Palavras

Foto de TrabisDeMentia

Quinta-Feira 4 & Sexta-Feira 5 (O início)

Sobre o dia de quinta-feira :
Ontem deitei-me, fechei os olhos, lembrei-me de ti! Havia tanto mais para te dizer, tantos poemas para acabar de escrever. Tantos olhares por trocar. E lembrar-te, lembrar-te fez–me sonhar. Sonhar com coisas que me dão que pensar. E foram tantos os pensamentos, e tão confusos os sentimentos, que, por falta de espaço ou de bom senso, extravasaram. Mancharam uma folha virgem com algo que me enlouquece, mas que por falta de verdade, apenas nela permanece. E quando exausto adormeci, percebi, que até dormindo sonhava, esses sonhos que a realidade negava.
Sexta-feira :
Hoje sinto–me feliz, não por ter acordado, mas por estar aconchegado nos pensamentos. Relembro os poucos mas bons momentos. Sei que não é possível viver noutra vida, e nesta vida, neste corpo, nesta prisão a que só a alma escapa, receio bem que só me reste mesmo sonhar. Mas sinto-me feliz, sinto-me bem, sinto-te! Sou livre ao menos de pensar! Trago comigo uma balança que me pode ajudar e pedras no sapato para servirem de peso! Sim, talvez noutra vida! Numa vida que não leve á desfeita nem ao desrespeito de quem o merece.
Sobre o dia de sábado :
E pensar que amanhã te verei! Com sorte trocaremos beijos e estranhas palavras, que, como que encriptadas, formam frases que para quem não sente não dizem nada. Frases que me desafiam a dizer o que sinto, o porquê de eu tremer por dentro. Talvez por vezes se note um brilho, noutras um sorriso ou algo que não passe despercebido. Ás vezes faço que não percebo, pois evito tremer quando sinto medo. Me guardo em segredo. Engulo em seco. Não posso beber e a fonte está mesmo ao lado, a fonte do pecado. Talvez um dia me cures, talvez um dia me mates. Eu não faço questão. Observo-te com atenção... não vás cair. Meço-te com intenção... de te esculpir. Leio-te com sofreguidão ... quero saber no fim, quem se vai rir. É verdade! Amanhã... Amanhã será um grande dia! Vou conviver com a minha melhor fobia, esta grande, grande amiga! Parece que me vejo esfregando as mãos, como um louco esfomeado diante de um recheado prato. Que refeição! Não, claro que não. Um oásis num deserto é pura ilusão! Querer fazer casa no meio de um vulcão?! Mas ás vezes... Deixa para lá. Fogo e gás, sei bem no que dá. Se calhar amanhã faz sol, ou se calhar não faz. Se fizer sol fico á sombra, mas se chover...Se chover já sei o que vou fazer! Pego em mim e vais ver o que é correr! Vou apanhar o arco íris.

Foto de TrabisDeMentia

Ela

Olho de novo para as maciças portas. Tento olhar para as maciças portas. Imagino que olho para as maciças portas. Não vejo as maciças portas, mas que importa? Passam doze minutos e não aparece. Há doze minutos que deram as doze badaladas. Há vinte sete minutos que eu entrei, e não aparece. O pé treme no chão, não de impaciência, mas de receio. Antes não apareça.
A sala é quadrada, a mesa é quadrada, os bancos são quadrados, alguns redondos. A sala é estranha, a musica é estranha, a minha voz é estranha... eu sou estranho. Porque é que as minhas palavras soam a falso, a premeditado?! As luzes de LSD, vermelhas e verdes, bailam por entre as quatro beatas no cinzeiro e o copo de whisky outrora cheio. Mando vir mais um... e mais outro. Outra badalada, outro cigarro e os meus lábios secos pedem por mais. O fumo a haxe intensifica-se, semicerro os olhos como que embriagado, mato e vegeto. Olho o relógio, o meu negro relógio, que já tão pouca falta me faz e olho de novo para as tão frágeis portas... tão frágeis... tão... Que linda música!
As portas do bar erguem-se á sua volta. Olho o relógio sem ver as horas. Só penso nela e no que lhe hei - de dizer... e as minhas palavras soam a falso, a premeditado. Não me cumprimenta. Como eu queria que ela me beijasse! Perdi a deixa. Sacudiu a camisa desfraldada e sentou-se. Sorriu, e como eu gosto desse sorriso! Inclinou ligeiramente a cabeça, deixando cair os seus longos e belos cabelos castanhos sobre os ombros, fitou-me com os seus profundos e belos olhos negros... e perguntou-me com a sua bela doce voz:
- Como vai a vida?!
Engasgo. Tremo. Eu sei lá. O significado chega-me pouco depois. Olho para a mesa quadrada e riscada e penso, ou melhor, tento pensar. O seu olhar incomoda-me, e hoje está mais penetrante do que nunca. Sinto-o, mesmo por entre o fumo denso e azulado. As palavras esfumam - se e o torpor aumenta. Que letargia!
- Como tem que ir! Vai como tem que ir!- Gritei para me fazer ouvir, tentando retribuir o sorriso. Mas cedo ele se esvai. Olho para o lado e tenho a incómoda sensação que fui ridículo. Soou a falso e a ridículo. Sem dúvida que fui ridículo. Por entre a música surge o perturbador silêncio, que não deixa de ser ridículo também. Meu deus! Que ridículo! Só espero que ela assim não pense. Que tudo é estranho, quadrado e ridículo.

