Noite

Foto de jgdearaujo

Romance

Maria Rita de Cássia,
Cabloca d’olhos de mel,
Cabelos como os da Mãe D’água,
E boca feita a pincel;
Faz tempo, andava taciturna,
Nas mãos carregava um papel
Olhava que olhava, e não lia
A mensagem que viera com um anel.
Logo, duas lágrimas azuis,
Escorriam dos olhos de mel
E as feições bem feitas de Cássia,
Ganhavam contornos de céu,
Por mais doce fosse seu sorriso,
Tinham, agora, gosto de fel.

É que o José da Farmácia
Mulato bem posto e fiel,
Vira Cassinha na rua,
Na festa da Mãe do Céu
E seus olhos pretos como noite
Embriagaram-se daquele mel.
A boca imaginou o gosto
Dos lábios feitos a pincel.
E o olfato gravou o cheiro
Dos cabelos sob o véu.
O coração bateu forte
Firme feito nó de cordel
Agora e sempre seria Zezinho escravo
Daqueles olhos de mel.

Rápido, foi Zezinho ao boteco,
Pediu caneta e pincel.
Rabiscou meia dúzia de versos
Juntou a eles um anel.
Molhou com água de cheiro,
Chamou o moleque Chechéu.
Disse c’os olhos marejados,
Passando ao moleque o papel:
Entregue à cabocla Cassinha,
Aquela d’olhos de mel.
Diz que é o Zé da Farmácia,
Quem manda bilhete e anel.
Daqui ficarei reparando,
Os pensamentos ao léu

Correu ligeiro o moleque...
Cassinha recebeu o anel.
Sorriu feito noite de lua
Com medo, abriu o papel,
Mas os seus olhos não viam
A mensagem que trouxera Chechéu...
É que Cassinha, coitada
Nunca experimentara um pincel,
Nunca fora a uma escola,
Nunca lera nem cordel.
Por inteligente que fosse,
Jamais decifraria o papel...
Por isso, os olhos que olharam Zezinho,
Não transmitiam o seu mel.

Cassinha voltou pra roça
Nas mãos sempre o papel...
Então foi pedir ajuda
À Professora Isabel,
Que logo pegou o bilhete
E viu que não eram letras ao léu:
“Cassinha, cabocla bonita,
Encantei-me pelos teus olhos de mel.
Como prova do meu encanto,
Envio-te um beijo e um anel,
Que uses na mão esquerda
E juntos construiremos nosso céu”.

Cassinha olhou o bilhete,
Olhos vidrados no papel.
Como que enfeitiçada,
Segurou as mãos de Isabel.
Pediu que lhe ensinasse os segredos
De como decifrar o papel.
E daquele dia em diante
Tornou-se a aluna mais fiel...

Hoje, passados seis meses
Cassinha não larga Isabel.
Conhece já alguns segredos,
Da caneta e do papel,
E até escreveu um bilhete
Que mandou junto a outro anel.
Quem entregou pro Zé da Farmácia,
Foi o moleque Chechéu:
“José, você é bonito,
Brilha como as estrelas do céu...
Ah! Eu trago todos os dias,
Na mão esquerda aquele anel”

Foto de jgdearaujo

A moça da janela

Da janela do quarto, Mira mirava a noite preta ...
Do breu das trevas, delineavam-se, azuis,
Contornos de personagens de sonho.
Eram bruxas, fadas e duendes, dragões e serpentes
Coloridos em seus tons de branco e preto.
Mira mirava a noite preta como breu
E a noite era Mira, que era tão preta
Quanto a noite sem lua vista do mirante cego.

Dos sonhos que a moça tinha, marcas restaram
Marcas na pele, flores lilases, restos do prazer
Evanescente, perdido entre os caprichos do sadismo carnal.
Marcas na alma, flores roxas, carimbos insensíveis
Que invisíveis, ferem toda uma geração.

A moça da janela mirava a noite escura
Feia como seu coração sem brilho.
Mira mirava a rua, rua impura
Tão suja como sua alma calma
Alijada de qualquer gota de paixão febril,
Despojada de qualquer resquício de prazer juvenil.
Ela mirava a rua, rua nua
E os seus quinze anos davam-lhe uma expressão senil.

Súbito, um ruído desfaz as trevas.
Abrem-se os olhos, alarga-se a janela.
Um farol, ou seria uma estrela
Desponta um fio de luz no leste .
(seria o sol nascendo?)
Mira mira o farol. O sol. a estrela.
E o brilho agride-lhe a retina.
Teus olhos, outra vez olhos de menina
Miram o sol do leste, o sol que nasce.

Dragões e bruxas fogem, ficam as fadas.
Mira é uma fada, fada branca, alada.
Asas que ruflam, que se elevam em par
Que desestabilizam o corpo morto, ou vivo,
Que despenca solto, solto no ar, que cai.
Cai no asfalto preto, cai do 3.º andar
Cai na frente do farol (ou seria o sol?)
Corpo que se dilacera, vermelho agora
Olhos que já não vêem. Já nada viam outrora.

