Texto

Foto de Sempre-Viva

Maiúsculas

Maiúsculas
(extraído do Manual de Redação da PUCRS)

A letra maiúscula é um recurso gráfico utilizado para dois propósitos: assinalar o início do período (em oposição ao ponto final, que o encerra) e dar destaque a uma palavra, seja ela um substantivo próprio ou não. Uma vez alfabetizados, não temos dificuldade em utilizar a maiúscula para o primeiro propósito, mas temos dúvidas freqüentes sobre quando dar ou não destaque à palavra.

O Formulário Ortográfico de 1943, que rege a matéria, não foi suficiente explícito quanto ao estabelecimento de normas.
Além do mais, dá margem à flexibilidade, quando permite o uso de inicial maiúscula por "especial relevo", por "deferência, consideração, respeito", quando "se queira realçar", ou na designação de "alto conceito", "altos cargos, dignidades ou postos." Assim, sempre se poderia justificar o uso de maiúsculas pela "ênfase" ou "destaque".

O que se observa hoje em dia são as seguintes tendências:

1. As grandes companhias jornalísticas criam, para vários casos, normas próprias e acabam criando uma tendência.
2. O emprego de maiúsculas em excesso, os negritos, os sublinhados ou os destaques estão caindo de moda, já que "poluem" o texto.
3. A tendência é, pois, a seguinte:
- mais formalidade, mais deferência, mais ênfase: maiúscula;
- mais modernidade, menos "poluição" gráfica, mais simplicidade: minúscula.

Nunca se pode esquecer, no entanto, da regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório de letra inicial maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza.

Quando devo usar maiúscula, obrigatoriamente?

1. No início de período ou citação.
Exemplos:
- Ao longo de sua existência, a PUCRS atingiu uma posição de destaque entre as instituições de ensino superior mais conceituadas do Brasil.
- O Ir. Norberto Francisco Rauch, reitor da PUCRS, declarou, ao lançar o Plano Estratégico da PUCRS 2001-2010: "A aspiração da PUCRS é tornar-se referência pela relevância de suas pesquisas e excelência de seus cursos e serviços, conforme descrito na sua Visão de Futuro."

Observação: Se, depois dos dois pontos, vier um simples desdobramento da frase ou uma enumeração (e não uma citação direta), a palavra começará com minúscula. Exemplo: O contexto do ensino superior brasileiro apresenta, entre outras, as seguintes grandes tendências: expansão acelerada e interiorização de ensino superior, consolidação da pós-graduação e melhoria da qualificação do corpo docente.

2. Nas datas oficiais e nomes de fatos ou épocas históricas, de festas religiosas, de atos solenes e de grandes empreendimentos públicos ou institucionais.

Exemplos: Sete de Setembro, Quinze de Novembro, Ano Novo, Idade Média, Era Cristã, Antigüidade, Sexta-Feira Santa, Dia das Mães, Dia do Professor, Natal, Confraternização Universal, Corpus Christi, Finados.

Observação: empregue letra minúscula em casos como os seguintes: era espacial, era nuclear, era pré-industrial, etc.

3. Nos títulos de livros, teses, dissertações, monografias, jornais, revistas, artigos, filmes, peças, músicas, telas, etc.

Observação: escrevem-se com inicial minúscula os artigos, as preposições, as conjunções e os advérbios desses títulos.

Exemplos: O Catecismo ao Alcance de Todos, Pilares da PUCRS, O Racional e o Mitológico em Wittgenstein, Os Sentidos da Justiça em Aristóteles, Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro.

4. Nos nomes dos pontos cardeais e dos colaterais quando indicam as grandes regiões do Brasil e do mundo.

Exemplos: Sul, Nordeste, Leste Europeu, Oriente Médio,etc.

Observação: Quando designam direções ou quando se empregam como adjetivo, escrevem-se com inicial minúscula: o nordeste do Rio Grande do Sul; percorreu o Brasil de norte a sul, de leste a oeste; o sudoeste de Santa Catarina; vento norte; litoral sul; zona leste, etc.

5. Nos nomes de disciplinas de um currículo ou de um exame.

Exemplos: Introdução à Bíblia, Teologia Moral V, Língua Portuguesa I, Filosofia II, História da Psicologia, Matemática B, Cirurgia IV, Mecânica Geral,etc.

6. Nos ramos do conhecimento humano, quando tomados em sua dimensão mais ampla:

Exemplos: a Ética, a Lingüística, a Filosofia, a Medicina, a Aeronaútica, etc.

7. Nos nomes dos corpos celestes.

Exemplos: Terra, Sol, Lua, Via-Láctea, Saturno, etc.

