Tempo

Foto de andrepiui

Salvação...

Ao cair da noite
em plena madrugada
O céu rajado por raios
simulando milhares de facadas

No meio da floresta
ele se esconde
Protegido pela natureza
e armado com suas garras

Seus olhos fascinantes brilham
e enfeitiçam a todos em minha casa

Ela surgue do nada
atraindo minha deusa
sua pele macia e negra
atrai outra gata

Que me aparece
com seu belo corpo
cheio de marcas

A lua já se desponta
com uma estrela
Sua eterna e fiel escudeira
nesta longa caminhada

Para nos agraciar
com eterna beleza
E acabar de vez
com toda minha tremedeira

Que a cada dia
e hora que passa
mais eu rezo
e ela nunca acaba

A vela que se acende
ao mesmo tempo se apaga

Me chapo de todas as maneiras
Mas sou abençoado por Deus
E mesmo inconsciente
acabo chegando em casa

Olho o rélogio
para ver que horas são
Faltou energia
estou perdido no tempo e no espaço

Sem saber ir
para qualquer direção

Fecho os olhos e meto a cara
de todo meu coração

E entrego a minha vida à Deus
pois sei que ele é
minha única salvação...
(André dos Santos Pestana)

Foto de Fernanda Queiroz

Voar...

A paisagem passa depressa
Patas velozes rasgam o caminho com flecha
Diminuindo a distância entre mim e o mundo
Meu corpo se eleva em ritmado balanço
Pés firmes desprovidos de açoite
Mãos apertadas junto ao cabresto livre
Desprovido de freios
Ganhando liberdade
Correndo para o mundo
Ou do mundo fugindo
Correndo contra o tempo
Ou do tempo fugindo
Fugindo de mim
Ou do que restou de mim
Apenas vultos em minha paisagem
Cores se confundem
Cinzentas se agitam ou gritam
Como se tivesse vozes na cor
Como se entendesse de dor
A velocidade aumenta
Voar é minha meta
Mais depressa
Tenho pressa de chegar
Mesmo que seja o abismo
Meu destino certo
Onde tudo é incerto
O ar que foi brisa
Tornou-se vento
Que mesmo em tormento
Calça-me de coragem
Tira a dor de minha bagagem
Preciso continuar
Fugindo de mim
Ou do você que existe em mim
Do meu passado presente
Ou do meu presente passado
Do meu vazio intenso
Onde transborda solidão
Apenas por um momento
Senti a sensação
Que seguravas em minha mão
Mas eram as rédeas do destino
Que se encarregou de atá-las
Que fecundas como as marcas
Batentes cravadas no solo
Impõe-me o peso real
Da realidade mortal.
Eu não posso voar.....

Fernanda Queiroz
Direitoa Autorais reservados

Foto de Lou Poulit

Vida Longa aos Escritores!

Todo o meu trabalho artístico, artes plásticas e literatura, é o resultado de longos anos de um tipo de solidão pouco conhecida, docemente imposta pelo espírito da arte. Parece absurdo? Asseguro que não é. Se observarem bem, outras profissões também são muito solitárias.

O pescador que passa o dia e a noite no mar, por exemplo, só pode conversar com o próprio silêncio. Ninguém ouvirá a sua gargalhada, caso esteja alegre. Mas ninguém lhe dará um conselho ou amenizará os seus temores em momentos em que, pela própria solidão, o medo se apresenta concreto, tangível dentro dele. Todo pescador é solitário de alguma forma. Então compramos o fruto do seu esforço, sabendo que é saboroso e nutritivo. E por uma involuntária ironia, raramente o saboreamos sozinhos.

Quantas vezes entramos em um elevador, saímos e não nos lembramos de cumprimentar o ascensorista. Esse é um profissional solitário muito especial. Passa horas infindáveis em um espaço exíguo, por vezes lotado de pessoas que talvez não lhe escutassem, mesmo que mostrasse a elas o que existe no seu silêncio.

Creiam, não há tanta diferença assim no trabalho artístico. E por isso não se julgue o artista, mais que o seu trabalho. Há, entre a transitoriedade de tudo e a edificação de uma identidade artística (desde os seus alicerces conceituais e técnicos até o seu acervo propriamente) uma infindável e caudalosa sucessão de alegrias e tristezas profundas, de certezas frágeis e receios ferrenhos, que ele precisa amalgamar. Isso mesmo, é um amálgama. Todo artista é meio anjo e meio bruxo. Só que paga com a própria juventude a aquisição do seu arcabouço empírico, porque nenhum livro o daria.

