Movimento

Foto de Raiblue

Obsessão

.

Nunca imaginei que um desconhecido
Pudesse me causar tanta excitação
Mas ele me fazia tremer
E inundar...
Até derreter a noite
No fogo da imaginação...
Na escuridão, seu rosto se revelava
Fotografia abstrata que ia ganhando cor
À medida que a noite se tornava mais profunda!
Madrugada...
E seu corpo ganhava formas
Que eu seria capaz de desenhá-lo
Traçando cada contorno...cada sinal...
Por onde eu deslizava, livre e nua...
Em cada movimento dos astros
Nós dois flutuávamos
Absorvidos pelo instante mágico
Que fazia em nós a eternidade...
Acorrentados pelo mesmo anseio...
Sabia quando ele estava me tocando
Ele sentia que eu me deixava conduzir...
E foram tantas noites assim
Que quando eu me afastava, ele sentia
Se ele se movesse, eu sabia...
Até mesmo o mais leve fechar de olhos
Eu pressentia...
Pois eu já não me pertencia mais
Estava nele, e ele em mim...
Foram os instantes de delírios
Mais reais que eu já vivi
Até chegar no limiar da loucura
Acabando de vez com essa tortura
E a fantasia se desfez
Por um breve instante de lucidez...

(Raiblue)

P.S:Na verdade,adaptei uma prosa poética, criada já faz tempo, para poesia...cortei algumas partes...fui sintetizando...para que pudesse surgir o poema.

Foto de Maria Goreti

ABRE ALAS, PAPAI NOEL, QUE EU QUERO PASSAR... COM A MINHA DOR!

É Natal!

Homens vestem suas fantasias.
Papai Noel, José, Maria, o Menino, anjos e reis...
Estão nos shoppings, parques, praças, templos...
Casas e ruas são enfeitadas com muitas luzes e cores.
Comércio em polvorosa! Pessoas se atropelam nas ruas e avenidas em busca de presentes...
Abraços, beijos, mensagens de otimismo...
Em algumas casas roupas novas, mesas fartas... Em outras, tudo a faltar:
o pão, o brinquedo, a roupa e o Papai Noel que jamais chegará...
Brota o espírito de solidariedade... Mas muita gente anda a criticar!

É Carnaval!

Comissão de frente, bateria, carros alegóricos e seus destaques,
mestres-salas e portas-bandeiras, passistas, baianas... Luxuosas fantasias!
O rufar dos tambores a misturar-se ao movimento das cadeiras rebolantes,
dançantes, esfuziantes de homens e mulheres seminus, incandescentes, sensuais, sexuais...
São as escolas de samba a desfilarem nas avenidas.
Os trios elétricos, as burrinhas, os blocos de sujos...
Cheiros que se misturam no ar: de bebida, suor e sangue.
Gritos deslumbrados de alegria, euforia... Medo e dor.
Medo e dor da violência...
Medo e dor de alguém que sofre a perda de um ente querido...
Mas quem se importa com isso?

É Carnaval... A festa da alegria!

Esquecem-se das dores e até dos seus amores e caem na folia.
Buscam encontrar uma paz que nada mais é que fugir das dores do dia-dia.
Um rio de dinheiro gasto em alegorias...
As máscaras são as mesmas.

E é justamente o Natal... A festa da hipocrisia!?

Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 17/02/07

Foto de Osmar Fernandes

Jovens e Velhos

A juventude fica preponderante

a cada dia que passa.

Tudo em torno de um aconchego brilhante

que se firma em cada mente.

Se hoje você é jovem que corre, dança,

pratica esportes e gosta de perigo,

é porque são momentos de sua época,

sua gestão na juventude.

Mas, e o velho?

Sim! Aquele que passou por tudo o que

você passa...

Curtiu sua mocidade, teve glórias, teve graças;

foi às vitórias, enfim.

E, hoje? Hoje é simplesmente um corpo

amadurecido pelo tempo...

Mudou sua face, seu movimento tornou-se

lento, o estafante lhe vem mais súbito.