8. Nos nomes de leis, decretos, atos ou diplomas oficiais.

Exemplos: Decreto Federal nº 25. 794; Portaria nº 1054, de 17-9-1998; Lei dos Direitos Autorais nº 9.609; Parecer nº 03/00; Sessão nº 01/00; Resolução 3/87 CFE, etc.

9. Em todos os elementos de um nome próprio composto, unidos por hífen.

Exemplos: Pró-Reitoria de Ensino e Graduação, Pós-Graduação em Finanças, etc.

10. Nos nomes de eventos (cursos, palestras, conferências, simpósios, feiras, festas, exposições, etc.).

Exemplos: Simpósio Internacional de Epilepsia; Jornada Paulista de Radiologia; II Congresso Gaúcho de Educação Médica; Técnicas de Ventilação em Neonatologia, etc.

11. Nos nomes de diversos setores de uma administração ou instituição.

Exemplos: Reitoria, Pró-Reitoria de Administração, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitoria de Extensão Universitária, Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários, Gabinete da Reitoria, Assessoria Jurídica, Assessoria de Comunicação Social, Gerência de Web, Conselho Departamental, Departamento de Jornalismo, Centro de Pastoral Universitária, etc.

Observação: Na designação das profissões e dos ocupantes de cargo (presidente, vice, ministro, senador, deputado, secretário, prefeito, vereador, papa, arcebispo, cardeal, princesa, rei, rainha, diretor, coordenador, advogado, professor, engenheiro, reitor, pró-reitor, etc) empregue-se letra minúscula, apesar de a norma oficial determinar maiúscula para os "altos cargos, dignidades ou postos". Exemplos: reitor, vice-reitor, pró-reitor, chefe de gabinete, assessor, diretor, vice-diretor, coordenador, professor, etc.

12. Nos nomes comuns, quando personificados ou individualizados.

Exemplos: O Estado (Rio Grande do Sul), o País, a Nação (o Brasil), etc.

13. Nos pronomes de tratamento e nas suas abreviaturas.

Exemplos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Senhor, Senhora, Dom, Dona, V. Exa., V. Sa., etc.

14. Nos acidentes geográficos e sua denominação.

Exemplos: Rio das Antas, Rio Taquari, Serra do Mar, Golfo Pérsico, Cabo da Boa Esperança, Lagoa dos Quadros, Oceano Atlântico.

Observação: Segundo a norma oficial, escrevem-se com minúsculas: rio Taquari, monte Everest, etc. Acontece, no entanto, que tal procedimento poderá trazer confusão quando o acidente geográfico faz parte integrante, indissociável do nome próprio: Mar Morto, Mar Vermelho, Trópico de Câncer, Hemisfério Sul, etc. Se a opção for sempre pela maiúscula, a grafia, neste caso, ficará mais fácil.

15. Nos nomes de logradouros públicos (avenida, ruas, travessas, praças, pontes, viadutos, etc.).

Exemplos: Avenida Farrapos, Rua Vicente da Fontoura, Travessa Fonte da Saúde, Parque Farroupilha, Praça São Sebastião, Praça Dom Feliciano, etc.

Saiba Mais

Que letra empregar no início de itens de um texto, depois de dois-pontos?
Há, na verdade, três opções:
• Iniciar cada item com letra minúscula e terminar com ponto-e-vírgula, com exceção do último item, que acaba com ponto final.

"Art. 4 - Constituída pela comunidade de professores, funcionários e alunos, a Universidade tem por finalidades:
I. manter e desenvolver a educação, o ensino, a pesquisa e a extensão em padrões de elevada qualidades;
II. formar profissionais competentes nas diferentes áreas do conhecimento, cônscios da responsabilidade e do compromisso social como cidadãos;
III. promover o desenvolvimento científico-tecnológico, econômico, social, artístico, cultural da pessoa humana, tendo como referencial os valores cristãos;
IV. estender à comunidade as atividades universitárias, com vistas à elevação do nível sócio-econômico-cultural."
• Iniciar cada item com maiúscula ou minúscula e terminar sempre com ponto final.
Exemplo:

"Algumas dicas podem ser úteis para o tratamento de paciente violento:
1. Não brigue com o paciente, respondendo com raiva ou, por outro lado, sendo condescendente. Demonstre firmeza sem ser rude.
2. Não toque o paciente ou o assunte, nem o aborde subidamente sem aviso (...)".

FRITSCHER, Carlos Cezar et al. Manual de urgências médicas.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 521.

