Querer

Foto de Dionisio Dinis

Apenas

Será só saudade?
saudade apenas, e grandiosa saudade,
da mágica presença
do encontro miraculoso,
do leonino e saboroso olhar,
da coincidência das emoções
e também enfim,
mas jamais o fim
esta vontade indómita de te querer bem
este gostar de gostar, só por gostar
simplesmente, e com todo o querer.

Foto de sonhos1803

A verdade

Como descobrir,
A verdade que nem quero ouvir,
Um suave ruído,
Que entra pela porta,
A esfriar meu corpo,
A circular,
A criar,
Formas de se anunciar,
Uma verdade tímida,
Corrente de agonia,
Que me faz arrepiar,
Palavras que ficam presas,
Represa de orgulho,
Que afoga meu dia,
Choca meu peito,
Entre a agonia e o desejo,
Ter tão pouco ou quase nada,
Como escolher sem sofrer,
Na perca de mim ou na ausência de você,
Muros de solidão,
Risos de alegria,
Caminhos que me transportam,
Que me fazem confundir,
O querer?
O que posso ter?
Quase nada,
Muito pouco,
A despertar,
De um sono triste,
De uma alegria que brota morna,
Na boca que beijo,
No corpo que me abraço,
Sem embaraço,
Mas estranho,
Esse desejo de perda,
Sem ser meu, sem ser tua,
Um misto de ternura,
Que acompanha teus passos,
No silencio do teu orgulho,
Um ser teimoso e tolo,
Desejando,
Queimando até o fim,
Longe de você e longe de mim.

Foto de CELIO

Você

As veses sinto que existo,nem sei se vivo
Quando você partiu,levou o meu viver..
esse corpo que minha alma carrega pesa a cada dia
dizem que ninguem nunca morreu de amor
mais eu sinto que estou morrendo a cada dia..
Sei que ti amo alem de mim..
As lagrimas que saem de mim,é a saudade que esta virando doença, que saem pelos poros..
É so pensar em você que muda o dia,as veses me pergunto se é certo ti querer..
As veses ti odeio por um segundo,depois ti amo ainda mais..
Minha vida partiu com vc...
As veses tento me levantar,e confuso eu fico sem saber pra onde ir,buscando sem saber alguem pra conhecer,e começo a pensar que com outro estas ficando,entao enlouqueço..
Perdi você que era tudo na vida o que eu mais queria...

Foto de brgigas

É flor de eterno sabor

É flor de eterno sabor,
De desejo e de dor,
É sinal de querer,
Sentir de novo um amor.

De eterno nada tem,
Perdesse em palavras
Em desdém,
É assim inevitável fim.

Mas o querer não basta,
Falta a palavra que me arrasta,
O meu bem-querer,
É ele que me basta.

Deixa eternizar esse sabor,
Por de parte esta dor,
Beijar de novo,
Os teu lábios de eterna flor

Foto de brgigas

Por onde andas tu?

Por onde andas tu? Por ai sem rumo diz me onde te posso encontrar, ajuda-me neste problema, ajuda me a encontrar, a encontrar-te. Por aqui ando eu, sou evitado, sem querer procurar simplesmente queria te encontrar, sem te buscar simplesmente queria ser encontrado. O tempo passa, mas porque é que nada muda? Sem solução esta questão, parece sombra que segue e persegue, continua aqui, algo indissociável do meu ser, talvez seja um sinal estúpido, mas que natural é esse sinal. Só meu, por isso só eu vou encontrar algo, não tu, pois sou evitado. Irei encontrar algo sem valor sem querer, sem desejar, pois o que desejo é só um desejo, meu, pessoal, único, estúpido sinal, mas que natural…

Foto de Welington de Haia

Grito em silêncio

Se houvesse como viajar no tempo
Voltar às horas e recomeçar
Explorar as emoções contidas
Sem limites de querer sonhar
Mergulhar em meio às fantasias
Em mil e um desejos de saciar
Pode ser tudo uma grande utopia
Almejo um dia alcançar.

A razão ofusca e interrompe
Cortando as asas do imaginar
Inibindo o sempre o anseio
Rolando aos olhos muitas lagrimas...
Aceitar a face de uma mentira
É o egoísmo e o medo de fracassar
Ver de perto um sorriso fingido,
E ter o orgulho de lutar

Ao vento há de ecoar
Meu grito em silêncio.
Não há como evitar a soma de dois sentimentos
Entra a lua e o sol, nós dois e o infinito...
Pode tudo mudar, eu vou gritar!
Te amo, te amo!

Ao vento há de ecoar
Meu grito em silêncio.
Não há como evitar a soma, te quero te amo!
Em silencio minha alma gritara
Não há como evitar...
Juntos nós conseguiremos tudo
Para sempre, sempre...
Você é aquela que eu encontrei em minha vida
Não importa o quanto tenhamos que tentar
Eu te amo, eu te quero!

Foto de Carlos Donizeti

Os últimos Cantos

Já me vestiram para a festa
os convidados aos poucos chegam.
Todos adornados de preto
ao invés de balada, choros.

Lamentações, remorsos.
nesta noite, eu sou o astro principal.
E ninguém vai querer me imitar,
minhas musicas, poesias ou vida passada.

A crepúsculo já é espesso e vazio
Já não tem o bolero, tango e a valsa
O samba pagode ou funk
Nem bebidas, aqui só café

Nesta noite, de madrugada
Já estou seguindo a estrada
Em breve serei pó e vento
E uma Historia nos livros
Para alguns, talvez um alento

http://carlosdonizeti.blogspot.com/

Foto de brgigas

Espero-te ao som de um piano

Espero-te ao som de um piano,
Linda e perfeita em cada imperfeição.
Como visão surges envolta em luz,
Talvez a luz do meu desejo,
Um querer incontrolável,
Uma prece indenunciável.
Espero-te no meu canto,
Com olhar de humilde espanto,
Espero-te aqui com encanto,
Por tão bela donzela
Que espero no meu recanto.
Espero-te mais um pouco,
Pois sei que tu vens,
Envolta em notas de calor,
Numa melodia de amor,
Eu sei que tu vens,
Por isso espero-te aqui.
Sem pressas,
Simplesmente vem mulher bem…

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor.
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia.
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua, estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olho para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; só porquê estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir? – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, no chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como fantasma – não posso fugir.
Angustia-me, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade está mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz, eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido
pequenas e grandes coisas, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Chupo-te como uva, urino no esgoto - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é meu anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei aonde vou.
Virei olhando seu rosto; uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha penas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme!.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância, vou embora - você é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – lá você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marca os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova; sou invisível, nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre rouba um pouco.
Solitário ou nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Chamarei-te de Teresa, ela também cansa a minha beleza.
Responda-me com certeza; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Sim mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para estes tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio.
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda; me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura.

Foto de Samoel Bianeck

A Montanha

I
Na frente o mar; dos lados vou nadar - sair e a montanha olhar.
Quero abraçar, alta o céu vai arranhar - a mim abençoar.
Lá vou chegar, montanha sei te amar - teu cume quero alcançar.
Com um véu te coroar, Cristo não mais crucificar - lá vou rezar.
Alguém acompanhar, ninguém desolar - e talvez desposar.
II
Fugir da maldição, ganhar saúde no coração - gritar para o irmão.
Na montanha tem o leão, o tigrão - lá no alto frutas e limão.
Me erguerei em ascensão, terei o céu na mão - para Eva serei Adão.
Com ela jogarei xadrez e gamão, esquecerei o pão - serei um bebesão.
Nasce no coração, amor uma boa aflição - não pare quero continuação.
III
Me cobri com seu manto, senti seu pranto - no entanto.
Não almoço mas janto, esqueci o desencanto - ficarei não sei até quando.
Para chegar esperei tanto, agora da manhã levanto - olho sem espanto.
Não mais tenho quebranto, rezei já sou santo, posso voar - até canto.
Repouso no recanto, aqui falo esperanto, árvores me entendem - é um encanto.
IV
Montanha faça jus, mostra tua verde luz - para o alto me conduz.
Tua força me induz, sonhos que produz - já não sou avestruz.
Fez leve minha cruz, não uso capuz; saro com ervas - há mentruz.
Subo a pé sem bus, não tenho status - até vivo com os jacus.
Oro a Jesus, no alto há uma luz - só o bem se traduz.
V
Montanha, você sempre me apanha - a fé é tamanha.
Sem artimanha, acolhe a pomba e a aranha - lá tem castanha.
Água pura é champanha, não se faz barganha - tudo é façanha.
Canto, ouço a Betanha, a garganta não aranha - nem a voz fica fanha.
Eu vou, alguém me acompanha? Ela vem e me ganha - meu braço apanha.
VI
Sempre jovem menina, dentro guarda uma mina, fora - muita adrenalina.
Tua cor ilumina, tem verde e albina - ser sábio me ensina.
Não tem dor nem angina, és nua sem batina - não usa gás ou benzina.
Parada é bailarina, sem sapato ou botina - não é santa nem cafetina.
Parece pequenina, mas é sábia e divina - tem uma lá na esquina..

