Pés

Senhor deus dos corações amargurados
eis me aqui aos pés do altar da solidão
trago os olhos inchados de tanto chorar,
versos em forma de prece, eu trago em minha mão.

Mas senhor confesso que eu estou desesperada.
Eu não tenho mais forças para de todos esconder
por isso estou aqui, como réu me confessando,
eu não tenho mais forças para sem ela viver.

Busco ao ver o dia amanhecendo
encontrar forças e motivos para me animar.
Digo a mim mesma que é a esperança que renasce
mas nem eu mesma consigo nisso acreditar.

Senhor deus dos amores frustrados
diz-me como vou fazer para tudo esquecer?
Como faço para apagar da minha vida
aquela que foi e é a razão do meu viver?

Diz-me, oh senhor dos desgraçados
qual a razão de tanto dor e sofrimento?
Será que amar como amei foi um erro?
Porque então, deixaste nascer tal sentimento?

Diz-me senhor dos desamparados, se um dia
minha alma desse sentimento vai se libertar.
Eu preciso que isso aconteça urgentemente
porque confesso, não suporto mais tanto chorar.

Confesso nesta oração em forma poesia
que minha alma sangra e está amargurada.
Por isso meu deus eu te peço entre lágrimas
ajude-me a esquecer que por ela não sou amada.

E neste altar eu deixo meu coração entristecido
pois a muito ele já deixou de me pertencer.
Senhor deus dos corações aflitos e apaixonados
ajude-me, a essa pessoa, de uma vez, esquecer.

Se isso não for possível senhor deus da solidão
por sua piedade eu fico aqui a insistir
dê ao meu coração motivo para voltar a viver
ou traga de volta ela, que é a razão do meu existir.

Você foi e é, algo tão especial em minha vida
Eu não consigo em palavras explicar.
Pois eras meu chão, quando precisava por pés na terra,
eras meu céu infinito quando querias ou quero voar.

Você era e é minha luz nas noites escuras
Farol que nas tempestades da vida, esta a me guiar.
És, a flor rara e perfumada que encontrei,
no jardim de meus sonhos, banhada pela luz do luar.

És, a canção que o vento me trouxe de longe,
E que deu ao meu coração novo alento.
Fizeste um ninho seguro e tranqüilo em meu peito
Transformou em alegria, o meu sofrimento.

Por você voei por céus e mares antes desconhecidos
Entreguei me de uma forma total e sem medo
Fui criança nos braços maternos da ilusão
Desnudei minha alma de qualquer segredo.

Com você ao meu lado eu galguei estrelas coloridas
No meio dos astros da noite versos eu criei
Fiz poesias sobre o sentimento que me dominava
Flores e corações com teu nome desenhei.

Por você eu busquei novas cantigas e rimas
Para em palavras meu amor te confessar.
Por isso fiz do meu cotidiano uma terra mágica
Onde você era e é, a única a reinar.

Por isso hoje estou aqui meio que sem palavras
Tentando ainda entender o que aconteceu.
Porque depois de tudo o que vivemos lado a lado
Você simplesmente me diz: Nosso amor morreu.

Não consigo assimilar tamanha dor
Minha alma necessita de uma explicação
Diz-me como viver sem você em minha vida
Se você é da minha vida, é a razão.

Que amigo estranho é esse
Que te envolve, cativa e vicia?
Que companheiro leviano é esse,
Que ao te conquistar foge de ti?
Mau caráter pára de funcionar!
Abandona-te em plena luz do dia,
Arranca o tapete de sob os teus pés
Sem dar-te a menor satisfação!
Este falso amigo que te prende horas a fio,
Afasta-te do convívio familiar,
Causa-te uma tendinite,
Uma cervicalgia,
Não te deixa partir quando queres,
Mas foge de ti quando mais necessitas
Da sua companhia!
Que amigo sarcástico é esse
Que te oferece amigos virtuais
E te priva do seu convívio e,
No primeiro dia do ano,
Resolve não funcionar?
Máquina ingrata!
Não sabe ser companheira.
Desalmada!
Não tem coração!

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 01/01/06

Sentada aqui nesta madeira que algum navio largou a deriva, coloco minhas mãos sob o queixo e pensativa observo ao redor.
O mar calmo e límpido está a minha frente com seu azul infinito, suas ondas num vai e vem incansável, vez ou outra sua água morna alcança meus pés molhando-os delicadamente.
Ao longe montanhas altivas e imponentes que as nuvens encobrem seus cumes tornando-as mais belas, as gaivotas também comparecem com seus vôos rasantes embelezando ainda mais este cenário da natureza.
Aos poucos meus pensamentos chegam a você que és tão belo, como um deus da mitologia grega e te comparo a tanta beleza. Diante do meu olhar vou desenhando sua silhueta e como que por encanto sinto-o a meu lado, aplacando assim um pouco desta solidão que sinto em minha alma.
Desenho um coração na areia escaldante e dentro dele escrevo o teu nome junto ao meu, mas sei que a maré vai subir e levará nosso coração, assim como o destino levou você da minha vida e nem sinal deixou.
Quero que saiba que teu amor deixou marcas profundas em meu coração que será eternizado pelo amor que nutri por tanto tempo por você.
Enquanto falávamos através daquela tela poderia jurar que muitas vezes ouvia sua voz dentro do meu eu e pensar que jamais ouvi sua voz que nunca nem sequer lancei um olhar sobre ti, como fui apaixonar-me por palavras, por uma imagem que na realidade nem sei se era sua. Agora nada tenho nem sua escrita e muito menos a sua imagem, você simplesmente desapareceu da mesma forma em que apareceu e cá estou a me perguntar, onde estará você?
Como pude deixar-me iludir com suas palavras doces, abrindo meu coração deixando estabelecer com prioridade a fonte deste amor virtual, pensei que poderia controlá-lo que doce ironia, não consegui, entreguei minha alma para aqueles momentos mágicos aceitando e devolvendo palavras de amor sem pensar nas conseqüências.
Agora aqui eu e minha solidão pensa, que podes estar além deste imenso mar em terras longínquas ou apenas a alguns quilômetros e até mesmo alguns metros, quem pode saber? Somente você. No virtual tudo parece tão próximo e quando se sai da frente daquela tela que nos trás tanto o amor quanto à saudade, nos sentimos tristes e infelizes assim como me sinto neste instante.
Todos os meus sentimentos estão bem guardados no âmago do meu ser e o mais puro deles que é o amor o coloquei num pedestal e o transformei neste poema para você:
Muitas palavras de amor você escreveu
Em todas elas eu acreditei
Tanto que ainda espero por você
Pode o tempo correr...
Até mesmo eu envelhecer
E mesmo assim ainda te amarei!

Também declamada por Luiz Gaspar (Portugal)

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