Não vejo sentido útil em nenhuma arte egoísta. Nenhuma obra de arte, produto concreto da escuridão do seu autor, tem luz própria! Mas quando a escuridão do artista consegue tocar a do observador, usando a sua obra como veículo físico, aí a luz se faz... Não pela materialidade, ao contrário, pela sua expressão imaterial e subjetiva. O artista plástico trabalha recriando a luz física, muito especialmente os que trabalham sobre planos bi-dimensionais, como os pintores, mas é aquela luz, e não essa, que lhe alimenta a alma voraz.

Me perguntaram se são artistas os anjos-bruxos da arte escrita. Pode parecer um questionamento estúpido, mas tenho o hábito antigo de duvidar do que aparenta ser óbvio demais (antigo postulado dos ascetas da magia). A literatura é uma arte relativamente recente, porque prescindiu do estabelecimento (e, muito depois, da transmissão) de uma codificação gráfica, simbólica, que expressasse claramente as idéias para a posteridade.

Todas as artes expressam idéias, porém, muito antes do surgimento das instituições da justiça, os chefes sacerdotais desenvolveram, declararam sagrada e mantiveram em tumbas e labirintos as chaves da codificação. Vejam bem, embora tão no início, numa época de completo analfabetismo e desinformação, já percebiam aqueles senhores o imenso poder dos rabisquinhos nada caligráfricos que desenvolveram. Poder... Essa palavra tem tudo a ver com a história de sucessivas civilizações. Expressa uma idéia que tem amplitude máxima nas mãos do próprio Deus. Confunde-se com Ele.

Vejam que belo, a arte sempre surgiu como manifestação e meio de acesso ao divino. Ou seja, a escrita nasceu divina! Embora, inafortunadamente, tenha seduzido, por isso mesmo, a natureza egoísta e dominadora do homem. E mantida em cárcere, molestada por alguns privilegiados e seus favorecidos, durante muito tempo.

Vida longa aos poetas e escritores! Acabarão por entender que atribuir imortalidade ao seu amor, está muito além de constituir um mero lirismo. Hoje, a massificação da tecnologia multiplica esse poder, mas entenderão que há, mesmo no amor do menor dos poetas, um ideal divino de resgate. O poeta, esse tipo quixotesco não tem nada de louco, nem seu Rocinante é um pangaré inútil, nem sua Dulcinéia pode ser tão casta!

Sim, os escritores são artistas. Mas não o são como os outros artistas. Eles somatizam muito mais. Seus “eus” são de verdade, são muitos, e todos partilham o mesmo teto! Os escritos se vão, mas personagens ficam com todas as suas vicissitudes. São sacerdotes que sacrificam e são sacrificados, prostitutas que vendem sortilégios mas não compram a própria sorte, chegam a ser o céu de todas as suas estrelas e o mar que se esbate nos rochedos infindamente. Na sua escuridão dores e afagos, gritos e silêncios, sorrisos e lágrimas, não são vistos mas sentidos. Seus orgasmos são íngremes e sua paz pode ser um abismo insondável. Ora em sã penitência, ora uma orgia ambulante. Sempre sem testemunhas humanas.

Apenas os seus textos poderão ser vistos. Escolherão algumas palavras, para usar como uma larga estrada em direção ao seu âmago. Mas logo ela será uma picada pedregosa e um pouco além, não mais que rastros. No entanto, quando suas próprias escuridões forem tocadas, a luz se fará. E não será mais necessário seguir as palavras. Porque sendo elas plenamente compreendidas ou não, o messiânico destino do artista estará cumprido. Mais que isso: a luz da arte estará gravada na memória celular da posteridade e produzirá outras gerações. Ninguém mais julgará a sanidade do poeta... E dirão com muito mais lucidez: “Os poetas não morrem”.

Foto de Fernanda Queiroz

Amor sem fim...

Você nunca mais soube de mim
Nem eu soube de você
Mas você viveu em mim
Na saudade que ficou
No tempo que passou
E não te esqueci
Pensei em voltar
Te encontrar
Dizer que nada mudou
Que me amor é só teu
Que nada o fará acabar
Mas a distância prevaleceu
Minha voz emudeceu
Meus olhos entristecidos
Vivem momentos vividos
Que talvez tenha esquecido
Na tua ausência cravo meu pacto
No silêncio fecundo meu ato
Na lembrança de cada dia
Sem carta de euforia
Com voto de rendição
Com a mesma emoção
Te entrego meu coração
Sentimentos de uma vida
Que se estende até a morte.

Fernanda Queiroz
Direiros Autorais Reservados

Foto de Anjinhainlove

Dizes que me amas

Dizes que me amas
Que me queres.
Prometes que me farás sorrir
E nunca mais sofrer.