• Iniciar cada item com minúscula ou maiúscula e terminar sem nenhuma pontuação.
Exemplo:

"As manifestações clínicas usualmente encontradas na insuficiência respiratória aguda (IRA) são:
- Dispnéia
- Dificuldade em articular frases ou palavras
- Cianose periférica ou central
- Confusão mental (...)"

FRITSCHER, Carlos Cezar et al. Manual de urgências médicas.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 468.

Foto de Carmen Lúcia

Estações do tempo...e da vida

(inspirada no texto de pe Fábio de Melo:Outonos e Primaveras...)

Final de inverno...
Lacradas estão as folhas
que esverdearam sonhos,
derrubadas pelo vento,
sepultadas pelo rigor do frio
no silêncio das sombras
na escuridão do chão...

Embaladas pelo outono
que tristonho se foi
e ansioso espera
ver renascer a primavera
que adormecida sob o solo
nos priva da visão
de sua germinação...

Fase que não vemos
mas que nela cremos..

É o ciclo de vida e morte...
Vida que não se finda,
morte que não se acaba...

Processo que se encaminha sem pressa,
movimento que vai se cumprindo em partes,
o cair das folhas, fecundidade,
cumplicidade do tempo,
cantos das cigarras, assovios dos ventos,
o ressurgir da aquarela , o florido sobre a terra,
o renascer da primavera...

Cumprida a missão, o outono agora espera
o retorno de outra primavera...
a sua ressurreição.
Assim como a vida...
a próxima estação.

Carmen Lúcia

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de Carmen Lúcia

Somos...

Invade a minha vida,
preenche o meu contexto,
poetiza-me em tua alegria,
protagoniza o meu texto.

Colore a minha paisagem,
acende luzes apagadas,
sejas o sol de todo dia,
incandesce minhas madrugadas.

Floresce meu canteiro triste,
vibra o ardor que em mim existe,
ruboriza o tom vermelho,
reflete teu corpo em meu espelho.

Ama-me de todas as formas
em cada instante, o tempo inteiro...
sou tua vontade, tua fome, tua metade,
somos recomeços dos amores verdadeiros.

_Carmen Lúcia_

Foto de Osmar Fernandes

O leitor é a alma da obra de um escritor

O escritor escreve o que o poeta, o contista, o novelista, o jornalista sentem. Suas emoções revelam-se nos livros, nos artigos de jornais, na internet... Portanto, o leitor tem que entender que, as inspirações redigidas pelo autor, têm sentimento do escritor, mas, nem sempre se refere a ele. Cada tema, cada assunto, tem suas peculiaridades.
Para o poeta basta ver uma folha cair de uma árvore que, sentimental como é lá vai ele poetizar... Basta ver ou ouvir o problema de alguém que, o escritor se incorpora a um personagem literário e pronto, vem logo um tema, e o conteúdo nasce automaticamente.
Claro que esses sentimentos têm suas variáveis... O poeta, de todos, é o que tem um dom mais apurado, requintado além da terra, dos sonhos, da vida, do coração. Os demais têm um dom pragmático, ousado, que é aperfeiçoado no seu cotidiano. Todos têm o seu valor axiomaticamente.
Não se pode confundir o texto de alguém com a sua ideologia, com seu jeito de ser, de pensar, de agir... O texto nada mais é que um sentimento tomado de uma síncope do momento, do fato, do estalo.
Logo, o personagem pode ter vários sexos, cores, dogmas... Ele é incorporado daquele instante, sem se importar com essas determinantes.
Cabe ao escritor pôr no papel o papel do seu personagem. Ele tem que viajar na sua cabeça e no seu pensamento, e obedecer ao condutor, que o dirige. Confundir o redator e o personagem é o mesmo que não entender o corpo da literatura.
Obviamente que o escritor também pode ser o poeta, o contista, o novelista, o jornalista... Mas, isso é coisa rara. Falar dele mesmo acontece de forma raríssima.
O sentimento tem vida... Ao ler um texto é necessário entender que cada assunto está revelando o que o personagem sente, entende, vive e morre. O leitor é a alma da obra de um escritor.

Foto de JORMAR

Amor entre Almas

Amor entre almas...
Não se procura,
não se pede,
não se exige...
Simplesmente acontece
quando menos se espera.

Amor entre Almas
É amor doação
sinceridade, fidelidade,
dedicação,ternura ,
prazer, emoção.
Não importa a distância.

Amor entre almas
é um resgate de vidas
que chega ao fim no
sublime ato do reencontro
com sua alma gêmea
tão amada ontem,
tão vivenciada no hoje.

