Com o passar do tempo, a tal tempestade não viera e duvidando de que viesse, afinal a montanha apiedou-se do pintassilgo, que se mostrava irredutível. Pediu que cantasse alguma coisa, depois que voasse para outra fenda só para ver o colorido das suas penas, pediu até que fizesse ao menos alguns passos da sua dança nupcial, o que era capaz de despertar sincera inveja da montanha. Tudo em vão. O passarinho só conseguiu emitir um único pio, mesmo assim em um tom debochado. A montanha então se indignou: quem esse cara pensa que é ― perguntou a si própria ― qualquer um dos sóis que passaram por aqui nos últimos mil anos daria qualquer coisa para me ver pedindo algo a alguém! Qualquer estrela desceria do infinito para me salvar, como se eu fosse a sua dracma perdida particular! Que raio de motivo pode ter este ínfimo montículo de penas, para recusar os pedidos tão simples de uma montanha tão maior que ele?
Raio?! Onde, onde dona Montanha? ― O pintassilgo saiu subitamente da sua silenciosa meditação. Ora, Pintassilgo, não sabia que tu és capaz de ler pensamentos. Não o sou de fato, exceto quando podem ser um indício de tempestade. Verdade? É verdade sim... Eu estava aqui quietinho, quase zen, entrando em alfa. Sei... Um zero à esquerda. Não! Um zero não. Nem à esquerda nem à direita. Mas nesse estado, a minha mente poderosa é capaz de proezas que não podes imaginar... Ah, mas que bichinho mais pretensioso. Tuas explanações a respeito são desnecessárias. Esquecestes de que sou uma montanha? Eu já dominava estas técnicas muito antes dos teus ancestrais secarem as penas. Eles foram pegos por uma tempestade, foi? Que tempestade o quê, Pintassilgo, tu tens fobia de tempestade. Então por quê ficaram com as penas molhadas? Pintassilgo... Quis dizer-te que nós as montanhas passamos a vida a meditar. E que eu já houvera feito isso por uma pequena eternidade, quando os primeiros pintassilgos migraram do mar para a terra. Entendestes agora? Não sei bem, dona montanha. Penso que podes estar a me enrolar com esta tua sabedoria. Ora, por quê? Porque se meus ancestrais moravam no mar, deviam ter escamas e não penas molhadas.
A montanha aprumou-se nas suas profundezas e pôs-se a refletir por um instante: precisava concentrar-se mais, era muita arrogância para o seu gosto, contudo até que ele era bem esperto. E também teimoso como uma pedra... ― a montanha riu-se da própria piada. Depois, pensando bem, sentiu-se compelida a reconhecer que a tal tempestade, justo por não chegar, houvera lhe feito um bem. Deu-se então conta de que havia uma velada simbiose naquela relação aparentemente pouco útil. Mais que isso. A amizade de um passarinho não deveria ser importante para quem tenha a vida de uma montanha, muito menos os seus dejetos, que já lhe pareciam suportáveis. Sequer deveria tê-lo percebido, ele não viverá tempo bastante para ser importante. Entretanto, embora isso fosse difícil de explicar, já o era. Tanto que lhe preocupava. Conseguira despertar a piedade de uma montanha!
De repente o pintassilgo cantou, arrancando a montanha das suas reflexões. E logo ele ergueu-se, espreguiçou-se abrindo longamente as asas e depois sacudiu-se todo, da cabeça a ponta do rabinho. Mas a montanha ficou dividida. Em parte era o que ela queria antes: vê-lo menos triste. Por outro lado porém, ao vê-lo assim ela teve um pressentimento desagradável. A montanha dissimulou: Ora, ora, que bom vê-lo tão bem disposto, Pintassilgo! É mesmo, Montanha. Acho que a tempestade foi passear no mar... Talvez, mas, olhe aí bem ao teu lado, estas sementes fresquinhas, devem estar uma delícia e servirão para que reponhas as tuas forças. Nossa, Montanha, eu não estive doente. É, mas ficastes aí nesta fenda quentinha por horas, como se esperasses pelo fim do mundo, e não te alimentastes nem um pouco. Sei que tu estás todo doído. Não estou não, dona Montanha, e para que tenhas certeza disso, vou descer ao vale e comer as mais tenras lagartinhas, que não agüentam subir aqui. Sementes são comida para pintassilgo com auto-estima baixa. Mas Pintassilgo, não há necessidade ― ponderou ela ― então não sabes que sob as pedras também há insetos apetitosos? Claro que sei, mas estes têm sabor de terra. As lagartas que se empanturram de folhas têm um suculento e variado sabor, dependendo das folhas que estiverem comendo. Para um pintassilgo, o vale na verdade é uma colossal bandeja de salada, hum... É simplesmente irresistível!