Sonhos agora vagueiam em busca
De outro corpo. Outro depositário
Outro espaço, relicário, outra Mira
Que mirará a noite preta ...
E quem sabe verá um fio de luz no leste.
Que seja não um farol na contra- mão,
Mas a chance de ter uma chance,
A oportunidade de ter uma ilusão
Uma luz tão bela e brilhante quanto a estrela D”alva.

Foto de jgdearaujo

Clara (minha filha)

Nem um pouco clara...
Dona de um instinto inteligente,
Misteriosa, cheirosa, enigmática.
Sobretudo gente.

Sorriso nem um pouco angelical,
Jeito sem jeito, desingonçadamente bela
Fosse gosto e era agridoce ...e sal
Clara feito noite... de lua.

Vista da janela. Vista pro mar
Onde mar não há.
Certa como porta aberta, resto de sol
Quando sol jamais será.

Se há algo de doce em seus olhos
Isto é o que menos interessa.
Se brilham seus dentinhos ... certinhos,
Tal beleza um dia se dispersa.

Interessa que seus olhos doces
(porque absolutamente doces eles são!)
têm muito do azedo do meu olhar distante,
e tudo dos meus sonhos – claros dentes de algodão.

Te amo, lhe amo, a amo como nunca
E em todas as variantes que
Me permite (ou não) o Português.
Te amo feito um louco
Que persegue a razão.
És enfim, razão minha
Meus desejos, meu sorriso
Vida minha, tão pequenina
Tão fragilzinha, tão minha
E tão dos seus destinos dona.

Musa infantil de meus sonhos,
Aqueles mais que belos!
Clara de pele bronze qual o meu
Simplesmente o mais complexo
E completo dos feitos meus.

Foto de Lorenzo

Em Ti

No teu sorriso
Encontrei a sinseridade
E na tua presença
Tive a segurança que desejava
No teu conselho
Segui o caminho certo
Dentro dos teus olhos
Vi um novo "eu" refletido
No brilho da tua face
Encontrei a verdade
No teu abraço
Aprendi o significado de calor humano
No teu beijo
Aprendi, conheci o amor
E em ti, como um todo...
O que é uma companheira
Não só por um dia ou uma noite
Mas para todo o sempre
Por toda minha vida.

Foto de Amália Lopes

O CETIM DOS LENÇÓIS

O CETIM DOS LENÇÓIS

O beijo ficou entre a sombra
e o nada.
O teu vasio já não faz parte
dos meus sentimentos.
A sombra do teu andar dissipou-se
na madrugada, numa sinfonia de silêncio.

Soltando as estrelas,
desviando os ventos,
num caminho de mistério
esperei-te demasiado, e transformei
cada emoção,
num ideal ao pôr do sol.
Tinha as mãos cheias de sonhos, sonhos
ocultos em nenufares azuis, que enfeitaram
o pulsar do meu coração,
numa melodia perfeitamente infinita.

Guardei o direito de sonhar.
Guardei as pétalas azuis da noite, onde
o cetim dos lençóis, sorriu, porque
o cheiro da tua sombra,
desenhou no céu do meu quarto,
o meu nome em flôr
sobre os meus lábios...

Amália Lopes

Foto de MARTE

NO LUAR DOS NAMORADOS

Es a minha doce lua,
Num olhar de menina mulher,
Sentida na madrugada nua,
Nos silêncios do meu querer...
O meu desejo mais sonhado,
No interior do meu coração,
Reflexo do teu olhar encantado,
Na melodia de uma canção...
Sentida no deslumbramento,
Da Lua meiga dos namorados,
Musa de um vivido momento,
Quando ficamos abraçados...
Olhar fixo no horizonte,
És o mundo, no universo,
A água da minha fonte,
Na composição de um verso...
Vivo um sonho encantado,
Que ilumina os meus dias,
Num vôo nunca imaginado,
No universo de todas as magias!
Revivo uma certa entrega,
Revelado no teu doce olhar,
Cumplice da noite cega,
Poema do meu caminhar!
Mergulho na minha vertigem,
De poeta no tempo sonhador ,
Ao encontro da tua origem,
No espelho do teu olhar tentador!