Mas, nem com isso, você, velho, é esquecido.

Você brilhará eternamente na história...

Sempre terá alguém que nunca o esquecerá.

Não o deixará sozinho um só instante.

Que o vê e o guia em todos os momentos.

Esse ser chama-se Deus.

Porque para Ele, você terá sempre o mesmo valor.

Para Ele, você não é velho.

Velho, meu jovem!

Velho é o carro que já não funciona.

É a bicicleta que já não pedala.

É a máquina que não mais constrói.

Velho! Velho é o jovem viciado em drogas,

que lhe domina o corpo, que lhe fere a alma,

e o torna morto.

Isso sim é ser velho, meu jovem!

Foto de Lou Poulit

LASO, Cia. de Dança Contemporânea

UMA EXPERIÊNCIA LINDA

O bailarino/coreógrafo/ator/professor CARLOS LAERTE, seus intérpretes e assessores, foram uma das mais felizes surpresas da minha vida.

Estava expondo minhas pinturas no Corredor Cultural do Largo da Carioca. Derrepente chegam um mulatinho e uma mulher, ambos lá pelos trinta. Perguntam quanto tempo eu levava para pintar uma daquelas telas (série Bailarinos Elementais). Descrente, respondo que dependia do grau de elaboração, uma hora... um dia... Eles se entreolham e depois o mulatinho pergunta se me interessava por apresentar meu trabalho num espetáculo de dança contemporânea e quanto cobraria. Confesso: além de não acreditar, na hora também não entendi. Nunca soube que espetáculos de dança apresentassem pintores trabalhando ao vivo!

Acertamos cachê, marcamos data e hora. Me pegariam de van em Copacabana, onde tinha ateliê, e estaria embarcando para Campos, cidade aqui do estado conhecida pelas muquecas e peixadas, onde faríamos uma apresentação no dia seguinte. Só acreditei quando a van chegou, trazendo uma penca de bailarinas tímidas e a tal mulher, que parecia saber todas as respostas mas não era a deusa. O deus era o tal mulatinho, bem quetinho no canto dele.

Pois bem, a gente nasce com dois olhos e ainda assim é muito pouco. Íamos fazer um ensaio técnico de véspera e estava prestes a conhecer um trabalho artístico maravilhoso, seríssimo e cativante. Fizemos aquela apresentação no Teatro Municipal de Campos, depois fui novamente convidado e fizemos outras, no Espaço Sérgio Porto, no Centro Coreográfico da Tijuca... A cada dia tinha a impressão de reencontrar uma aura registrada no meu sangue e da qual não me lembrava mais. Explico para que entendam: minha avó paterna, Nair Pereira, fora bailarina no tempo do teatro de revistas. E dessa história só restava, até há pouco tempo, a madrinha de batismo de meu pai, hoje falecida, Henriqueta Brieba. Também pelo lado paterno, meu bisavô que não conheci em vida, Antônio "Paca" Oliveira, fora homem de circo: o maluco (me perdoe o linguajar moderno) foi o primeiro homem-bala do Brasil, num tempo em que se fazia isso para matar a fome. Só podia ser! E sem seguro?! Em troca de meia-dúzia de cobres e o aplauso de meia-dúzia.

Na hora da apresentação ficava pintando no palco e de costas para o balé, mas durante os ensaios aquela gente me impressionava. Assim descobri o talento inequívoco do coreógrafo Carlos Laerte, a sua memória fantástica de um trabalho artístico que usa vários recursos simultaneamente, e ainda tem registrados todos os pequenos erros das últimas apresentações para que não se repitam. Até eu, que estava ali assim, como vira-lata caído do caminhão, também mereci uma crítica para melhorar o desempenho!

