Querer

Foto de Carmen Lúcia

Lamento

Lamento pelo inconcebível,
pelo incabível,
pelo que poderia ser e não foi...
pelo que foi e não se pôde mudar...
Pelo desamor,
pelo botão de flor,
pelo não desabrochar...

Lamento a inocência perdida,
imagem denegrida
arremessada, distorcida,
cotidiano da vida...
Lamento pelo vandalismo,
pelo desprezível e insano
cenário de desafeto humano.

Lamento pela fome doída,
pegadas de idas e vindas
buscando um lugar ao sol...
Pelas palavras prometidas,
mal ditas, não cumpridas,
perdendo-se pelo arrebol.

Lamento a alma desprovida,
o descaso pela vida
e todo poder abusivo.
Lamento a lágrima rolada
e o coração corroído
da mãe pelo filho querido...
Lamento o filho nas mãos do bandido.

Lamento a existência atribulada,
o amanhã dilacerado,
o nascer inopinado,
o querer e nada ser ...
A indiferença no olhar, que jaz,
o curvar-se ao onipotente...
Viver ou morrer?Tanto faz!

Lamento minha impotência,
procedimento estático
de nada poder transformar...
E em linhas mal traçadas
esboço, derrotada,
meu triste lamentar...

_Carmen Lúcia_

Foto de carlosmustang

ECLESENÇÃO

Nos novos sonhos, carência de sonhar
Minha amada esta aqui...a disposição
Meus pais se amam, e me amam também
Ta difícil andar, sem revoltar-me

Empurrar alguém na calçada, ignorar
Essa história é furada, não aceito não
Se querer me repreender tirem as crianças dos sinais
De aos velhos alguma dignidade, humanidade
Depois aponte esse dedo seco,e detonem minhas lágrimas

Não me venham com xurumelas, esse mundo eh a mesma babaquice de sempre
Onde as autoridades cagam e andam para minha dor, e a Humanidade ignoram

Só eu que sinto, onde quero chegar
Podes o tempo passar, o espirito esta aqui
Desculpe mas a luta continua, ADEUS...

Foto de Rute Mesquita

Absolvições de lágrimas ensopadas

Sou inconsciente muitas vezes ao agir de coração nas mãos em vez de uma balança que equilibra, mede e distingue o certo do errado. Sou má pensadora, sou imperfeita, sou uma semente que germina gradualmente e que já provou o sabor amargo das tempestades famintas… tempestades que hoje se vêem à transparência do sol, cravadas no meu corpo.
Sou eu, uma vezes tudo, outras vezes odut… Sou, neste papel, um pedido de desculpas sistemático, que sinto que desgasta o seu receptor… Sou um arrependimento dissolvido nas lágrimas brotadas por querer ser o tudo para aquele amor.
Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 6

- Setembro – Capítulo 6

Em certas realidades
Você não pode ouvir
Não pode ver
Não pode sentir o cheiro
Aliás
Não pode sentir
Não pode falar
Não pode pensar
Não pode pensar em falar
E não pode degustar
Não pode encostar
Não pode colocar a mão
E não pode querer ter ou ser
Não pode poder
Não pode nada
Não pode tudo
Não pode proibir
E muito menos pode liberar

Eta realidadezinha besta
Meu Deus...
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No nosso mundo, tudo permanecia como era antes, só que mais cheio. Os meus pares preocupadíssimos com futilidades essenciais mal se davam conta que desperdiçavam suas energias com situações que não os levariam a nada ou os satisfariam. Eram pobres e não tinham simplicidade. Brigavam por entorpecentes, por pequenas posses, orgulhos imbecis. Não que eu ache isso errado, cada um tem sua vida e cuida dela. Mas, vendo os resultados, me sinto intimamente incomodado. Não sei bem o porquê vejo as crianças brincarem no esgoto e fico incomodado. Eu deveria me importar mais comigo e menos com os outros. Como sou desprezível!
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No gueto a vida era muito boa. Os meus colegas de moradia tinham uma moral impecável. Um batia na mulher. Outro estuprava a própria filha. Uma das matriarcas espancava os filhos e os obrigava a catar restos nas lixeiras dos seres de sangue frio. Toda a pureza que de comportamento que eu não encontrava entre os meus senhores sobrava na comunidade que me acolhera. Havia toque de recolher durante a noite. Só ficavam abertos um bar e um prostíbulo para o divertimento dos que podiam pagar. E todos os produtos e serviços eram tributados em favor do nosso líder. Vivíamos em uma paz sem voz, mas ainda uma paz. Em liberdade, sem submetermo-nos às vontades de algum chefe tirano ou aproveitador aventureiro.
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Nosso líder pede a palavra:

- Amigos! É chegada a hora! Vamos enfim fazer valer a força da nossa organização! É hora do tão aguardado momento do ataque! Chega de nos espreitarmos por entre a grama! Pisaremos a cabeça da serpente! Urrem, seremos os vencedores! Nada irá aplacar nossa fúria!

