Lua

Foto de LEOANDRADE

Artistas Mambembes (Leonardo Andrade)

Amanhece

Lambo sofregamente o orvalho deixado na sua flor

Lágrimas de desejo , incontidas na torrente

Da incandescente noite que se vai ...

Exausta,

Plena,

Saciada,

Encantada.

Você tem sabor de quero-mais,

Não posso decepcionar meus alarmes de libido,

Volto a me perder de mim

e me encontrar no seu corpo.



Entre pernas e balanços,

braços e abraços,

Bocas que se unem

e línguas que exploram os limites improváveis ...

Palavras se perdem no ar ...

Algumas se solidificam,

tornam-se palpáveis,

Fundem-se a nós ...

Se eternizam em cicatrizes indeléveis

Em nossos corpos, em nossas almas ..

Gemidos, sussuros, mordidas

Explosões vulcânicas de prazer

Ciclo atemporal de desejo

Não há começo ou fim

Mera alternância de posições e posturas

Com breves intervalos para respirações individuais

Anoitece

A lua refeita retorna

Brindando-nos com seus raios.

Nos flagra como nos deixou...

Ela traz as estrelas,

gotas de prazer que se encantaram

e se espalharam pelo céu

levando o brilho mágico dos seus olhos ...

A lua quer espetáculo, veio para nos ver

Quer assistir a arte plena em infinitos atos ...

Nós , artistas mambembes do amor

Sabemos que o show tem que continuar ...

Sempre ...

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Nomenclaturas (Leonardo Andrade)

Ao longo da noite

no universo pleno dessa cama

Nos perdemos e nos achamos

Inúmeras vezes ...

Em múltiplos caminhos;

em trilhas sinuosas;

em curvas perigosas;

em armadilhas de prazer.



Em sabores exóticos;

em sussurros eróticos;

em mãos exploradoras;

em bocas famintas ...

Em jorros vulcânicos;

em gritos de dor e desejo;

no delicioso pecado da luxúria ...

Rompendo limites e barreiras ...

Não há fronteiras

nem entre lençóis ou travesseiros

Meros utilitários que não nos cobrem,

só provocam ...

Não há nada além

dos limites desse templo

onde me entrego a você

e a recebo absolutamente por inteiro

Numa mística cerimônia

de exaltação do amor

ritualizada na plena união de nosso corpos

que se encaixam e se atam perfeitamente

Se movem ritmicamente

e se entendem totalmente

falam a mesma língua

buscam a comunhão perfeita

Aqui ou em qualquer lugar

nesta ou em qualquer outra hora

regidos pelo brilho do sol ou pelos sortilégios da lua

qualquer hora é certa, qualquer lugar é perfeito .

Leigos ousam chamar de sexo,

eu prefiro nomear "fazer amor".

Leonardo Andrade

Foto de VG-canukinha

Tu és (VG-canukinha)

Tu és,

Tu és a minha razão,

És o ar que respiro,

Tens o meu coração,

És a minha salvação,

Tu és.

A vida passa tão depressa,

Tu não voltas para mim.

Será que não gostas de mim?

Sinto-me só sem ti.

És o amor que sempre quis.



Fico triste porque não estás,

Quero ver o brilho do teu olhar,

O teu sorriso,

És tudo para mim,

Quero ser tudo para ti,

Mais do que tudo,

A luz de ti,

Tua lua no escuro.

VG-canukinha

Foto de Raoni

Noite de lua (Raoni)

O que restará deste amor ?

Que nasceras em um mês que não sei

A porta está trancada. Se restar a dor

Não sei da chave, não sei onde joguei

Ontem eu vi a lua cheia acima da igreja

Não sei se estará formosa como aqui

Só espero que a veja

A lua me chamava

Queria que fosse até ela

De lá eu entenderia

Por que tu és tão bela

Mas não fui. Fiquei

A vagar em uma noite

Na qual não te encontrei

Me restou o caminho de casa

E ao chegar me recolhi ao meu leito

Onde dormi com um foto sua

Apertada contra o peito

Raoni

Foto de Letícia

Saborear-te em delírio

Preparo-te com amor, na sexta,

Em fogo brando

Tempero-te levemente com páprica

E te cubro com molho branco

Saboreio-te aos poucos

Sentada no tapete do quarto

E de pijama de seda


E antes que entendas

O que te acontece

Preparo-te novamente, no sábado,

Com tofu e uasábi

E te devoro aos bocados

Admirando-te preso em meus hashis

Qual gueixa, no tapete do quarto

E de pijama de seda

Terminado o ritual da ceia

Prendo meus cabelos com um único hashi

Com o outro, fabrico um incenso

Coloco Enya e passo Dimitri

E me estendo no tapete do quarto

Sem meu pijama de seda

Pela janela, o vento empurra a lua

E para proteger-me do frio

Peço-te que te deites em mim

E me cubro com tua pele de seda

Letícia

Foto de quimnogueira

Poema do esquecimento

Um dia ? Dois ?
Um minuto apenas e tu partiste !
Partiste e eu fiquei só e triste !
E agora o tempo corre vertiginosamente

e atropela o meu coração sangrento,
despedaçando-o contra as pedras do caminho;


o sangue correndo abrasador

tortura-me numa infinda dor...

