Sanidade

Foto de Antonio Marcos Dias Alves

Que a dor se apague, e que o amor seja a luz eterna do nosso amor

Eu desejo q você vá logo
Porque sua presença ainda permanece aqui
E isso não vai me deixa em paz
Essas feridas parecem
não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Isso é simplesmente muito mais
que o tempo não pode apagar
Quando vc chorou
eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou
eu lutei contra todos os seus medos
Eu segurei a sua mão
por todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim
Você costumava me cativar
Pela sua luz ressonante
Agora eu estou limitado pela vida
que você deixou p/ trás
Seu rosto assombra
Todos os meus sonhos,
que já foram agradáveis
Sua voz expulsou
Toda a sanidade em mim
Eu tentei com todas as forças
dizer a mim mesmo que você se foi
Mas embora voce ainda estejas comigo
Eu tenho estado sozinho todo este tempo
mas aqui estou refletindo em palavras todos os obstaculos que me ferem, mas o importante de minha vida e que a vitoria to conseguindo pelo seu amor em dor estou te amando e lhe conquistando no amor.

Foto de Antonio Marcos Dias Alves

Por este amor, sei que existe a dor, mas o amor luta pelo nosso amor

Eu desejo q você vá logo
Porque sua presença ainda permanece aqui
E isso não vai me deixa em paz
Essas feridas parecem
não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Isso é simplesmente muito mais
que o tempo não pode apagar
Quando vc chorou
eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou
eu lutei contra todos os seus medos
Eu segurei a sua mão
por todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim
Você costumava me cativar
Pela sua luz ressonante
Agora eu estou limitado pela vida
que você deixou p/ trás
Seu rosto assombra
Todos os meus sonhos,
que já foram agradáveis
Sua voz expulsou
Toda a sanidade em mim
Eu tentei com todas as forças
dizer a mim mesmo que você se foi
Mas embora voce ainda estejas comigo
Eu tenho estado sozinho todo este tempo
mas aqui estou refletindo em palavras todos os obstaculos que me ferem, mas o importante de minha vida e que a vitoria to conseguindo pelo seu amor em dor estou te amando e lhe conquistando no amor.

Foto de Raiblue

Céu de Néon

Lousã viagem
Loucura e sanidade
Passeio da sua boca em mim

Sobre meu corpo
Seu corpo se encaixava
Sobre eles, maridéias derramavam

Escorria sobre mim, em ondas, seu suor
Liquefeitos nossos desejos
Fundidos numa química perfeita

Próximos ao ponto de ebulição
Sua língua perversa
Poemizava nossas taras

Tardes pervertidas
Noites claras
Dias anarquicamente noturnos

Em néon,seu nome ourazulado
Iluminava o meu lar
Outdoor do meu céu particular...

( Raiblue )

Foto de carlosmustang

vazio 2

A insanidade foi embora...
O quê fazer nessa hora?
A realidade que apavóra
A confusão se estabeleceu, por quê eu???

Enfim enlouqueceu!!!
A insanidade que se nega
Olhar parado, por trás da janela
Onde está ela???

Sepsia dentro do breu
Ganhei de presente a sanidade insolênte!
Vou gritar para acordar...

Oh metempsicose, algo tão natural!!!
A sanidade me levou...
Aqui vivendo em vão...

Foto de Elias Dall Agnol

Tua Falta...!!!

Vazio frio da solidão
Presente na minha essência
Agora mais do que nunca
Sombras espessas do desespero
Inundam meus olhos cansados
Melancolia profunda
Torna-se plena em meu coração
Olhando o poente deslumbrante
Sinto a tua falta, sinto falta
Do teu cheiro adocicado
Impregnado em meu corpo
Delírio alucinado
Em estar ao teu lado
Desespero perene, que vai e que vem
Tênue linha, frágil sanidade
Quase prestes a romper-se
Estou perdido em desmandos
Ardente volúpia, torna meu pranto
Em desejo impetuoso, voraz
Olhar torpe, chamando teu nome
Sinto saudade do contato delicado
Pele macia, feito pétala suave, rosa graciosa
Dor maldita, atassalhou meu coração
Sua falta, sentida agora, viva, latente
Estou perdido, pois é grande o castigo
De não ter você aqui, comigo...

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

SANIDADE MENTAL!!! EDSON PAES em Versos e Prosa!!!

SANIDADE MENTAL!!!
EDSON PAES EM VERSOS E PROSA.

Ah como fui injusto comigo mesmo...
Como roubei horas do meu precioso sono...
Como caminhei totalmente a esmo...
Como desfigurei meus sonhos!!!

