen Lúcia

* Não gosto do poeta *

Não, não gosto do poeta...
Ele vê beleza em todo lugar,
Beleza que meus olhos não conseguem enxergar.
Não, não gosto do poeta...
Suas atitudes certas de liberdade
São incoerentes com as incertezas de minha verdade.
Não, não gosto do poeta...
Que sabe fazer da dor uma prece, uma canção,
Enquanto morro todo dia de desafeto e solidão.
Não, não gosto do poeta...
Ele é um rico pedidor de esmolas
E eu, pobre de idéias, nada me consola.
Não, não gosto do poeta...
Ele pode voar por onde só os deuses conhecem,
Desvenda mistérios que céus e terras desconhecem
E eu, prisioneira de valores descabidos,
Construo para mim um cárcere de pedra.
Não, não gosto do poeta...
Como um louco, esbanja plena lucidez,
E eu, lúcida, sou fruto da insensatez.
Não, não gosto do poeta...
Que me faz sorrir, quando quero chorar
E me faz chorar diante do desejo louco de amar.
Não, não gosto do poeta...
Sua alma é transparente
E se a tenho, é impura e insolente.
Não, não gosto do poeta...
Ele e as estrelas caminham juntos,
E eu, perdida em meu mundo,
Preciso tanto de sua luz...
Ah...Como invejo o poeta!

_Carmen Lúcia_

Foto de Lou Poulit

Vida Longa aos Escritores!

Todo o meu trabalho artístico, artes plásticas e literatura, é o resultado de longos anos de um tipo de solidão pouco conhecida, docemente imposta pelo espírito da arte. Parece absurdo? Asseguro que não é. Se observarem bem, outras profissões também são muito solitárias.

O pescador que passa o dia e a noite no mar, por exemplo, só pode conversar com o próprio silêncio. Ninguém ouvirá a sua gargalhada, caso esteja alegre. Mas ninguém lhe dará um conselho ou amenizará os seus temores em momentos em que, pela própria solidão, o medo se apresenta concreto, tangível dentro dele. Todo pescador é solitário de alguma forma. Então compramos o fruto do seu esforço, sabendo que é saboroso e nutritivo. E por uma involuntária ironia, raramente o saboreamos sozinhos.

Quantas vezes entramos em um elevador, saímos e não nos lembramos de cumprimentar o ascensorista. Esse é um profissional solitário muito especial. Passa horas infindáveis em um espaço exíguo, por vezes lotado de pessoas que talvez não lhe escutassem, mesmo que mostrasse a elas o que existe no seu silêncio.

Creiam, não há tanta diferença assim no trabalho artístico. E por isso não se julgue o artista, mais que o seu trabalho. Há, entre a transitoriedade de tudo e a edificação de uma identidade artística (desde os seus alicerces conceituais e técnicos até o seu acervo propriamente) uma infindável e caudalosa sucessão de alegrias e tristezas profundas, de certezas frágeis e receios ferrenhos, que ele precisa amalgamar. Isso mesmo, é um amálgama. Todo artista é meio anjo e meio bruxo. Só que paga com a própria juventude a aquisição do seu arcabouço empírico, porque nenhum livro o daria.

Não vejo sentido útil em nenhuma arte egoísta. Nenhuma obra de arte, produto concreto da escuridão do seu autor, tem luz própria! Mas quando a escuridão do artista consegue tocar a do observador, usando a sua obra como veículo físico, aí a luz se faz... Não pela materialidade, ao contrário, pela sua expressão imaterial e subjetiva. O artista plástico trabalha recriando a luz física, muito especialmente os que trabalham sobre planos bi-dimensionais, como os pintores, mas é aquela luz, e não essa, que lhe alimenta a alma voraz.

Me perguntaram se são artistas os anjos-bruxos da arte escrita. Pode parecer um questionamento estúpido, mas tenho o hábito antigo de duvidar do que aparenta ser óbvio demais (antigo postulado dos ascetas da magia). A literatura é uma arte relativamente recente, porque prescindiu do estabelecimento (e, muito depois, da transmissão) de uma codificação gráfica, simbólica, que expressasse claramente as idéias para a posteridade.

Todas as artes expressam idéias, porém, muito antes do surgimento das instituições da justiça, os chefes sacerdotais desenvolveram, declararam sagrada e mantiveram em tumbas e labirintos as chaves da codificação. Vejam bem, embora tão no início, numa época de completo analfabetismo e desinformação, já percebiam aqueles senhores o imenso poder dos rabisquinhos nada caligráfricos que desenvolveram. Poder... Essa palavra tem tudo a ver com a história de sucessivas civilizações. Expressa uma idéia que tem amplitude máxima nas mãos do próprio Deus. Confunde-se com Ele.

Vejam que belo, a arte sempre surgiu como manifestação e meio de acesso ao divino. Ou seja, a escrita nasceu divina! Embora, inafortunadamente, tenha seduzido, por isso mesmo, a natureza egoísta e dominadora do homem. E mantida em cárcere, molestada por alguns privilegiados e seus favorecidos, durante muito tempo.

Vida longa aos poetas e escritores! Acabarão por entender que atribuir imortalidade ao seu amor, está muito além de constituir um mero lirismo. Hoje, a massificação da tecnologia multiplica esse poder, mas entenderão que há, mesmo no amor do menor dos poetas, um ideal divino de resgate. O poeta, esse tipo quixotesco não tem nada de louco, nem seu Rocinante é um pangaré inútil, nem sua Dulcinéia pode ser tão casta!

Sim, os escritores são artistas. Mas não o são como os outros artistas. Eles somatizam muito mais. Seus “eus” são de verdade, são muitos, e todos partilham o mesmo teto! Os escritos se vão, mas personagens ficam com todas as suas vicissitudes. São sacerdotes que sacrificam e são sacrificados, prostitutas que vendem sortilégios mas não compram a própria sorte, chegam a ser o céu de todas as suas estrelas e o mar que se esbate nos rochedos infindamente. Na sua escuridão dores e afagos, gritos e silêncios, sorrisos e lágrimas, não são vistos mas sentidos. Seus orgasmos são íngremes e sua paz pode ser um abismo insondável. Ora em sã penitência, ora uma orgia ambulante. Sempre sem testemunhas humanas.

Apenas os seus textos poderão ser vistos. Escolherão algumas palavras, para usar como uma larga estrada em direção ao seu âmago. Mas logo ela será uma picada pedregosa e um pouco além, não mais que rastros. No entanto, quando suas próprias escuridões forem tocadas, a luz se fará. E não será mais necessário seguir as palavras. Porque sendo elas plenamente compreendidas ou não, o messiânico destino do artista estará cumprido. Mais que isso: a luz da arte estará gravada na memória celular da posteridade e produzirá outras gerações. Ninguém mais julgará a sanidade do poeta... E dirão com muito mais lucidez: “Os poetas não morrem”.

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