Mundo

Foto de Allan Dayvidson

DEMAIS

Quero ser abundante,
À beira do inesgotável;
Quero viver ofegante,
Mas sempre incansável;
Quero ser corajoso
E correr riscos de verdade;
Ser uma razão para encarar esse tráfego;
Quero ser tudo nessa cidade.

Quero que tentem me segurar com as duas mãos,
Mas nunca realmente consigam;
Quero ver olhos famintos por me conhecer;
Quero mesmo que digam...

...que eu sou um pedaço do horizonte,
Parte de um esquema maior,
Uma carta na manga da sorte,
Que sou quase o bastante,
Que sou a água que afoga meus olhos
E sou dono de minha própria fonte.

Sempre e sempre
Mais e mais

Quero ser imprevisível,
Impressionar o impossível,
Derrotar o improvável
E me tornar inevitável;
Quero chorar um oceano
E inundar um mundo inteiro com novos planos;
Quero ser exagero e desespero;
Quero meu coração sendo lançado para fora do peito!

Por que ainda me oferece tão pouco?
Quero valer seu grito rouco,
Eu sei que você consegue!
Prossiga!
Por favor, diga!

Que eu sou um pedaço do horizonte,
Parte de um plano maior,
Um legítimo golpe de sorte,
Diga que sou o bastante.
Diga que sou água em seus olhos
E que é amor, o que jorra desta fonte.

Sempre e sempre
Querendo sempre demais.
Sempre mais.

Foto de JORMAR

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

(Carlos Drummond de Andrade)

Foto de Marilene Anacleto

Quem És?

*
*
*
*
O que está atrás da porta?
Um monstro, um deus,
Ou uma coisa morta?
Uma bola de carne
Com dois olhos,
Sem luz, sem brilho,
Sem entusiasmo,
Jogado feito um molho,
Sacudido apenas
Pelas coisas da razão?

Ah! A emoção!
Onde está a emoção?
A vontade de viver,
Capacidade de perceber
As maravilhas do mundo?
Tudo na vida é um vento
A vida é só um segundo.
E não há tempo a perder.
Aproveite tudo, amado,
Para não te arrepender.

Estou atrás da tua porta
Mas não vou esperar muito
Tenho tanto que fazer
Mas quero partilhar tudo
Aquele bando de pássaros,
O cordão de gaivotas,
A minha casa dos sonhos
Naqueles beirais da praia.
E, quando a noite silencia,
Viver o conto de fadas.

Mas, creio que não te conheço
Para tanto partilhar
Preferes viver com números
Não posso te decifrar.
Quem és tu?

Marilene Anacleto

Foto de odias pereira

" VOU DOAR UM ORGÃO PRA VOCÊ "

Já consultei o meu coração,
Não deixarei você mais esperar.
Você vai receber de mim um orgão, a adoção,
A sua vida eu vou salvar.
Eu sofro tambem junto com você,
Ao te ver lutando com essa doença.
Agora você vai receber,
Um orgão a adoção a crença.
Eu já fiz todos os exames,
Pra comparar a compatibilidade.
Ore a Deus e clame,
pois esta chegando ao fim essa doença, e terás felicidade.
O amor que eu tenho por você,
É mais forte que qualquer mal do mundo.
Dou de mim qualquer orgão, para não te ver morrer,
Pois o meu amor é muito forte, é mais que profundo.
Quero te ver sarar,
Tu voltarás a sorrir.
Quero denovo te ver cantar,
E a felicidade aderir.
Tenha muita fé , e lute por sua vida,
Aqui nós estamos orando e torcendo.
Por você minha querida,
Esse mal que te atordoa, nós vamos acabar vencendo...

São José dos Campos SP
Autor Odias Pereira
29/04/2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Super Humano

Abre-se o gibi. A primeira página está colorida por tons fantásticos, criaturas flamejantes saltavam aos olhos sem sair do papel. Um herói, na sua superioridade, resguardava seus poderes das identificações em um segredo. Voava feito pássaro ou avião, era forte como uma manada inteira, via o que só as máquinas perfeitas tinham alcance.

Nos mais recentes dias da sua jornada, lutando contra os piores tipos de adversários maléficos, rasgando os céus da metrópole recebendo aplausos da população em peso, o herói de ritmo automático persistia em manter a justiça na cidade que amava. Não havia tempo hábil sequer para pensar. A velocidade lhe empurrava ao próximo desafio.