O bichinho parecia mesmo decidido e a montanha já se sentia irritada com tanta teimosia. Mas como, para uma montanha, não é bonito que se exploda por um reles pintassilgo, somente porque ele não quer entender os seus tão bem intencionados motivos, ela optou por mudar a tática: Se tu te contentares com as larvas que te ofereço, antes de cair a noite te contarei um segredo que vais adorar. O pintassilgo franziu a testa e refletiu. Depois tentou negociar: Talvez... Se me contares logo. Ah, contando logo não terá graça nenhuma. Mas, ao cair a noite já estará na hora de dormir, e o que vou fazer de bom com este teu segredo? Que me importa? Azar o teu ― Ela dissimulou... Caramba, dona Montanha! Não eras tu que me aperreavas para que saísse a voar por aí? Estás a me esconder algo.
Naquela manhã não houve o habitual espetáculo de luzes dos coloridos véus da manhã, quando a alma da terra parece fazer vênias à chegada do astro-rei. A montanha cultivava especialmente o seu gosto por esse momento. Na verdade, ela se sentia uma montanha muito solitária, confinada em si mesma. Alimentava em segredo o sonho de, na próxima era, ser posicionada pelas contrações da terra em uma posição que lhe permitisse fazer amigas-montanhas. Tal era esse desejo seu, que em todo alvorecer de céu limpo ela adorava ficar observando as montanhas distantes distinguirem-se bem aos poucos do negrume, e as conferia como se pudessem ter dado uma saidinha furtiva durante a noite. Claro, elas estavam toda manhã nos seus respectivos lugares, mas mesmo assim a montanha gostava de fazer esse seu “confere” particular.
O sol já pairava sobre o horizonte, porém nuvens carrancudas e postas amontoadas pelos ventos, umas sobre as outras, só por uma espécie de concessão deixavam passar um raiozinho de luz, que ficava assim como cachorro-caído-do-caminhão, sem saber para onde ir. Era uma manhã escura demais. Aos seres notívagos, que já davam tratos ao lugar de dormir, restava a lamentosa conclusão de que podiam ter aproveitado mais, enquanto aos que, nos seus lugares quentinhos, esperavam pela luz do dia, a preguiça mostrava-se boa conselheira e muito sedutora.
Com um vôo curvo repentino, tirando proveito magistralmente de uma lufada de brisa, o pintassilgo tirou a montanha das suas reflexões. Esse é o meu velho e bom pintassilgo! ― Disse a si mesma a montanha orgulhosa. Ele pousou suavemente na ponta de um galho mais alto, todavia não se demorou ali. Logo decidiu-se a um vôo mais audacioso, embicando de pedra acima. Quase não conseguiu. E vendo-o depois arfar de cansaço, a montanha passou abruptamente do orgulho à mais uma preocupação: suas asas haviam perdido o vigor de antes, seu organismo já não demonstrava a mesma resistência. Isso significava que ele estava muito vulnerável. Qualquer predadorzinho barrigudo, desde que não fosse muito impaciente, acabaria por comê-lo. Desesperada, a montanha começou a procurar por todos os lados, querendo encontrar qualquer animal que representasse uma ameaça. Precisava encontrá-lo antes que ele visse o frágil passarinho. Nas redondezas haviam algumas raposas, uma pequena família, porém a montanha achou que, apesar de espertas e cheias de truques, elas eram lerdas demais para pegar um pintassilgo. Mais acima, um solitário gato-do-mato acomodara-se na reentrância de um lajedo, de onde, protegido pela relva, tinha uma vista privilegiada para encontrar seu almoço. Com imensos e atentos olhos de um verde azulado muito cristalino, ele ainda não vira o pintassilgo, mas estava perto demais para que a montanha se tranqüilizasse.