Pedes mais uma oportunidade
Para mostrar que me mereces,
Mas o teu tempo se esgotou.
Tiveste-me, deitaste-me fora,
Magoaste-me, fizeste-me chorar,

Enganaste-me e fizeste-me perder a fé em mim própria.
Não tens direito de voltar e tentar me apaixonar.
Não podes vendar os olhos do meu coração
E fingir que nada se passou.
Porque não confio mais em ti,
Porque não te posso amar mais,
Porque nunca me farás feliz,

Ó criatura errante que me persegue dia e noite:
Palavras bonitas me agradam mas não impressionam;
Gestos simpáticos me sensibilizam mas não confortam;
Promessas eternas eu ouço, mas não integro.
Agora cala-te e arca com as tuas consequências,
Pois se voltaste para me voltar a magoar,
Eu não estarei mais aqui,
E no meu coração já não cabes.

Foto de RuFiAzInHa

][ Agora é Tarde ][

Nem sempre o tempo cura qualquer dor...
Mas temos de escondê-la, mesmo que por pouco tempo, e tentar seguir em frente...
Em busca de algo que tu não me quiseste dar...
Estás com saudades dos tempos em que..?
Eu também, mas agora é tarde!
Se tens dor no teu peito, tapa-a...
Para mim sobrará angústia...
A tua presença é por mim desejada...
Mas quando disse que te queria e que te amava...
Foste embora em vez de me dares a mão!
Ficaste cego de recordações...
E sem nada a dizer foste embora...
E eu fiquei...
Como rosa negra em cova funda!

Foto de Neryde

Dá chuva sempre irei precisar....

Quando ouço a chuva chegar,
Corro pra fora de casa.
Não quero só escutar,
Fecho os olhos! Quero sentir!
E na chuva fico à me molhar.
Deixo a chuva cair,
Deixo o dia ir sem parar.
Deixo a chuva levar,
Qualquer sentimento ruim
Que em meu coração possa existir...
Deixo o dia ir sem parar
E neste momento esqueço a razão.
Deixo a chuva cair,
Sou agora uma criança sem direção.
Uma criança selvagem,
Andando pela paisagem.
E que sem se preocupar,
Deixa o dia ir e a chuva cair....
Passa o tempo,passam as estações,
Sentimentos e sensações.
Diariamente estarei à esperar,
A chuva chegar,
O dia ir sem parar.
A chuva me molhar e levar,
À criança que anda livre,
Pela paisagem sem se preocupar...

Foto de Ana_preta

Porquê k teve de ser assim?

Eu sei k nao te sou indiferente,
Eu sei k mexo contigo,
Eu sei k sentes algo por mim...
O k eu nao sei é:
porquê k nunca me disses-te k me amavas enquanto era tempo?
porque nao lutas pelo k realmente queres?
porquê k desistes antes de começares?
Perguntas no qual só tu podes responder
e sei k sabes as respostas para todas elas.
Se um dia voltares para mim...
vou ter a certeza k nunca deixas-te de me amar realmemente como eu nunca deixei...
ou se nao nunca me xegas-te a amar como dissest...
Sabes porquê?
se me amas-te realmente
nao me podes amar de novo
porque ninguem ama 2 vezes a mesma pessoa...
Axo k nesta vida temos a oportunidade de ser 100% feliz 2 vezes no máximo,
por isso nao desperdices o k a vida te dá...

Foto de Agamenon Troyan

O papel e o poeta

O papel e o poeta

De: Agamenon Troyan

Não quero mais ser um coadjuvante,
Para ser lembrado apenas por um lapso.
Estou farto de pensamentos disfarçados em abstrato
Ziguezagueando por entre linhas de raciocínio.

Quem é o criador?
O poeta que se torna escravo de suas musas,
Ou o papel que as alforria silenciosamente?
Perguntas sem respostas,
Cuja desculpa se encontra
No último parágrafo.

Cansei de ser o fardo de sua pena
E depósito de frustrações.
Quero libertar-me desse jugo
E prender-me em minhas próprias idéias
Ser o personagem da minha própria pessoa.

Quero atuar em meu próprio mundo
Ser a minha gramática,
Sem uma sentença que me condene.

Quero descobrir o meu verdadeiro papel
Poder enxergar a mim mesmo
Não sobre uma escrivaninha fria e empoeirada
Cujo tempo a esqueceu no esquecimento,
Mas sim em cada alma
... Em cada poesia.

Foto de Agamenon Troyan

Lágrimas de areia

Lágrimas de areia
Agamenon Troyan

Lá estava ela, triste e taciturna
Testemunha de efêmeros conflitos
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.

Sentia-se solitária; oca.
Os homens admiravam-na
Pelos seus dotes
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!

De sua profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não umedeceram o seu rosto
Mas secaram o seu coração,
O poço da alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.

E lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali...

O dia começou a desfalecer
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...

Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia!
Em um porto seguro.

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