Os intérpretes estimulavam a minha adimiração. Carol, Simone, Yara, Bianca e Rodolfo, o espírito da arte habita, com certeza, todos eles. Não se pode compreender aquela gente de outra forma. Repetem infinitas vezes seus movimentos, perseguindo pequenas eficiências. Tornam-se íntimos do cançasso e, não é exagero dizer, da dor física. Controlam o próprio ego para que o coreógrafo corrija a interpretação de outro bailarino, já que precisam estar sincronizados, e isso é uma espécie de ginástica psíquica. Outra deve ser a nacessidade de por temporariamente na gaveta os problemas de casa, filhos, maridos/namorados, para não perder a concentração.

E tudo em troca de cerca de cinqüenta minutos. Esse é o seu tempo. O tempo em que os intérpretes são os senhores do momento, da luz que explode em seus corpos húmidos, da linguagem do movimento, do ritmo do qual nem o cosmo pode prescindir, enfim, da emoção que paira sobre e em todos, profissionais e expectadores, como uma hóstia artística que paira sobre o cálice do sacrifício e da adoração. Nessa hora a arte é a deusa e o espetáculo me parece uma grande comunhão, porque nos faz comuns uns aos outros, porque amamos isso e nos oferecemos para construir e transmitir a emoção. Incrível isso, eles constróem sua arte complexa em muitas horas de dureza. Ao final é como o velho exercício de imagens feitas de areia colorida nos mosteiros do Tibet, como alusão à transitoriedade da vida humana: o mestre passa a mão na imagem pronta, perde o momento, e nos liberta dela para que possamos recomeçar, com o mesmo amor, a reconstrução do nosso próximo momento. Uma pintura minha pode ser feita por dias consecutivos e depois guardar aquela emoção por décadas, talvez um século. Por isso me parece tão menor do que a arte que esse pessoal faz.

O espetáculo "Caminhos" fala exatamente disso: reconstruir sempre. Recomendaria aos expectadores de primeira viagem que se vistam condignamente. Aos homens que não deixem de fazer a barba e se pentear. Às mulheres que não usem saias demasiadamente curtas, pintem-se com sabedoria, cuidem do andar e do falar. Porque talvez estejam indo na direção de um grande e insuspeito amor. Se em minhas palavras houver poesia, não há mentira. No meu caso particular, como no de muitos outros, esse amor atravessou várias gerações".

Foto de Raiblue

Oceânico templo!

.

Sou do mar
Pertenço às profundezas
Das águas salgadas
Sou seu álcool e sua taça
Mergulhe em minha boca
Embriague-se,bebendo-me lentamente...

Em cada gole, há um segredo
Cheio de sabores, temperos
Deguste-me nessa fantasia
Néctar das Ninfas marinhas
Que lhe inundará de vontades
Seja escravo dos meus desejos...

E que, no movimento das línguas,
As ondas nos conduzam para longe
Além do horizonte, por trás das dunas
E nosso amor se derrame da mais densa nuvem
Explosão de orgasmos sobre esse oceano sagrado
Fazendo transbordar meu habitat...

Mar de hormônios, maresia do amor
Na superfície, borbulham nossos gemidos
No fundo, nosso grito mais libertino
Numa noite cheia de lume
Adormeça no meu oceânico templo
Nesse espaço de sussurros e ventos...

Sob o meu inebriante incenso, te guardarei
Nesse cheiro marítimo que trago comigo
Repleto de sais naturais do meu corpo, seu abrigo
Endomorfina necessária aos meus sonhos mais vivos!

(Raiblue)

Foto de Maria Mamede

DEI-TE UM SONHO

Dei-te um sonho
trazido pelo vento
um sonho de amor
em movimento
suave, murmurante
benfazejo
um sonho
onde te vejo
oásis da Paz apetecida
que a areia escaldante
onde perpasso
imprime apenas
um solitário traço
de vontade
na herança prometida...
dei-te um sonho
que é também desejo
de tudo o que sinto
e almejo
na imaculada alvura
das Vestais;
um sonho promissor
dor em partilha
na incontrolável sede
que perfilha
a boca, o beijo
e nada mais!...

Maria Mamede

Foto de Carmen Lúcia

Indescritível...

Vejo o mar...
Mergulho em meu sonhar...
A dança das águas lançadas sobre rochedos
Que sorrateiramente retornam ao mar,
Num vaivém incessante,
Eloqüente, inebriante,
Convida-me a divagar
Onde nunca se atreve
A atingir o meu sonhar...
Movimento cíclico das ondas
Inesperadas, esfuziantes,
Grandes, rasteiras, festeiras,
Quebrando-se em camadas
Brancas, sonoras, espumantes...
O bailado de duas gaivotas
Coroa o cenário...
Vôo ritmado, imaginário e real...
Singrando o céu...Coreografia surreal.
Nuances de azuis, banhos de luz,
Realçam o belo, o que não se traduz...
Como brisa leve, reconfortante e breve...
Apenas sente-se, respira-se, vive-se...
Momento incomparável, indescritível...
A paz inunda meu ser
E me leva a crer
Que o impossível
Pode acontecer...

Foto de ek

Haja Luz

tímido e com medo do mundo
um ser povoado de si mesmo
entre a loucura e a dor
e com os braços cansados
das incessantes braçadas
a sensação de estar afundado
submergindo, se afogando de universo
caindo, sem nunca tocar o chão
triste, cansado e com medo
uma superpopulação interior
sem espaço para mim
.........................................................................

imagine,
ter a eternidade por passado, futuro e presente
estar só no nada,
e ser tudo o que existe.
milhões de séculos,
ter e ser todo o conhecimento,
trilhões de idéias,
e ninguém pra te ouvir.
o poder de fazer e desfazer,
domínio sobre tudo,
mas tudo que há é você.
então você cria uma grande massa,
modela, amassa, brinca e perde a graça
arremessa longe,
mas não há nada além de você
e a massa, que atinge velocidades inimagináveis
se divide, se inflama
centenas de centelhas na perfeita escuridão
e tudo começa a girar
e nada faz sentido
é belo, é diferente
depois de zilhões de anos
é bom ver algo em movimento
- para saber que ainda existe movimento -
e o tempo passa,
mas você não sabe
não existe tempo, só existe você
e a massa em movimento
que se multiplica e se dispersa.
.........................................juro que não entendo, talvez seja melhor nem tentar,

a musica das esferas
a matemática perfeita do universo
e em meio a tudo isto o homem...

-----------------------------------------------------------

fome, guerra, medo, dor

-----------------------------------------------------------

ser humano
estar humano

-----------------------------------------------------------

minha vida. meu aplauso
de mim e para mim
que sou o perfeito eu

povoado de mim mesmo
----tem até sem teto-----

C H E G A

no fundo
a alma quer calma
o corpo um abraço
e o coração um descanso.
e também tenho eu
que não quero nada.

29-11-04

Foto de ek

Quando o Mundo Chorou

No dia em que o mundo resolveu chorar,
nada parou,
porém todos sabiam que já não havia movimento.
No dia em que o mundo resolveu chorar,
as almas sucumbiram a um estado imóvel de dor,
e embora sem gritos era ensurdecedor o vácuo da angustia.
No dia em que o mundo resolveu chorar,
o que havia no peito,
não se derramou em lágrimas,
e nem em palavras,
e já não eram sentimentos.
No dia em que o meu mundo resolveu chorar,
a alma de meus pensamentos se calou,
e tudo que pude fazer
foi contemplar tão sublime dor
de um coração que não sabia chorar
nem para por para fora a falta que lhe fazia
aquilo que já não lhe pertence mais.

....................................ao meu avo materno Moacir
Evandro Kunha

Foto de Sonia Delsin

CATIVA DO VENTO

CATIVA DO VENTO

Furo o infinito.
Com meu grito.
Sou riso e pranto.
Choro e canto.
Cativa do vento?
Durmo ao relento.
Aprendi a driblar a dor, o sofrimento.
Sou remanso.
Movimento.
Cativa do vento?
Movimento...
Pensamento.
Danço a dança do ventre para o meu sultão.
Aperto o medalhão de encontro ao coração.
O mundo está aqui.
Na palma de minha mão.

Páginas

Subscrever Movimento

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma