Normais

Foto de Jardim

siqueira campos

a ruidosa avenida siqueira campos
não incomoda a quietude do quarto
onde se amam as duas.
línguas, cabelos, pernas no escuro
se entrelaçam; vermelhos os lábios,
os beijos e ambas nuas.

lá fora há uma declarada caça
às bruxas que o calor desse abraço
e dessas palavras não tarda silencia.
a vida as transforma de novo
em pessoas normais que estudam, trabalham
e em silêncio se amam no dia a dia.

Poema do livro Filhas do Segundo Seo
a venda em http://sergioprof.wordpress.com
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Foto de cafezambeze

CARTAS COM ESTÓRIAS DE ÁFRICA (II/VII) (FEIJÃO MACACO)

Belém, 31/01/2006

RECARREGANDO CARTUCHOS E MAIS...

Uma coisa que gostávamos de fazer era caçar. Uma das poucas opções para passarmos o tempo nas férias. Mas munição custava dinheiro, que era algo que não tínhamos, e armas, nossos pais raramente as punham nas nossas mãos, senão na companhia deles.

O Aguiar, a quem já me referi, nos ofereceu usar a caçadeira do pai, mas... e cartuchos?

Descobrimos que o nosso vizinho, o sr Roque que nem arma tinha, possuia uma caixa com pólvora, chumbo, espoletas, enfim, os apetrechos necessários para a recarga.

Para quem não sabe, e nós não sabiamos, em cada carga, tanto a pólvora como o chumbo têm que ser pesados, e no caso da pólvora o peso varia também conforme o tipo.

Bem, pusemos a mão no material e resolvemos recarregar cartuchos usados.
Para medir a pólvora fomos cortando um cartucho até a encontrarmos. Essa seria a medida.

Cartucho com espoleta nova, enchíamos a medida com pólvora, umas vezes rasa, outras formando um montinho acima da medida (era tão pouco), outras comprimindo-a com o dedo, e lá vai a carga para dentro do cartucho. Uma bucha feita com jornal, cada uma com o seu tamanho, e o resto do espaço livre cheio de chumbo.

Com um saco cheio de cartuchos, chegamos à farm do Aguiar e fomos recebidos também pelo funcionário que na outra estória tinha dado o grito de aviso: cobra! cobra! Lembras? Ele tinha virado fã do teu pai e veio-nos mostrar o seu arco que era uma obra de arte de perfeição de acabamento e, certamente, ganharia de qualquer coisa industrializada. Me lembro que só tinha uma flecha. Se acertasse algo e o animal não caísse, ficava na pista dele o tempo que fosse preciso.

O teu pai pegou no arco e na flecha e começou a mirar uma pequena tabua de uns 20 x 40cm que estava encostada nuns bambus a uns 50 metros. Ele nunca tinha atirado com arco e pensei que ele só estava testando o arco...Que nada! A flecha partiu e foi cravar-se no centro da tabua.
Chiii!!!! Chiiii!!! Tem cuche-cuche! ponta maning! gritava o moço. Chi é uma esclamação de admiração, cuche-cuche é a palavra para feitiço, ponta é pontaria e maning era usada como muito/muita com concanetação de máximo.
Sorte de novato! Tentamos que ele repetisse a façanha, mas ele não caiu na armadilha.

Quando pegamos a caçadeira do pai do Aguiar, olhamos de esguelha um para o outro, pois o estado da arma era lastimável. Desengonçada, cheia de folgas, com vários pontos de ferrugem e com cara de quem nunca tinha visto um óleo na vida.
Mas tinhamos de experimentar os cartuchos. Tinhamos tido um trabalho danado e eles estavam tão bonitinhos...

O Aguiar, que ficou com medo de cobras, pegou o trator da farm.
Nos encavalitamos nele e lá fomos nós.

O primeiro tiro foi tão forte que a espingarda e o teu pai rodaram com o coice.
A espingarda ficou inteira?... Vamos continuar. Umas vezes o chumbo caía a poucos metros do cano, outras havia um coice violento, mas não havia estampido. Só um vuuummmm, como uma bazuca. Também sairam tiros normais. Me lembro de uma perdiz que o teu pai enchofrou e de que não se aproveitou nada tal a violência do tiro.
A espingarda do Aguiar não era tão má assim. Devolvemos ela inteira.

