Suspiro

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 9

Por três exatos milésimos, simultâneos, milimétricos, Dimas e a torta, seguros de toda a sorte, sentiam-se maiores que a morte. Mas então a dona Clarisse, e ela é escrita assim mesmo com dois "ésses", para que exista um ar mais nacional-socialista ao texto, interrompeu a alegria. O erro é proposital e sempre foi. Esse texto é um erro. Ele começou como uma história de amor, passou ao gênero fantástico, ameaçou ser sociológico, ou até mesmo filosófico. Meu aviso, aos que aguardaram um final para isso, é que essa estória ao menos não terá um desfecho religioso. Deus, e Ele fez os judeus, os cristãos, os muçulmanos, Deus não me orientou em que época situar os acontecimentos aqui descritos, se são verdadeiros, falsos, se é em primeira, segunda ou terceira pessoa. Mas assim segue. Eis o fogo em seu rosto, meu amigo.
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- Antes de a gente morrer, vou lhe dar o maior presente que se dá.

A torta se torna bonita por um instante.

- O maior presente que uma pessoa pode receber é um nome. Um nome é a identidade de um ser, é a sua alma expressa em um tempo. Um nome, e qualquer nome serve, desde que seja um nome, confere para a pessoa aquilo que há de mais sagrado, que é a sua consciência em fazer parte do mundo, que é se definir, que é ter valor, dignidade, no meio do lixo ou no meio da abastança. Eu vou te dizer o meu nome, Dimas. A única prova do meu amor por você é o meu nome, pois o seu eu já tive o prazer de ter nos meus lábios passageiros.

A vilã interrompe a sequência brechtiana.

- Chega. É hora de morrer.

- Não é.

- É.

- Não é.

- É.

- Então morra primeiro.

A infantilidade da disputa entre as duas meninas tornou uma grave situação de pavor em uma briguinha idiota por razão e sentimento. Mas os presentes e principalmente o autor não se importam com tanto. As mulheres serão sempre reducionistas. Sempre vão turvar as palavras em seu favor, na sua fragilidade superior, na sua sinceridade que nunca menciona tudo. A mulher é o tipo mais fascinante de ser humano, pois nunca em momento nenhum de suas vidas vão reconhecer que são um. Dimas era sonso e manipulável. O perfeito exemplo do que idealizaram Sade e Masoc, ainda que não os tenha lido, bem como os cinquenta tons do cinza, Dimas representa o herbivorismo, o verme que carregamos e nos faz sobreviver em um planeta de falsidades e maravilhas inigualáveis. Ele toma a oportunidade, para se tornar o homem que sempre quis e nunca teve forças para alcançar.

- Lasque-se. Ou foda-se. Vamos sair daqui.

Os capachos se tornavam capachos até segunda ordem. O líder agora mudou de cara.
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E a guerra tomou a tudo e a todos, como já fora imaginado. Não vou descrever o ocorrido, já escrevi oito capítulos, imagine o grande espetáculo, você pode fazer muito melhor que eu. A trama saiu totalmente do meu controle, e o prazer de quando isso acontece é surreal, arcadiano, barroco. Bombas aéreas, pessoas espatifando, "epitafiando", bacanais, como na época da peste negra, uma fila em frente a um campo de concentrações, de lamentações. Músicas ressoavam, vidas tomando e perdendo forma. Tudo dentro de si, da sua cabeça pensante, dos dez por cento que a sua alma declara que usa para a sua consciência, aquilo que você esconde de si mesmo, que não se lembra para a sua própria segurança. Os seus antepassados clamam por serem recordados, os seus antecessores clamam para sentir o calor do nosso Sol. Não se sinta culpado. Você é só uma pessoa, uma pessoa com os complexos e desejos, eu também, não se cobre perfeição alguma, eu vou repetir a palavra pessoa e aquelas que forem necessárias quantas vezes forem necessárias, ainda que não acrescente nada na sua vida. Voltarei agora ao diálogo, compreenda você ou não.
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- Corram, carreguem os que puderem, mexam-se todos, continuem a passagem!

Dimas resplandecia em utilidade.

- O meu nome é Tânia e eu te amo. Eu te amo e sempre vou te amar. Nunca se esqueça que eu te amo. Eu te amo e quero você, vou te prender se for preciso, e vou te prender se não for.

Os corpos seguiam no jogo do trabalho e na dança das mãos.

- O meu nome é Tânia, podia ser outro, mas agora é Tânia. Escute-o. É o que eu tenho pra te dar agora. Pode ser que mude, pode ser que se torne outra coisa com os anos. Mas é o amor que eu tenho para o momento.

Clarisse fugiu com seus olhos laranjas, seu nariz de porco, suas pernas de bode. Ela ficou feia e sem brilho. Talvez o anonimato deveria recuperá-lo.

A torta tinha uma aura que lhe cobria a pele. Era uma linda monstra, uma linda e esplendorosa monstra.

- Dimas, eu te quero para até depois do último dos seus dias.

Não havia tempo hábil para a recíproca.

- Corram, corram todos os que puderem...
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O texto não se define nem erudito nem popular. E ele acabou dessa maneira.

- Eu voltarei, pois só é forte aquele que subjuga o outrem, aquele que tem o poder e o tenta até o último suspiro, aquele luta com o destino na ansiedade de ser imortal definitivamente.

Clarisse dá margem para mais um capítulo, distanciando-se completamente da jovem na qual foi inspirada.

