Mar

Foto de Rosamares da Maia

RESSACA

Ressaca
A curva forte e sinuosa do vento
Saudava a saudade no meu corpo.
A força queria faze-me flutuar,
Mas sem qualquer legitimidade.

Quebrou o pudor das minhas saias,
Devassando a minha intimidade.
Nada mais tinha eu para esconder.
Nada havia para perder ou temer.

Mas em fuga corri, busquei abrigo,
Entre as paredes do sétimo andar.
Pelas janelas altas e esvoaçantes,
Divisei a silhueta do vento, o perigo.

Pude ver a vela que teimava no mar,
Presenciei sua força, o tolo destemor,
Levantaram-se ondas em espuma e sal.
Cova cavada na areia da praia.

Beleza destroçada pela tempestade.
Que sepultou a doce e frágil nau,
Junto com os despojos do meu amor.
Que se deitou na areia, só para morrer.

Rosamares da Maia 21/07/2020

Foto de Rosamares da Maia

LAMENTO DE MARINHEIRO

Lamento de Marinheiro

Mar te acalma, serena mar azul.
És a Inspiração de tantos amores.
O sol sob o céu é balsamo das dores.
Nas águas, velas deslizam ao vento sul.
Tantos são os sentimentos, os clamores,
Confissões para conforto das almas.
Tantos que o teu espelho transborda,
Em densa espuma atiçada pelos ventos.
Secas no calor, evaporando os lamentos.

Mar, serena as vagas dos desenganos,
A lágrima salgada vem logo recolher.
Meu coração está em fúria, é maremoto,
Minh ’alma é o olho do redemoinho,
Meu corpo é como embarcação perdida,
Que o faroleiro deixou a deriva, sozinho,
Sem a luz do farol não encontro o caminho.

Mar, apascenta no coração a minha dor.
O navio só tem traçada a rota do dissabor.
Na carta náutica da solidão tudo é tempestade.
Estou sem comandante, sem estabilidade.
A deriva, sigo ao derradeiro rumo dos corais.

Mar, acalma a angustia da paixão.
Não suporto mais o cantar das Sereias.
Sou estrela atirada à praia, desalojada.
Perecendo seca no calor das areias.
Alivia o meu peito, pacifica este amor,
Sessa as lágrimas com a carícia do vento,
Dissipa ao sol o sal deste meu tormento.

Mar de Netuno te suplico, apascenta o vento.
Onde está meu porto neste mar obscuro?
Sessa a fúria da minha alma em tormento.
Acaba então com tudo, em um único momento!
Lança-me aos corais, ao fundo do oceano escuro.

Consuma a morte abissal deste marinheiro solitário,
Atraca em fim meu corpo às correntes do teu amor.
Sem a bonança, brisa mansa, sonho do porto seguro.
Põe fim ao lamento, as lágrimas deste navegador,
Sepulta o testemunho, último registro deste diário.

Rosamares da Maia 02/05/2019.

Foto de José Herménio Valério Gomes

O ESTRANHO QUE VEIO PARA FICAR

Observo desde que existe vida
Acostada numa nau oriunda
Jà em outros mundos perseguida
Esta humanidade tão confusa

Desde jadis a meditar
Por um céu, sem reino a domicilio
Ultrapassando conflitos por terra e mares
Deixando neste morrer seus filhos

Asfixiando tudo quanto é vida
Num mundo pertença de todos
Deixando soletrar dor na ferida
Tão subito quanto fogo-posto

Num dos dias de mais vento
Que vai aproximando o presente
Escrevendo história o quanto lento
É este ser de vida inteligente

Que vê o inimigo nos seus semelhantes
Numa vanguarda desatualizada
Deixando entrar o estranho visitante
Que trouxe chave para uma porta trancada

Ele veio para exterminar a humanidade
E muda constantemente de rosto
Fazendo parecer a aldeia uma cidade
Que o medo deserta de todo

Mesmo face a este inimigo, que não de apenas um
Mas de todos os seres humanos
Que continuam com algo em comum
Obter o Santo Graal do tirano

Estando perante um tiro invisível
Na rua vacilam em dizer bom-dia
De moda no rosto irreconhecível
Até para os próximos da família

Sem data para um beijo, um abraço como antes
Restam a memória e o album de recordaçōes
Para recordar e estar menos distante
Parecendo num sorriso enviar saudaçōes

As làgrimas serāo o olhar e a voz
Entre uma meia-verdade que todos reclamam
Ou meio de comunicaçāo jà a sós
Para ocultar um adeus a quem amam....

