Remédios

Foto de Sara Malheiros Ramos

Uma menina....

Hoje a menina que poupava palavras de seu amor, do que sentia; aquela que era sempre movida pela razão. Hoje simplesmente se sente destruída por não saber mais nada e não ter mais certeza de nada principalmente do que achava ser verdadeiro.
Não sabe mais o que é amor e muito menos saber o que sente, só sabe que a dor não esta mais passando. E as coisas já não são mais espontâneas; e o medo da dor que sente cada vez mais vai a afundando sem ela mesma perceber ou saber o que esta acontecendo.
Só consegue saber que cada noite fica mais fria e a dor quase sempre está presente e já não consegue mais achar os remédios para combater essa dor, por que simplesmente não existe. Infelizmente apesar de tudo o que sabe não consegue mais levantar a cabeça, porque mesmo quando tenta a dor tende a ser mais profunda e dói mais do que espera.
Essa menina própria se culpa por não te dito o que deveria, por se calar por causa de um medo antigo, que achava que era o pior medo existente e simplesmente esqueceu do mais importante defender a si própria e não ao seu medo, e no fim de tudo caiu na propia defesa que impunha, na propia defesa que achava necessário.
Essa menina hoje sou seu que deixou se ferir porque baixou a quarda e já não sei como colocar as coisas nos seus lugares tem medo de cada passo porque simplesmente esta sozinha por que já não consegue ouvi a voz do seu altíssimo Jesus.

Foto de LUIZ SERGIO FARINA JUNIOR

O MENDIGO PRÍNCIPE

O MENDIGO PRÍNCIPE

TOMEI AS NUVENS COMO LENÇOL;
FIZ DA NOITE MEU COBERTOR;
NA ESPERANÇA DE ENCONTRAR UM MÉDICO;
FIZ DO ÁLCOOL, MEUS REMÉDIOS.

ENFRENTEI MEUS MONSTROS;
LUTEI COM MEUS DELÍRIOS;
DESTRUÍ MEUS FANTASMAS;
ONDE ELES NUNCA EXISTIRAM.

MAS, UM DIA DESCOBRI;
QUE SOMOS RESPONSÁVEIS;
POR TUDO QUE PENSAMOS;
E ASSIM NÃO DESISTI.

HOJE, TENHO UM TETO;
UM TETO QUE NÃO É MEU;
VÔO AONDE DESEJO POUSAR;
OS FANTASMAS NÃO PODEM ME DERRUBAR.

A MAIOR HISTÓRIA DA VIDA;
NÃO AQUELA QUE VOU CONSTRUIR;
POIS TUDO QUE JÁ VIVI;
SÓ POR SUPORTAR,VOLTEI A SORRIR.

HOJE ME SINTO UM PRÍNCIPE;
POIS SOU FILHO DO REI;
MENDIGO NÃO SOU MAIS;
POIS MEUS FANTASMAS EU AFASTEI.

AUTOR: LUIZ SERGIO FARINA JUNIOR

Foto de andlusan

Vazio

Sabe o que é ser vazio?
Se sentir oco por dentro?
O peito implodindo
No silêncio do cio
Que reje o desencontro
À tudo que se deseja criar
E só se vê fugindo?

Sabe o que é ser vazio?
É alimentar o fogo;
Fomentar tempestades.
E só ter estio
Ou da recíproca devasta
Ver casta
O que deseja incasta.

Sabe o que é ser vazio?
É não ter
O que se sabe que tem;
É ter de ser
Justo o contrário do bem;
Prender um coração
Que nasceu para ser vadio
Como a canção.

Sabe o que é ser vazio?
É ter o doce à boca
E só sentir o armago;
É ter sempre do cigarro
O último trago;
A casa como toca.

Sabe o que é ser vazio?
É omitir o poema;
Destruir o poeta;
Rasgar o fardão;
Quebrar a pena;
Dobrar a reta;
Alcançar horizontes,
Que continuam distantes
De antes, de antes
Das gentes...

Sabe o que é ser vazio?
É claro que sabe!
Pois que também tem
Desejo e sede
De beber remédios e venenos
Fortes ou amenos
Para curar a ferida
Ou supurar de vez;
Ser a mocinha do amor
Ou flor bandida
Ou talvez...
Ou talvez não:
Roi a corda
Fecha a mào...

Ou talvez...
Ou talvez sim,
Seja assim
Só a bonança.
Não suspire desvairada.
Mas, encantada ainda
Com algo que não encanta,
De que adianta?

Não volta a primeira vez
No brilho ou no cheiro da tez...

Quando o beijo morde;
O abraço enforca...
Se antepor a razão
É de ante mão
Cair em contradição.

Andlusan em 1988

Foto de Rosinéri

A HISTORIA DO HERNANI

Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia.
Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.
Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo.
Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala.
Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.
Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.
Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós.
No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos que ele havia pescado alguns dourados enormes.
Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani.
Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós.
Mas, a 'peça' programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.
- Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse 'presente' e encontrar espinhas, peles e vísceras!,
disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.
Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço.
Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela porção de peixe, então dizia:
- Obrigado!
Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último.
Era para o Ernani.
Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa.
Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.
Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto. Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo.
Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa.
Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto.
Foi então que notamos que seus olhos estavam brilhando.
Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.
- Eu sabia que você não ia se esquecer de mim
disse com a voz embargada. Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração.
Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós.
-- Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção.
Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai melhorar.
Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios.
As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa.
Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche.
Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita.
Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos ...
Ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos.
- - Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos... e ele começou a abrir o pacote...
Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro.
Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais.
Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.
Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente:
- Obrigado!
Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.
Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu.
Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças.
Graças ao grande espírito de luta que elas possuíam, todas progrediram muito:
Carlinhos, o mais novo, tornou-se um importante médico.
Fernanda, Paula e Luisa montaram o seu próprio e bem-sucedido negócio: elas produzem e vendem doces e salgados para padarias e supermercados.
- O mais velho, Ernani Júnior, formou-se em Engenharia; sendo que, hoje, é o Diretor Geral da mesma empresa em que eu, Ernani e os nossos colegas trabalhávamos.
Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras;
entretanto, são de um tipo muito diferente:
ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.
Às vezes, convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos.
Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela;
ignoramos suas ansiedades ou seus problemas
Que possamos manter sempre vivo, em nossas mentes, o ensinamento de Jesus Cristo:
Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.
(João 13,34)
vejamos se não somos um pouco como Mauro e seus companheiros.
Se formos... por favor, há tempo de mudar sem dor.
A história é real.
E eu sei que serve de Lição para a vida.

Foto de Carmen Lúcia

A acompanhante

(texto inspirado no conto “O enfermeiro”, de Machado de Assis, em homenagem ao centenário de sua morte.)