Foto de poetisando

Saudade

Tenho saudade da saudade
Saudade de ter desejos
Saudade de tanto querer
Mais saudades de beijos
Saudade de sonhar com teu corpo
De quando te amava tando
Imaginar a percorrer teu corpo
Saudade de quando pensava
Que tu também me amavas
Saudade que estou amando
Ainda suspiro desse tempo
Saudade de quando te via
De sentir o teu abraço
De te imaginar deitada
De ver no tu rosto felicidade
Saudade dos teus carinhos
De sentir o amor e a paixão
Saudade guardada no coração

De: António Candeias

Foto de carlosmustang

ÂMAGO

Fim, acabou minhas energias
Amei tanto, ate não aguenta
Sobrou restos de emoções passadas
Restos de fundamentos retardados

Marcadores de fracassos, vencedores
Debutando em vida, em ser queridos
De passo em pés, vou vencer, ser aceito
Ate quando errar, e sofrer(fazer sofrer)

E andei, nessa porra
Virei herói por vencer
Sem pedir um único suspiro

Cade a porra da paz pra quem só quer viver
Sem porcaria de troféu eterno pra vencer
Se for pra sofrer futuramente, melhor não fazer

Foto de poetisando

Palavra de honra

Lembro-me do tempo passado
Por cada suspiro que eu dou
De quando era ainda criança
Como tanto tempo já passou

Agora que passei da meia-idade
Tudo me torna a vir á mente
Como hoje está tudo mudado
Já nada é como antigamente

Educação é o que todos vemos
Está pelas ruas da amargura
Não se respeitam os mais fracos
E menos os finados na sepultura

Por cada suspiro que eu dou
Sinto as saudades do antigamente
Respeitava-se a criança e o idoso
O rico o pobre e até o demente

Lembro-me do tempo passado
Como hoje está tudo mudado
Palavra de honra que era dita
Passou a ser coisa do passado

Quando alguém dava a sua palavra
Era dada por um homem de bem
Hoje sai fácil da boca para fora
Honra é coisa que poucos têm

Vemos certos cavalheiros
Da sua honra tanto a falar
Que até quase acreditamos
Da sua palavra irem honrar

Lembro-me de quando era criança
De a palavra de honra se respeitar
Hoje um cavalheiro sem vergonha
Da a palavra de honra por dar

Lembro-me do tempo passado
De tanto tempo que já passou
A honra já deixou de existir
Foi coisa que o tempo levou

De: António Candeias

Foto de Maria silvania dos santos

Um homem amado

Um homem amado

_ Sentindo-me assediada, ao teu lado deitada em profundo só suspiro!
De prazer, quero te fazer gemer, com seus suaves toque chegar-me ao prazer...
Entre trocas intensas de carícias, quero sentir sua gozada prolongada, seu desejo descontrolado...
Quero que ofegante venha deitar ao meu lado, dizer que por mim está tarado!
Venha meu homem amado, por te estou apaixonada...
Autora: Maria silvania dos santos

Foto de Carmen Vervloet

Do Caçador

Minhas lágrimas em queda d’água
duas torrentes de prata
umedecem o seco chão.
As flores murcham silentes
e as borboletas ausentes
não voejam no quintal.
Os pássaros cerram os bicos...
Ouço um arsenal de tiros
e este barulho maldito
arranca de mim um suspiro...
Morro de dor
junto ao animal abatido
pela mão do caçador,
malvado infrator
que à preservação
das espécies em extinção
não ouve o lastimoso clamor,
nem tem no coração
ínfimos nacos de amor.

Foto de Anderson Maciel

O QUE ESPERAR...

O que esperar do mundo
de tudo que nos rodeia
entre ferrões profundos
que nos ferem bem na veia

O que esperar dos sentimentos
quando todos são vazios
dentro de um circulo sedento
gritando por paz interior

O que esperar do futuro
aonde a morte está a espera
daquele último suspiro
aquele que era para ela. Anderson Poeta

Foto de Anderson Maciel

O QUE ESPERAR...

O que esperar do mundo
de tudo que nos rodeia
entre ferrões profundos
que nos ferem bem na veia

O que esperar dos sentimentos
quando todos são vazios
dentro de um circulo sedento
gritando por paz interior

O que esperar do futuro
aonde a morte está a espera
daquele último suspiro
aquele que era para ela. Anderson Poeta

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Lésbico (A Contradição do Escarlate)

Ser humano
É ser bom
Tendo o mal
Dentro de si

A indignidade
Do hipócrita fariseu
Carpe Diem do falso eu
Pelo qual me decidi

Fogo irmão da água final
Semideus de um Pártenon
Alto brado em baixo tom
Ser canino, ser bichano

Vangloria-se o fraco preço
Discordante da missão
Em causar leve tropeço
Em quem já veio do chão

No primeiro vil suspiro
Derradeiro de menino
Socorreu-me o pai divino
Em deixar de ser vampiro

Eu sou lésbico
Mas quem não é?

Eis aqui a minha mente

Foto de Paulo Gondim

Alucinações

ALUCINAÇÕES
Paulo Gondim
05/08/2012

O que me interessa ainda
Se até o sonho se finda
Se nem sei mais sonhar?

Um certo por do sol cinzento
Alívio ou descontentamento
Já se avizinha bem devagar

O que me faz ainda ter sentido
É a certeza do dever cumprido
E a incerteza do que falta acabar

E entre acertos e desacertos
Entre desculpas e pretextos
Pouco sobra a lamentar

Um olhar distante, um suspiro
Um sorriso amarelo, um retiro
Que a alma busca para se acalmar

Os segredos são desfeitos
Vontades e desejos insatisfeitos
Não contam mais. Melhor assim

Não ficou orgulho nem vaidade
Apenas um leve toque de saudade
Do que fui e do que restou de mim

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