Foto de Sérgio Henrique Ramos

Onde Estás

Oh DEUS quanta angústia
Meu coração clama
Meus olhos buscam
Mas ela não está lá

Segundos se vão
Minutos me deixam

Oh DEUS quanta angústia
Que sentimento é esse
Que absorve minha alma
Que consuma minha serenidade
Numa busca incessante
Numa procura perdida
Mas ela não está lá

E num rompante de agonia
Um instante de desespero
Vejo-me perdido
Prantos lagrimam insanos!
Seria o fim?

De repente um ruído
Levanto a cabeça
Com olhos afogados

Duas palavras ecoam
Numa sinfonia de paz
Apenas duas palavras
E aquela clausura infernal
Cessa num instante.

Poema inspirado no sentimento que tenho por uma mulher muito amada.
Morgana, você é minha inspiração!
Amo-te com toda força de meu viver!

Autor: Sérgio H. Ramos
SP, 04/01/06.

Foto de TrabisDeMentia

Mas tu...

Mas tu...

Se tudo não fosse tão imprevisível, tão escuro...
Se o acaso não fosse tão certo quanto a morte...
Se a vida não me enclausurasse na dúvida...
Talvez não te admirasse na devida proporção.
Seria tudo mais fácil, natural, espontâneo.
Mas o grito fica cá dentro, devora o meu orgulho.
Amarra-me num mundo só meu.
Mas tu...
A minha indiferença intimida-me, corroi-me.
A minha presença rebaixa-me.
Quero vegetar, mas o sol se esconde na escuridão.
E tudo é lindo!
A música apodera-se do vácuo.
A consciência desanuvia-se.
As silhuetas perdem-se na sensação.
O teu rosto voa e eu afogo-me.
O coração bate, a dor vem.
A timidez viola-me, despropria-me.
E o sonho?!
Morre na minha recusa, reclusão.
Os olhos secam de lágrimas.
A sede sacia com o sal que queima as feridas.
Mas quais?!
O desespero protege-me, alimenta-me.
Os pensamentos acumulam-se numa última sensação.
A dúvida aumenta.
Já não sei quem sou, nem me interessa se o serei.
Mas tu...
Nem mil palavras, apenas algo que sinto.
Acorrentado na mais impiedosa jaula sou um animal feroz, voraz,
ávido de sangue, de carne, de paixão, de ti.
Sim tu!
Mas tu..
Mulher, deusa, filha de Júpiter, esposa de Lucifer,
espezinhas, esmagas, desprezas, difamas, atormentas, sufocas, magoas,
beliscas, trincas, beijas, abraças, possuis...
Eu?!
Apenas existo, observo, lamento, sofro, choro, morro.

Foto de TrabisDeMentia

O ciúme

Não consigo dormir. Acendo mais um cigarro. Já pensei em descer, sair da cama e beber um copo, mas sinceramente, não creio que seja solução. Um cinzeiro, um maço de tabaco, o isqueiro que me deste, a fotografia que me deste, um lenço humido, uma almofada fria, o sono que me tiraste. E eu choro, choro já sem saber porquê, mas choro, sofro. Olho para ti, tu riste-te. Não sei se te hei-de beijar ou rasgar, queimar ou encostar-te ao peito. Talvez me preencha este vazio, talvez a tua alegria me contagie um pouco. Mas não! Eu quero sofrer. Eu até gosto de sofrer. Eu mereço sofrer. Acendo mais um cigarro. A noite adivinha-se longa. Já nem tento dormir, quero escrever, para amanhã, talvez, te dar a ler. Mas não! Não quero crer, não quero querer. Vou descer e beber um copo. Uma garrafa e um copo cheio, uma sala vazia, o silêncio. O silêncio não! Ouço o tic tac do relógio e o soluçar do coração. Olho para ti, tu riste-te, parece tão fácil, mas não consigo, não consigo, não posso crer, não posso querer. Talvez escrever me distraia um pouco, talvez beber de novo um copo. Outro cigarro, outro minuto e eu dou comigo em louco. Eu estou louco. Eu estou louco. Não sei porque choro. Devia estar na cama. Apetece-me gritar, partir, cortar... Mas não! Prefiro manchar o papel com lágrimas, palavras, bobagens. Não consigo evitar. Olho de novo para a tua fotografia e desmancho-me. Porquê te ris? Devias fazer-me companhia, estar comigo, beber um copo, do mesmo copo, com a mesma sofreguidão, intenção. Mas não! E de pensar que tu te ris para mim, que me amas e eu que choro, por te amar, só pode. Se não te amasse ria-me tambem. Não sou ninguém, não sei amar, não mereço amar, não mereço a tua fotografia, a tua linda fotografia! Tenho ciúmes do teu passado, odeio o teu passado, a tua fotografia já é passado. Já nem sei o que digo. Estou confuso. Talvez um copo me ajude. Talvez um copo me iluda. Devia ir dormir. E o isqueiro que me deste! Tem uma serpente e uma pedra, que também não é preciosa, é da cor do meu coração. Pálida. Morta. Está velho e gasto, partido, mas não fui eu que o partiu. Ou fui?! O isqueiro ou o coração?! Também não sei! Distraí-me, Já não choro! Olho para ti, puxo-te para mim, e rio! Rio-me não! Choro de alegria, desta alergia que é o ciúme e que espero um dia, curar! E eu que só queria, não querer, não poder, mas saber te amar. Enfim, Já me esqueci do que me queria lembrar. Ou já estou bebedo, apaixonado, ou a sonhar. Vou dormir.

Foto de TrabisDeMentia

Sentimentos imensuráveis

Sentimentos imensuráveis
Que eu meço sem pesar
Tudo me parece belo
Mas será isto amar?
A paixão trepa a razão
Cria raiz, se agarra ao utero
De um destino sem compromisso
Num eterno prazer submisso
Paixão, razão, ambas são
Palavras que não rimam
São gémeas filhas de diferentes pais
Cartas viradas sobre a mesa
Peôes que atacam sem defesa
São sentimentos inexplicáveis
Que eu escrevo sem expressar
E tudo me parece belo
Mas será isto amar?

P.S:Por vezes escrevo charadas, entrelaço palavras, baralho as cartas e no fim .... Um grande nada. É como um quadro abstracto. Ou melhor, é como um quadro pintado por quem não sabe pintar. Cada qual que o entenda como melhor ficar. Pode ser um chapéu, ou uma cobra que
engoliu um elefante! Se é um chapéu é bem feio. Se é uma cobra, é gigante! Não interessa o que é, mas sim o que aparenta ser...

Foto de Ti

Versos ao vento

Às vezes me pego pensando
O que seria se assim não fosse
Que bobagem, estou sonhando
Mas sonho é sempre mais doce

Mas o que será, continuo andando
Estranho seria se assim não estivesse
O que virá, não sei, sigo aceitando
A felicidade a mim não parece

Palavras jogadas, seguem brotando
Memórias ocultas, se não relembrasse
Mas nada digo, persisto lutando
Palavras malucas, pois nada acontece

Neste mar morto vou navegando
Tentando comandar, se assim deixasse
A felicidade de mim se apossando
Se bem aventurado você me aceitasse

Foto de Luciano Bezerra Agra Filho

Fazer amor com você

Te fazer um poema é te deitar
Sobre os versos que faço e te querer
Nas palavras que fogem e te beijar,
Na ausência do teu, no meu prazer.

Te fazer esse amor é me fazer
Um poema querendo te abraçar
E em meio às palavras me perder
No corpo sobre os versos a te amar.

E te fazer o mesmo amor,
Ao fazeres dos versos a leitura,
E perderes de todo algum pudor

Te querendo um prazer que se afigura
O sexo que o orvalho faz com a flor,
Um cortejar de mãos pela cintura.

Foto de TrabisDeMentia

Procurando o amor

É tão mais fácil te ouvir quando não falas para mim
Pois olhos nos olhos me perco nas palavras
Fico procurando algo por detrás do brilho
Entre o silêncio e o crepitar das brasas

É tão mais fácil falar quando não falo para ti
Pois olhos nos olhos tudo perde o sentido
Fico mudo só de pensar que lá no fundo
Para lá do silêncio te ouço rindo

E quando me olhas
fecho os olhos para que não me vejas
e quando me tocas
abro os lábios mas tu não me beijas

Foi sempre assim e para sempre o será
Não se pode encontrar o que nunca haverá

Foto de misteriosa

Vem...

Espero-te, e ao esperar-te relembro
Momentos felizes e sensuais.
Poder repetir tudo novamente....
Seria um sonho talvez irrealizável.
Mas continuo a esperar ...
Momentos distantes ,
Quando não conhecia o toque do teu olhar .
Vem ...
Faz perceber que nada foi vazio ,
Que tu existes e eu senti realmente o teu cheiro,
As tuas mãos e o quente do teu olhar...
Que não foste produto do meu desejo,
Da minha imaginação sedenta de amor ....
O sonho continua cá , bem vivo e desperto
A tentação de lembranças de cheiros ,toques...
E palavras, que nunca foram pronúnciadas.
Sentimentos que teriam sido , mas não foram...
Paixão?
Não...paixão seria um nunca acabar de desejos até ao fim ...
E tu nunca deixaste acabar a paixão que me consome,
Que me deixa extenuada de tanto querer .
Um dia vou lembrar ...
E talvez vá querer que me respondas ...
Porquê?
Porquê a tua ausência ...
Porque a tua paixão que não seria mais
Que um desejo de posse de momentos irrefletidos.
O silêncio das tuas palavras ,o vazio das tuas mãos ...
Quero continuar a sonhar ...

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