Nestas palavras que nāo vou usar musa
Apenas me deixo embalar de caneta em māo
Como um rio quando o seu curso muda
Direçāo ao mar por escadas sem corrimāo.

José Herménio V.G

E o mundo nāo mais ser igual ,
como o conhecemos.

Foto de Oliveira Santos

O Lenço Azul

Você viajou...

Disse que precisava de tempo para si

Descansar, respirar, refletir, reavaliar, se reinventar

Precisava da solidão, da quietude fora do furacão

Queria ver o Sol, sentir a brisa do Mar...

Poder dormir até tarde, beber até não aguentar

E se foi...

Recomendações para os Filhos

Um breve remorso em deixá-los, mas precisava...

Uma despedida fria, um beijo por educação

Alça ao ombro sua bolsa, apanha as chaves do carro

Abre a porta e olha para trás...

Me sinto como se nunca mais fosse voltar

Sacrificadamente lhe desejo boa viagem, que se divirta

Se cuide no caminho e não se aflija com nada...

E sobre a mesa deixou um lenço azul

Que cheirei devotamente e com cuidado

Para não profaná-lo com as lágrimas...

15/09/2018

Foto de Rosamares da Maia

CARTA A FERNANDO PESSOA

Rio de Janeiro, 26 de maio de 2015.

Meu Caríssimo Fernando,

Nesta manhã como em tantas outras estou solitária e feliz por desfrutar da minha própria companhia. Sim, pois pretensiosamente ou não, estar acompanhada de mim mesma é o que hoje me faz feliz. Principalmente porque estar comigo, mesmo que transitoriamente, me conduz a você.
Nesta manhã, enquanto vejo a fumaça do café galopar o ar, aguço todos os meus sentidos e lembro-me de você, como se estivéssemos compartilhando a mesma mesa, as fatias do mesmo pão. Na realidade já não como, mas, continuo alimentando-me das tuas lembranças.
Fernando,
O que seria da minha vida sem conhecer-te, sem sorver das páginas cada gota dos teus escritos? Que seria de mim se não sentisse as tuas angustias, o teu amor para além dos lusitanos mares? Se não tivesse como tu compreendido os vaticínios de D. Sebastião.
Também tenho muitas personas aprisionadas dentro de mim e, ao contrário de ti, não consigo exteriorizá-los, derramá-los no tapete do quarto e depois abrir a janela, para que voem. Fecho os meus olhos e sou como Maria José – a feia, corcunda e doente. Coitada! Sempre presa à cama, diante da janela, colhendo no orvalho da manhã as pequenas gotas dos sonhos, de seu amor platônico por Antônio.
Escrevo a você cartas, como ela – As cartas que Ele jamais leu. Maria José motivo de riso ou invisível, desabrochando na exteriorização da tua solidão e tão acompanhada de tantos outros Fernandos igualmente solitários.
O que seria de mim sem refletir como Bernardo Soares:
-" Aprender a desligar as ideias de voluptuosidade e de prazer. Aprender a gozar em tudo, não o que ele é, mas as ideias e os sonhos que provoca.
Por que nada é o que é e os sonhos sempre são os sonhos.
Para isso precisa não tocar em nada. Se tocares o teu sonho morrerá, o objeto tocado ocupara tua sensação."
"Ver e ouvir são as únicas cousas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais."
"A única aristocracia é nunca tocar. Não se aproximar – eis o que é fidalgo"
Bernardo Soares /Fernando Pessoa – 1888-1935 – in Livro do Desassossego.