Montados no trator, a corta mato, acabamos inadvertidamente por passar numa moita cheia de feijão macaco. Porquê feijão macaco?
É uma vagem parecida com um feijão, mas coberta por uma penugem dourada muito bonita. Só que a penugem dourada, ao menor toque se solta, e provoca uma coceira danada. As rodas do trator levantaram uma nuvem que nos cobriu.
Não tinha parte do corpo que não coçasse. Quando chegamos à farm, já com o corpo vermelho de tanto coçar, corremos para tomar banho. Piorou! A mãe do Aguiar apareceu com uma pomada de não sei o quê. Nada adiantou. Nossa sorte foi um moleque que trabalhava na casa e que não parava de rir da gente. O Aguiar o ameaçava com porrada se ele não parasse com a gozação, mas ele ainda ria mais e emitava um macaco se coçando. Por fim, ele se compadeceu de nós e nos levou para o quintal onde nos deu um banho de terra.
Isso mesmo! A terra esfregada no corpo removia a penugem dourada...

Tãooo Bonitinhaaaa!

Foto de Nailde Barreto

Círculo invisível.

O quadrado que se faz retângulo
Nos prende no circulo invisível do mundo,
Misturado com a deficiência dos normais.
Prisioneiros dos próprios passos ”retos e mancos”,
Todavia, que passam e disfarçam os meios dos fins.
E, transformam-se em, apenas, pegadas na estrada, velha!
Cujos anos transformam emoções, diante de um sorriso enrugado.
Findando e renascendo no tempo, evoluindo pensamentos, fazendo história,
Produzindo saudade, e, enfatizando as lembranças da longa caminhada.
E o que ficou? Poeira e Pó, nada mais.

(Escrito em 15/02/13-Nailde Barreto)

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Dadaísmo e suas Mulheres Peladas (Também conhecido como “O Último Desfile de Carnaval de Michelangelo”)

Os versos de Versalhes não são mais os mesmos;

A França está em guerra com o Japão;
A América caiu;
Os tokkotai pipocam seus aviões
Para as câmeras hollywoodianas
E acenam para as saias das polacas;
Os versos brancos enegrecem
E os estupradores embelecem;
As fotos denunciam as favelas
Favorecidas
No seu fortíssimo comércio de drogas;
O nexo das metonímias
Evoca ao exagero das metalinguagens
O roxo colorífico em brandas refogagens

Pra que mais um Camões
Mais cem Decamerões?
Pra que um João Cabral
Se já descobrimos Portugal?
Pra que mais um herdeiro
Mais um contador de dinheiro?
Pra que uma guilhotina
Regra e forca assassina?

Já temos muitas Normas e normais

Foto de Davipss

Certamente eu não queria

Seu amor não me fez tão bem como eu esperava.
Eu fui iludido por suas palavras.
E sempre que possível procuro não mais lembrar de você.
A saudade me machucou com sua ausência,
Mas hoje não vejo mais diferença.
Pois finalmente eu me esqueci de você.

Certamente eu não queria,
Mas a vida já segue normalmente
E hoje o que o meu coração sente,
É apenas muita vontade de viver.
Certamente eu não queria,
Mas meus dias já são normais
Tenta novamente jamais,
E minha vida segue como ela sempre deveria ser.

Palavras bonitas e frases escritas,
Não altera o nosso passado.
Não prova arrependimentos de erros propositados,
E por isso prefiro evitar.

No amor que meu coração acredita,
Não esta relacionado a você,
E se a vida não te ensina com o tempo
Com certeza haverá um momento,
Que você irá lamentar.

E com certeza eu não merecia,
Mas isso a própria vida ira te fazer entender.
E certamente não é o que eu queria.
Mas já levo minha vida muito bem sem você.

Davi Possidonio

Foto de Lucianeapv

DISCRIMINAÇÃO

DISCRIMINAÇÃO
(Luciane A. Vieira – 25/04/2012 – 14:01h)