Os aliados explodem em alegria. A comunidade saqueará os homens ricos. Nunca na sua história houve tanta esperança.

Dona Clarisse se mantém serena mesmo diante dos brados ensurdecedores.
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Havia uma mulher torta que não tirava os olhos tortos da minha presença. Muitas vezes era a única que percebia que eu existia e respirava. Ela me incomodava um tanto, essa mulher torta, mas torta que fosse, parecia torta para o meu bem. Já eu não perdia de vista a estranha e bela dona Clarisse. Por algum motivo que eu não sabia apesar de ter sido linchada seu aspecto era o mesmo de antes de ser banida do lado dominante. Os colegas dizem que os seres de sangue frio podem regenerar seus órgãos, igual a um rabo de lagartixa. Dizem também que sou muito azarado por atrair a atenção da mulher mais feia da comunidade. O que eu acho mesmo é que poderiam deixar a gente fazer o próprio pão, ao invés de comprá-lo a preço de ouro.
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A torta me espreitou num corredor. Ela apertou minha mão e me abraçou. Senti nojo. Quando ela olhou para mim, demonstrando uma sensação que eu nunca vi em outra pessoa, me disse algo que não entendi de verdade.

- Nosso líder é um traidor.

Agora compreendo porque dizem que ela é louca.
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O líder assumiu uma tática de guerrilha. A vitória era garantida, segundo suas palavras. Enfim, teríamos alguma chance de subjugar nossos inimigos mortais.

- Os fortes vão bater de frente com os porcos de sangue frio! Podem tacar fogo naqueles bastardos! Já os fracos vão jogar pedras de longe! Mulheres preparem a gasolina! Vamos explodir aqueles malditos!

Ele se senta sobre um escravo e orienta a premeditada baderna.

- Sai da frente, inútil!

O grito era para mim. Fiquei lisonjeado.
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Durante a dura batalha fui escondido dentro de uma caixa. Meus colegas me chutaram com o fim de que eu evitasse problemas. Ao final, tivemos uma honrosa derrota, perdendo apenas metade de nossos homens. Os seres de sangue frio revidaram o ataque com lâminas e arpões. Se nosso líder não tivesse feito um oportuno acordo, que o colocava como chefe de segurança legítimo e remunerado da nossa comunidade, tudo seria muito pior.

Eu continuei na caixa. Ordenaram-me que de lá eu não saísse.

- Então está certo... Nós te daremos os privilégios que você tanto queria sobre aquele lixo... Mas não ouse nos atacar de novo ou exterminaremos essas suas tralhas... Sorte sua ter tamanha fidelidade a nossa realidade...

A voz de Luís Maurício me esclareceu o óbvio.

Nosso líder era mesmo um traidor.

Foto de Cabral Compositor

Porque?

veja bem
eu estava com sede e você me deu o que comer
eu estava sozinho e você me fez recordar
do olhar..., de você..., do gostar

sabia... que tudo estava tão calmo entre nós
e que a paz, nossa paz não era passageira
você companheira, soube me enganar....

porque...
desviar essa sombra se estamos colados
para que desviar o sentido se não tem sentido
e porque não aceitar esse beijo se não lhe dei motivos
de não me querer..., de não abraçar..., e ouvir os meus conselhos

porque
descartar toda a vida que em nossas vidas foi sempre calor
porque
desfazer uma historia só feita de amor
porque
não se entregar em meus braços e dizer que me ama
se a nossa chama
sempre esteve acesa no mesmo lugar

Foto de carlosmustang

REFLEXO..

E sentindo tão pequenino
Numa folha, sem querer afogar
Em sufoco nos lençóis imaginar
Que mundo receptivo, divino

Danço e procuro o deliro
A devagar o prazer aflorar
O gosto amargo, de recompensar
Vindo sempre nobre suspiro

Se é que tem obstáculos(amarras)
Cegam meu plural de ser
Descalço consigo ir, sem adulações

Fazendo o meu amor me curtir
Sentir o sonho real, me entregar
Um tesouro de alma gémea sentir.

Foto de Bruno Silvano

Sabe...

És minha sombra em pleno sol de meio dia
És a razão de do meu viver noite e dia
És a minha vida em doze tripla
És a amada de toda minha vida

És a estrela que faltava
Para fazer meu coração pulsar
És a professora da vida
Que me ensinou a amar

És as rosa que não muchou
Quando viu meu mundo acabar
És um pedaço do que sobrou
Ao deixar minha felicidade passar

És o mundo
Que tanto amo
És a inspiração
Do meu viver
És a felicidade
Que sempre me acompanha
És a estrela que sempre quis ter

No alto dos céus você me carrega
No baixos da sua beleza você me encanta
Nos Auges dos meus sonhos você me encontra

És meu tudo
És tudo que eu poderia querer
És tudo que desejaria ao meu lado
És tudo que queria ver

Para : Monique

Foto de Sentimento sublime

Ficar!

Ficar!

Não quero contigo tão somente ficar.
Quero contigo ver nascer um novo amanhecer.
O sol despontando, a nos aquecer.
A brisa suave do alvorecer.

Entregar-me com loucura!
Sem hora marcada, meu bem querer.
Sentir teu calor, em teus braços viver.
Beijar tua boca, meu doce mel.

Saciar tua sede de amor!
Mergulhar-me em teus sonhos.
Tua pele em minha pele.
Sentir do teu corpo todo tremor!

Amar-te sem medidas.
Sem hora marcada
Em noites infindas
Teu corpo acariciar.

Estando ao teu lado a todo o momento
Como as gaivotas voando ao vento
Num vôo incessante a procura de abrigo
Meu porto seguro em teus braços encontrou.

Osvania

Foto de Daniel Sena

Talvez

Talvez essas sejam minhas últimas palavras
E é possível que nunca mais me vejas, nem me escutes
Talvez seja verdade o que eu soube, mesmo sem entender
Talvez eu quisesse tanto a ti, que esqueci de mim
E ainda é possível fazer com que meu amor seja teu
Posso provar, se quiseres… posso até te ver mais vezes
Talvez não seja só dor, seja querer
Talvez tudo o que eu faça seja por ti
E se porventura estivéssemos com medo?
Talvez nos amássemos já ali, mas as ondas nos assustavam
Fazíamos festa adormecida entre corpos escaldantes
E controlávamos o mundo, éramos tão bons amigos
Talvez eu não soube te encontrar
E por estares perdida, meu amor… a demora nos distanciou
Talvez eu ainda te ame pra sempre, ou te esqueça daqui a algumas horas
Talvez eu me case na sexta, e me divorcie aos 50, com filhos, cabelos brancos
E se estiveres lendo o que penso?
Pensas que talvez possamos dividir tempo e aconchego ainda?
Talvez eu seja um coração, e tu sejas meu pulsar
Talvez eu não valha muita coisa, mas te sou honesto
E é possível que eu te ame tanto, tanto…
Tanto quanto o meu peito suporta durante um suspiro
Talvez eu case contigo, sua boba
E te roube pra mim
Talvez não tenhamos existido, e nos perdemos entre tempos
Somos o que talvez alguns chamem de “almas gêmeas”
Eu nos chamo pelos nomes, e escuto um eco tão apaixonado
Noto até o perfume entre fonemas e dicção
Talvez sejamos o fio mais fino já feito de amor
Por isso nos machucamos às vezes
E é possível não pensar em ti?
Ou não te querer por perto enquanto vivo os meus dias?
Meus solitários, nervosos… às vezes divertidos, mas escuros dias
Talvez eu rasgue os versos que te fiz, só de pirraça
E depois te faça rir, talvez tenhas uma crise de riso
Talvez ao te visitar, eu , na verdade, esteja voltando pra casa
E talvez tenhamos um lindo ocaso só nisso
Com um sol particular, e liberdade pra olhá-lo pelo tempo que for
Não gosto da ideia de te pedir pra me esquecer
Mas talvez seja melhor
Os segundos que não estás por aqui, a mim custam em sangue.

Daniel Sena Pires – Talvez (21/09/2010)

Foto de SANDRA FUENTES

ÀS CEGAS

Vivo
Em um processo
Voluntário
De abandono

Pálido

Em gotas

Nas multifaces
De alguém
Que escreve

Vivo e morro
Todo dia

Ampulhetas explodem por onde passo
E ondas de areia enchem meus olhos
E cegamente
Vou tateando
Sem noção
De tempo

Num caminho
Para um poema novo
Estético
Romântico
Patético

Transpirando lâminas
Atingindo o alvo

(sem querer)

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