Insensatos

Foto de Carmen Lúcia

O vôo do poeta

Aguarda para alçar seu vôo,
Não como ave de mau agouro,
Mas como quem observa, à espreita,
O decorrer de fatos insensatos,
Na espera do momento exato
De um voar certeiro, inexorável,
Circundando altos e baixos,
Desde a mais íngreme depressão
À mais alta e inatingível dimensão.

E quando chegar a hora esperada,
Prevalecerá sua decisão irrevogável,
Soltará a voz, não como algoz,
Nem como ser execrável,
Mas como guerreiro atingido
Na luta desigual , sem salvo- conduto.
Bradará a indignação que sente,
Que é a mesma de nossa gente,
Que deixa nosso povo descontente,
Engolindo, oprimido, o que lhe é oferecido.

Seus versos que eram fantasia,
Cantados em rimas e poesias,
Rebelam-se à custa da hipocrisia,
(Armas contra a vil utopia)
De uma realidade incoerente à do poeta
Onde a insensibilidade o afeta,
Levando-o a vôos delirantes e sombrios,
Indecifráveis, frios e sem brilho...

Mas, por enquanto, aguarda,
Há sempre o momento sensato,
A paciência é grande virtude
Sempre e em qualquer altitude...
Então, não haverá grade que segure
O combate às desigualdades sociais,
O não à corrupção, ao descaminho da nação,
A tudo que impede de prevalecer a paz!

( Carmen Lúcia)

Foto de Dennyse Psico-Poeta

Receita de Homem

Os que são apenas bonitinhos que me perdoem
Mas charme é essencial...
Um bom homem necessita de doses controladas de pecado
Não o pecado vulgar encontrado em qualquer esquina
O pecado dos românticos
Dos sensíveis
Dos apaixonados
Precisa ter um bom sorriso
E um bom hálito no pronunciar das palavras
E palavras são variáveis
Alguns necessitam delas
Para serem simples poetas
Outros preferem o silêncio
Como grandes observadores
Outros, que são ainda melhores
Sabem a hora exata
De pronunciá-las ou de retê-las
Ele pode ter medo
Mas que ainda assim tenha coragem
Que tenha força o suficiente
Pra amar uma única mulher
E lutar para tê-la
E conquistar o seu amor
E fazer por merecê-la
Um grande homem sabe chorar
Sabe pedir pra ficar
Sabe como ser grande
Sem deixar de ser humilde
Que ele tenha um bom coração
E não seja gentil apenas com ela
Mas também com o garçom
Que seja amante das estrelas
Que tenha fé em alguma coisa na vida
Que tenha objetivos
E que...
Isso é muito importante...
Seja pelo menos 1 centímetro mais alto que ela
Pra que quando ela o abraçar
Tenha que erguer seus braços
Num gesto simples mas sublime
Como se ali fosse o seu porto seguro
Um bom homem é feito de alegria
Não a alegria dos gozadores da vida alheia
Dos bêbados ou dos insensatos
Mas não importa o que aconteça
Ele sempre vai esperá-la com aquele sorriso
E vai fazê-la rir
E vai abraçá-la como só um tipo de homem faz
Um homem que sabe amar.

Denise Viana

Parodiando Vinícius, fiz a receita do meu homem...
Aquele que me inspirou é meu, mas espero que tenham muitos por aí...
Para que ninguém queira o princinpal ingrediente de minha receita.. rsrsr...

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 4)

A se catar, como passara a fazer diariamente durante os últimos anos, a montanha se surpreendeu com algo estranho, entre ramos franzinos de um jovem arvoredo. Já havia visto coisa parecida e sabia não ser nada que a natureza produza de boa vontade. Logo a brisa trouxe um cheiro desagradável e ameaçador de fumaça, e tudo então ficou claro. Aquilo era uma gaiola, dentro havia um pássaro aprisionado e do lado de fora uma rede. O pássaro preso cantaria o seu canto, isso provocaria outro pássaro da mesma espécie, que viria reclamar seu direito aquele território e pronto, ficaria também este aprisionado para o resto da vida. Só pode ser coisa de gente ― asseverou a si mesma ― em nenhum lugar do mundo a natureza é tão cruel por tanto tempo. Embora possa parecer também cruel, o fardo do Criador é leve e o seu jugo é brando. A alguns metros para baixo dois homens, um maduro e outro bem jovem, fumavam os seus cigarros de palha, e riam, sabia Deus do que, tentando não fazer barulho.

Indignada pelo uso das suas encostas para tais fins, ela pôs-se a matutar numa forma de fazê-los correr de ladeira abaixo. Depois, em um segundo passo, encontraria um jeito de libertar o bichinho, de quem já se compadecia por demais. Até porque, ele parecia um pouco com o seu querido pintassilgo. A montanha começou então a produzir uma série de truques, como fogos-fátuos e sismos comedidos, pequenos segredos de uma velha montanha que, entretanto, não surtiram o efeito desejado e ainda assustaram a bicharada. Impaciente, a montanha batucava numa laje com as pontas dos dedos, usando para isso a queda d’água de uma tímida cascatinha que havia por perto, quando o pássaro da gaiola começou a piar a cada vez com mais disposição. Era um indício certo de que logo ele estaria cantando a todo peito. Necessário se fazia que agisse mais rapidamente, o que, para uma montanha milenar, não é lá uma coisa das mais fáceis e cômodas, a se fazer naturalmente.

Como os homens se mostravam inabaláveis, talvez insensatos por sequer imaginar o imenso poder de uma montanha, pensando bem, por demais burros simplesmente, ela optou por tentar impedir que o passarinho desse vazão aos seus impulsos canoros. Para isso, ela se aproveitou de um ventinho e se aproximou do arvoredo dissimuladamente. Chegou-se bem pertinho e, respirando antes profundamente, entrou na gaiola. Todavia, tamanho foi o seu susto, que saltou do ventinho e recolheu-se nas suas profundezas. E lá perambulou durante algum tempo. Aquilo tudo mais lhe parecia uma peça do destino. Vagou por entre as suas lembranças sem fim, relaxou nas suas profundas escuridões, onde os sóis jamais chegaram, e banhou-se nos seus refrescantes lençóis subterrâneos. Reconheceu por fim, que poderia estar fugindo da verdade, e isso é algo que uma boa montanha jamais deve fazer. As montanhas são sábias e fortes. Vivem muito e é justo que o sejam. Não conhecer uma determinada verdade pode ser um direito, mas tentar impedir a sua revelação é uma idiotice, uma fragilidade. A mentira ou a ilusão podem ser mais agradáveis à razão em certos momentos, no entanto corrompem os sentidos de ser e existir. Estava tentando criar uma certa realidade paralela e perdendo com isso um tempo muito precioso, que talvez custasse caro a outros pássaros.

Outra vez tomou-se de ânimo e voltou à gaiola. E lá, todas as suas parcas esperanças se dissolveram, à luz claríssima do sol que já se erguera todo acima do horizonte. Não podia mais negar, era mesmo o seu pintassilgo e, misteriosamente, cantava como um menino. Mas que ironia cruel! Teria que tentar interromper a sua inspiração, depois de tanto tempo lamentando a sua ausência. E nem tinha naquele momento mais tempo para as suas reflexões, pois um outro pintassilgo, pleno dos arroubos naturais da sua evidente juventude, já cantava e fazia manobras rasantes cada vez mais próximas à rede, com intuito de intimidar o outro, um velho inconveniente e abusado, um intruso, imperdoável. Embora não pudesse concordar inteiramente, a montanha percebia os pensamentos e a determinação do jovem, corajoso e afoito como todos os jovens. Mas a Providência concede maior proteção a eles, e ela estava ali para exercer esse papel. Ao antecipar que no próximo rasante ele ficaria preso na rede, numa atitude exageradamente emotiva para uma montanha, ela pressionou suas entranhas com tanta força, que os gases subterrâneos liberados provocaram uma ventania súbita e empoeirada. Correndo para encontrar um abrigo, os homens se afastaram, sem se dar conta de que o ramo não suportara o peso e a gaiola havia caído na relva.

Os segundos tornaram-se angustiadas eternidades. Ela viu os ventos se enfraquecerem até pararem por completo. A gaiola tinha uma pequena porta corrediça que com o tombo se abrira, os homens voltariam para buscá-la a qualquer instante, porém desgraçado era o desespero da montanha, porque o pintassilgo não encontrava a saída. Pulava pra lá e pra cá, estranhava os poleiros que estavam então na vertical, pendurava-se nas varetas de cabeça para baixo, porém nada de sair. Enfim, o mais jovem dos homens chegou a tempo de fechar a portinhola, satisfeito por ver o bichinho ainda do lado de dentro, e voltar ao encontro do mais velho. E a cascatinha afinou-se mais ainda, como o choro triste da montanha, perdeu a ansiedade.

(Segue)

Foto de Ivy Gomide

TARDES DE INSENSATOS PENSAMENTOS

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TARDES DE INSENSATOS PENSAMENTOS

Hoje ao cair da tarde
percebi.
as margaridas estão abertas.
soletram letras que eu não disse.

Guardo medos
respiro páginas in pensadas
de um romance inacabado.
folheio a mente
acordo silêncios porosos.

Instigantes, violentos, irradiantes.
caminha a meu lado
intruso e ofegante...

Hoje ao cair da tarde
fundi-me em jasmins
virei pétala
voei, deslizei
rasguei dores
pousei.

Hoje ao cair da tarde comi rosas
e não sangrei
apenas em vermelho
um blue velvet verti e
em suspiro
degluti.

__Maio/2007__
Ivy Gomide

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Foto de Suavenigma

Poesia

Venham!
....................
Vamos dançar o balé dos insensatos
Dos náufragos.
Dos órfãos.
Dos despossuídos.

Vamos seguir
a coreografia dos sentidos,
ao som
do "Bolero de Ravel!
....................................

Então descobriremos
que a poesia,
assim como os desejos...
Não tem regras.
Faz-se urgente das emoções,
e...Pronto!

Foto de chrsantos

Renúncia

O Segredo da esfinge me devora com desígnios frios e perversos.
Ferro em brasa no peito a toda hora,e os encantos em trevas submersas.
Esta angustia impiedosa se demora.
Faz meus sonhos truncados e dispersos.
Num sofrer e pensar noite a fora.
Que posso te ofertar?
Uns pobres versos?
O impossível me aponta ígneas lanças, devastando miragens e esperanças.
Que floriram meu triste coração.
Ai, que posso fazer se não calar?
Em minha alma dolorida sufocar...
Insensatos delírios de paixão.

Christiane Santos

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