Em pouco tempo, ela viu confirmada a sua suspeita. O passarinho irrequieto acabou por despertar a atenção do felino. Não era exatamente o que ele poderia considerar um banquete, porém, apenas para o seu desjejum, até que não era mal lamber aquele coraçãozinho antes de engoli-lo. Era algo para ser mais propriamente degustado e nem tanto para abarrotar a pança. O gato bocejou, espreguiçou-se, e só então se dispôs a caçá-lo, tão certo da sua superioridade que já se imaginava palitando os dentes com a cana daquelas peninhas coloridas. Demorou algum tempo até que, muito sorrateiramente, conseguiu se posicionar para um bote seguro. Os gatos são extremamente pacientes e não gostam de errar o bote, tanto que, quando perdem a primeira tentativa, normalmente não tentam novamente. O pintassilgo havia se colocado em um galho abaixo do nível do terreno onde estava o gato, porque descobrira ali bem perto uma colméia de pequenas abelhas. Esperava a oportunidade de comer algumas delas sem, entretanto, atrair para o seu encalço um pelotão de abelhas furiosas. E de tão compenetrado, não se apercebeu do gato, que já estava bem próximo.
Roendo o sabugo das unhas nas pontas das lajes subterrâneas, a montanha era só desespero, porque o passarinho não dava atenção aos seus esforços de alertá-lo. O bote era iminente, a distância muito pouca e o bichinho nem imaginava o perigo que corria, por causa de umas poucas abelhinhas, tão pequeninas. Mas nessas horas a natureza mostra a sua complexidade. Eis que num arvoredo, próximo e acima dos dois, veio pousar um outro sorrateiro predador. Como não podia saber em quem o gavião estava realmente interessado, o gato estancou o seu bote e pôs-se imóvel, como se fosse uma pedra a mais na paisagem. Sua sensatez instintiva lhe fazia considerar que, embora os pássaros menores sejam destaque no cardápio dos gaviões, levar nas garras para o seu ninho um gato gordinho deveria ser preferível, pois assim regalaria a família toda com menos esforço.
Mesmo para uma montanha, acostumada à grandeza do tempo, aqueles segundos pareciam uma eternidade. Reconhecia que aquela era uma cena muito corriqueira da natureza, onde todos de alguma forma são predadores de uns e predados por outros, e embora seu instinto lhe dissesse que não devia interferir no curso natural das coisas, ela não suportava a idéia de ver o seu querido pintassilgo morto nas garras de outrem. Ora, havia esperado tanto para reencontrá-lo. Tinha agora a pretensão de readaptá-lo à natureza, tarefa longa e morosa. Não. Não e não. Definitivamente, não permitiria que ele fosse comido assim, à toa. Ele não seria mais que um aperitivo para qualquer dos dois, enquanto que para a montanha representava uma satisfação incomparavelmente maior.
Enviado por Sonia Delsin em Sex, 11/04/2008 - 18:51
SOMOS LINDOS, AMOR
Eu te pedi.
Me leva.
Pro paraíso.
Tu de pronto me atendeu.
E partimos.
Tu e eu.
Pegamos uma carona num rabo de estrela.
Demos tchauzinho à terra.
E fomos.
Nós...
Nós que somos esta coisa linda.
Nós que rimos como duas crianças.
E brincamos.
E nos amamos.
Nós que num dia tão especial nos encontramos.
Nós que vamos sempre nos amar.
Independente do que o resto do mundo possa pensar.
.
.
.