Lembranças me vêm à mente. Ano de 1968. Meus pais já haviam falecido e me restara apenas uma irmã, Ana.
Foi preciso parar com meus estudos, 3º ano do Magistério, para prestar serviços de babá, a fim de sobrevivência.
Morava em Queluz, cidade pequena, no estado de São Paulo, quando, ao chegar do trabalho, bastante cansada, recebi a carta de uma amiga, Beth, que morava em Caçapava, para ser acompanhante de uma senhora idosa, muito doente. A viúva Cândida. O salário era bom.
Ficaria lá por uns bons tempos, guardaria o dinheiro, só gastando no que fosse extremamente necessário.Depois, voltaria para minha cidade e poderia viver tranqüilamente, com minha irmã.
Não pensei duas vezes. Arrumei a mala, colocando nela o pouco de roupa que possuía e me despedi de Ana.
Peguei o trem de aço na estação e cheguei ao meu destino no prazo de uma hora, mais ou menos.
Lá chegando, fui ter com minha amiga Beth, que morava perto da Praça da Bandeira e estudava numa escola grande, próxima de sua casa. Ela me relatou dados mais detalhados sobre a viúva, que, não fosse pela grande dificuldade financeira que atravessava, eu teria desistido na mesma hora.
Soube que dezenas de pessoas trabalharam para ela, mas não conseguiram ficar nem uma semana, devido aos maus tratos e péssimo gênio da Sra Cândida.
Procurei refletir e atribuir tudo isso a sua saúde debilitada, devido às várias moléstias que a acometiam.
Os médicos previram-lhe pouco tempo de vida. Seu coração batia muito fraco e além disso, tinha esclerose, artrite, bicos-de-papagaio que a impossibilitavam de andar e outras afecções mais leves.
Depois de várias recomendações de paciência, espírito de caridade, solidariedade por parte de minha amiga e seus familiares, chamei um táxi e fui para a fazenda, onde morava a viúva, na estrada de Caçapava Velha.
A casa era de estilo colonial e lembrava o passado, de coronéis e escravos.
Ela me esperava, numa cadeira de rodas, na varanda enorme e mal cuidada, onde vasos de plantas sucumbiam por falta de água.
Percebi a solidão em que vivia, pois apenas uma empregada doméstica, já velha e com aspecto de cansada, a acompanhava.
Apresentei-me:-Alice de Moura, às suas ordens!Gostou de mim.Pareceu-me!
Por alguns dias vivemos um mar de rosas.Contou-me de outras acompanhantes que dormiam, não lhe davam seus remédios e que a roubavam.
Procurei tratá-la com muito carinho e ouvia atentamente suas histórias.
Porém, pouco durou essa amistosa convivência. Na segunda semana de minha estadia lá, passei a pertencer à lista de minhas precursoras.
Maltratava-me, injuriava-me, não me deixava dormir, comparando-me às outras serviçais.Procurei não me exaltar, devido a sua idade e doença.Ficaria ali por mais algum tempo. Sujeitei-me a isso pela necessidade de conseguir algum dinheiro.
Mas, a Sra Cândida, mesmo sendo totalmente dependente, não se compadecia de ninguém.Era má, sádica, comprazia-se com a humilhação e sofrimento alheios.
Já me havia atirado objetos, bengala, talheres, enfeites da casa.Alguns me feriram, mas a dor maior estava em minh’alma.Chorava, às escondidas, para não ver a satisfação esboçada em seu rosto e amargurava o dia em que pusera os pés naquela casa.