Discriminação, sob qualquer forma, é terrível na vida de um ser humano!
A sociedade em si trata todos aqueles ‘diferentes’ segundo seus parcos e denegridos conceitos com tal desprezo fortuito, fazendo seres humanos com tudo para ser considerados normais passem a se sentir “peixes fora d’água” quando o assunto é “ser rico”, “ser pobre”, “ser gordo”, “ser magro”, etc.
Lembro-me, há alguns anos, quando minha irmã caçula chegou em casa chateada e triste pelo que ouviu de nossa prima (apenas 20 dias mais jovem) uma frase que mudou, de certa forma, toda sua vida. Na época elas deveriam ter, mais ou menos, 14 anos.
Um colega, vendo-as juntas, perguntou se eram gêmeas, devido ao fato de se parecerem tanto (ambas eram bem clarinhas, olhos claros – uma azuis e a outra verdes – cabelos loiros e cacheados, mesma altura etc), ao que nossa prima riu e debochou nos seguintes termos:
- “Não... Eu sou a prima rica e ela a prima pobre...” – e zombou de minha irmã.
A partir daí nunca mais as vi juntas...
Isso só veio à minha cabeça por ter sido um tipo de discriminação que achei injusto para com minha irmã, na época, e porque marcou, de certa forma, nossa vida e a maneira de vermos o mundo.
Na época em que fui criança, não era “crime” ser “gorduchinha”, nem se era, claramente, marginalizado pelos coleguinhas de escola...
Mas naqueles tempos gastávamos energia sempre...
Nossas brincadeiras não eram frente à TV, com o vídeo game, nem frente a uma fria tela de computador...
Não...
Naquela época brincávamos de pular corda, soltar pipa, procurar girinos em córregos (perto de minha casa tinha uma mina e um pequeno córrego...), amarelinha, passar anel, carimbada, bicicleta, pique de esconder, e tantas outras brincadeiras sãs, que nossos pais não precisavam ficar se preocupando em levar-nos ao médico todos os dias e nem regrar em nossa alimentação...
A vida era uma festa...
Acreditem: podíamos brincar de bicicleta nas ruas próximas de nossas casas sem ninguém para nos vigiar, pois nossos pais confiavam na obediência dos filhos que tinham e nos olhos da família, vizinhos e amigos existentes nas redondezas para cuidar discretamente de seus filhos de maneira sã.
Mas aqueles tempos acabaram...
Hoje em dia não se pode confiar mais nem mesmo nos pais que se tem... quanto mais em família, vizinhos e amigos...
Hoje em dia também não se pode confiar na qualidade da comida que se ingere, pois tudo contém conservantes, hormônios, estabilizantes, aromatizantes, e tantos “antes” mais ali adicionados fazendo a comida ter sabores melhores (embora não naturais) e fazendo nosso paladar se esquecer da simplicidade de alguns anos atrás...
Hoje em dia nem mesmo o leite é leite... Eu já me esqueci do sabor que tem o verdadeiro leite... Antes eu até cheguei a tomar leite tirado na hora, em uma caneca, de uma vaquinha, na fazenda de primos onde íamos sempre...
Hoje em dia não podemos chegar em uma fazenda e bebermos leite puro tirado diretamente do úbere de uma vaquinha... pois é considerado anti higiênico...
E com isto veio a epidemia de obesos em todo o mundo...
Sim, pois afinal não há mais segurança para nossas crianças brincarem... não há mais espaço para comidas realmente saudáveis... não há mais lugar para se viver com equilíbrio neste mundo globalizado...
Antigamente eu sabia que existiam outros países porque estudava sobre eles, mas eles eram distantes a todos... mas hoje em dia estes mesmos países estão dentro de nossas casas, atrapalhando a vida em nosso país, com suas crises mil, tentando despedaçar e fragilizar o nosso “pedacinho’ de mundo... E olha que a crise é deles e os discriminados somos nós... pois somos, ainda, considerados “selvagens” de terceiro mundo...
Em um breve resumo, somos discriminados por:
- sermos gordos ou magérrimos
- sermos tristes ou alegres
- sermos altos ou baixos
- sermos feios (os belos nunca são discriminados...)
- sermos pobres (ricos nunca o são... hehehe...)
- sermos muito fortes ou muito frágeis
- sermos emocionais ou rígidos
- sermos brancos ou negros ou amarelos ou pardos... etc...
Enfim: tudo leva à discriminação do ser humano... bastando, para isto, que este ser seja vivo e tenha sentimentos...
Poderemos, em alguma época futura, sermos apenas humanos???

Foto de Eveline Andrade

Corações Animais (Zé Ramalho)

Não me vejo feito fera
Muito menos anjo
Eu quem faço o meu destino
Traço os meus planos
Sei que meu sexto sentido
Não vai me trair…

Troco o riso pelo pranto
Em qualquer negócio
Sei que tem olhos do medo
No fundo do poço
Estou sempre maquiado
Quando vou sorrir…

As leis dos meus olhos
São feitas por mim
Até na mesma mão
Os dedos não são iguais
Tem loucos
Que se olham no espelho
E se acham normais
Ninguém ganha o jogo
Sem ter ambição
Não se apaga o fogo
Com fogo na mão
Os gritos no silêncio
Não assustam
Corações Animais…

Eu me escondo num segredo
Sem qualquer mistério
Aqui se faz, aqui se paga
Pode acreditar…

Não me vejo feito fera
Muito menos anjo
Eu quem faço o meu destino
Traço os meus planos
Sei que meu sexto sentido
Não vai me trair…

Troco o riso pelo pranto
Em qualquer negócio
Sei que tem olhos do medo
No fundo do poço
Estou sempre maquiado
Quando vou sorrir…

As leis dos meus olhos
São feitas por mim
Até na mesma mão
Os dedos não são iguais
Tem loucos
Que se olham no espelho
E se acham normais
Ninguém ganha o jogo
Sem ter ambição
Não se apaga o fogo
Com fogo na mão
Os gritos no silêncio
Não assustam
Corações Animais…

Eu me escondo num segredo
Sem qualquer mistério
Aqui se faz, aqui se paga
Pode acreditar…

Foto de Carmen Lúcia

Margarida e margaridas

Figura sinistra, simbólica,
que trago em minha memória,
que faz parte de minha história...

Metódico e irreverente, despojado e carente,
sábio e indolente, infeliz ou demente...(?)
Lembrava Cristo, fisicamente.
Vestes rasgadas, cabelos longos, barba mal aparada.
Ou quem sabe, um anti-Cristo,
oscilando entre o normal e o descomunal,
às margens do convívio social.

Andava pelas ruas e calçadas
fazendo gestos sem nexo, sem fazer mal,
balbuciando palavras distorcidas,
apavorando os perplexos normais
que temiam uma conduta anormal.

Um buquê de margaridas,
alvas, brancas, cultivadas,
a todos ele ofertava (e se orgulhava),
pois, por ele eram plantadas
em terras baldias, abandonadas.
Flores por todos ignoradas.

Havia momentos de agitações.
Delírios, alucinações, comoções...
Então ele era rei, poeta e compositor,
erguia o cabo da vassoura e era imperador!
-Camisa de força para o louco, o agitador!
Ao som da sirene era levado a um abatedor ...

E num desses manicômios,
tratamento de choque, fortalecer neurônios,
encontrou sua Margarida, sua amada, sua vida
e como loucos, amaram-se mais que o normal.
Amor que surpreendeu a muita gente
pela doçura, pela brandura de dois doentes.

Porém um dia, não mais a encontrou.
Levaram-na dali, outro rumo tomou
e transtornado pela dor, o louco chorou.

Não mais quis ser rei nem imperador.
Somente poeta pra cantar a sua dor...
Até que um dia para sempre se calou.
E numa cova fria, em pó se transformou,
ou foi ao encontro de seu amor...

Ao passar o tempo, viram lá nascer,
fazendo a cova triste resplandecer,
risonhas e brancas margaridas...
Vida e paixão, após a morte, restabelecidas.

_Carmen Lúcia_

Foto de William Contraponto

É Preciso Causar

Tem dias que as pessoas parecem iguais
Todas seguindo para o mesmo lado
Bancando serem muito normais
Elas esquecem o bom da vida
Em ir além e algo mais...

Nós que caminhamos sem medo
Sabemos o que deve importar
Num colorido desde cedo dizendo:
- é preciso causar!

Alguns se acostumam
Enquanto outros só escutam
E nada fazem de interessante
Não vestem, não vibram, não agem...
Haja toda paciência!
Pois também não sabem
O que é ter audiência.

Mas nós que caminhamos sem medo
Sabemos o que deve importar
Num colorido desde cedo dizendo:
- é preciso causar!

[de William Contraponto - Sistema Clandestino ]

Foto de Marilene Anacleto

Sinos Sonoros

Tal sinos sonoros de uma catedral
Serena brisa a tocar-me o ombro
Deste-me um acordar musical
Ao tirar-me de insosso sono.

Em sonho vagava por caminhos
Normais, mas sem cor e sem destino
Admirava as plantas sem senti-las
Amava os cristais e não os compreendia

Sem tocá-la, pela grama caminhava
Conversava com pássaros. Eles não me respondiam
Sem vivê-las, em muitas ondas mergulhava
Dançava com o vento e continuava isolada.

Átomo a átomo as sonoras badaladas
Converteram o medo em coragem
Transformaram o vazio em plenitude
Tal milagre, a distância se tornou intimidade.

Barreiras da persona e do egoísmo
Transpuseram-se ao nível da alma
No reino do eterno cada vez mais habitamos
Alma despertada, espaço físico transfigurado.

Não há distância nesse espaço de alma
Ainda que longe permaneça a harmonia
Unidade de almas não se rompe facilmente
Sinto o fluxo da vida e tua amorosa companhia.

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