Guerra

Foto de Carmen Lúcia

Mensagem da Criança

Dizes que sou o futuro,
Não me desampares no presente.
Dizes que sou a esperança da paz,
Não me induzas à guerra.
Dizes que sou a promessa do bem,
Não me confies ao mal.
Dizes que sou a luz dos teus olhos,
Não me abandones às trevas.
Não espero somente o teu pão,
Dá-me luz e entendimento.
Não desejo tão só a festa do teu carinho,
Suplico-te amor com que me eduques.
Não te rogo apenas brinquedos,
Peço-te bons exemplos e boas palavras.
Não sou simples ornamento de teu carinho,
Sou alguém que te bate à porta em nome de Deus.
Ensina-me o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo.
Corrija-me enquanto é tempo, ainda que eu sofra...
Ajude-me hoje para que amanhã eu não te faça chorar.

(Meimei/ Psicografado por Chico Xavier)

Foto de Paulo Zamora

ALGUMAS DESCOBERTAS (www.pensamentodeamor.zip.net)

O texto é uma exortação baseada em relatos de pessoas que viviam conforme mencionado, e de repente acordam para a importância dos limites ou a que grau devem ser as exigências...

Por ter passado muito tempo da minha vida somente me dedicando a outros, fui ficando triste por conta do pouco que recebia, mas é da minha personalidade dedicar-me para aqueles a quem admiro; é claro que não devemos pensar em retorno de forma impulsiva, mas é natural do ser humano saber que se nos damos é porque acreditamos receber, ainda mais de determinadas pessoas.
Certa vez resolvi fazer um teste; resolvi me dar na medida em que receberia; fui percebendo que de repente estava me sentindo sozinho, porque estava me dando além do meu próprio limite para isso; fui o culpado, claro que sim; é como se eu transmitisse uma imagem mentirosa de mim, como se eu vivesse sem dor, sem cansaço, sem sonhos, sem lutas, quando na realidade todo meu tempo era para dedicação.
Aconteceu que aos poucos fui poupando minha privacidade, minhas liberdades, e para alguns era como seu eu nunca pudesse errar em nada; não fiz cobranças, apenas quis me sentir amado, não mesma medida, porque ninguém ama na mesma medida, queria me sentir simplesmente valorizado, assim como eu fazia com pessoas queridas. Tudo isso gerou conflitos na mente, muitas vezes cobrando das pessoas como elas deveriam ser comigo, pode até ter sido um erro, mas arriscava...
Fui ficando cansado de ser inferiorizado ou de ser procurado na maioria das vezes nos momentos de conflitos alheios, prestei homenagens com amor e carinho, confesso que faria tudo outra vez se fosse preciso; é que neste exato momento estou triste porque observo que alguns se distanciam e quando chegam a procurar por mim querem-me ali disposto como antes; passei tempos e tempos da minha vida me dedicando, no fundo sei que sou amado; só queria que as pessoas compreendessem minha presença na vida delas, infelizmente acaba parecendo que toda a dedicação foi em vão, coloque-se no meu lugar, um ser humano imperfeito, por sinal também falho; mas acreditando saber amar e perdoando facilmente seus semelhantes. Com certa medida de carência comecei a me apegar facilmente com algumas pessoas, talvez por olhar as qualidades delas, estava eu esperando demais? Quem me conhece sabe que não.
Outro motivo pelo qual estou desabafando é que me cansei de ficar tentando fazer os outros compreenderem quem sou, que estou lutando arduamente pela vida; porque viver é guerra dura, é preciso coragem. Em muitas das minhas dificuldades pude contar com algumas pessoas, mas na maioria das vezes estava sempre só, mantendo a peteca em pé.
A impressão era de que eu estava esperando demais das pessoas, mas nunca fui assim, talvez passaram a me ver como alguém sempre muito forte, me virando pra lá e pra cá, então, ficaram pensando que não preciso de ajuda, sei lá... É vago o entendimento disso para mim.
É a mais pura realidade de que muitos acabam dando valor quando as causas são perdidas, muitas amizades são assim.