Passaram-se quatro meses.Eu estava exausta, tanto fisicamente, quanto emocionalmente.Resolvi que voltaria à Queluz.Só esperaria a próxima rabugisse dela.Foi quando, de sua cadeira de rodas, ela atirou-me fortemente a bengala, sem razão alguma, pelo simples prazer de satisfazer seu sadismo.
Então eu explodi. Revidei, com mais força ainda.Mantive-me estática, por alguns minutos, procurando equilibrar minhas fortes emoções e recuperar a razão.
Foi quando levei o maior susto de minha vida. Deparei-me com a viúva, debruçada sobre suas pernas e uma secreção leitosa escorrendo de sua boca.Estava imóvel.
Já havia visto essa cena, quando meu pai morrera de ataque cardíaco.
Aos poucos, fui chegando mais perto, até que com um esforço sobre-humano, consegui colocá-la sentada na cadeira e com o xale que havia caído ao chão, esconder o hematoma no pescoço, causado pela minha bengalada.
Pronto!Tornara-me uma assassina!Como fui capaz de tal ato?
Bem, fora uma reação repentina, em minha legítima defesa.Ou quem sabe, a morte tenha sido uma coincidência, justamente no momento em que revidei ao golpe da bengala.
Comecei a gritar e a velha empregada apareceu. Ajudou-me a levar o corpo até o quarto.Chamei Dr. Guedinho, médico da Sra Cândida e padre Monteiro, que lhe deu extrema unção.
Pelo que percebi, o médico achou que ela fora vítima de seu coração, um ataque fulminante.E eu tentei acreditar que teria sido mesmo, para aliviar a minha culpa.
Após os funerais, missa de corpo presente na igreja Matriz de São João Batista, recebi os abraços de algumas poucas pessoas que lá estavam, ouvindo os comentários:
-Agora você está livre!Cândida era uma serpente!Nem sei como agüentou tanto tempo!Você foi a única!
E, para disfarçar minha culpa, eu retrucava:
-Era por causa da doença!Que Deus a tenha!Que ela descanse em paz!
Esperei o mesmo trem que me trouxera à Caçapava e embarquei para minha cidade.Aquelas últimas cenas não saíam de minha mente. Perseguiam-me dia e noite.
Os dias foram se passando e o sentimento de culpa aumentando.
-Uma carta para você!gritara minha irmã.-E é de Caçapava!
Senti um calafrio dos pés à cabeça. Peguei a carta e fui lê-la trancada em meu quarto.
Que ironia do destino!Eu era a herdeira universal da fortuna da viúva Cândida!Logo eu, que lhe antecipara a morte.Ou teria sido coincidência?
Pensei em recusar, mas esse fato poderia levantar suspeita.
Voltei para Caçapava e fui ter com o tabelião, que leu para mim o testamento, longo e cansativo.
Realmente, era eu, Alice de Moura, a única herdeira.Após cumprir algumas obrigações do inventário, tomei posse da herança, à qual já havia traçado um destino.
Doaria a instituições de caridade, às igrejas, aos pobres e assim iria me livrando, aos poucos, do fardo que pesava em minha consciência.
Cheguei a doar um pouco do dinheiro, mas, comecei a não me achar tão culpada assim e passei a usá-lo em meu benefício próprio. Enfim, coincidência ou não, a velha iria morrer logo mesmo e quem sabe se era naquele momento.
Ainda tive um último gesto de compaixão à morta:Mandei fazer-lhe uma sepultura de mármore, digna de uma pessoa do bem.
Peço a quem ler essa história, que após a minha morte, que é inevitável para todos, deixem incrustada em meu epitáfio, essa emenda que fiz, no sermão da montanha:
_”Bem aventurados os herdeiros universais, pois eles serão respeitados e consolados!”

(Carmen Lúcia)

Foto de Sonia Delsin

O JARDIM... DO ESPELHO

O JARDIM... DO ESPELHO

Acredito que para crescermos interiormente passamos muitas vezes por situações muito delicadas, muito difíceis, por fases dolorosas...
Algumas pessoas se revoltam com o sofrimento, tornam-se amargas. Perdem o amor pela vida. Mas às vezes ele é um mal necessário, mesmo que nem nos apercebamos disso.
Ninguém deseja sofrer e quando acontece de sofrermos precisamos sempre procurar tirar algum proveito disto no sentido de crescermos.
Vou contar aqui fatos ocorridos há muitos anos. Uma fase negra, que sei que devia ter apagado de minha alma, de minhas lembranças, de meu eu. Mas como nunca consigo encontrar o apagador... vez ou outra estas lembranças também voltam, vem à tona e agora mesmo estou me lembrando delas.
São dores que já não doem, doeram no seu tempo. Doeram demais e marcaram irremediavelmente minha vida.
Triunfei sobre esta fase e nem devia mais tocar no assunto, mas vou narrá-la para que alguém ao lê-la possa tirar algum proveito. Não é bem por aí, porque não é com as lições dos outros que aprendemos mais, mas com as nossas próprias experiências. Mas tudo bem! Vou contar assim mesmo para quem quiser conhecer um pouco mais de mim.
Vou contar o milagre de um espelho.
O fato aconteceu numa primavera. Naquele tempo eu mal completara dezesseis anos e estava presa a uma cama por quase um ano. Sem perspectivas de melhora eu definhava no leito, sofrendo muitas dores e causando também muito sofrimento a todos meus familiares.
Revoltada com o que a vida me oferecia naqueles meus anos de menina-moça eu me tornava muitas vezes uma doentinha intratável.
Minha mãe com muita paciência e tato enchia o quarto com revistas, com livros que eu tanto gostava e deixava que nosso cãozinho me fizesse companhia quase todo o tempo. Não tínhamos uma TV e só um pequeno rádio me trazia um pouco de distração, além da leitura.
As paredes pintadas de um verde claro, os poucos móveis, um quadro de Jesus e Maria, uma cômoda coberta de remédios, um pouco do céu que eu conseguia enxergar através da janela eram as minhas imagens visuais todo o tempo.
Eu via a vida correndo e sem poder andar, ou me sentar eu já nem sabia mais sonhar. Esperava aquela tortura acabar de uma vez. Entregava-me à dor, ao sofrer.
Um dia, mal amanhecera, minha mãe me fez uma proposta, perguntou-me se eu desejava ver o seu jardim.
Então eu argumentei com ela que nem me levantava, se quisessem me carregar eu sentiria mais dores, me sentiria mal. Não queria sair da cama, que me deixasse em paz.
Ela não aceitou a minha recusa e sugeriu que eu poderia ver o jardim através de um espelho.
Achei bobagem. Que graça teria?!
Ela deixou o quarto e minutos depois apareceu com um espelhinho na mão e foi até a janela. Botou o braço para fora e ajeitou-o para que eu visse o canteiro cheio de flores, perguntando se dava para ver a roseira carregada de belas rosas vermelhas.
Vi as rosas, também as dálias, as margaridas e tantas outras.
As flores todas, que de meu leito só sentia o seu perfume.
Ajeitando-o melhor, com muita paciência, minha mãe me trazia para dentro do quarto os beija-flores que visitavam o seu jardim naquele dia e as borboletas que iam de flor em flor.
Não a deixei guardar tão cedo o espelho. Queria ver mais. Queria trazer para dentro do meu quarto de doente, a primavera que despontara lá fora sem que eu a pudesse apreciar.
Na manhã seguinte ela voltou com o espelho e eu vi as mudanças que se operaram num só dia naquele jardim. Vi que havia mais borboletas, abelhas e que também novos beija-flores o visitavam. Até me pareceu ver ali do leito uma gota de orvalho sobre uma rosa cor-de-rosa.
Quis todos os dias repetir a experiência e minha mãe perdia um tempo enorme ajeitando o espelho, para que eu visse melhor o que acontecia lá fora enquanto eu definhava no leito.
Eu aguardava a manhã chegar para assistir todas as manhãs aquela primavera lá de fora, que um espelho conseguia me trazer.
Assim, os três meses se passaram, e eu comecei lentamente a melhorar. Comecei de novo a achar que tudo valia a pena, que a beleza não morrera porque eu não participava dela. E poderia ainda participar, havia um mundo lá fora e eu ainda o poderia desfrutar.
Na primavera seguinte eu já pude ir ao jardim numa cadeira de rodas e no outro com minhas próprias pernas, numa vitória conseguida com muita luta, persistência, esperança e fé.
Vejam o milagre que um simples espelho consegue operar numa pessoa!

Foto de EDU O ESPIÃO.

AME SEM MEDO

Quando a gente esta amando. A vida vem mostrando.
Que amar não é um simples gesto. Amar e sentir.
Amar é se dedicar se vencer ao não amor.
Quem tem medo de amar é egoísta.
Não sabe que cada um de nós tem a arte da conquista no bolso.
Quando se ama tudo torna, mas pleno, á vida tem mais sabor.
Os dias são mais complexos, os cheiros são remédios.
A lua se torna encantada só por saber como é bom, sentir
Nossa alma amada, desencadeada aos encantos do amor.
O amor é tão sagrado, que muitos ainda buscam respostas para
Suas soluções em questões amorosas.
Quanto mais se quer entender o amor, mas ficamos a beira da frustração.
Melhor é que deixe acontecer, o amor sabe o que de nós fazer.
Minha mensagem é que todos venham liberar sua alma seu espírito de amar
Ame, ame sem medo, não ultrapasse querendo virar vidente, querendo saber
Se La na frente vai dar certo, o tempo que se perde com essas pesquisas e adivinhações
La do futuro se vai dar certo ou não, você deixa de viver seu momento.
Você deixa o amor se passar despercebido, depois vem com história que o amor
Pra você não acontece, o culpado pode ser você que o amor chega a sua porta,
Mas sua loucura La no futuro não te deixa viver seu momento de amar.
Não se preocupe com divagações, se irá dar certo .Tente começando esquecer La na frente, se preocupe com o que esta acontecendo, e não com o que ainda virá acontecer.
E viva o presente, ame com toda sua alma,. Que mesmo que essa sua história de amor
Não venha dar certo, pelo menos você sentiu o verdadeiro sentimento de amar,
E muita oportunidade virá a te chamar, deixe seu coração falar.
Ame hoje amanhã e sempre, isso te tornará jovem, tua alma agradece.
Falta de amor, envelhece=====AME! SEM MEDO!=====
====e.espião edu.com

Foto de lotus

Nascer para dar vida.

