Lareira da noite
Noite de luar no quarto,
Crepúsculo a lusco-fusco,
Faúlhas faíscam em dardo,
O amor desliza em musgo.
Centelhas quentes de lareira,
Gotas de suor incandescentes,
Sombras de corpos na madeira,
Corpos nus carentes da fogueira…
Êxtase tremelicado a crepitar,
Movimentos unidos num só;
Gemidos afogam-se num mar;
Pélago onde o prazer arriou o nó.
Noite de luar e de fogo sumarento;
Sussurros ateados em pleno amor,
Loucos, vadios, devassos, sem pudor;
São orgias em tempo de muito calor.
Gritos soltados, alivio em rédea solta,
Gritos molhados em liquido de ardor,
Espasmos dourados quentes de polpa,
Enlevos húmidos numa cama de amor.