Não fui visto por pessoas que esperava, mas continuei amando assim como amo hoje; embora sofri decepções; aprendi várias lições de vida, agora procuro me conter, ter limite, passar algum tempo sozinho para meditar, sonhar mais, falar menos dos meus planos aos outros, compartilhas todas as coisas positivas; mas tem sido difícil colocar as coisas no lugar, ainda mais agora depois de tantos anos. Não é impossível, sei que não é, mas vai demorar um pouco para dar certo. Amar nunca é um defeito, mesmo quando pensar estar amando demais. Sempre respeitei o espaço dos outros, querendo que meu espaço fosse respeitado, mas como se eu mesmo esqueci o meu espaço?
O que parecia crítica era conselho...
O que parecia reclamação em excesso era desabafo...
A atenção especial era fonte de carinho, uma forma de confiar, amar sem olhar somente os defeitos e os erros.
Saí do limite sem perceber, e fui notando pessoas me evitando, embora as mesmas sempre puderam contar comigo, muitas vezes menti não perceber mentiras ou outras desculpas... Mas ninguém é perfeito, eu nunca fui...
Também posso viver uma paixão, ter altos sonhos, priorizar momentos, passear, quem foi que disse que não gosto dessas coisas? Lendo livros descobri não haver máquina do tempo, nada nos faz voltar atrás, no entanto é possível reescrever a história da vida, mudando rumos, conquistando, reconquistando...
Quem julga o que não sabe não sabe nada da vida, afinal quem somos nós para julgar? Não quero ficar daquelas pessoas que me derrotam quando nem mesmo eu sou derrotado, entende? Jamais ser tratado como coitado ou resto de algo, eu não sou objeto...
Pior são aqueles que pensam que vivo de poesia, Meu Deus, bem se fosse assim...
Poucos entendem de emoção, mas todos querem ser amados. Também quero.
Não sou o único a poder fazer sacrifícios, embora nunca fiz nada que não fosse com amor e dedicação, porque querendo ou não sei ser sincero.
O mundo é injusto, eu sei. Nem por isso a injustiça deve ser modelo para que eu aplique no meu viver. Não há vida sem dor. Dedicação não é defeito. Falta de atenção apropriada (Quando outra pessoa necessita) pode até ser, não tenho certeza.
Não sei se você está compreendo o que estou tentando passar com esse texto; é algo construtivo quando se trata de entender limites, de respeitar as pessoas, mas nunca “se esquecer”, porque ninguém notará isso, somente você mesmo. Abrir os braços demais não se faz possível abraçar o mundo mesmo sendo por amor...
Algumas pessoas amadas por mim estão começando infelizmente e perderem por conta da má cultivação...
“Certa vez resolvi fazer um teste; resolvi me dar na medida em que receberia; fui percebendo que de repente estava me sentindo sozinho, porque estava me dando além do meu próprio limite para isso; fui o culpado, claro que sim; é como se eu transmitisse uma imagem mentirosa de mim, como se eu vivesse sem dor, sem cansaço, sem sonhos, sem lutas, quando na realidade todo meu tempo era para dedicação” e lutas constantes...
(Escrito por Paulo Zamora em 24 de setembro de 2010)

Deixamos de ser importantes para pessoas que não nos olham. (Paulo Zamora)

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Foto de bluecloak

Em tempos...

Em tempos a felicidade dos outros eram facadas,
desejava apenas um abraço, aquilo que muitos desperdiçavam.
Em tempos mais distantes perdi-me numa multidão num qualquer bazar,
jamais esqueci aquela solidão nem aquela ansiedade.
Este fardo acompanhou-me tornando-me numa insatisfeita que se dava e pouco recebia.
Quando a vida te apresentou aos meus olhos, num instante morri noutro nasci...
O fardo está leve, em nenhuma multidão me perco.
O que sinto é abraçado pelo teu coração.
Por mim nunca sentiram metade do que sentes, nunca as palavras foram tão recheadas
A felicidade que sinto por ter sido encontrada neste mar de gente vazia
deixa-me admirada/petrificada por tudo isto me acontecer a mim.
Neste tempo o sorriso na tua face é a minha guerra,
que com toda a certeza sei que a consigo vencer........
És a minha feliz vida..

Foto de Rosinéri

ESTOU FAZENDO MINHA PARTE (ARNALDO JABOR)

O QUE ELE DISSE É PARA PENSARMOS BEM, E TENTAR FAZER NOSSA PARTE DA MELHOR MANEIRA POSSIVEL.

- Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.
Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;
Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade. ..
Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.
É coisa de gente otária.
- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.

Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.
Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo , ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.
Brasileiro tem um sério problema.
Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
- Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.
Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.
Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.

Já foi.
Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da
Guerra do Paraguai ali se instalaram.
Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente.
Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal.
Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei.
A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia.
Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.
Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).
Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.

Democracia isso? Pense !

O famoso jeitinho brasileiro.
Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto.
Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?
Afinal somos penta campeões do mundo né?? ?
Grande coisa...

O Brasil é o país do futuro. Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos.
Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro !?
Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.
Para finalizar tiro minha conclusão:

O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro que citei , meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente.
Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta.
Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.
Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?
ARNALDO JABOR

Foto de Paulo Zamora

Uma ilusão (Reflexão do poeta dos radialistas- Paulo Zamora- www.pensamentodeamor.zip.net

Uma ilusão
Uma pessoa pode-se tornar uma ilusão, talvez porque apareça no momento mais carente; qual a saída? Muitas vezes reconhecer essas carências e determinar qual o rumo a seguir na vida. Pessoas brilhantes também sofrem, mas tal qual o sonho do amanhã fará com a mente volte para a estrada correta. Momentos podem ser criados, pessoas sinceras podem ser mantidas, escutar conselhos faz com que nos reencontremos; cuidado com pessoas que podem ser ilusões, use sempre os limites sem exceder, saiba responder a perguntas óbvias de vida, se está triste e sem direção, então procure centralizar-se em assuntos de mais importância, as perdas já passaram, erros devem ser corrigidos, existem “pessoas-ilusões”...
Seres inteligentes conseguem perceber facilmente coisas que são do coração, um dia tudo muda, dores passam, sonhos realizam, promessas se cumprem, dedique-se para quem realmente se importa, e se está procurando uma pessoa interessante não desista, tudo acontece no seu exato momento; confie somente em pessoas autênticas e não naqueles que não sabem o que querem.
Quem ama sempre cuida, se importa, quem é amigo sempre entrega o ombro; a vida é séria e a guerra é dura, vencer é possível, viver a vida é realidade quando nos soltamos das prisões e vivemos cada dia como se acabássemos de conhecer a vida; vire as páginas, recomece, continue na sua estrada, diga a Deus obrigado por tudo o que lhe acontece, porque ele sabe o que é bom para nosso viver. Continue sendo brilhante, autêntico, sonhador, lutador, não perca sua direção, não conclua-se vencido quando a luta ainda talvez nem tenha começado...
Você sempre soube ver o mundo com olhos de razão, soube sempre lutar por seus ideais, nunca se perdeu; mesmo em situações complicadas, reflita num momento onde pode conversar com seu coração, defeitos todos temos, todos erramos, e todos mudamos de vida quando queremos, decisão tomada é vida mudada; trace novos rumos, cuide com carinho dos que o rodeiam, ame sempre, e nunca esqueça desses conselhos, não goste nunca da solidão, não aceite jamais a tristeza tomando conta, não se esqueça dos sonhos (Alvos).
Confie somente em pessoas autênticas e não naqueles que não sabem o que querem...
(Escrito por Paulo Zamora em 08 de Agosto de 2010)

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de pocahontas mel

o dia que meu amor partiu

Neste dia de manhã ,onde sua falta sentir tao grande
em que cai uma chuva fina, recebo uma ligaçao e fico ansiosa
despeço-me de você sem saber que dormiu o sono eterno, pois nada daquilo acreditava
não estava eu preparado para esse infeliz dia.
Jamais esquecerei de nossos momentos felizes.
Sua partida deixou uma sensação de vazio eterno.
onde nada mais sera o mesmo , todos falam a mim ele nao morreu ainda
mais para eu que te amei tanto , e impossivel te olhar sem vida , sem luz , sem sonhos
hoje passo os dias mais triste de minha vida sem mim , porque nao ha vida sem voce , tenho apenas dias , onde acordada ainda estou, em meio a esse pesadelo de ias e noites contubardas
e dificil pra eu aceitar , essa partida prematura de todos nossos sonhos , agora fico a pensar e compraro tudo isso quanto a um passaro que fica em minha casa que queria soltar ,e nao era meu , comparo as vezes que voce dizia que queria ter um passaro em nossa casa , e lembro os sonhos e liberdade deles que e furtada , quando fazemos isso por ego
pois alem de muito te amar , sonhar , viver coisas lindas , inesqueciveis ao seu lado , sentirei saudade de nossa amor , de cada gesto , de seu cheiro , sua ternura , ao tocar minha pele , meu cabelo , ou na forma de falar que me amava , ainda e gravada em minha mente , quando fecho os olhos te vejo , te escuto , e penso , oh deus , agora a unica certeza que tenho e os dias de virao de amargura , ainda pior a cad dia , pois ao se cicatriza nunca a perda de um amor assim, de um sonho , de vidas . sei que quando amamos e tudo muito junto , tudo compartilhado sinto isso hoje e talvez nunca mais olhe isso tudo de novo, espero que isso seja so aqui nessa vida , porque agoratenho que acreditar que um dia vamos ter um reencontro, onde de la ninguem nunca mais ira separar nossa almas. nesses dias pra mim tao triste , feio , sem ar , se vida , sem voce , em que avida parece perder seus encantos, lembro a ultima mensagem que deixou a mim , me oferecendo uma rosa , e falando que me amava em meio a todo desespero , isso ficara pra sempre, era uma flor negra que eu tambem te dei , pois elas iria muchar e talvez esqucesse de mim amar por toda eternidade sem medo , agora ainda existe uma flor negra de deseperança , que me rouba toda alegria de ser feliz pra sempre , de poder agora te fazer sorrir , que nossa familia esta saida , porque nao temos mais voce perto todo dia , nem podemos te confortar com um abraço , ou com um simples gesto de te oferecer ajuda , sei que agora tem uma alma negra que te puxou ate ai , eu nao posso com o meu doce amor te resgatar , posso contigo deixar o meu amor , o nosso amor voce lembrar , agora nesse mais um dia triste , escuro , onde ada mais existe alem de minhas lagrimas e meinha dor de minha alma sem voce , sem poder te ajudar ,mesmo sabendo dos erros a qual tenha cometido , parou pra mim dar o ultimo adeus em meio a tua fuga , queria poder te doar nesse momento a minha vida e ir embora junto com voce pra sempre , e encontrar um outro paraiso , sair desse mundo que hoje me deixa com medo de viver , sem coisas verdadeiras , onde eu nao posso mais acrediatr como antes em nada , como voce falou muitas vezes que eu era inngenua , linda , e o amor de sua vida , e te respondir que nao era isso apenas que minha vida fazia parte da sua porque queria viver toda vida ao seu lado , em todo momento nao te abadonaria naquele momento que ouvir sua voz por os ultimos minutos so me restava uma coisa , parar ouvir voce chorar juntos , e te ouvir dar o ultimo adeus aos nossos sonhos , diante daquilo tudo fique aos prantos, so em pensar que depois de tudo aquilo , nao poderia mais olhar os seus olhos, corrir