Andei pela vida com passos incertos...
Atravessei avenidas com os olhos fechados...
Defendi posições me achando esperto...
Sucumbi de emoção com os olhos molhados!!!

Amei emoções enganando minha historia...
Surrupiei do futuro falsas promessas...
Alijei situações canibalizando minha memória...
Escondi dos meus olhos a realidade sincera!!!

Vomitei o fel da mentira insólita...
Amarguei o nojo do arrependimento...
Tropecei confuso no marco das épocas...
Olhei para o espelho e me vi em prantos!!!

Caminhei na chuva sozinho e cansado...
Esperando que as lagrimas se misturassem ao vento...
Tentei lavar todas as magoas do passado...
Confiei na sorte e me contrapus ao tempo!!!

Fiz juras a mim antecipando a morte...
Tropecei na hierarquia do sofrimento...
Sorri do sarcasmo da falta de sorte...
E me escondi nas fendas das dobras do tempo!!!

Aceitei o amor prometendo o perdão...
Investi no ontem no hoje e no amanha...
Esperando que a vida me devolvesse a ilusão...
Me deparei com a realidade como fria anfitriã!!!

Olhei para o semelhante com olhos crédulos...
Senti o gosto amargo da traição...
Não desisti de acreditar nos amigos...
E nem fechei as portas do coração!!!

Assisti a ascensão dos meus vampiros...
Sugando meu sangue até quase a inanição...
Escalando minha vida suspiro a suspiro...
Deixando-me anêmico jogado no chão!!!

Perdoei o amigo que profanou minha crença...
Socorri a prole do traidor...
Acreditei nos avisos da mãe esperança...
E dividi com todos todo meu amor!!!

Cambaleei tropeço em busca do remédio...
Que curasse as feridas do corpo e do coração...
Fortaleci minha alma, não tenho mais tédio...
Encontrei nas palavras minha grande motivação!!!

Me fartei de rimas versos e prosas...
Poesias, poemas, musicas e orações...
Plantei no jardim petúnias e rosas...
E coloquei no coração verdadeiras emoções!!!

Agradeço contente ao meu criador...
As dádivas da triunfal sublimação...
Vivo feliz com o peito cheio de amor...
E os armários da vida repletos de recordações!!!

Foto de Fernanda Queiroz

O Show

O Show

Terça, 26/09/2006 - 23:23 — Fernanda Queiroz

Em meio aquela multidão eu me sentia perdida. Por mais que imaginasse nunca cheguei a pensar que pessoas poderiam ser tão apressadas e barulhentas.

Na hora de reservar meu ingresso optei pela geral, pensei que assim passaria despercebida, a idéia de camarote não me inspirava privacidade e sim destaque e como jamais tinha assistido a show de uma Banda famosa ou qualquer outra tudo era novidade. Minha experiência se resumia nas quermesses organizadas pela Associação Comunitária da Vila onde o som da banda dominical entoava valsas enquanto desfilávamos entre barraquinha de jogos e doces e aguardávamos os fogos, estes sim eram a estrelas das festas. Ficar olhando para cima vendo um pequeno zumbido se transformar em imensas partículas colorida era um espetáculo, mesmo que ás vezes acarretasse lembranças nostálgicas, eu amava aquele céu pontilhado de luminosidade.

Enquanto tentava entrar em um enorme recinto, daqueles que se vê somente pela TV, empurrada para lá e para cá por uma multidão que parecia não conhecer as normas da boa educação, estava pensando o que tinha me levado a tomar esta decisão.

Já havia se passado quase dois anos desde que falei com ele pela última vez, neste tempo tão forte quanto às lembranças que sobreviveram estava meu medo de saber o rumo que ele tinha dado a tua vida.
Afastei-me completamente do mundo das manchetes, onde certamente ele sempre seria destaque. Não lia revistas, jornais somente seção de investimentos e cultura, TV canal fechado sobre economia e agricultura, assuntos fundamentais em meu trabalho.
É claro que sem que eu pudesse evitar ás vezes os ouvia cantando, no radinho de pilha de algum operário, nas grandes magazines de eletrodomésticos na cidade, na faculdade onde os rapazes bonitos e famosos fazem à cabeça das garotas que até tatuavam em teus corpos nomes juntamente a desenhos exóticos.
No principio sofria muito por isto, depois sabendo que nada podia fazer, passei a ignorar, afinal quem tinha mandado me apaixonar pelo ídolo do Rock?