Mal reparava no que rodeava sua existência magnífica. Os pais de família se apertando nas conduções, as mães solteiras entregando panfletos nos faróis, os avós vigiando os netos. Não havia reparado que na prática a importância de uma pessoa não se determina pelo seu cargo, mas pela sua dedicação. A embriaguez de seus poderes o induziria à tragédia.

Desta vez, o que se abria era a primeira página do jornal da trama. Os cidadãos se apinhavam para ler as fofocas do incrível astro. Incompleto nas conquistas afundava no existencialismo frívolo e no doce dos ópios. Sua cabeça não suportava mais a consciência, pesada pelas derrotas nas quais falhava. Seu ideal era a perfeição.

Mas, a mais humilde das pessoas lhe ensinaria a lição mais valiosa. Era um chefe de família. Ele, que sempre observara com certo desdém quem estava nessa posição, que parecia não aproveitar o que a vida tem de bom, viu em um ato de heroísmo que só um pai faria o sentido que faltava ao seu preciosismo, sua coragem inabalável.

O heroísmo aqui citado chama-se sacrifício. É o ato de levantar-se cedo, trabalhar, ser honesto em um mundo repleto de trapaça, continuar humano, aliás, nunca deixar de ser humano, e do mesmo jeito ter ações extraordinárias. Sacrifício de ser de verdade em um mundo de mentiras. O herói, humano na sua essência, era humano também no seu heroísmo.

Enfim, a superioridade dos poderes deu lugar à simplicidade dos afazeres, e o herói finalmente decidiu sê-lo na realidade. O herói, agora um também um patriarca, sabia que a felicidade é como uma plantação, que se semeia na menor dos grãos e se colhe na maior das árvores. Esse foi o seu alimento, a fé dos que acreditam que o bem resolve os problemas.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Friday

Contarei agora a história de uma garota que chamaremos de Frida. O interessante da vida dessa moça é que ela nunca havia feito nada de errado na vida. Ainda. Ela era uma menina de classe média, tinha uma beleza mediana, e estava no caminho do ensino médio. Frida era o resultado do trabalho de séculos no novo continente.

Acontece que esse trabalho não era seu. O sofrimento contido de seus pares e parentes não era mencionado por uma questão de evitarem-se constrangimentos. Para que a nova terra alcançasse o esplendor atual dos dias de céu aberto, muito sangue havia sido derramado, muito suor havia caído, muitas vidas haviam sido ganhas e perdidas.

Em um mundo de labuta e sacrifício, por vezes a felicidade ofende. Sim, incomoda, pois as respostas das questões mais mundanas como nosso estado, nossos Estados, razões de existires não foram solucionadas. Aquele que tem conforto, grau de segurança, bonança nas horas, é alvo da inveja e da cobiça alheia, mesmo que indiferente ao outro lado.

Justamente é esse o problema. A indiferença. As pessoas não aceitam ser ignoradas. Pode ser por inconsciência, ou inconseqüência, mas o triunfo solitário ainda mais de um imberbe jovem causa traz à tona os sentimentos sórdidos dos inconformados. Voam as farpas. Os conquistadores sentem as velhas vergonhas dos seus méritos enfim questionados.

Frida queria ser artista. Não lhe bastava mais a felicidade do seu país natal, tinha de mostrar o tanto ao planeta. Nos palcos da virtualidade foi sua glorificação, onde teve seu êxito, e tampouco aguardava tamanho retorno. Porém, sua vitória teve resposta rápida. Os ânimos exaltados dos humanos comuns lhe repudiaram. Mas, qual seu engano? O seu ingênuo sucesso fazia tanto mal assim aos que discordavam da sua obra?

Não. O problema é outro. É o dilema da sobrevivência forçada. Sua inatingível felicidade oprime, frente às reprimendas dos pequenos ditadores assassinos, dos terremotos implacáveis, das infindáveis plantações e usinas isoladas nos desertos rurais, os campos de concentração das cidades e seus carros lentos, escritórios abarrotados, mendicâncias melancólicas.

A menina não estava cometendo nenhum pecado, e nem aqueles que acreditavam nessa hipótese. Do mesmo modo, ambos os pontos de vista não refletiam toda a complexidade da situação. Não é só uma briga pelo gosto musical, ou pela suposta ideologia política de um ou outro. É a disputa diária pela vida, refletida na expressão das opiniões, revelando a importância de uma palavra banalizada pelos egoístas, a antiga musa dos ancestrais, que perseveraram para os que os de hoje mantenham seu caminho, a mãe chamada pelo nome, eterna e doce, a liberdade.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Crítico, o Cínico, e o Cristão

Três sinos badalam a meia-noite.