Foi assim levado para um horizonte,
Perdido de si; trouxe nos sonhos a
Força rouba pelas batalhas entre o seu
Ego (...)
Passou,
Perdeu!
Voar, desejo tão intimo nuance de uma
Alma perdida em nada do seu próprio vazio...
São tantos no quere profundo e todos
Distantes no próximo instante seu, ser
Para entender que nada é mais do que sonho,
Busca na cava da terra de aquém.
Desnuda, calada, perdida.
Vazia, confusa, é ser o que
Os teus olhos não vêem e nessa
Presença fingida te convencer que
Sou o nada mais que vês.
Enviado por CarmenCecilia em Qui, 10/04/2008 - 23:43
POESIA
PEDRO PAULO DA GAMA BENTES
EDIÇÃO
CARMEN CECILIA
IMAGENS
CARMEN CECILIA
MÚSICA
CANÇÃO DO MAR
NOTA:
AS IMAGENS SÃO NA MAIORIA FOTOS MINHAS DE QUANDO ESTIVE POR ESSA TERRA QUE AMO MUITO!
ESSE VIDEO É EM HOMENAGEM A TODOS AMIGOS LUSOS DO SITE
ENQUANTO NÃO FICA PRONTO AMOR SEM FRONTEIRAS, QUE ESTÁ REALMENTE UMA NOVELA...RSS...POIS ESTOU SUBDIVIDINDO EM 4 VÍDEOS COM MAIS UM DE ROMA.
DESCULPEM ME OS ERROS POIS ESSE FOI UM DOS PRIMEIROS VÍDEOS QUE EDITEI...
PS1: A JOANINHA, YAP ROSE E TODOS MEU CORAÇÃO ESTÁ AI COM VOCÊS...
PS2: FERNANDA MUITO OBRIGADA PELO APOIO DESSE SITE MARAVILHOSO!
Em Coimbra ou no Rio de Janeiro...
A musica linda...
Agrada ao extrangeiro!!!
Dos carnavais aos recitais...
No pateo da Escola...
Velhos conceitos impregnados em minha memoria!!!
Leiria terra querida...
Te encontro ao longo da estrada Nacional...
Almejo ter contigo ainda...
Para alegria deste decendente natural!!!
Portugal...Portugal...
Terra querida de meu pai e meus avós...
Portugal...Portugal...
Tuas paisagens e teus campos de trigais...
Portugal...Portugal...
Sonhos mais lindos de amores em Caiscais...
Portugal...Portugal...
O fado alegre de um feliz filho teu...
Portugal...Portugal...
Quero em breve pisar em solo Europeu...
Portugal...Portugal...
Abraços fortes a todos poetas irmãos meus...
Portugal...Portugal!!!! (Autoria: EDSON MILTON RIBEIRO PAES )
Autoria de JOANINHA VOA - Diretora da "Escolinha da Fernanda".
Lá vem o Trem!... Lá vem... Lá vem...
Que bom que é vê-lo... o Trem!...
E meus versos verdejantes
Aqueles! que saem versejantes
Nem sei como! mas saíndo...
Do Trem!... que lá vem...
O Trem conduzido por Dirceu
O Anjo por todos nós já conhecido
Que não sendo segredo pra ninguém
Vai na frente corajoso e destemido
Desbravando trajectos, o caminho
Vai e segue, o Trem!... Enaltecido!
Certo que tem ajuda d`outros Anjos Energia, Luz, Amor, Alegria, Felicidade
e até Humor...
Eles nos conduzem por caminhos
Certos outros incertos, mas o certo
É sempre na paz do Senhor!
Curioso foi n´outro dia...
Quando o Trem parou numa Estação
E alguém me perguntou com emoção
Quem conduzia?!...
Pronta! Respondi sem hesitar
Rosas! Senhor, são Rosas!...
Estas que nos conduzem
No dia a dia...
JoaninhaVoa, In "O Trem, do Dirceu Marcelino"
(2008/04/05)
2ª PARTE da PROSA POÉTICA INTERATIVA - VIAGEM DO TREM ENCANTADO para a "Escolinha da Fernanda", a partir da chegada em Costa de Caparica e onde embarcamos a Diretora JOANINHA VOA, na Estação 9. 3/4... Saliente-se o acréscimo nesta PROSA da participação do - poeta diamante - HENRIQUE FERNANDES...
Em seguida iniciaremos a travessia do Atlântico
Desceremos na Costa de Caparica
Onde na Estação 9.3/4
Estará a Diretora Joaninha,
Que irá à frente voando,
Ou, nos meus braços
(Do Maquinista...Eh, Eh,Eh...),
Pois é a Diretora.
Após vamos a Lisboa,
Estação de Santa Apolônia,
Perto da Alfândega do Jardim do Tabaco,
Onde vamos beber algo a ser servido
Por nossa anfitriã.
Ali embarcará nosso amigo MFN:
O Manuel.
Com "U".. Uuuuuuuu... ooooo.. nãããoooo.. uuuu....
O Joaquim não sei se matriculou.
Levarão-nos até o Porto,
Para embarque de Albino Santos,
Ele marcou passagem
E vai nos ajudar a achar.
............................................................ ( partes novas - interativas )
Xiii..
Agora a coisa complicou
Não sei...
Ele disse
F I M
O que será de mim?
Da Rose,
Do nosso jardim,
Se ele realmente fizer
Assim!
(A Joaninha
Disse que não,
Por isso nem votou
Ele não vai aguentar
E vai nos acompanhar)
Afinal,
É o Grande Poeta
O grande inspirador
E sempre nos amou,
Tua nau navegou,
Nestes rios,
Nestes mares,
E versos para o futuro
Lançou
E agora
Esperamos-os
Tão puros,
Como seu pingo de Luz
Que iluminaram e
Iluminam
Os olhos
Os corações
Destas poetisas,
Nossas amigas.
Por isso
Esperamos encontrá-lo
Na Estação São Bento do
Porto.
.....................................................................
Mas, agora temos novo passageiro
É como diz o Edson
Nosso grande companheiro,
Em Portugal
Existem muito poetas
É muito legal.
Teremos de passar pela serra do Marão,
Serra de encantos e poesia
Terra de meus ancestrais
Onde brilha o sol da liberdade,
Entre os vales e montes de
Trás-dos-montes.
Lá estará a nos esperar
Henrique Fernandes
Muito legal
O poeta diamante
Que honra
Esperara-nos em
Vila Real.
Nós trará novas energias invisíveis,
Fortalecendo as nossas palavras
De poetas da esperança...
“uuuuuuuuu uuuuuuuuuu estou esperando essa boleia
Rumo ao desconhecido
Que nos é apresentado tão verdadeiro”,
Em Portugal
Por este humilde brasileiro.
***
A Salomé,
Se é que é,
Que vamos lá encontrá-la
Pois, vocês sabem como é que é
Ela pode ter saído de Paris,
Ido para a Galícia
Mas o Carlos sabe onde encontrá-la,
Pois, vai levar sua flauta encantada.
Acho que a encontraremos na Galícia,
Ou então, em Buenos Aires,
À rua Corrientes, nº 3458,
No segundo andar,
Com Carmem Vervloet
Que só volta em trinta dias.
Pelo menos, foi o recado que deixou.
Pois disse que foi dançar tango:
Inspirado em nós:
Eu e Carmem Cecília, já estamos aqui,
Só falta a Salomé.
Então, talvez, tenhamos que retornar para a América Latina
E ver onde estão tocando e dançando:
“Uno ‘Tango Galego Spanish Guitar”.
Xiii! Agora temos mais uma preocupação.
Uma das passageira pretende ficar em Portugal,
Para achar o Português,
Aquele que "roubou o coração"
De mais uma "brasileirinha",
Como diz o Hildebrando.
O Hilde, da Enise...
E sabem quem é a brasileirinha?
-"É a Claraaaaaa..."
(Cá entre nós, sem "fofoca", dizem por aí que é a própria
Carmem Cecília), aquela de
"Amor sem fronteiras".