Finalmente tinha conseguido entrar no estádio onde a multidão se aglomerava onde estar á frente era certamente um privilégio para expressar o fanatismo que alterava o comportamento das mais diversas maneiras.
E agora estava ali, há poucos minutos e metros de onde ele entraria, duvidando de minha sanidade em ter tomado a decisão de ir vê-lo. Talvez se não fosse próximo à cidade que estava a trabalho há dois dias, jamais teria ido. Fui exatamente para ficar dois dias resolvendo questões de Marketing, mas era impossível não ver todos os outdoors espalhados pela cidade. Minha primeira reação foi de pânico, queria voltar sair correndo ao fitar ele entre o grupo sorrindo, como sorriu muitas vezes para mim... Deus...as lembranças voltavam em avalanche fazendo meu corpo estremecer, meu coração disparava, como aquele ressoar de buzinas que soavam atrás de mim, foi quando me dei conta que estava atrapalhando o transito e com mãos tremulas segui em direção ao hotel onde me hospedara, parando somente em uma loja especializada onde adquiri um potente binóculo, se fosse levar esta loucura a frente ele seria necessário, pois pretendia me manter mais distante possível e algo dentro de mim gritava para ir...Eu iria.

Já se passava 1 hora do horário grifado nos cartazes, a multidão que formara era tudo que jamais tinha visto, parecia uma disputa de quem conseguiria gritar mais alto, ou agitar mãos blusas lenços ou faixas mais altos. De onde estava bem retirada da multidão a tudo assistia ocultando minha ansiedade.

De repente os gritos se tornaram mais forte e contínuo em resposta a presença deles no palco.
Minhas mãos suavam tremulas, meu peito parecia que iria explodir lançando meu coração ao palco, por um momento pensei em desistir e sair correndo para meu abrigo, meu canto onde meus segredos me protegiam... respirei fundo, ergui a cabeça, encostei em uma pilastra, como se ela pudesse segurar meu fardo de dor, estava cantando acompanhado eloqüentes pela platéia minhas mãos levantaram o binóculo sem a pressa de quem esperou tanto por este momento, lentamente o ajustei aos meus olhos onde avistei gigantes holofotes, estava tentando me orientar, olhei em volta tentando ajustá-lo. Vi o baterista movimentado ao frenético ritmo que me fez piscar várias vezes, parecia a minha frente, lentamente movi para a esquerda encontrei o saxofonista, voltei-me para a esquerda devagar, quase sem respirar para não perder o foco, quando o vermelho da guitarra coloriu as lentes senti um impacto tão grande que parecia atingida por um soco no estomago.Engoli saliva inexistente, tentei suavizar os ressequidos lábios passando a língua por eles, meu peito arfava e meus olhos buscava naquela potente tecnologia, tua face amada.

Recosta bem no fundo, longe da entusiástica platéia sabia que precisava vê-lo. Determinada, ajustei as lentes tentando reencontrar o foco reluzente de tua guitarra e lá estavam tuas mãos a segurarem firmemente, dedos firmes dedilhando-a, mãos de artista. Fui subindo, encontrei tua camisa alaranjada, Deus eu amava esta cor em você, lembra-se daquele casaco? Quando o vi sabia que tinha sido feito para você. Caiu como uma luva ficou lindo como sempre foi, será ainda que o guarda? Ou estará jogado e esquecido em algum armário?

Pela camisa entreaberta pude ver tua inseparável medalha segura pelo fino cordão de ouro que cismava em colocar entre os lábios quando estava nervoso, como naquela vez que esqueci o celular desligado por toda tarde exatamente no dia que te aconteceu um imprevisto, tinha que viajar, e não conseguia contato. Quando conseguiu falar, a primeira coisa que disse... já mastiguei todo meu cordão... risos, era sinal de perigo... mas também das pazes de teus beijos ardentes de tuas palavras que compunha as mais belas declarações de amor.

Teu rosto... Deus... a barba feita, cabelos desalinhados como sempre te dando um ar de garoto, tua boca em movimento, cantando ... para a platéia...para o mundo, como gostava quando cantava só para mim que entre risos sempre podia ouvir dizer que me amava... muito, fitando-me longamente com este olhos da cor do oceano e infinitamente maior, pois era a janela que me transportava para as portas do paraíso que meus sonhos tanto almejaram.

Deus... é ele, meu eterno amor, há poucos metros de distancia, no palco, no teu show, no teu mundo.
A lente ficou turva, lágrimas desciam copiosamente por minha face, uma dor física me invadiu fortemente fazendo-me escorregar pela pilastra até encontrar o abrigo do chão, pensamentos desatinado trazia o passado de lembranças onde o presente se fundia em uma imagem com o olhar perdido na platéia.