em meio a chegar ai mais perto de voce possivel , so me restava uma tela de um compuatdor e um telefone , anunciava em todo lugar , tudo esta perdido , anunciava aquelas horas triste , pelas ruas de sua cidade, aos passos lentos vao seguindo os dias, e minha vida segundos vou morrendo , sem almenos poder voce olhar pra tras , pois nao se pode mais nada fazer , nem se arrepender, nem eu te pegar no colo , como um pedaço arrastado no chao daquele dia escuro , onde meu coraçao sangrava , era hemorragico aquela dor infinita que ate agora me faz querer morrer , a nao esta a olhar tudo isso, ao mesmo que sofro com sua ausencia , lembro de tudo e de como estava perdido, so espero que deus tenha piedade de nossas vidas perdidas que foram muitas que se foram em meio a esse dia de guerra , de pesadelo , de tristeza , amado meu fica em paz , sei que e complicado e impedoso todos que agora te olham , agora voce tem uma nova moradia, onde nao ha vida e verdade , espero que voce nunca esuqeça de nossa linda historia que vivemos um dia , isso e um adeus , adeus , ao teu corpo somente , porque junto a vcoe estara meu coraçao , meu amor , tudo que a nos pertence , voce que foi minha estrela guia , queria agora te dizer que onde quer que voce estejas permanecerei fiel ao nosso amor , sera unico , quando estiver entristecido nesses dias longos , e escuro fecha os olhos e lembrara tudo que vivemos , eu tambem farei isso pra me fortalecer nesse mundo que nao tenho mais brilho , nosso sentimento desde o inicio foi verdadeiro, adeus , adeus , a voce meu amor , eu lutarei todo dia a um dia conseguir te reencontrar , lembra sempre o que te falei se setir saudade de mim , e so colocar amao no seu peito e eu pulso dentro de voce sempre, peço que busque a encontrar deus , e ele te respondera tudo que eu nao conseguir fazer voce entender aqui , porque sou apenas uma mulher , uma menina , como falava voce , queria agora poder dizer a voce o quanto te amo , e quanto poderiamos lutar mais , voce falava que nunca ia me deixar , e hoje tenha a dor maior de minha vida , eu nao te deixei ainda , nem nunca vou fazer isso , em meio a todos que me deixasse so , sem nada , nao te posso deixar , estaremos sempre junto , um dia deus encontrara com nos em algum lugar e quero esta com voce , porque se ha alguma coisa de beoito nessa vida e o amor , e isso conseguimos , as vezes ficava a falar com voce se eu nao tocasse seus labios mais , nem sentisse o seu toque como iria fazer a viver? pois sem voce nao ha um lugar que aqui fora eu pertença , agora tenho a esperança que um dia o amor te traga de volta pra mim, e ate la eu terei um coraçao vazio e que em algum lugar voce estara pensando em mim , ate no dia que poderei tedar nosso proximo (ola)paro e penso nao como um adeus pra sempre , e so ate um dia voce possa voltar a mim, as vezes fico pensando se voce pensou que eu seria o forte o bastante a suportar tudo isso , mais e tao dificil ser forte quando voce sete falta de alguem que ra tudo pra voce, que te fazia sonhar , ja que pra viver precisamos ter sonho, sei que tudo isso e so uma questao de tempo, talvez nao serei forte o bastante pra juntar meu coraçao destruido , porque nao consgio deixar voce ir, ir embora de minha vida , a unica coisa que posso te falar e que sempre estrarei aqui se lembrando de tudo, e isso tudo e ate od ia que posso te reencontrar de novo , te abraçar , te amar , e tudo que agora me conforta com essa dor impedosa , com minha mente onde so consigo escrever minha dor , assim lembro quando voce me falava que quando queizesse falar com voce era so escrever ao meu diario, agora sera sempre assim , nao so a minha pessoa que sente essa dor , tao grande mais a todos nos que amamos voce , nossa lemo continua juntos pra sempre.

Foto de Azke

"Encalço"

"Encalço"

da quimera inflamada em rasante acto de te abster...

na excessiva orbe de lasca rarefeita
aplicada à inópia dos iníquos
dos quais rapinam gotas de orvalho despido
por sede vasta e banal,
o sentido desferido de conclusão aguerrida,
é meramente informal...

do perante...

na dilatada noite fria
e intensa
e extensa
na extinção exacta em raspa imprecisa,
adiada de (in)decisão,
adiada por sonhos descendentes...

dela...

a menina alva dos olhos cor-de-leite
a nutrir os meus quadros reparados
de apreensão adjunta
e abnegada...

meta recta...

na dimensão rompida do conflito retido em lúrido padecer...
à resistência...
pois eu preciso deixar-te intercorrer
nas esferas obliquas e traçadas ao avesso,
em único ângulo de luz fluente que te sobressai
luz incessante
ofuscante...
a tua...
e lá, somente...
na calada vazia
da noite mais fria
em estrada desfiada
e expelida,
e conferida,
às curvas inferiores, ora quais, aquiescidas,
encobrem...

a pena esquálida do amanhecer em aresta letrada do rumo lascivo te verter,

ascendente...

parte de mim que levaste embora contigo...
na ofensiva alva de poder aplacado
(aos retóricos abrigos acossados de meus brados...)
e,
de algures tão remotos quais estamos a reter o toque,
que completa...
na ordem escassa e de horas incertas,
a comparar
e disputar...
oq?

em guerra das asas declaradas,
o que vale em pote de ouro,
é o lacrar de causas,
ao evento aos teus olhos...

quais fitam o atroante pulsar de minha toda vida.

Foto de Azke

"Vago"

das moradas trancadas de minha mente
soltas,
em padecer pretérito de meras outras ilusões
outras, pois tendem a se afastar
fixadas
repensadas
mas de maneira feral
a despeito de qualquer que seja o rumo normal,
as janelas
trocadas,
ascendem, de maneira errada,
ao filtro cálido do lume esquálido,
que precede o sonho real...

em quartos separados
ou vastos quadros meus,
entulhados
de fé, abnegados,
referem-se a si
como desculpa tola de verter o que vi...

algo a mais de ti...

és real?
o toque úmido dos meus rastros te silencia?
qual esta corda desfiada
qual serves-te este, o meu coração,
alimentas-te?

o lado refreado por um tempo sublinhado...
tantas e tantas vezes,
continuado
na guerra dos meros invictos
a duelarem,
consigo em nós,
desatados,
afrouxados,
na corda pouca desfiada
das portas trancadas
que se escondem em vãs noites de convulsão...

Foto de Azke

Ad Interim

O revisto
o rol de saltos
esvoaçantes
lembrados de um tempo relevante
foi ao vórtice e voltou
desceu a terra e pegou
algo pra pensar
teve até de aterrisar
e andar com os seus pés
Viu
a rebela do servil
o solicito reles vil
e maior bem
o menor mal
pôs-se a espreita dos que passavam
tomou-lhe suas vidas
tomou-as um pouco pra si
e sentiu remorso, o medo, dor
mas também
sentiu força, à impávida, amor
invejou-os sua liberdade
apenou-se de suas vaidades
quis saber do livre-arbítrio

divagou ante aos seus fins
ilustros tais meios (pérfidos tais...)
sorriu...

E soube da guerra, ódios e ritos
(bastardos malditos...)
a morte balançava na euforia
de tê-los prontos a avalia
e pouco tempo a esperar

E soube das meninas
eram elas, o fato viver
eram elas, a sua própria razão
e sorriam...

...

Levantou, enfim
sofregou os seus olhos
capturou ali, o instante
hesitou
restou
elevado pela luz descida
descendida
abre o seu manto,
e voa dali...

Ad interim = De passagem, Neste instante.

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