Nasci para fazer com que o meu irmao sobreviva.

Ele tem uma coisa má dentro dele que o vai matando todos os dias e os médicos dizem que so o meu sangue pode fazer com que a coisa má nao o destrua mais depressa.

Ninguem me explica nada, vivo trancada nas paredes da casa, do quarto.

Vivo com o olhar perdido a olhar atravéz da janela trancada do meu quarto, onde posso ver a chuva a cair, e o vento a passar nas arvores, mas nao os posso sentir. Vivo a imaginar o que será sentir o sol a abraçar-me com os seus raios.

As pessoas com quem falo sao todas grandes, e nunca me dao atenção.

Será que todas as crianças vivem assim?

Sei que nasci apenas para prelongar a vida do meu irmao, para lhe dar sempre mais esperança, e mais uns segundos, minutos, horas, anos de vida...

Mas começo a ficar cada vez mais cançada, cada vez mais fraca. Os ataques dele cada vez acontecem com mais frequência, e é retirado cada vez mais sangue de mim.

O sangue que lhe corre nas veias é o meu. A vida que ele tem é a vida que ele rouba de mim, aos poucos.
Os pais nao se importam.

A mae está sempre em viagem, fica apenas as horas suficientes para fazer um novo par de malas cheio de roupa para se voltar a ir embora.

O pai esté sempre em reuniões. Diz que nao pode falar porque tem trabalho, mas traz sempre gente ca para casa para trabalharem com ele, ou melhor, converçarem.

Quando se vai deitar já é tao cedo, que o despertador toca logo depois de enfiar os pés debaixo dos cobertores. Acho que é isso que o faz andar sempre tao mal disposto, porque a mim ele diz-me para eu dormir muito para acordar mais bem disposta e como ele nao dorme, acho que é isso que o deixa sempre mal disposto.

Ele tambem nunca me dirige mais de 5 palavras juntas. Nunca olha para mim, e nunca me deu um abraço como aqueles que o mano me dá depois de lhe salvar a vida.

Será que eu sou uma má menina?

Gostava de respirar um bocadinho que fosse o ar lá fora... mas o pai discute sempre comigo quando lhe pesso isso. Acho que é por isso que ele nao gosta de mim.

O mano pode sair sempre que quer, as horas que quer, e ele está doente, mas eu nao posso, porque o pai diz que os remédios nao podem andar a passear na rua, e eu sou o remédio do meu irmao, logo, nao posso andar a passear.

E se eu nao quiser ser um remédio?

O pai baixa a cabeça, levanta-me a mao, e lagrimas rolam pela face dele abaixo.

Depois ouço berros do pai a dizer que eu nao tenho escolha e que fui criada para salvar o filho dele.

Eu nao sou filha dele? Serei eu mesmo apenas um remédio? Criada para dar vida a quem a perdeu um dia, e agora anda a tentar recupera-la?

Tenho 8 anos, e o pai trata-me como se nao existisse, fala-me como se fosse uma das empregadas da casa, e passa por mim como se eu fosse um objecto.

Nao quero ver o meu irmao deitado numa cama, num quarto fechado, mas tambem nao quero que ele me roube toda a vida que tenho.

Nao podemos viver os dois? nao podemos partilhar os dois a vida que temos, e sermos como irmãos?
Irmaos como aqueles que sao retratados nas historias, que vivem juntos e unidos, que se ajudam mutuamente.

Vivo à 8 anos presa numa casa, num quarto cheio de nada. Repleto de coisas cáras que nao têm valor.

Será que dar a vida a alguem que desconheciamos quando nascemos tem valor?

Serei eu apenas um remédio que usam e deitam fora e que serve para chatiar as outras pessoas?

Gostava de ser alguem.
.
.
.
( continua brevemente )

Foto de Dirceu Marcelino

EU SINTO A MESMA DOR

*
* Homenagem a Amiga ANNA CAROLINA e ao seu pai

Sabe minha amiga
Essa poesia sobre anima
Tem muito haver com você
Pois, tenho idade para ser seu pai,
Alias tenho filhas iguais a você.

Então me sinto elogiado
Quando o elogias,
Quando com eles se preocupas
E faz surgir em mim melodia
De alegria e de tristeza...

No mesmo instante em que te lia
Eu me correspondia
Com outra amiga.

Amiga que passa pela mesma dificuldade
Só que no caso dela não é o pai
“Que está meio doentinho”
Mas é a mãe,
Que verdadeiramente agoniza.

Eu como amigo consolo-a,
Mas sinto a mesma dor da alma dela
E isso reflete em mim
Em minhas entranhas...

Então tenho que parar,
Recobrar-me
Esperar
Que a dor afaste-se de mim
Pois, sinto-a verdadeiramente
Como disse:
Em minhas entranhas...

Neste momento também sinto dores
Alguém pensará?
São dores de amores,
“Dor de cotovelo”.

Mas eu te digo:
Não! São dores...

Dores que remédios não curam
Nem médicos...

Dores de poeta

Que sente
E... aí...

Como dói amiga...
Sentir a dor dos outros
É pior do que sentir a nossa própria dor

Será o destino do poeta...

Foto de CarmenCecilia

Receita de Amor - Vídeo poema

Poesia - Duo: Salomé & Hilde

Edição e Arte: Carmen Cecilia

Música: Rencontre

Receita de Amor

Sopro do vento em meu pescoço
Na mais suave carícia do pecado
Assopro sussurando meu nome...
Pecado tremendo que não some

Finjo que estou adormecido...

Cansado, desgostoso e sofrido
Só para estar em ti aconchegado
Para ver bem quieto o sol nascer
Na luz mais pura do amanhecer

Tentando esquecer sem querer...

Querendo escapar sem o poder,
Insinuação de um beijo que ama
Sensação da mais bela carícia...

Ah! Amada... tentação do pecado

És a um só tempo o meu templo
Alcova que respiro o ar sagrado
Do presente, futuro e do passado

Ah! esse veneno que contamina

Meu sangue e minha alma eterna
Sem controle para os meus atos,
Sem perceber que em ti me perdi

Não se perdestes... ávida doçura!

Tão plenas és de ternuras
Não tenhas medo, nem segredo
Que estou e estarei ao teu lado

Você é a minha prioridade!

Doce veneno, me atando ao teu ser
Leve e avassalador... me ancorando
No pleno extremo de qualquer limite

Sem fronteiras... nem um só abrigo

Anseio ser feliz de verdade
Só luto e reluto a favor do amor
Me cura desta amargurante doença
Com tua inebriante presença

Que só você me preenche...
És o melhor de todos os remédios
Me dê aquele antídoto para controlar

Cada batida e pulsar do meu coração,

Cada pedaço da pele que estremece
Sob o toque delinqüente de tua mão
Que sabe como ninguém doar emoção

Que busco viver desde criança

Fugindo... agarrado a esta esperança
Onde me perco e me encontro
Reviro o avesso dos desencontros

Levanto e estou pronto ao combate...
À procura do teu sublime contato
Da sintonia...empatia...do afeto
Por onde me vejo em acalantos

Sem lágrimas e sem prantos

Ah! amor, me dê o teu eterno veneno,
Me faça tua, simplesmente e somente tua
Hoje, amanhã e para sempre...

Sabe que sou todo teu!

Estarei em ti no simples e no complexo
No beijo e no abraço, em todos espaços
É este o meu ...o teu...o nosso traço

Queres trilhar, trançar... traçar comigo?!

Hoje, amanha e depois...e depois...?!
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Hilde & Salomé somente...e sempre!

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