Eu como Bernardo, sou fragmento do meu primeiro eu, que diariamente vem à tona para cumprir muitos papeis que a vida impõe e cobra, mas, aqui nesta pouca solidão com a qual a manhã me privilegia, consigo fechar os meus olhos e desfrutar da tua companhia, me aproprio de ti e te ouço soprar em meu ouvido esquerdo. Meu coração se contrai e expande dentro do meu peito e uma profunda saudade se apodera dele, me levando ao mergulho em um tempo que não vivi – o tempo de te encontrar.
Vamos a Livraria Lelo & Irmão, sentamo-nos a tua mesa preferida para tomar café, comer bolinhos e pensar no Mar Português – “Ó mar salgado, quanto do teu sal / são lágrimas de Portugal!” / Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.”
Meu pensamento associa-se a fumaça da xícara fumegante, tomadas em dimensões de tempo e espaço tão distintas e, Maria José fecha os olhos para vida com a certeza do seu amor, porque ele foi tudo que fez valer a sua insólita passagem por este mundo; Bernardo olha e se vê em ti, a mesma imagem, mas o seu reflexo no espelho tem um olhar arguto, mais crítico e menos emocional. E é assim, cada um é o que é mesmo sendo somente a derivação de uma só “Pessoa”.
E eu te escrevo esta carta, esperando que nossa conexão de espírito não seja apenas um delírio matinal de quem ainda não acordou direito e, como tu mesmo disseste, - “ Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir.”. Mas o que escrevo-te neste momento, é para agradecer-te.
Obrigado Fernando. O que seria de mim se você não tivesse existido?
Obrigado Pessoa pelo café compartilhado aqui, na minha mesa da cozinha.

Rosamares da Maia.

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Doze Passos e uma Possibilidade de ser Feliz