Foto de bsmash

Nada se compara a ti II

Estou passeando pela rua e passo por mulheres, o perfume delas faz-me lembrar de ti. Oiço uma música, começo a derreter-me tudo, e começar num mar de lágrimas, por causa das saudades que sinto de ti. Só não te vejo a uns dias mas para mim parece uma vida. Não consigo aguentar esta saudade toda, que sinto por ti. Parece que morro a cada segundo que passo sem ti. A minha vida deixa de fazer sentido. Tu para mim és como ar, que os seres humanos precisam para viver. Agora neste momento nada faz-me esquecer de ti, da tua existência, da tua simplicidade, da tua pessoa. Fico sentado, a ver as estrelas. Estrelas tentam-me dizer, o quanto és importante, especial. Nem vou para cama por saber, que o meu pensamento estará junto a ti. Sinto-me num turbilhão de sentimentos, triste e ao mesmo tempo contente. Triste por não estares aqui agora para te poder dizer isto, contente por conhecer-te por fazeres parte do livro da minha vida, por tantas páginas escritas por tua causa e tantas por escrever ainda. A única coisa que ainda sossega-me o meu pobre coração. É as lembranças, se não fosse isso, já estaria de certeza morto de saudades tuas. Curioso é também, foste a única pessoa que realmente fez-me pensar, sobre mim. Tentando eu conhecer-te acabei por conhecer-me muito melhor a mim. Eu questionando seriamente, alguns defeitos meus. E agora vejo ajudaste-me a ver a vida de outra maneira. E tenho concordar contigo que tu és uma menina, menina essa que é demais. Muito frágil por vezes mas outras vezes com uma força e garra extraordinária. Tenho de confessar admiro-te, por seres quem és, pelo que fazes as outras pessoas. Já deves ter ouvido, isso milhares de vezes, mas digo mais uma vez espero que já não estejas cansada de ouvir. Isto não é mais que um pequeno agradecimento por tudo, pelos bons e maus momentos. Espero que gostes, quando tiveres a ler. Olha e sabes que mais, eu segui o teu conselho, de dar tudo como se daqui a um segundo, já não tivéssemos cá. E esta a dar resultados. Vou tentar pelos meus objectivos e ser um vencedor. Tenho orgulho em conhecer-te, desejo que o sentimento seja recíproco. E melhor para de escrever senão ficaria aqui a noite toda só para falar de ti, ficou muita coisa por dizer de ti mas haverá outras oportunidades para dizer-te tudo o que tenho para dizer sobre ti, beijos carinhosos de alguém que gosta e gostará sempre de ti.

Foto de Senhora Morrison

E quando você chegar...

E quando você chegar...

A noite trouxe seu cheiro
A saudade vaga em meu leito
Sinto-me queimar
É uma euforia, uma dependência.
Eu luto pra adormecer
Mas sua presença é forte
E aguça meus pensamentos
Então cansada de lutar, penso.
Penso em você
Meu homem
Meu filho
Meu rei
Meu escravo
Você chega me devorando com os olhos
Deseja-me e me tem
Entrego-me sem medo
Como se não houvesse amanhã
O amor sem pudores
Sem limites
Pertencemos-nos sem culpa
Sem cobranças
Palavras não são necessárias...
Liberte-me com seus toques
Faz-me mulher a cada beijo
Sentir-me desejada por você
É um presente
Amo teu cheiro
Tua respiração
Teu calor
Amo a vida que exala de ti
A necessidade de ti aumenta
Mas já é tarde pra voltar
Então continuo a sonhar
Suplicando que entre por esta porta
Tomando-me em seus braços
Conduzindo-me ao êxtase...

Senhora Morrison
17/07/2002

Foto de MARTE

NO CÉU DA MINHA ALMA

O teu olhar em mim irradia,
Um sentimento que faz brilhar,
O silêncio do meu dia a dia,
Uma luz no meu caminhar!
Musa da minha poesia,
Beleza e encanto,
Um mar com maresia,
Melodia do meu canto!
Lindo o teu suave sorriso,
No seu encanto e paixão,
Que faz-me sentir no paraíso,
Num momento de sedução!
No céu da minha alma,
A madrugada nasce devagar,
Com a lua que me acalma,
Na beleza do seu brilhar!
És como a prateada lua,
Que irradia amor infinito,
Beleza na noite nua,
No seu encanto e doce rito!
És a profunda e doce emoção,
O cheiro da flor do meu jardim,
Que mexe com o meu coração,
O mundo que existe em mim!

Foto de PhrozeN_HeLL

Tu

enlouqueces-me, maravilhas-me, atrapalhas-me, apaixonas-me, cegas-me, confundes-me. Tu inspiras-me...
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu.....

Quero tanto de ti e tão próximo que anseio que fosses o ar, o chão, as paredes, tudo.

Que tudo o que tocasse fossem os teus braços. Que tudo o que sentisse fossem os teus lábios.

Como quando fecho os olhos e tudo o que não vejo és tu. Como quando não durmo e tudo o que sonho és tu.
Contigo não consigo respirar. Sem ti não consigo viver.

Quero estar tão dentro de ti que nem a luz do dia exista para mim. Quero abraçar-te tanto que todo o mundo colapse e desapareça num pequeno ponto entre os meus braços.

Toca-me com as tuas mãos. Faz-me desaparecer com a tua pele. Sufoca-me na tua língua. Arrasta-me pelo ar com o teu perfume. Mata-me de vez.

Odeio-te porque existes. Odeio-te porque não estás aqui. Amo-te tanto.

De repente tomo consciência da tua ausência e faz-se noite. Porque não me respondes quando te falo? Porque não te sinto quando estendo o braço? Porque te escondes?

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