As árvores do além, no silêncio da noite,

gemem baixinho:

imploram, com ternura, um beijo, um carinho.

As estrelas do céu cantam melodias, lentas,

plangentes...

Os astros não brilham, a lua já não sorri...

E tudo porque te vi partir !

E eu no silêncio da noite escura,

imaculadamente pura,

rezo, recordo e estremeço...

Um tic-tac lento despertou-me...

As horas terríveis continuam a correr,

fazendo-me sofrer por não te ver...

Elas marcam a hora em que me deixaste !

Escuto o meu coração implacável,

como esse relógio malfadado,

e sinto-o gemer também.

Tic-tac...tic-tac...

Queria fugir, fugir ao tempo,

perder-me no mar do esquecimento...

E...chorar, penar...

Fugir, fugir, perder-me com a minha dor

no mar que fora sempre cheio de amor,

em vez de tanta e tanta dor...

Corro então, corro mais que o tempo,

mais que o relógio; e na minha corrida

desenfreada, louca, eu já não choro,

já não sofro...

Os espinhos cravam-se em mim,

rasgam-me a pele e o sangue corre...

Tic-tac...tic-tac... Paro assustado!

O tempo afinal corre a meu lado

e me ultrapassa; fico para trás,

perdido no esquecimento...

Olho

Foto de Carlos

Elegia (Mário de Sá-Carneiro)

Minha presença de cetim

Toda bordada a cor-de-rosa,

Que foste sempre um adeus em mim

Por uma tarde silenciosa...



Ó dedos longos que toquei,

Mas se os toquei, desapareceram...

Ó minhas bocas que esperei

E nunca mais se me estenderam...

Meus boulevards de Europa e beijos

Onde fui só espectador...

- Que sono lasso, o meu amor;

Que poeira de ouro, os meus desejos...

Há mãos pendidas de amuradas

No meu anseio a vaguear...

Em mim findou todo o luar

Da lua dum conto de fadas

Eu fui alguém que se enganou

E achou mais belo ter errado...

Mantenho o trono mascarado

Onde me sagrei Pierrot.

Minhas tristezas de cristal,

Meus débeis arrependimentos

São hoje os velhos paramentos

Duma pesada Catedral.

Pobres enleios de carmim

Que reservara pra algum dia...

A sombra loira, fugidia,

Jamais se abeirará de mim...

Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

Foto de Patrícia

Canção Perdida (Guerra Junqueiro)

Hálitos de lilás, de violeta e d'opala,

Roxas macerações de dor e d'agonia,

O campo, anoitecendo e adormecendo, exala...

Triste, canta uma voz na síncope do dia:

Alguém de mim se não lembra

Nas terras de além do mar...

Ó Morte, dava-te a vida

Se tu lha fosses levar!

Ó Morte, dava-te a vida

Se tu lha fosses levar!


Com o beijo do sol na face cadavérica,

Beijo que a morte esvai em palidez algente,

Eis a Lua a boiar sonâmbula e quimérica...

Doce, canta uma voz melancolicamente:

O meu amor escondi-o

Numa cova ao pé do mar...

Morre o amor, vive a saudade...

Morre o Sol, olha o luar!

Morre o amor, vive a saudade...

Morre o Sol, olha o luar!

Lactescente a neblina pálida flutua,

Diluindo, evaporando os montes de granito

Em colossos de sonho, extasiados de Lua...

Flébil, chora uma vez no letargo infinito:

Quem dá ais, ó rouxinol,

Lá para as bandas do mar?

É o meu amor que na cova

Leva as noites a chorar!

É o meu amor que na cova

Leva as noites a chorar!

A Lua enorme, a Lua argêntea, a Lua calma

Imponderalizou a natureza inteira,

Descondensou-a em fluido e embebeu-a em alma.

Triste, expira uma voz na canção derradeira:

Ó meu amor, dorme, dorme

Na areia fina do mar,

Que em antes da estrela d'alva

Contigo me irei deitar!

Que em antes da estrela d'alva

Contigo me irei deitar!

Guerra Junqueiro (1850 - 1923)

Foto de quimnogueira

Queria ser o teu sonho...(Quim Nogueira)



... Em frente ao espelho da cómoda do teu quarto, sentada num banquinho forrado a tecido de cortinado vermelho, penteavas os teus cabelos, num ritual que funciona mesmo sem dares por isso...

... a escova passava ora uma, ora duas vezes, de cima para baixo e alisava os teus cabelos sedosos, cor de mel e de marfim... brilhavam no espelho e te revias momento a momento numa expectativa de mudança, o que não acontecia pois não podias ficar mais bela do que aquilo que já eras... a beleza em ti não residia nem morava ... era!...

... a tua camisa de noite, acetinada bege, de rendas sobre o peito alvo de seios firmes e redondos, deixava transparecer a cor da tua pele suave e doce ao olhar sem ser preciso tocar...

... a tua cama de lençóis de prata, aguardava o teu corpo numa ânsia lasciva de quem à noite, só, te espera num desespero de intocabilidade ... e tu, demoravas...

... da cómoda tiraste um frasquinho de perfume e te ungiste com ele o que provocou um agradável respirar a todos os móveis que te rodeavam ... e a tua cama, ansiava pela tua presença... e o teu corpo demorava a conceder-lhe esse desejo...

... levantaste-te de fronte do espelho e te miraste novamente de corpo inteiro e gostaste da tua imagem alva e bela naquele quarto iluminado pela tua presença ... olhaste de soslaio e ... sorriste ...
... sentaste-te na beira da cama e esta suspirou docemente perante a antevisão de que em breve te possuiria. Tiraste os teus pézinhos leves de dentro dos chinelos de cetim vermelho, levantaste um pouco o lençol e te entregaste total e lentamente ao prazer de estender do teu corpo e da entrega final ao teu leito...

... a tua cama nem sequer se mexeu ... aquietou-se para não te perturbar, para que não te arrependesses daquilo que acabaras de fazer, com medo que te levantasses e ela te voltasse a perder...

... a tua cama inspirou baixinho a fragrância do cheiro da tua pele e deixou-se ficar aguardando o teu próximo movimento...

... deitada de bruços te deixaste finalmente ficar e tua cabeça leve pousada de mansinho na almofada, arfava lentamente o teu respirar de prazer por mais uma noite de descanso... e de sonhos...
... teus olhos semicerrados viram a lâmpada acesa e teu braço se estendeu ao interruptor da mesinha de cabeceira para a desligar. Os teus movimentos eram propositadamente lentos para que o tempo demorasse ainda mais do que aquele que já existia...

... e a tua cama sentia... na obscuridade do teu quarto, teus olhos semicerrados olharam o tecto e se fixaram na sua alva cor que permitia uma réstia de luz no meio da escuridão...
... olhaste a janela e pelas frinchas da persiana, divisaste a luz cinzenta duma lua crescente ... avizinhava-se uma noite de lua cheia e teu corpo descansou por um momento... a tua cama então suspirou e te abraçou fortemente...

... em suas mãos te acabavas de entregar... e o sono chegou.... adormeceste...

... não sei mais o que se passou... a noite decorreu, teu corpo diversas vezes se moveu...
... a tua cama não se movia, com receio de te acordar; abraçava-te sempre para não te deixar fugir ... sentia-te sua e possuía-te num sonho imenso de impossibilidade, de impotência, de raiva, por não te conseguir ter tendo-te ali...

... tua mente adormecida, movia-se e sabia-se que sonhavas...
... a tua cama te tinha ... ali, indefesa, sozinha...
... sonhavas e eu aqui, nada mais te pedia ... nada mais desejava...
... queria apenas ser o teu sonho..

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Certeza (Leonardo Andrade)

Quando você souber que me ama

não diga mais nada

corra para os meus braços carentes de você

e acabe com essa distância absurda

Olhe para mim e deixe o amor fluir

sem necessidade de palavras

toque minhas mãos

e não as largue jamais

Beije-me sem pudor

abrace-me com desejo

aperte-me com tesão

e se abra para a paixão

Apague tudo que passou

nossas vidas começam agora

e nada mais importa lá fora

Saboreemos cada segundo ...

Feche a porta

ignore tudo além dessas paredes e desse teto de céu .. de lua ..de
estrelas

Ouça nossa música no ar

e ensine lentamente a como te amar ...

Misture todo amor e desejo

tempere com zilhões de beijos

e nos sirva sem censura

por toda essa longa noite escura ....

Deixe o dia amanhecer em seus olhos

e essa luz nos banhar

no primeiro dia do resto de nossas vidas

Neste sonho que começamos a realizar ....

Leonardo Andrade

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