Hoje bastou uma brisa fresca da manhã para me lembrar de ser feliz. É, um vento menino que refrigerou o corpo e a alma, enquanto eu fazia a tarefa simples e doméstica de lavar o quintal e molhar Umas poucas plantas urbanas e o meu toque rural de cajueiro. Certamente, como eu naquele momento, elas celebraram a água e o vento.
Fiquei pensando que as pessoas deveriam ter uma estrada com os doze passos da felicidade, para construir ao longo da vida. Claro que estas não seriam regras engessadas, afinal de contas somos todos diferentes e as semelhanças do Ser Humano param nesta redundante condição – o gênero humanidade. No mais, “O que seria do roxo se todos gostassem do amarelo?”.
Porém, delimitadas as razões das semelhanças e diferenças, acho que umas regrinhas para a busca da felicidade são básicas, como um pilar de sustentação das variedades e sutilezas de cada um, como por exemplo:
- 1 – Simplicidade: Aquela que nos faz curtir a brisa da manhã, como um presente que alivia o calor e acalma a alma, sem contestar as suas razões. Se haverá mais calor ou se ela trará chuva é pura e desnecessária especulação de quem não soube apreciar o benefício.
- 2 – Gratidão: Ser capaz de agradecer a Deus ou a força maior que você acredite que exista pela vida, mesmo diante de condições adversas. Saber que você é uma semente que desabrochou , anda, respira e pensa é magia Superior. E se você pensar nas outras sementes que germinam, lembre-se de elas ficam presas sob a terra, a menos que alguém as mova de lugar. Ainda assim, elas são gratas ao sol, a água e ao vento, benefícios do Criador.
- 3 – Competência Construtiva: Entender que você não está neste Mundo a passeio e tomar ciência do conjunto indispensável formado entre o Homem e a vida. As ferramentas com a qual Deus o dotou, – Mente e Mãos – são as primeiras realizadoras de obras, desde os mais primitivos tempos.
Você poderá perfeitamente me questionar, dizendo que a mente que cria pode alimentar a mão que destrói. A mão pode da maneira mais sórdida e cruel realizar as elucubrações da mente. Por certo que sim! Mas lembre-se que neste exato momento estou construindo os doze passos da felicidade e “o que seria do azul se todos gostassem do rosa?” – As divergências tá lembrado?
- 4 – Competência de Exercitar os Sonhos: Por que não apenas capacidade para sonhar? Porque apenas sonhar é tarefa dos simplórios, muito diferente do que é simples. Por exemplo: Eu sonho com o mar, o que não significa nadar ou navegar, jamais saberá como é toque da água quem não se dispuser a entrar nela, jamais sentirá a força do vento sobre as velas quem não colocar o barco na água e depois, o dourado do sol sobre a pele será um troféu a mais no conjunto. Lembre-se você é a semente que germinou e andou para realizar.
- 5 – Ser Destemido: A coragem também é a mola impulsionando a felicidade, ela nos incentiva a realizar e a coragem associada à simplicidade na construção dos sonhos já é uma grande conquista. A boa coragem dissipa as dúvidas atávicas da existência.
Boa coragem? Como é isto? Toda coragem não é boa? Não necessariamente! Como disse o filósofo, “Sei que nada sei”. É preciso ter coragem para viver e descobrir o que não se sabe, antes de empreender uma ação que pode ser desastrosa. Caminho para a infelicidade própria ou dos outros. A boa coragem nos leva ao caminho do aprendizado, depois o das escolhas e aí o das realizações. Boa coragem é saber que se pode até sangrar os pés nas pedras do caminho mais difícil, isto se não houver outra forma, mas, lá no horizonte haverá um balsamo perpétuo.
- 6 – Claridade e Leveza: Existe muito peso e escuridão por aí na história dos contraditórios, mas, este submundo que subjuga milhares de almas é insuportável, denso e frio. Olhar para o alto através das nuvens negras e ver o sol e/ou as estrelas, encher os pulmões de ar fresco quando o em condições de ar rarefeito é algo fantástico. Estas obviamente são imagens figuradas do dia a dia, dos problemas que enfrentamos e são ao mesmo tempo, chaves para soluções.
Deixa-me contar uma historinha breve: Tenho uma prima que é muito engraçada, apesar de viver uma vida de oportunidades e escolhas sofridas. Ela sempre nos faz rir, principalmente quando nos conta as suas noites de pesadelos. Ela é extremamente medrosa, mas, pelo menos para nós, ela não consegue colocar peso nestes medos. Você pode até achar que isto é uma maldade mossa, mas não é. Ela consegue tornar a própria tragédia em uma comédia. Tudo nos seus pesadelos vira uma grande trapalhada e, no auge do seu desespero, no clímax do pesadelo, surge em seu quarto uma porta. Por esta porta ela escapa, rola na grama verde sob um céu claro e azul. Em sua alma existem claridade e leveza suficientes para permitir que ela paire sobre o seu desespero com uma solução muito simples – a porta.
Na grande maioria das vezes para solucionarmos um problema, precisamos nos distanciar dele criando um novo olhar onde o desespero seja descartado para deixar fluir a inteligência. A criatividade nos permite a invenção de um viver que contorne o problema. Isto não é covardia, mas sobrevivência com bom humor, indispensável para que a nossa alma possa transcender o “lado negro da força”.
Acredito nestes seis conceitos como princípios básicos e comuns a todas as pessoas que pensem em trilhar a estrada da felicidade. Não como a estrada de tijolos dourados nos levará ao mundo de OZ. Não! Você constrói a sua estrada a cada passo, todos os dias e enquanto constrói é feliz até o final do caminho. Sacou? Então nada de Arco Iris e Pote de Ouro. É só a construção ao longo do caminho e o seu legado.
Você deve estar se perguntando: A maluca falou em doze passos, não falou? Vai ficar somente em seis?
Calma! Muita calma nesta história. Eu também falei em passos básicos, que na minha concepção devem ser comuns a todas as pessoas. No mais, fica a gosto do freguês, como um quebra cabeças. Você precisa descobrir os outros seis. É a sua primeira meta – a construção da sua chave. Marca pessoal, intransferível e diferenciada.
As minhas? Que tal: - 7 – Fidelidade aos ideais (traçar uma linha de princípios e trilhar sobre ela) ; - 8 – Competência para exercer o perdão; - 9 – Competência para reconhecer os erros e retroceder; - 10 – Competência para amar plenamente a si e ao outros; - 11- Competência para esquecer as mágoas e aprender com as dores, para seguir em frente; - 12 – Competência para entender que o Mundo acontece independente de você, mas que ele espera o melhor de você.
No mais, é vida, só vida que segue em frente.

Rosamares da Maia – Abril de 2017.

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Dose Passos e uma Possibilidade de ser Feliz

Hoje me bastou uma brisa fresca da manhã para me lembrar de ser feliz. É, um vento menino que refrigerou o corpo e a alma, enquanto eu fazia a tarefa simples e doméstica de lavar o quintal e molhar Umas poucas plantas urbanas e o meu toque rural de cajueiro. Certamente, como eu naquele momento, elas celebraram a água e o vento.
Fiquei pensando que as pessoas deveriam ter uma estrada com os doze passos da felicidade, para construir ao longo da vida. Claro que estas não seriam regras engessadas, afinal de contas somos todos diferentes e as semelhanças do Ser Humano param nesta redundante condição – o gênero humanidade. No mais, “O que seria do roxo se todos gostassem do amarelo?”.
Porém, delimitadas as razões das semelhanças e diferenças, acho que umas regrinhas para a busca da felicidade são básicas, como um pilar de sustentação das variedades e sutilezas de cada um, como por exemplo:
- 1 – Simplicidade: Aquela que nos faz curtir a brisa da manhã, como um presente que alivia o calor e acalma a alma, sem contestar as suas razões. Se haverá mais calor ou se ela trará chuva é pura e desnecessária especulação de quem não soube apreciar o benefício.
- 2 – Gratidão: Ser capaz de agradecer a Deus ou a força maior que você acredite que exista pela vida, mesmo diante de condições adversas. Saber que você é uma semente que desabrochou , anda, respira e pensa é magia Superior. E se você pensar nas outras sementes que germinam, lembre-se de elas ficam presas sob a terra, a menos que alguém as mova de lugar. Ainda assim, elas são gratas ao sol, a água e ao vento, benefícios do Criador.
- 3 – Competência Construtiva: Entender que você não está neste Mundo a passeio e tomar ciência do conjunto indispensável formado entre o Homem e a vida. As ferramentas com a qual Deus o dotou, – Mente e Mãos – são as primeiras realizadoras de obras, desde os mais primitivos tempos.
Você poderá perfeitamente me questionar, dizendo que a mente que cria pode alimentar a mão que destrói. A mão pode da maneira mais sórdida e cruel realizar as elucubrações da mente. Por certo que sim! Mas lembre-se que neste exato momento estou construindo os doze passos da felicidade e “o que seria do azul se todos gostassem do rosa?” – As divergências tá lembrado?
- 4 – Competência de Exercitar os Sonhos: Por que não apenas capacidade para sonhar? Porque apenas sonhar é tarefa dos simplórios, muito diferente do que é simples. Por exemplo: Eu sonho com o mar, o que não significa nadar ou navegar, jamais saberá como é toque da água quem não se dispuser a entrar nela, jamais sentirá a força do vento sobre as velas quem não colocar o barco na água e depois, o dourado do sol sobre a pele será um troféu a mais no conjunto. Lembre-se você é a semente que germinou e andou para realizar.
- 5 – Ser Destemido: A coragem também é a mola impulsionando a felicidade, ela nos incentiva a realizar e a coragem associada à simplicidade na construção dos sonhos já é uma grande conquista. A boa coragem dissipa as dúvidas atávicas da existência.
Boa coragem? Como é isto? Toda coragem não é boa? Não necessariamente! Como disse o filósofo Sócrates, “Sei que nada sei”. É preciso ter coragem para viver e descobrir o que não se sabe, antes de empreender uma ação que pode ser desastrosa. Caminho para a infelicidade própria ou dos outros. A boa coragem nos leva ao caminho do aprendizado, depois o das escolhas e aí o das realizações. Boa coragem é saber que se pode até sangrar os pés nas pedras do caminho mais difícil, isto se não houver outra forma, mas, lá no horizonte haverá um balsamo perpétuo.
- 6 – Claridade e Leveza: Existe muito peso e escuridão por aí na história dos contraditórios, mas, este submundo que subjuga milhares de almas é insuportável, denso e frio. Olhar para o alto através das nuvens negras e ver o sol e/ou as estrelas, encher os pulmões de ar fresco quando o em condições de ar rarefeito é algo fantástico. Estas obviamente são imagens figuradas do dia a dia, dos problemas que enfrentamos e são ao mesmo tempo, chaves para soluções.
Deixa-me contar uma historinha breve: Tenho uma prima que é muito engraçada, apesar de viver uma vida de oportunidades e escolhas sofridas. Ela sempre nos faz rir, principalmente quando nos conta as suas noites de pesadelos. Ela é extremamente medrosa, mas, pelo menos para nós, ela não consegue colocar peso nestes medos. Você pode até achar que isto é uma maldade mossa, mas não é. Ela consegue tornar a própria tragédia em uma comédia. Tudo nos seus pesadelos vira uma grande trapalhada e, no auge do seu desespero, no clímax do pesadelo, surge em seu quarto uma porta. Por esta porta ela escapa, rola na grama verde sob um céu claro e azul. Em sua alma existem claridade e leveza suficientes para permitir que ela paire sobre o seu desespero com uma solução muito simples – a porta.
Na grande maioria das vezes para solucionarmos um problema, precisamos nos distanciar dele criando um novo olhar onde o desespero seja descartado para deixar fluir a inteligência. A criatividade nos permite a invenção de um viver que contorne o problema. Isto não é covardia, mas sobrevivência com bom humor, indispensável para que a nossa alma possa transcender o “lado negro da força”.
Acredito nestes seis conceitos como princípios básicos e comuns a todas as pessoas que pensem em trilhar a estrada da felicidade. Não como a estrada de tijolos dourados nos levará ao mundo de OZ. Não! Você constrói a sua estrada a cada passo, todos os dias e enquanto constrói é feliz até o final do caminho. Sacou? Então nada de Arco Iris e Pote de Ouro. É só a construção ao longo do caminho e o seu legado.
Você deve estar se perguntando: A maluca falou em doze passos, não falou? Vai ficar somente em seis?
Calma! Muita calma nesta história. Eu também falei em passos básicos, que na minha concepção devem ser comuns a todas as pessoas. No mais, fica a gosto do freguês, como um quebra cabeças. Você precisa descobrir os outros seis. É a sua primeira meta – a construção da sua chave. Marca pessoal, intransferível e diferenciada.
As minhas? Que tal: - 7 – Fidelidade aos ideais (traçar uma linha de princípios e trilhar sobre ela) ; - 8 – Competência para exercer o perdão; - 9 – Competência para reconhecer os erros e retroceder; - 10 – Competência para amar plenamente a si e ao outros; - 11- Competência para esquecer as mágoas e aprender com as dores, para seguir em frente; - 12 – Competência para entender que o Mundo acontece independente de você, mas que ele espera o melhor de você.
No mais, é vida, só vida que segue em frente.

Rosamares da Maia – Abril de 2017.

Foto de La viruta

Valquíria, mensageira de Odin,

Valquíria, mensageira de Odin,
Cuja missão é a de escolher os heróis,
que morreriam na batalha,
conduzindo-os depois ao Valhala.
Quanta felicidade ter sido escolhido,
por esta guerreira mensageira, não para morrer,
mas para viver ao teu lado.

Mensageira que encanta, sendo naturalmente uma feiticeira,
Cujo feitiço voluntariamente me entrego,
De tal forma que não é preciso procurar em minha memoria,
os teus olhos,
Mesmo que eu esteja à deriva,
Que seja noite ou de dia,
Eles estão acolhidos nos recantos de minha alma,
E com teus olhos minha alma respira,
Pelos mais formosos olhos,
Que iluminam o mais formoso rosto.

Quando distante estou , como hoje estou,!
Olho dentro de minha alma!
E vejo teus olhos,
Teus olhos que são a idealização do amor,
Cheios de brilho ao me fitar,
Para queimar minha alma,
De tanto amor desejar,
E que fogo teus olhos me ateou,
Fadado destino, de mirar e ser mirado,
Estes olhos, suaves e tão cheios de poder,
Que fatal poder!
Não há como resistir, desde o momento em que te vi,
Queimar toda a minha alma senti,
Nada restou de gelado para ti,
Somente o calor do sentimento iluminado por ti,
Teus olhos, minha vida,
Dos teu olhos nasci........
Para o amor de ti.

Em toda a Natureza, não vejo olhos como em ti,
Divinos em perfeita harmonia,
Mimo da minha alma,
Deixo em teus olhos,
Meu bem querer,
Teus olhos descreve o amor,
Me ensina a amar,
Amar havia desaprendido,
Caso algum dia realmente soubesse o que é amar,
Em teus olhos navego,
Como a brisa em alto mar,
Sem receio de afundar,
Sem receio de na tristeza algum dia me afogar,
Com teus olhos aprendi a dar e receber,
Desejo, alegria, amor sem qualquer preocupação,
Nos teus olhos quero me perder,
Tamanho prazer e satisfação,
Teus olhos suaves tornam suaves meus dias,
Teus olhos me miram,
Meus olhos sonham,
Teus olhos em silencio falam,
O amor desprendido de dentro de sua alma,
Como tempestade sem vento,
Tempestade de amor que acalma,
Furacão de beleza com toda sua graça,
Olhar que emana ondas de paixão,
Que embriagam o próprio mar,
Quais aguas dormentes do mar não poderiam adorar,
O leve verde na cor de teu olhar,
Como esmeralda ficam a cintilar,
A pureza dos olhos, desta menina-moça-mulher,
Valorosa e notável, Valquíria
Que com este raio de olhar,
Não há como não amar,
E sentir-se impotente, tamanha pulsação,
E absoluta melodia que atraem.

Quando teus olhos se abrem na manhã,
Tranquilos e serenos e fica a me fitar,
Infinitos caminhos desejo contigo trilhar,
Que encanto magnifico de uma beleza sem fim a desejar,
Que inocência deliciosa fico a fitar,
Com os lábios trêmulos de emoção,
Sinto os teus olhos me tocar,
Sinto teus olhos me falar,
Sinto teus olhos o meu amor com olhos te falar,
Sinto a divindade em ti brotar,
Sinto pelos teus olhos uma vida desejar,
Sinto em teus olhos a virtude de amar.
Não há mais manhã sem a alegria teu olhar,
Que ao me fitar, sinto cânticos místicos a me acariciar,
Deleite de minha alma,
Caricia do meu ser,
Inesquecível olhar, melodia celestial.

Foto de Poetando

Sonhei contigo

Esta noite sonhei contigo amor
Mas não foi um sonho qualquer
Sonhei que eu era o teu marido
E tu que eras a minha mulher
Andávamos na praia a passear
Fazendo no areal caminhada
Eu muito abraçadinho a ti
Tu a mim muito apertada
Como estávamos tão felizes
Sentamos à beira do mar
Os nossos pés dentro de água
E eu a ti o rosto a molhar
Tanto a gente caminhou
Ao longo de todo o areal
Eu muito abraçadinho a ti
Estava contigo em real
Sonhei contigo meu amor
Um sonho que foi maravilhoso
Não queria acordar mais dele
Queria continuar a ser teu esposo
Tanto que nós passeamos
A tua mão na minha apertada
Como estamos tão felizes
Fazendo a nossa caminhada
Esta noite sonhei contigo amor
Não queria ter deste acordado
Como amava que ao acordar
Fosse mesmo contigo casado
Sonhei contigo meu amor
Não foi um sonho qualquer
Foi um sonho maravilhoso
Éramos os dois marido e mulher

De: António Candeias

Foto de Poetando

Vida

A vida pode ser muito linda
Basta nós a querermos fazer
Não sendo um mar de rosas
Temos que saber com ela viver
A vida tem coisas ruins também boas
Para nos alegrar ou entristecer
Mas saibamos juntar tudo
Com alegria iremos viver
A vida não é um mar de rosas
Temos que contudo viver
Seja com o mau ou o bom
Com ela vivemos até morrer
Para que andarmos em guerras
Quando a vida são dois dias
Devemos alegrar nos todos
Espalhar pelo mundo só alegrias
Se conseguirmos estar sempre alegres
E a todos os outros levar alegria
O mundo ficará muito melhor
Mais saudável e em harmonia
A vida pode ser muito linda
Assim cada um faça a sua parte
Vivendo sempre com alegria
Levando-a para toda a parte
De: António Candeias

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