Mas não se preocupem,
Pois, todos nos reencontraremos
Na Escolinha da Fernanda,
Ao lado da Casa Transparente de CECI
No Jardim Encantado com o seguinte endereço
www.poemas-de-amor.net
Queiram tomar seus lugares...
E boa viagem
Phiiirriiii...
OBSERVAÇÃO: 1. Esta é uma PROSA POÉTICA INTERATIVA, pode ir aumentando, diminuindo, até todos embarcarem, ou transforma-se nas versões III, IV... Puxa já chegou na 8ª parte.
2. Em face da limitação em 10 minutos, a viagem terá de ser dividida.
Solicito as colegas poetas que vão embarcar que por favor apresentem fotografias, do tipo dessas utilizadas pelos primeiros passageiros, pois, assim todos aparecerão na "janelinha do trem". Desculpe quem ainda não inclui, mas fiquem sossegados que o trem é muito grande, como o coração deste amigo.
Outro Anjo partiu da terra!
A doce menina Isabella
Fugindo de asquerosa fera!
Voou para o espaço
Num único compasso!...
Fugiu da violência?
Ou foi vítima da brutal demência
De um ser sem coração
Tomado por chocante alucinação?
Breu da alma...
Sem paz... Sem calma!...
Partiu deixando todo um futuro...
Voou sozinha no escuro...
Deixou seus sonhos de criança
Botão que mal se abriu...
Mas perfumou
O espaço que ocupou...
E levou a alegria
De tanta gente...
Que deseja um Brasil decente
Onde a justiça se faça presente...
Um Brasil com segurança...
Um Brasil verde-esperança!
Nesta precoce partida
Deixou saudade e feridas...
Deixou uma mãe sofrida...
Despedaçada... Perdida...
Deixou dúvidas e medo
Levou com ela o segredo
Da sua sorte!...
Da negra morte!
Botão em flor
Esmagado pela violência!
Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados ao autor
Enviado por Sonia Delsin em Qui, 03/04/2008 - 21:42
DESLUMBRAMENTO
Um fino pó a correr entre meus dedos.
A me mostrar os segredos.
Terra mãe.
O que somos?
Quanto valor às coisas damos!
Uma semente guardando a futura árvore.
Um ninho abrigando um filhotinho.
Um rio...
Um moinho.
Passeio pelos meus primeiros anos...
Passeio pela estradinha onde papai plantava coqueiros.
Passeio pelos galinheiros.
E chiqueiros.
Eram todos os momentos verdadeiros.
Uma cascata de luz.
Me vejo embaixo de uma cruz.
A chorar e rir.
O milagre.
Tantos anos que isto aconteceu.
Parece até que quem viveu nem fui eu.
Ó, meu Deus!
A vida de meu filhinho.
A cura.
Eu que sempre confiei.
Que sempre esperei.
Milagre? Graça? Benção?
Que nome se dá a isso?
Que longa a estrada que percorri!
Mas como eu vivi!
Cada instante. Com uma intensidade tal que assombrava a todos.
Tenho pensado tanto no tempo... no caminho.
Pensado nas pessoas que me inspiraram toda sorte de sentimentos.
Estou sentada...
Refletindo.
Chegam rajadas de ventos.
Outros tempos, outras pessoas... outras datas.
Risos, lágrimas...
Abraços, beijos...
Palavras, silêncio.
Hoje em dia vivo envolta num silêncio maior.
Passo horas e horas sozinha.
E não me sinto sozinha.
Sinto que me acompanham os meus tempos, os meus amados.
Sinto que Deus está do meu lado.
E anjos.
Gosto destas minhas horas introspectivas.
E ainda tenho perspectivas.
Sinto que cheguei numa fase da vida em que me divido entre o pensar e o vivenciar.
Sinto que vivo mais intensamente do que nunca o meu eu.
Não de uma forma egoística.
Mas necessária.
Um auto-conhecimento.
Um aprofundamento.
Um verdadeiro deslumbramento.