Teus olhos sorriam as manifestações enlouquecidas, gritavam teu nome em todos os tons, gestos, mãos erguidas, cartazes, onde os pedidos nítidos requeriam tua atenção... teus olhos vagavam acompanhando em um misto de alegria e encantamento.
Olhos para o flash, foi como me disse um dia. Que era um olhar reservado á todas outras garotas do mundo... que para mim sempre seria um único e eterno olhar.
E agora? Que olhar era este? De flash? E se pudesse me ver, me olharia de novo como se tivesse me inventado? Como se tivesse me feito nascer a partir de teu olhar?

Levantei-me cambaleante, tonta, ouvindo o frenesi se tornar mais acentuado, você jogava rosas...a toalha que usou para secar teu rosto...como se doasse um pouco de você...e tudo de mim.

Às vezes vivemos em minutos, muito mais que em dias ou meses, minha mente parecia entorpecida diante da lente que deixava você tão perto quanto eu queria estar, teu rosto, teu sorriso, teu corpo... você do jeito que eu sempre amei... no mundo que não conhecia...no palco...na fama...tua vida, tua carreira, teu destino.

Sai caminhando devagar, virar as costas me custou muito... muito mesmo... nunca saberá o quanto...
A menos que um dia queira assistir um show... em um palco diferente... cheio de galhos e flores... talvez se quiser se juntar á platéia dos passarinhos... ouvindo somente o som de minha flauta, que mesmo tocando baixinho pode-se ouvir além do horizonte...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Adriano Saraiva

UMA NOITE COM VOCÊ

Um momento tão esperado
Gradativamente nosso amor vai efervescendo
Tomando conta de anseios sepultados
Pela esmagadora mediocridade da vida
O ato de repartir o corpo me revitaliza
A paz de andar a esmo em meio a uma suave chuva de verão
Quanto mais abuso do teu corpo mais o cobiço
Uma doentia maneira de querer
Possessiva obsessão que drena minha sanidade e me faz escravo de ti
Você suplica, grita, implora, ordena...
Agarro carinhosamente seus cabelos e te penetro com força
Você emite sons indecifráveis, idioma de um povo pré-histórico
Ainda não descoberto pela arqueologia, mas certamente reconhecido por
Qualquer forma de vida carnal
Não há limites para o sexo devastador que nós, facínoras do amor, realizamos.
Uma energia universal que transpõe a via láctea
Não conhece limites temporais e muito menos noção de racionalidade
Insólita aventura de devaneios
Pela primeira vez em anos me sinto feliz
Tenho o poder de arrebatar todo o sentimento de prostração da terra
Exuberante estado de apoplexia.
Indubitável ambição transcendental
Escorrendo devassamente pelas artérias do mundo
A condição de sermos humanos,
O paradoxo do ínfimo e do infinito
Poderia morrer depois dessa noite
O que sobra para um homem após a concretização de seus mais secretos e almejados desejos?
Poderia queimar nas chamas do inferno eternamente
O que importa? Já consegui meu objetivo por todas as reencarnações.
O mundo se divide entre os satisfeitos e os recalcados.
A partir de hoje troquei de lado.

Foto de fabioeloy

Sensação

Como é boa a sensação de estar ao seu lado
Prazer, Amor, Doçura
Caminhar e tocar o seu corpo melado
Ai meu Deus mais que loucura

Como é boa a sensação de beijar a sua boca
Fina, Macia, Irresistível
Seu sorriso, encontrei a vontade rouca
Um grito de amor infalível

Como é boa a sensação de matar a saudade
Beijos, Abraços, Emoção
No teu olhar, encontrei a sanidade
Que fora no decolar do avião

Como é boa a sensação de te amar
Meu coração a pulsar
Sensação do amor mais doce e,
Prazeroso da vida.

Foto de Lou Poulit

Vida Longa aos Escritores!

Todo o meu trabalho artístico, artes plásticas e literatura, é o resultado de longos anos de um tipo de solidão pouco conhecida, docemente imposta pelo espírito da arte. Parece absurdo? Asseguro que não é. Se observarem bem, outras profissões também são muito solitárias.

O pescador que passa o dia e a noite no mar, por exemplo, só pode conversar com o próprio silêncio. Ninguém ouvirá a sua gargalhada, caso esteja alegre. Mas ninguém lhe dará um conselho ou amenizará os seus temores em momentos em que, pela própria solidão, o medo se apresenta concreto, tangível dentro dele. Todo pescador é solitário de alguma forma. Então compramos o fruto do seu esforço, sabendo que é saboroso e nutritivo. E por uma involuntária ironia, raramente o saboreamos sozinhos.

Quantas vezes entramos em um elevador, saímos e não nos lembramos de cumprimentar o ascensorista. Esse é um profissional solitário muito especial. Passa horas infindáveis em um espaço exíguo, por vezes lotado de pessoas que talvez não lhe escutassem, mesmo que mostrasse a elas o que existe no seu silêncio.

Creiam, não há tanta diferença assim no trabalho artístico. E por isso não se julgue o artista, mais que o seu trabalho. Há, entre a transitoriedade de tudo e a edificação de uma identidade artística (desde os seus alicerces conceituais e técnicos até o seu acervo propriamente) uma infindável e caudalosa sucessão de alegrias e tristezas profundas, de certezas frágeis e receios ferrenhos, que ele precisa amalgamar. Isso mesmo, é um amálgama. Todo artista é meio anjo e meio bruxo. Só que paga com a própria juventude a aquisição do seu arcabouço empírico, porque nenhum livro o daria.

Não vejo sentido útil em nenhuma arte egoísta. Nenhuma obra de arte, produto concreto da escuridão do seu autor, tem luz própria! Mas quando a escuridão do artista consegue tocar a do observador, usando a sua obra como veículo físico, aí a luz se faz... Não pela materialidade, ao contrário, pela sua expressão imaterial e subjetiva. O artista plástico trabalha recriando a luz física, muito especialmente os que trabalham sobre planos bi-dimensionais, como os pintores, mas é aquela luz, e não essa, que lhe alimenta a alma voraz.

Me perguntaram se são artistas os anjos-bruxos da arte escrita. Pode parecer um questionamento estúpido, mas tenho o hábito antigo de duvidar do que aparenta ser óbvio demais (antigo postulado dos ascetas da magia). A literatura é uma arte relativamente recente, porque prescindiu do estabelecimento (e, muito depois, da transmissão) de uma codificação gráfica, simbólica, que expressasse claramente as idéias para a posteridade.

Todas as artes expressam idéias, porém, muito antes do surgimento das instituições da justiça, os chefes sacerdotais desenvolveram, declararam sagrada e mantiveram em tumbas e labirintos as chaves da codificação. Vejam bem, embora tão no início, numa época de completo analfabetismo e desinformação, já percebiam aqueles senhores o imenso poder dos rabisquinhos nada caligráfricos que desenvolveram. Poder... Essa palavra tem tudo a ver com a história de sucessivas civilizações. Expressa uma idéia que tem amplitude máxima nas mãos do próprio Deus. Confunde-se com Ele.

Vejam que belo, a arte sempre surgiu como manifestação e meio de acesso ao divino. Ou seja, a escrita nasceu divina! Embora, inafortunadamente, tenha seduzido, por isso mesmo, a natureza egoísta e dominadora do homem. E mantida em cárcere, molestada por alguns privilegiados e seus favorecidos, durante muito tempo.

Vida longa aos poetas e escritores! Acabarão por entender que atribuir imortalidade ao seu amor, está muito além de constituir um mero lirismo. Hoje, a massificação da tecnologia multiplica esse poder, mas entenderão que há, mesmo no amor do menor dos poetas, um ideal divino de resgate. O poeta, esse tipo quixotesco não tem nada de louco, nem seu Rocinante é um pangaré inútil, nem sua Dulcinéia pode ser tão casta!

Sim, os escritores são artistas. Mas não o são como os outros artistas. Eles somatizam muito mais. Seus “eus” são de verdade, são muitos, e todos partilham o mesmo teto! Os escritos se vão, mas personagens ficam com todas as suas vicissitudes. São sacerdotes que sacrificam e são sacrificados, prostitutas que vendem sortilégios mas não compram a própria sorte, chegam a ser o céu de todas as suas estrelas e o mar que se esbate nos rochedos infindamente. Na sua escuridão dores e afagos, gritos e silêncios, sorrisos e lágrimas, não são vistos mas sentidos. Seus orgasmos são íngremes e sua paz pode ser um abismo insondável. Ora em sã penitência, ora uma orgia ambulante. Sempre sem testemunhas humanas.

Apenas os seus textos poderão ser vistos. Escolherão algumas palavras, para usar como uma larga estrada em direção ao seu âmago. Mas logo ela será uma picada pedregosa e um pouco além, não mais que rastros. No entanto, quando suas próprias escuridões forem tocadas, a luz se fará. E não será mais necessário seguir as palavras. Porque sendo elas plenamente compreendidas ou não, o messiânico destino do artista estará cumprido. Mais que isso: a luz da arte estará gravada na memória celular da posteridade e produzirá outras gerações. Ninguém mais julgará a sanidade do poeta... E dirão com muito mais lucidez: “Os poetas não morrem”.

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