VII
Inicia a jornada, lá em cima ela fica amedrontada - está paralisada.
No meus braços se vê abrigada, quieto, não digo nada - está gelada.
Tonta e assustada; mas olha apaixonada - se sente desarmada.
Presa fácil será atacada, parece machucada - vai ser desnudada.
Não quero mais nada, estás nua quase pelada - vai ser amada.
VIII
Sou o Maomé que vai, a faço tremer mas não cai - feliz grito "ái".
Outros gritam "uái", ela grita mas não sai - no Japão a gueixa e o samurai.
Filho onde vai? A procura de Adonai, peça por mim – pode ir que não cai.
Lá de cima gritai, ou como um pai - com voz suave falai.
Sobe num bonsai, assim você não cai, mas deste lugar - vê se sai.
IX
Teu solo é sagrado, lá Ele foi crucificado - mas não ficou calado.
Teu semblante abalado, deve ao alto ser lavado - bons ares respirado.
Lá não tem dor nem machucado, ninguém é magoado - o espírito é elevado.
Vai; seja abusado, só ou acompanhado, não seja Maomé - nem enjoado.
Não fique parado, te cuidada no cerrado, nem sempre - abra o cadeado.
X
Subir é lendário, suave calvário - lá terás o imaginário.
É um grande cenário, onde tudo é voluntário - nada arbitrário.
Saia do armário, você é o beneficiário - libere o peixe do aquário.
Pobre ou bilionário, esqueça o calendário - ou o crediário.
Ele não vai; deixe o otário; o livro, o dicionário, a escola – e o secundário.
XI
Tem perfume de flor; muito gosto e sabor - lá nasce o amor.
Ele é seu admirador, ela só quer amor, respirem - não tem filmador.
Seja na terra nadador, a seus pés um orador, escute - só faça amor.
De paquerador vira professor, o surdo ouvidor - adeus falso pudor.
O retrógrado vira inovador, o desiludido sonhador - o fraco tem vigor.
XII
Vem cá, traga um parente, aqui não é frio nem quente – só passe um pente.
É verdade, há quem não agüente, K2 não é para gente – mas não invente.
Do sofá levante, tome coragem e vai avante – da altura não se espante.
São amigos, ratos e elefantes, tem mais velho e infantes – nada é oxidante.
Pega um barbante, coloca um pisante – esqueça tudo dantes.

XIII
Esqueço a monotonia, trago uma companhia – na rede vivo uma poesia.
Tenho tudo que queria, fugi do que é fria – abandono quem me angustia.
O som não tem cacofonia, foi embora a azia – tirei uma radiografia.
Muito de bom não conhecia, agora estudei geologia – sem querer teologia.
Antes, todo dia, acho que um pouco morria – por muito pouco sofria.
XIV
Da montanha vejo o sul e o norte, não se pensa na morte – me sinto muito forte.
Toda hora é um esporte, nada que muito importe – acho que tive muita sorte.
Às vezes recebo um reporte, vem de aerotransporte – pede palavras que conforte.
Pode vir quero passaporte, carrego faca de corte – tenho um braço de porte.
Montanhismo é esporte, escalar é pra forte - difícil é o vento do norte.
XV
Sou lobo da montanha, só uma loba me ganha – um poeta da montanha.
Segui a sermão da montanha, fugi da maldição da montanha
– e senti a tentação da montanha.
Como lasanha, as vezes piranha – só quando me assanha.
Ganhei muita manha, agora picanha - só sem banha.
Tua imagem a terra banha, a sombra te apanha – vem pra montanha.
Esta é a manha; passar 40 dias e 40 noite no alto da montanha e...
– aceitar a tentação da montanha.

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