Lágrimas

Foto de Melquizedeque

Au revoir!

A sombra que descansa no fosso,
Invade a fonte do ínfimo verso,
Escrito em um íngreme vale
Pelas mãos do meu anjo perverso
Feri-me a alma com a tua lembrança

Pelo desprezo em mim impresso
Vagueio no limbo da tua esperança,
Arraigado em correntes de vento,
Que destilam o santo silêncio
Em seu olhar de criança

Na estação estática do último trem
Encontro o desdém derramado,
Um vômito fúnebre e desolado
Fruto do rancor, quando a fé é esquecida
Amargo odor sinto na tua ferida!

Nasceste tu na aurora, em raios ocres
Viste a vida como o labor manchado nas vestes
Na epidemia de lágrimas tu cresce,
Com a dor de ver um amor ser levado,
De ser um espelho sem reflexo,
Ou mais um verso retirado

Não sou o que pareço ser,
Mas tu desejas que eu seja!
Um herói moribundo sem sorte,
Que pragueja a vida na beira da morte
E respira sem ar, aprisionado na mente.

(Melquizedeque de M. Alemão, 26 de julho de 2011)

Foto de KAUE DUARTE

Seus sofrimentos quero pra mim, no amor é assim

Caminhei...
Sem destino no vazio do meu coração
Num desatino só prospera a ilusão
As lágrimas são rotineiras no meu olhar
Sofri com teu pesar
Encontrei...
Inumeras pessoas que me escutaram
Só me ouviram depois se afastaram
Meu coração não expressa as palavras
Mesmo assim persiste as lágrimas
Questionei...
Como posso viver dessa forma
Com desfecho que não me adorna
É incrivel o meu sofrer
Despresível sem mereçer
Encontrei...
No meu choro alguem igual
Minha dor é tão natural
Comunhão de lágrimas percebi
Plantei em mim quando te conheci
Prosseguirei...
Na vida, prantear é consequencia
De quando se ama em inocência
O coração diz mais que a razão
Na minha vida de carencia
Viverei...
Contigo se assim quiseres
Se permitir-se receber meus abraços
Mesmo com o coração em pedaços
Te aceito com suas situações
Suas dificuldades agora são minhas...

Kaue Jessé Duarte 25/07/2011 //*

Foto de Allan Dayvidson

PULSO

"Pelo quê pulsa seu coração?..."

PULSO
- Allan Dayvidson-

Asfixiado,
o ar rarefeito censura todos seus desejos.
Você ainda se atreveria
a dizer
o que
quer?

Tão pouco espaço.
Frios muros de aço
pedindo gentilmente para você ficar.
Vamos lá, seja honesto:
Esse é mesmo seu lugar?

Lacunas logo preenchidas
por mãos com outras feridas.
Será que alguém se importaria em te consultar?

Pelo quê pulsa seu coração?
Meu convite...
aquela vontade...
um “sim”...
Pelo quê pulsa seu coração?
Velho discurso...
ou novo percurso,
um jeito próprio de viver.
Seu coração bate,
mas pelo quê?
Quanto tempo até finalmente entender
o que ele realmente quer de você?

Aprende do modo difícil
que nunca e nunca deve decepcioná-los.
Então, afogue seu coração
até que
ele
não
respire
mais!

Enxugue essas lágrimas,
limpe esses pés
e volte a caminhar.
Não pense
em
parar.

Convincentes e superestimados,
Fazem de você um cão domesticado.
E tudo para seu próprio bem, é claro!

Mas prometa que tentará.
Ao menos uma vez, apenas escutará
e sentirá...
e entenderá...
E eu garanto a você
que um dia poderá, enfim, descobrir pelo quê pulsa seu coração...

...um sorriso...
uma bela tarde...
um "enfim"...
Pelo quê pulsa seu coração?
Um impulso,
seu próprio curso...
Não diga que não consegue sentir!
Experimente sua alma,
sinta seu próprio pulso!
Se seu coração não for capaz, não há nada mais.
Quanto tempo para entender que o pulsar de seu coração
...é por você?

Foto de andrelipx

O gemer da minha guitarra...

Geme com dores a minha guitarra. Mas não é uma guitarra normal, é aquela guitarra que me acompanha todos os dias no meu quotidiano. Ela treme de tanta vibração mas as suas cordas não rebentam, porque a força das cordas é mais forte que as dores que esta guitarra sente. Tem dores, porque já sofreu muito. É uma guitarra que morre de sofrimento, cada dia que passa de parte como quem parte um pedaço de madeira. Ela chora, mas não deita lágrimas deita notas que pela sua sinfonia são mais baixas que um som pianinho, mas tem outras notas que pela sua vivacidade quando caem, tocam como um tambor. Esta guitarra já não vivia, em certos lugares, nota-se rasgas na sua finíssima pele de madeira que a envolve num manto de notas tão belas que transmitem o seu sofrimento. Está cansada de tanto tocar e chamar a atenção de quem não a quer ouvir. Esta guitarra chama por alguém, por alguém que saiba tocar e recuperar a sua vivacidade e para que aquele manto de notas que transmitem sofrimento se transforme num rio de notas de felicidade, porque ela é especial ela toca para quem a quer ouvir... Ela quer deixar de tocar músicas tristes e passar a tocar musicas que pela sua força de tom, iram transmitir forças a quem mais necessita. A guitarra da vida é assim é uma guitarra especial, tanto pode estar triste e desafinada como alegre e afinada, e por isso é que ela quer alguém, para que a possa dar um rumo de felicidade e de sucesso, mas não é um sucesso qualquer, é um em que todos possam ser felizes e amigos. Não há nenhuma outra guitarra que queira fazer o que está faz, que é procurar alguém feliz para a fazer feliz, porque ela neste momento sente-se triste e quer por um final mais feliz que este começo triste, porque esta guitarra é a representação mítica e personificada de cada um, mas tem uma coisa é uma guitarra lutadora e forte enquanto muitos se mostram fortes mas não passam de meras pessoas que transportam dentro do saco da sua guitarra só tristeza, mas um dia esse saco e esta guitarra iram ser muito felizes e iram ser lutadoras e forte. Eu tenho esperança e tu guitarra também, senão tiveres eu partilho contigo um pouco da minha esperança, porque juntos iremos vencer e ser felizes, força guitarra, força....

Foto de Carmen Lúcia

Co-autora

Quando eras rei, te aclamava...
Eu... tua platéia, rainha ou escrava,
entre risos e gritos da meninada ouriçada,
aplaudia tuas bravatas...Contigo sonhava.

Juntos crescemos, adolescência atribulada,
eu, apaixonada, sem nunca ser notada.
De tuas paixões, a coadjuvante,
de teus enredos, figurante.
Como cineasta sempre davas as cartas.

Emaranhei-me nas teias de tuas desilusões,
choravas as minhas lágrimas derramadas...
Em teus filmes, fui figuração
enquanto a protagonista roubava teu coração.

Lado a lado, vivendo tua história,
lamentando teus erros, vibrando tuas vitórias,
fui sombra que protege de sóis que escurecem
ofuscando a visão aos valores que enobrecem.

Mas, nas vezes que te senti morrer
(e que de vez iria te perder)
tomei-te as cartas...Eu mesma as dei!
E sob a minha direção
transformei realidade em ficção.
Mudei a trama, fui produtora,
juntei-me a ti, protagonista e co-autora.

(Carmen Lúcia)

Foto de Allan Sobral

A Supremacia da Sobrevivência

Já é o mais alto ponto da noite, e a Lua já saúda a madrugada vindoura, o frio paulista é cortante, Homens se ocultam em jaquetas, blusas e tocas que transparecem suas personalidades, ou o mero desejo de ser algo ou alguém. Caminho lentamente entre cães fardados , e jovens vazios e sem amor, sem pressa, pois a esperança para o amanhã está no amanhecer, aprendi que para nossa noite só resta a sobrevivência.
Pois fomos jogados numa terra de ninguém, em corpos frágeis, no meio de feras, com um único instinto que nos manteve vivos, o medo, pois com por medo de sermos aniquilados, nos unimos , e dominamos os monstros, bestas e feras... vencemos! Ao fim leões rugiam em nosso respeito, elefantes nos carregavam em suas costas, e dos tigres fizemos mascotes, mas a fome de superioridade e o medo, fizeram com que nos voltássemos contra nós mesmos, a luta começou, e nos dividimos, por cor, tamanho, localidade, força ou inteligência, nos dividindo em reinos, países, estados, cidades, tribos, famílias. Nos matamos e nos dividimos a tal ponto, que hoje nosso reinado abrange a um único súdito, nossa vida já se baseia na felicidade singular. "Onde cada homem é sozinho, na casa da humanidade, onde cada homem é sozinho, na uni-multiplicidade."
Nos abstemos do amor, e denominamos todas as coisas que não conhecemos por codinomes, chamando-as sentimentos. Justificando erros, ou camuflando nossas frustrações , culpando os sentimentos e chamando as desilusões de acasos. Desculpa, é duro ter que aceitar, mas uma das coisas que São Paulo me ensinou, foi que se as coisas deram errados foi porque você perdeu o controle da situação, ou correu antes que a luta tenha acabado. Não há problema que não tenha solução, mesmo que esta seja árdua, cabe a nós decidir se vale o sacrifício, carregar o peso de um sonho, preservar segundo sua fé os seus princípios.
Mas a pressa e egoísmo nos tentam a escolher o caminho mais curto, que é cobrado com corrupção, e paga com a solidão. Nossa sede de glória é fraca e fútil, pois buscamos saciar a sede daqueles que nos assistem , buscando olhares e aplausos, nos viciando e usando de nossa carência, para transformar a atenção e a fama nas drogas mais viciantes.
A necessidade de destaque nos manipulou, a criar sistemas e articulações, como por exemplo o mercado de trabalho, o estado e o status social, camuflando arenas e coliseus, onde homens se matam em proporções, iguais ou maiores as cruzadas, as guerras e as epidemias. Com algumas poucas diferenças, antes os mais fracos morriam, hoje estes são escravizados com a desigualdade ( com se o igual, fosse algo bom), antes era derramado sangue, hoje derramamos lágrimas.
Sorrisos debochados e forçados são comuns em nossas vidas, camuflando o desespero que já nos domina. Procuramos algum motivo que nos dê forças para continuas tentando sobreviver, lotando as igrejas, os presídios, os manicômios, casas de recuperação , fabricando assassinos com nossa maquina de frustração.
Na subsistência de uma vida, as duvidas enlouqueceram poetas, profetas, sábios e cientistas, em busca da razão da vida, mas hoje vos deixo o recado: Da muita sabedoria, só nos resta o enfado. Do muito trabalhar, aprendemos a resistir e ser explorados. E da vida, cultivamos a sobrevivência.

Allan Sobral

Foto de Carmen Vervloet

Quatro Estações

Se me ponho a pensar no meu passado,
em que sonhei, vivi dias felizes,
quando o coração pulsava acordado,
sem compromissos, saudades e cicatrizes...

Quando minha vida era apenas primavera,
minha alegria, volteios de uma valsa...
Meus pensamentos grudavam-se feito hera
nos troncos livres de uma leve balsa.

Meus olhos, quais sóis gêmeos de verão,
brilhavam tanto... que chegavam ofuscar...
E mil carinhos saiam das minhas mãos
No sonho cândido de com a felicidade morar...

Mas veio o outono e derrubou as flores
e minhas pétalas caíram descoradas,
o frio inverno congelou as suas cores
e os meus sonhos se derreteram na calçada.

E pensativa fico a olhar o vago
com o olhar perdido no infinito do sem fim
buscando pedaços da balsa que naufragou no lago
e as lágrimas que choro, ninguém vê cair de mim...

Foto de Hirlana

Quero sim

Quero sim
Ouvir novamente sua voz
Sorrir alegremente sem motivo
Falar ao pé do teu ouvido
Não pensar na hora
Viver o agora
Correr veloz
Para os braços teus
Nunca mais dizer adeus
Sonhar com o futuro
E te dizer: amor, eu juro
eu te amo, eu te quero
Quero sim
O gosto do teu beijo
E sentir novamente o suave desejo
De sonhar com você
Até amanhecer
Até anoitecer
Até morrer
Quero sim
Sentir saudade
E com teu amor, felicidade
Quero ainda olhar nos teus olhos
Cansados da correria do dia
E ver na luta um motivo para vencer
Quero compartilhar meus sonhos
E crescer com você
Quero chorar as tuas lágrimas
E sorrir pelo teu sorriso
Multiplicar nosso amor
E diminuir a dor que traz a distância
Quero sim
Sentir o calor das tuas mãos
Segurar forte
Te passar segurança
Ser merecedora de toda a tua confiança
Dormir ao teu lado
E realizar os sonhos teus
Quero sim
Acordar a dia te amando mais
Iluminar os dias com o brilho de um olhar
apaixonado e desejoso
Não quero que rodeie sob nós
um amor inseguro ou invejoso
Quero viver com você
ao menos um dia maravilhoso
E, se um dia tudo acontecer
Te prometo, meu eterno amor
Para sempre
Contigo viver

Foto de Rute Mesquita

A Cinco Pontas Dos Pés

Sinto que carrego correntes… pesos que se arrastam no chão. Oiço um rugir perseguidor. Um perseguidor tão pontual e assíduo quanto a minha própria sombra. Ainda não sei bem o que se passa à minha volta, ainda está tudo tão turvo… e eu sinto-me carregada de culpa, de arrependimento, de tristeza, de exaustão e de ódio por sentir tudo isto…
As coisas à minha volta estão a começar a compor-se, talvez deva continuar a desabafar…
Estou cansada, de tanto cair, estou cansada de olhar em redor e nada ver… estou farta de ouvir as minhas próprias lamurias, estou farta… neste momento só me apetece ter um tempo para mim. Preciso de travar mais uma guerra dentro de mim, aquela voz destabilizante não pára de querer medir forças comigo. Não me vou deixar vencer e é por isso que preciso deste tempo para mim, para que esta voz não venha como uma onda gigante e me leve este meu castelo que com tanto carinho construi.
De repente, uma súbita mudança surgiu, deixei de ver… mas, transpareci calma… não sei porquê mas, tinha confiança no destino e por isso passei neste primeiro teste, penso.
Sinto os meus cabelos a bailar com o vento. O meu corpo elegeu-se mais ou menos um palmo da superfície e flutua… não sei ao certo se deveria ansiar ou até implorar pelo chão, só sei que não o farei pois sinto-me leve como uma pena que voa aos sopros de brisas suaves. Recorda-me aqueles sonhos em que parece que a minha cama é um teletransporte.
Não vejo… mas, mesmo que visse iria fechar os meus olhos. Começo aos poucos a perceber esta viagem.
Cheira-me a sal, oiço o mar e nem preciso na areia tocar para saber que estou algures numa praia. O som das ondas diz-me que está maré baixa pois rebentam umas atrás das outras arrastando sal e humedecendo os pigmentos de areia que alcança. É como se as ondas beijassem constantemente a areia e a puxassem cada vez mais para si.

- ‘Serão amantes?’, pergunto e ao escutar a minha voz surpreendo-me com a minha pergunta, pois nunca tinha pensado assim.

Os meus pensamentos voltaram e pesam por isso, a gravidade actua novamente e pousa-me naquela areia. Acontece num processo tão lento que sinto que comecei por tocar a areia e agora entranho-me na mesma como se neste momento fizesse parte desta.
A minha visão, continua ausente mas, vejo um clarão de tons que vai desde a gama dos amarelos até aos laranjas mais avermelhados que me faz perceber que um calor se afoga naquele mar, dando lugar a uma outra gama de cores, cores que vão desde os violetas mais azulados aos verdes mais acastanhados. Julgo que seja o pôr-do-sol e que daqui por uns minutos se dê o erguer da lua.
E mais uma vez me surpreendo com o meu raciocínio, nunca tinha visto as coisas desta maneira tão sensível. Talvez por ter tido sempre a visão da ‘realidade’ facilitada e por isso nunca tivesse dado valor, penso.
Nisto, o mar agora beija os meus pés, como se me convidasse para entrar… mas, vou aguardar sentada de joelhos encostados ao peito e com os meus braços sobre os mesmos, pois uma brisa fria em breve virá arrepiar-me.
A lua já se ergueu, as cores que ‘vejo’ mudaram como, tão bem pensei que fosse acontecer. Um arrepio percorre a minha espinha, aquele arrepio por que já esperava mas, que não deixou de distorcer o meu corpo e fazer levantar todos os meus pêlos.
Os meus cabelos, agora mais que nunca parecem sem direcção, uns atravessam-se à frente minha face.

-‘Tenho que me mover, senão irei congelar’, disse para mim. E sentei-me de uma forma mais descontraída enquanto mexia na areia.
Imaginava a minha mão como uma ampulheta que com imensos grãos na minha mão suspensa no ar, decidia faze-los juntar-se aos outros seguindo uma constante, o tempo… e foi então que outro raciocínio inesperado da minha boca se soltou:

-‘Se encher a minha mão de areia e por uma abertura constante, a deixar cair e enquanto isso for contando os segundos até sentir a minha mão sem nada consigo perceber quanto tempo tem uma mão de areia, com aquela abertura de raio fixo e àquela distância do solo’.
Assim, percebo rapidamente que o tempo varia com dois factores, com o diâmetro do buraco que deixo, por onde a areia irá soltar-se e com a altura a que tenho a minha mão do solo arenoso, percebo que se me puser de pé a areia demora mais tempo a juntar-se àquele solo arenoso do que se eu estiver sentada. Após a experiencia dou por mim boquiaberta envolvida numa brincadeira de pensares, como se unisse uns pontos aos outros e no fim os justificasse com a experiencia.

-‘Deveria perguntar-me o que se passa? De onde surgem estes raciocínios? Porquê? Se ainda agora começo a descobrir os tais pontos, se ainda terei de uni-los e acabar com a sua comprovação que provém da experiencia?’

Sinto algo musculoso e texturado agarrado ao meu pé direito. Volto a sentar-me e pego naquele músculo e começo por tentar perceber a sua forma, percorrendo as minhas mãos pelo mesmo.
- ‘É uma estrela-do-mar!’, exclamei. E dou por mim a falar com esta estrelinha pela qual baptizei de cinco pontas dos pés.
- ‘Tens tantas pontas quanto os dedos que eu tenho nos pés e nas mãos. Não preciso saber a tua cor, pois para mim já és a Cinco Pontas Dos Pés mais bela que conheci.’ Confessava-lhe.
-‘O que te trás por cá minha Estrela? Bom, não interessa se aqui estás, é porque certamente fazes parte desta minha viagem e simbolizas algo na mesma, quem sabe sejas um daqueles pontos que terei de unir.’ Contava-lhe mas, discutindo comigo mesma.
-‘Sabes querida Estrela, esta viagem começou por ser um refúgio… passou a ser uma viagem de sensações, depois uma viagem rica em sensibilidades das coisas mais simples que agora vejo que são as mais belas e agora, encontro-te a ti, uma amiga como se adivinhasses que aguardava inquieta por contar tudo isto a alguém. Espera… é isso!’

Pousei a Cinco Pontas Dos Pés naquele meu pé que um tempo atrás se havia agarrado e comecei a unir os pontos.

-‘Vim num transtorno de estado de espírito, numa revolta por nada ver a minha volta e fiquei sem visão. Recordo-me que vinha carregada e que me sentia perseguida enquanto arrastava umas correntes e tudo desapareceu, eu elegi-me cerca de um palmo do chão e senti-me livre, leve como uma pena. Lembro-me também que procurava um tempo só para mim e vim parar a uma praia deserta. Depois aqueles meus raciocínios e olhares às coisas mais simples mas, que jamais em tempo algum lhes tinha dado tal valor. Desde aquele pensamento de o mar e a areia serem amantes, o pôr-do-sol e o eleger da lua, o arrepio e à pouco sobre os grãos de areia. E por fim, apareceste tu, claro! Vieste para eu me ouvir, a mim mesma e assim unir estes pontos.'
E continuei o meu discurso:

-'E com esta viagem, aprendi uma grande lição, que ao invés de me deixar domar pelas minhas lamúrias deveria confronta-las como sendo o que não são, belas e assim elas ficarão belas, porque assim as olho e quero que sejam. Isto de uma forma inteligente.
Aprendi que a beleza no Mundo está em todo o lugar, nas mais pequenas coisas encontramos o nosso mais sensível, o nosso mais profundo sentimento e assim afirmamos a nossa humanidade.
Aprendi que um amigo nos aconselha, nos apoia mas, que sobre tudo nos ouve, como tu minha amiga, Cinco Pontas Dos Pés que pouco precisaste dizer pois fizeste com que me ouvisse a mim mesma e chegasse onde cheguei.
Aprendi (…) a minha visão voltou!’

Está tudo turvo, sinto-me a regressar ao sítio de partida… e imploro:
-‘Estrela, estrela! Não largues o meu pé! Vens comigo!’

Estou de regresso e como me sinto bem, estou radiante de felicidade e tudo o que carrego agora comigo é paixão, paixão por toda a beleza que me rodeia e admiração, por esta experiencia que jamais esquecerei. Os meus olhos brilham, como duas pérolas, o meu rosto está iluminado como se uma auréola pairasse sob a minha cabeça. Estou vestida de branco e de sapatos e só penso ‘a minha Estrela!’. Descalço-me e não a encontro, dispo a camisa, as calças e o casaco e nada, não a vejo em lado nenhum… sento-me agrupada e lágrimas escorrem pelo meu rosto e quando já quase me sentia preparada para repetir a viagem vejo algo a mexer-se no meu casaco e qual é o meu espanto quando vejo a Cinco Pontas Dos Pés?! Que encantamento!

-‘Eu sabia que eras bela, minha Estrela, bela como aquele pôr-do-sol e ainda bem que vieste comigo pois serás sempre a minha melhor amiga e serás tu quem irá manter aquela experiencia sempre viva!’

Foto de Hirlana

Por que agora

Por que só agora
Depois de tudo
Depois de tanto
Depois do tempo
Depois do vento

Por que só agora
O "eu te amo" fez sentido
Por que só agora
Quer correr atras do tempo perdido

Não devia ter me deixado assim
Não devia ter me deixado aqui
Devia ter me ouvido
Devia ter me entendido
Agora já não faz mais sentido

Por que só agora
Pronunciou as palavras que há anos eu quis ouvir
Se soubesse garoto o quanto eu te amei
Se soubesse garoto que há tempos sonhei
mas... por que só agora

Podia ter vindo antes
Podia ter dado uma chance para o nosso amor
Podia ter dito "eu te amo"
Podia ter vivido uma longa história de amor

Das histórias de livros e filmes
O nosso amor, não emplacou
Das histórias contadas em prosa
Das histórias escritas em poema
Nosso amor... que pena
Não continuou

Dos versos escritos em cartas
Das declações de amor
Só lembranças você deixou
Da música que toca no violão
Na canção que ouvi no rádio
De você lembrei
Lágrimas derramei

Precisei do teu amor
Precisei do teu calor
Precisei do teu beijo
Agora... não sei se isso já passou

Por que só agora
Não consigo entender
Tanto se passou
Retornas agora...
Nessa hora não sei dizer quem sou
Imagina te falar sobre amor
Confusão enorme
Amor... também
Mas hoje já não sei se nosso tempo já passou
Hoje já não sei se vale a pena tentar
E recomeçar aquela que era a nossa
Linda história de amor

Hoje só me vejo confusa
Hoje só sei que parece que o tempo não passou
Hoje não sei o que dizer
Além de que ainda amo você
Mas hoje... hoje...
Eu não sei se vale a pena tentar
Eu não sei se vale a pena recomeçar

Me ajuda garoto
Me diz por que agora
Me diz que me ama
Me promete que não vai mais embora
Me promete que não vai me deixar aqui
Me mostra que traz contigo a música, o amor, a felicidade
Me mostra que é verdade
Me mostra que vale a pena
Me ajuda a não ter medo
Me tira todas as dúvidas
E me diz que a partir de agora
Seremos NÓS
...e não apenas Eu e Você!

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