Cantam três galos.

O primeiro é o crítico.

O crítico se posta ereto ao pé da serra, pois acha melhor observar a paisagem de cima. Ele cisca para sair toda a areia dos seus pés, sem perceber que levanta o pó na altura do pescoço quando bate suas pequenas patas. O crítico vê as coisas de fora, nunca se envolve com a situação, deixando as raposas roubarem os ovos enquanto suas fêmeas lutam desesperadas. O crítico, apesar de rude, se finge de manso.

O segundo é o cínico.

O cínico entrega seus colegas por trinta moedas de milho. O cínico é o que canta mais alto, pois é o que mais tenta esconder que é brigador, ao invés do frango que oculta debaixo de suas penas. O cínico sequer reconhece quem é, demonstrando felicidade no lugar de tristeza, certeza no lugar de dúvida, consternação no lugar de indignação. O cínico, por sua natureza, mente naquilo que bem acredita.

O terceiro é o cristão.

O cristão canta com amor, pois sabe que pode morrer no final do dia. O cristão carrega a responsabilidade de manter seus filhotes protegidos, seu ninho organizado, sua paz equilibrada. O cristão sabe que não pode expor à si e a sua prole ao desígnios da sorte. Sabe que deve construir uma união entre seus pares para aumentar suas chances de sobrevivência. O cristão, como galo ou como homem, deve zelar pela vida que tem.

Por mais que as parábolas mostrem o caminho que temos a seguir, precisamos ter inteligência suficiente para diferenciar o que é essencial do que é superficial. Por isso, devemos amar uns aos outros. Só dessa forma há a possibilidade do mundo permanecer vivo, apenas mantendo a porta aberta, apenas criando ao invés de matar. Assim se mantém a fé além da existência de um Deus normativo.

Foto de Diario de uma bruxa

O mundo corre perigo

Sorridente abriu o céu
Para o sol aparecer
Um novo dia amanhece
Com pássaros cantando
Beija-flores voando
Disputando com as borboletas
As flores do jardim

As arvores robustas
Com suas flores, folhas e frutos
Dá beleza a paisagem
Mais linda
Que se possa ver

A natureza nos dá
Tudo que precisamos
Nos que somos egoístas
Queremos muito mais
E tudo dela tiramos.

Acabamos com as arvores
E com os frutos
A atmosfera poluída
Fica desprotegida

E o sol que era pra ser belo
Acaba sendo o vilão
Destruindo tudo na terra
Por culpa do humano
Que não deu valor.

Hoje o céu se abre
Triste desprotegido
O sol ardente queima
O mundo corre perigo.

Poema as Bruxas

Foto de n1k3

Amor!

Eu amo-te...

E vou amar-te sempre durante toda minha eternidade...
Eu amo os teus gestos,
Eu amo o teu sorriso,
Eu amo a tua voz,
Eu amarei sempre o que tu és meu amor!
Sim, eu vou amar-te sempre em tudo bebe...

Amar-te nas horas de tristeza,
pois tua lembrança só me trás alegrias...
Amar-te quando a alegria chegar,
pois amor e alegria é a própria felicidade
e sou feliz por amar-te meu doce;)...

Mesmo que a luz do mundo se acabe,
Irei amar-te sempre e para sempre.
E nem a vontade de Deus,
será capaz de tirar-me todo esse amor
que eu sinto por ti bebé...

Foto de Carmen Lúcia

Voando através da emoção

Que me permita a emoção
levar-me onde impede a razão...
onde os sonhos habitam
e cirandam com a ilusão,
onde as rimas se abrigam
nas asas da imensidão
semeando versos,
preenchendo coração
que vazio de alegria
trafega em desarmonia
desatento à luz do dia,
ao que nos oferecem as manhãs.

Que me permita a emoção
tirar os pés do chão...
transcender-me ao encantamento,
perpetuar cada momento
em que a poesia me der a mão
ao alcançar os sonhos,
os mais ricos e risonhos,
e ao abraçá-los, me darem abrigo,
fazê-los caminhar comigo
pra juntos dissiparmos o mal(u),
quando a razão
apontar o mundo real.

Carmen Lúcia

Páginas

Subscrever Mundo

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma