Peito

Foto de Raoni

Noite de lua (Raoni)

O que restará deste amor ?

Que nasceras em um mês que não sei

A porta está trancada. Se restar a dor

Não sei da chave, não sei onde joguei

Ontem eu vi a lua cheia acima da igreja

Não sei se estará formosa como aqui

Só espero que a veja

A lua me chamava

Queria que fosse até ela

De lá eu entenderia

Por que tu és tão bela

Mas não fui. Fiquei

A vagar em uma noite

Na qual não te encontrei

Me restou o caminho de casa

E ao chegar me recolhi ao meu leito

Onde dormi com um foto sua

Apertada contra o peito

Raoni

Foto de NeyOtaviano

Escolha (NeyOtaviano)

Acho que tenho

dois corações.

Um que,

quando penso

em você,

contrai-se, retrai-se,

recusa-se a bater.

Quer fazer-me

esquecer de viver.

Outro que,

quando penso

em você,

sorri, acende-se,

dispara a bater.

Quase deixa

meu peito,

de tanto querer

lhe ver.

Não posso mais

viver assim.

Escolha, com cuidado,

qual dos dois,

quer que exista

em mim.

NeyOtaviano

Foto de quimnogueira

A viagem...(Quim Nogueira)



...Num tremendo desejo de sentir a beleza da descoberta, fiz as malas da imaginação e pus-me a caminho...

...Nada levei comigo a não ser o meu corpo, capa duma alma que albergo em profundas vagas de alterosos mares de espuma sedosa que salpicam o meu ser quando o vento toca o meu coração e o sinto bater...

...O caminho era longo e penoso e ao fim de muito tempo, a chuva caiu dentro do meu peito e senti um frio estalar dentro de mim quando o desejo de parar me invadiu...

...Mas o coração bateu ainda mais depressa e rapidamente o calor voltou ao meu corpo e pude prosseguir a viagem...

...Ali ía eu

Foto de quimnogueira

Queria ser o teu sonho...(Quim Nogueira)



... Em frente ao espelho da cómoda do teu quarto, sentada num banquinho forrado a tecido de cortinado vermelho, penteavas os teus cabelos, num ritual que funciona mesmo sem dares por isso...

... a escova passava ora uma, ora duas vezes, de cima para baixo e alisava os teus cabelos sedosos, cor de mel e de marfim... brilhavam no espelho e te revias momento a momento numa expectativa de mudança, o que não acontecia pois não podias ficar mais bela do que aquilo que já eras... a beleza em ti não residia nem morava ... era!...

... a tua camisa de noite, acetinada bege, de rendas sobre o peito alvo de seios firmes e redondos, deixava transparecer a cor da tua pele suave e doce ao olhar sem ser preciso tocar...

... a tua cama de lençóis de prata, aguardava o teu corpo numa ânsia lasciva de quem à noite, só, te espera num desespero de intocabilidade ... e tu, demoravas...

... da cómoda tiraste um frasquinho de perfume e te ungiste com ele o que provocou um agradável respirar a todos os móveis que te rodeavam ... e a tua cama, ansiava pela tua presença... e o teu corpo demorava a conceder-lhe esse desejo...

... levantaste-te de fronte do espelho e te miraste novamente de corpo inteiro e gostaste da tua imagem alva e bela naquele quarto iluminado pela tua presença ... olhaste de soslaio e ... sorriste ...
... sentaste-te na beira da cama e esta suspirou docemente perante a antevisão de que em breve te possuiria. Tiraste os teus pézinhos leves de dentro dos chinelos de cetim vermelho, levantaste um pouco o lençol e te entregaste total e lentamente ao prazer de estender do teu corpo e da entrega final ao teu leito...

... a tua cama nem sequer se mexeu ... aquietou-se para não te perturbar, para que não te arrependesses daquilo que acabaras de fazer, com medo que te levantasses e ela te voltasse a perder...

... a tua cama inspirou baixinho a fragrância do cheiro da tua pele e deixou-se ficar aguardando o teu próximo movimento...

... deitada de bruços te deixaste finalmente ficar e tua cabeça leve pousada de mansinho na almofada, arfava lentamente o teu respirar de prazer por mais uma noite de descanso... e de sonhos...
... teus olhos semicerrados viram a lâmpada acesa e teu braço se estendeu ao interruptor da mesinha de cabeceira para a desligar. Os teus movimentos eram propositadamente lentos para que o tempo demorasse ainda mais do que aquele que já existia...

... e a tua cama sentia... na obscuridade do teu quarto, teus olhos semicerrados olharam o tecto e se fixaram na sua alva cor que permitia uma réstia de luz no meio da escuridão...
... olhaste a janela e pelas frinchas da persiana, divisaste a luz cinzenta duma lua crescente ... avizinhava-se uma noite de lua cheia e teu corpo descansou por um momento... a tua cama então suspirou e te abraçou fortemente...

... em suas mãos te acabavas de entregar... e o sono chegou.... adormeceste...

... não sei mais o que se passou... a noite decorreu, teu corpo diversas vezes se moveu...
... a tua cama não se movia, com receio de te acordar; abraçava-te sempre para não te deixar fugir ... sentia-te sua e possuía-te num sonho imenso de impossibilidade, de impotência, de raiva, por não te conseguir ter tendo-te ali...

... tua mente adormecida, movia-se e sabia-se que sonhavas...
... a tua cama te tinha ... ali, indefesa, sozinha...
... sonhavas e eu aqui, nada mais te pedia ... nada mais desejava...
... queria apenas ser o teu sonho..

Quim Nogueira

Foto de quimnogueira

Poema à mulher (Quim Nogueira)



em prosa...

Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção.
Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura. Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz.
Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento.

As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles.

Acerco-me de ti e te toco. Te sinto global e ali inteira frente a mim. Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal.

Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim. É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar.

Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda.

Fecho os olhos procurando apenas sentir.

E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom.

Como é bom. br>
A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse. É apenas mais um enlace. Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura.

Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente.

Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem.

Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor.

Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente.

Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim.

Procuro o teu sexo e o acaricio.

Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo.

Te envolvo num abraço mais e te penetro.

És tu que me possuis. Não te tenho, és tu que me tens.

Movimentos doces se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só. Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de prazer e loucura. Já não sei o que sou, apenas em ti estou. Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar.

Na verdade és tu que me possuis pois eu não te tenho, és tu que me tens pois em ti eu me dou.

Em ti me eternizo.

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Liberdade (Leonardo Andrade)

NA LIBERDADE DAS ÁGUAS AZUIS,

SÓ O LIMITE DO CÉU QUANDO CINZA,

DELIMITA MEU ESPAÇO....

CORAÇÃO TROPICAL, PEITO DE AÇO

AS ONDAS ASSOLAM;

OS VENTOS AÇOITAM;

EU RESISTO, INSISTO;

NUNCA DESISTO.



SEI DESFRUTAR A CALMARIA,

SEI SEGURAR AS VELAS NA VENTANIA.

ME DELICIO COM A TEMPESTADE,

COM A NATUREZA E SUA VORACIDADE.

VELEJAR CONTRA A CORRENTEZA,

SER REBELDE, É A MINHA NATUREZA.

CRONOLOGIA DE ONDAS E MARÉS

SEM NUNCA FIXAR OS PÉS.

PERNOITAR EM ALGUM CAIS ERRANTE,

AO AMANHECER, VOLTAR A SER O VIAJANTE,

SEM MARCAS, CICATRIZES OU SINAIS,

SEM FICAR POUCO TEMPO, SEM FICAR DEMAIS.

CONTAR ESTRELAS SOZINHO NO INFINITO DO CÉU,

SER COBERTO PELA NOITE E SEU VÉU,

TER COMO CONFIDENTE O MAR E SEUS SEGREDOS,

DIVIDIR COM ELE MINHAS INCERTEZAS E MEUS MEDOS.

VELEJAR É PRECISO, É VITAL,

ETERNA BUSCA DO CAIS IDEAL,

ONDE A ÂNCORA SE FIXE DE FORMA PERFEITA,

E A DEPENDÊNCIA DO MAR ESTEJA DESFEITA.

ESQUECER MAPAS, ROTAS, PLANOS,

CONTABILIZAR ACERTOS E ENGANOS,

GUARDAR PRAIAS E ENSEADAS COM CARINHO,

ESQUECER ATALHOS, ME CONCENTRAR NO NOVO CAMINHO.

USAR O QUE APRENDI COM VENTOS, MARÉS E LUAS,

PARA À NOITE SOBRE AS SUAS COSTAS NUAS,

MAPEAR NOSSA EXISTÊNCIA DE FELICIDADE,

E APRENDER QUE SÓ COM VOCÊ ... ESTOU EM LIBERDADE.

VOCÊ QUER SER MEU ETERNO CAIS ???

DESTE, PROMETO, NÃO PARTIREI JAMAIS !!!

EU TE AMO DEMAIS,

MUITO MAIS QUE DEMAIS.....

ETERNAMENTE, ALÉM DE ERAS E VIDAS .....

SEMPRE SEU ....

Leonardo Andrade

Foto de Nuno

Olhos verdes (Alexandre Bragga)

São da terra, são do mar

Teus olhos de linda cor

Há o sal do verbo amar

E muros que trazem dor

O verde cor de esmeralda

Não se perde na distância

Em meu peito agora escalda

Uma paixão feita em ânsia.

As ondas com alegria

Os beijos n'areia dão

Mas não encontro uma via

Que leve a minha canção.

E como algas

Foto de FERNANDO_JOSÉ

Espero por ti (Fernando José)

PARA A ROSINHA ....

QUANDO CONTIGO ESTIVER

TEREI MEUS OLHOS FECHADOS

PARA QUE NÃO POSSAS VER

COMO ESTÃO

APAIXONADOS!!

COMO POSSO EU FAZER?

SERÁ QUE ISTO É DEFEITO?

O QUE ME ESTÁ A ACONTECER

E PORQUE QUEIMA O MEU PEITO?!!

SEI QUE NÃO ÉS MINHA!!!

JAMAIS O PODERÁS SER

VÊ A MINHA DESGRAÇA!!

O QUE ME ESTÁ A ACONTECER!!

MAS QUANDO ESTIVERES COMIGO!!

COM OS MEUS OLHOS

EU TE ENGANO!

NÃO QUERO QUE OS TEUS VEJAM

O QUANTO JÁ EU TE AMO!!

PORQUE A VIDA NÃO É JUSTA

E SÓ DÁ TRISTEZA E DOR

MESMO SABENDO A IMPOSSÍVEL

A ESPERANÇA DO AMOR

TARDE ? NUNCA É TARDE!!!

E CEDO JAMAIS O SERÁ

ESTE AMOR É ASSIM

JAMAIS SE ANUNCIARÁ!!

MAS QUANDO CONTIGO ESTIVER

TEREI MEUS OLHOS FECHADOS

PARA QUE NÃO POSSAS VER

COMO ESTÃO

APAIXONADOS !!!

Fernando José

Foto de Patrícia

Cantata de Dido (Correia Garção)

Já no roxo oriente branqueando,

As prenhes velas da troiana frota

Entre as vagas azuis do mar dourado

Sobre as asas dos ventos se escondiam.

A misérrima Dido,

Pelos paços reais vaga ululando,

C'os turvos olhos inda em vão procura

O fugitivo Eneias.


Só ermas ruas, só desertas praças

A recente Cartago lhe apresenta;

Com medonho fragor, na praia nua

Fremem de noite as solitárias ondas;

E nas douradas grimpas

Das cúpulas soberbas

Piam nocturnas, agoureiras aves.

Do marmóreo sepulcro

Atónita imagina

Que mil vezes ouviu as frias cinzas

De defunto Siqueu, com débeis vozes,

Suspirando, chamar: - Elisa! Elisa!

D'Orco aos tremendos numens

Sacrifício prepara;

Mas viu esmorecida

Em torno dos turícremos altares,

Negra escuma ferver nas ricas taças,

E o derramado vinho

Em pélagos de sangue converter-se.

Frenética, delira,

Pálido o rosto lindo

A madeixa subtil desentrançada;

Já com trémulo pé entra sem tino

No ditoso aposento,

Onde do infido amante

Ouviu, enternecida,

Magoados suspiros, brandas queixas.

Ali as cruéis Parcas lhe mostraram

As ilíacas roupas que, pendentes

Do tálamo dourado, descobriam

O lustroso pavês, a teucra espada.

Com a convulsa mão súbito arranca

A lâmina fulgente da bainha,

E sobre o duro ferro penetrante

Arroja o tenro, cristalino peito;

E em borbotões de espuma murmurando,

O quente sangue da ferida salta:

De roxas espadanas rociadas,

Tremem da sala as dóricas colunas.

Três vezes tenta erguer-se,

Três vezes desmaiada, sobre o leito

O corpo revolvendo, ao céu levanta

Os macerados olhos.

Depois, atenta na lustrosa malha

Do prófugo dardânio,

Estas últimas vozes repetia,

E os lastimosos, lúgubres acentos,

Pelas áureas abóbadas voando

Longo tempo depois gemer se ouviram:

«Doces despojos,

Tão bem logrados

Dos olhos meus,

Enquanto os fados,

Enquanto Deus

O consentiam,

Da triste Dido

A alma aceitai,

Destes cuidados

Me libertai.

«Dido infelice

Assaz viveu;

D'alta Cartago

O muro ergueu;

Agora, nua,

Já de Caronte,

A sombra sua

Na barca feia,

De Flegetonte

A negra veia

Surcando vai.

Correia Garção (1724-1772)

Foto de Patrícia

Tenho amor, sem ter amores (Soror Madalena da Glória)

Tenho amor, sem ter amores.

Este mal que não tem cura,

Este bem que me arrebata,

Este rigor que me mata,

Esta entendida loucura

É mal e é bem que me apura;

Se equivocando os rigores

Da fortuna aos desfavores,

É remédio em caso tal

Dar por resposta ao meu mal:

Tenho amor, sem ter amores.


É fogo, é incêndio, é raio,

Este, que em penosa calma,

Sendo do meu peito alma,

De minha vida é desmaio:

É pois em moral ensaio

Da dor padeço os rigores,

Pergunta em tristes clamores

A causa minha aflição,

Respondeu o coração:

Tenho amor, sem ter amores.

Soror Madalena da Glória (1672-?)

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