Amor entre almas
não é só desejo e sexo.
É querer e sentir
a presença do ser amado
dentro do coração.
É precisar um do outro
como a borboleta e
a abelha precisam da flor

Amor entre almas
É tão intenso,
tão sentido por nós...
que ninguém,
nem mesmo o tempo
consegue apagar
de nossas vidas.
Te amo por toda eternidade!

Texto:Marilene Laurelli Cypriano

Foto de gandeco

ontem sonhei, minhas limitações

Ontem sonhei...minhas limitações
Muitas coisas na vida se acabam antes de acontecer,
umas por nossos defeitos e erros,
outras porque a vida algumas vezes te leva ao erro,
se ontem sonhei,
e vi minhas limitações se tornarem mais fortes do que eu.
Nunca se pode querer daquilo que nunca se vai ter,
ou o que tem ,
não agrade a quem se quer mostrar,
será mais difícil querer ser forte,
quando se é fraco,
e querer ser belo e desejável,
quando a quem se quer,
não é isso que ela quer ver.
Todos temos um tempo para refletir,
e pensar com aquela pergunta,
o porquê,
e no final vale a pena?
Ninguém sabe me responder.
As paixões são como vendavais,que se vão
e depois que passa só destrói o nosso mundo,
talvez não o externo, mas o interno,
que quando machucado sangra sem se cicatrizar e dói.
Quando busquei meu mundo, era você,
quando busquei status, meu mundo era você,
mas nunca imaginei que você iria entrar em meu fracasso, isso não,
pois meu amor iria te levar para a alegria e não para a tristeza.
Todas as limitações tem seu preço,
e eu perdi você,
e meu mundo se desmoronou,
se em minhas vitórias te colocava,
nunca imaginei que em minha derrota iria te perder,
pois perdi não somente meu orgulho,
meu respeito, perdi você,
eu perdi minha alegria,
pois se ontem sonhei
e minha limitações não foram capaz de me colocarem em seu mundo,
o duro é saber que você sempre esteve e estará no meu.

Autor do Texto:
alexandre costilho jorge®

Foto de gandeco

hoje

Hoje
O sol bate a minha janela
O barulho do dia me encanta
Rezo para que tudo corra bem
enfeitiçado por você,
E as horas pela espera
Contradigo o que sinto
O meu silencio já diz tudo
A amarga hora que se passa
Pela espera tão depressa
Sei onde está e eu aqui
com essa espera
E a velocidade de minha inércia
Pois não posso sair e te encontrar
Alimento esse amor com que tenho hoje
Porque o amanha e uma incógnita
Esse amor passageiro e ligeiro
Que o passado insiste em resgatar
Estou a espera No banco de espera
Então implora o coração
Que venha me visitar
Há muita irracionalidade
Silêncio e sons e eu aqui
Ladrilhado e algemado por esse amor
É assim que hoje ele vive
Olho para minha janela
A incerteza do amanha me apavora
E saber que por muito tempo
Vou sentir a dor do amor
O sentimento invisível
Que hoje me devora

Autor do Texto:
Alexandre Costilho Jorge®

Foto de gandeco

eu

Eu
Eu quero que você me ame,
que você me chame quando precisar.
Eu quero ir embora ,
sem ter dia e hora para poder voltar.
Eu quero que enquanto o tempo passa,
que na raça eu saiba te ganhar.
Eu quero ter a vida inteira,
para poder fazer besteira e você me perdoar.
O que sei hoje da vida até Deus duvida,
e eu vou lhe ensinar.
Eu sei dizer o que sinto e até o que não sinto,
para me disfarçar.
Eu sei calar na hora exata ,
sei que a dor não mata, mas pode marcar.
E sei traçar a minha meta,
ninguém precisa ser poeta para saber rimar.
E por falar em poesia,
já vai acabar o dia e eu queria te buscar.
E por falar em descaminhos,
somos tão sozinhos que o melhor e a gente se dar.
É desse jeito que sei te amar.

Autor do texto:
Alexandre Costilho Jorge®

Foto de gandeco

dor

Dor

Como dói o silêncio de minha casa
E com essa dor me refugio em qualquer canto
Que dor tão ingrata
Pois com tanta dor , vou acabar ficando louco
Abraço essa minha dor e peço para ela sair
Pois essa dor e só minha
E não quero mais me ferir
E ver você cutucar essa minha ferida
Sofro a dor do amor
Noites frias sem seu calor
Tão tristes, sem você para me alegrar
Sinto a dor de te perder
Sinto a dor de não te fazer feliz
Pois hoje sei que meu amor você nunca quis
A solidão me causa dor
A dor da esperança perdida
Por me sentir um perdedor
E você tão longe de minha vida

Autor do texto:
Alexandre Costilho Jorge®

Páginas

Subscrever Texto

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma