Trinta

Foto de Naja

ENVELHECER SEM MEDO

ENVELHECER SEM MEDO

O que é envelhecer sem medo? É não se estremecer ao perceber que os primeiros cabelos brancos despontam espaçados em seus então, belos cabelos que tinham uma só cor? É saber que com o tempo toda a cabeça será grisalha e em breve tornar-se-á totalmente branca?.
É ver surgir as primeiras ruguinhas em seu rosto e não se importar porque faz parte da vida...da natureza?
É achar o momento certo para evitar o sol, é a reposição de hormônios, ou não submeter-se a isso, é usar forte maquiagem para disfarçar e não se importar em recorrer a esses recursos, ou simplesmente recusar-se a fazê-lo?
É não temer ficar em grupos de jovens sabendo-se ser a mais velha de todos?
É simplesmente não se importar? Será isso envelhecer sem medo?
Será dizer, sentir-se por dentro do mesmo modo que se sentia ao ter seus trinta anos, com todos os sentimentos, sensações, alegrias e tristezas, amor, tudo enfim natural do ser humano independente de idade e sexo?
O que pode sentir uma mulher que nada tem a não ser a si mesma? Onde buscar alento para sentir alegria por estar viva e ainda ter anos para aproveitar, nessa vida de sinceridades e mágoas?
A aparência nesse mundo de consumo, onde a beleza e juventude são cultuadas
como princípio de felicidade, é preciso se estar muito bem preprados para enfrentar
esse início, pois a tendência é sempre piorar.
Na juventude perdemos muito tempo preparando um futuro, uma profissão, durante anos nos dedicamos a outras pessoas, ficando nós mesmos em segundo plano e quando abrimos os olhos, o tempo passou e já quase nada mais resta.
Como fazer para ser natural, se não quisermos mascarar a velhice que se aproxima, por até acharmos ridículo, pois nada há para disfarçar; pintura não resolve o problema do tempo. O tempo não perdoa, ele vem e não quer saber; fica claro e explícito, nada se poderá fazer.
naja
Publicado no Recanto das Letras em 17/11/2007
Código do texto: T740912

Foto de Osmar Fernandes

Pior que estar velho é sentir-se velho

Pior que estar velho é sentir-se velho

Será que vale mesmo apenas
Viver longos anos?... Ficar velho?
Será um presente ou um castigo de Deus?
Ao se olhar no espelho como fica o ego?
Viver num corpo envelhecido, mal-amado,
E perder a juventude do espírito,
É ficar desiludido, desalmado.
No tribunal da vida é declarar-se réu confesso.
No coração é rasgar o sonho e dizer: desisto!
Será que vale apenas assistir às rugas
E sentir a alma tão pequena?
Perceber nos olhos da solidão o dó, a pena?
Como envenena essa tal metamorfose!
Perder o direito de não ter mais fuga...
É como estar no meio do mar em seco à deriva.
Isso é pior que morrer algoz!
Desistir da cadeira da esperança cativa,
É sentença do fim, é atroz.
Os anos podiam passar com os seus turbilhões.
Mas, os vinte e cinco, os trinta, os quarenta, jamais.
É muito cruel deixar de viver as emoções
E vegetar no fel-mel de tantos ais.
Pior que estar velho é sentir-se velho.
É se entregar sem luta... esperar a morte chegar.
Ficar velho sem afeto, sem neto, sem porto,
E não ter mais o que comemorar,
Deve doer... É pior que estar morto.

Foto de Dirceu Marcelino

LEI DE DEUS II

Como pode a L E I ser tão fria ?
Como pode o A M O R ser esquecido ?
Se Ele e a Lei estão na bíblia
E se de D E U S ela dever ter nascido!

Por DEUS, tais LEIS em duas tábuas de pedras foram esculpidas,
Lavradas em rochas, como se lapidasse um diamante,
À fogo celestial, para regrarem a vida dos homens, em diante,
Com normas a serem por toda a terra cumprida.

E das duas tábuas tão grandiosas,
Como se fosse um prisma em projeção,
Recebendo as luzes divinas e radiosas,
Projetaram-se tais normas ao povo cristão.

Eu, dizia, que recebendo os fluídos daquela projeção,
Os grandes sábios, poetas, filósofos e letrados,
Passaram a escrever com muita inspiração,
As normas que seriam impostas a todos os governados.

E, que, o homem, diante de sua fraqueza,
Em razão do orgulho, vaidade e ambição,
Deixou que assentassem a frieza
Nos códigos de toda a nação.

O amor grandioso, divino e transcendental,
Deveria se irradiar em contínua projeção,
Mas como se esqueceram da pedra fundamental,
Todos hoje têm uma grande desilusão.

À pergunta que faço há trinta anos,
Só agora começo a resposta encontrar:
Pois, a própria bíblia diz:
É mais fácil um camelo passar pelo orifício de uma agulha
Que um rico entrar no Reino dos Céus.

As normas divinas foram escritas para serem entendidas pelos pequeninos
Não precisa ser sábio, poeta, filósofo ou letrado,
Pois, foi editada de tal maneira,
Que todos que a querem entender
Entendem-na mesma que seja um menino!

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o ano termine...

Conto Literário

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.
O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.
A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.
O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.
Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.
Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de TrabisDeMentia

Trinta e cinco

Trinta e cinco, nem mais nem menos
Trinta e cinco centimetros de paixão
Trinta e cinco que justos me apertam
Que pulsam ao pulsar do coração

Trinta e cinco milimetros de diametro
Trinta e cinco milimetros de nostalgia
Trinta e cinco que a minha mão suada
Anseia trazer para á luz do dia

São trinta e cinco, trinta e cinco
Anos passados na indecisão
Se puxo primeiro pelo gatilho
Ou se chuto a cadeira para o chão

Foto de paulobocaslobito

Um dia à toa a beira mar

Não vedes que do mar
Surgem errantes
Trinta e cinco mil feirantes
E a lua que há de vir
Traz bonança e bom provir,
Vento quente
E sol a monte
Mais quatro cantos de gente.
Tanta
Que nos castos
Muito contentes
São sandes raras
Em mil pacotes
De simples ostras
Desmesuradas e desnudadas,
Nas praias muas e amadas
Onde se amorenam
Ao sol.
Ah o sol
Que, fero e bravo;
O sol das lâmpadas
Que aos poetas faz brilhar
De mãos postas à janela
Com cintas cingidas
Às canelas
E, as mãos nos seios
Da mulher amada
Na luz da lua sentinela.

Ei-las ao longe
Ás portas do castelo
Na sombra do malogrado Otelo,
Como um Romeu que beija a alma:
... Que linda és!

Ao longe atende a calma
Que até sabe bem.
E, ai de Cristo
Aristo
Que se meta
Em maus apuros,
Ai de Cristo...

Terá então mais três furos
Senão se render ao mar
E calar
No seu vulto
Com fragor
Onde virá desabrochar
Uma flor.

Oh na espuma sussurram doces vozes.
São as donzelas
Do mar atrozes
Que singelas vieram
Como raparigas
Em belas vagas
No branco vestidos floridos
Que cheiros brotam da maresia
Odorando pelas avenidas
Na aventura tomadas
Indo-se emancipadas
Aos seus amantes beijarem.

É doce o verão
No mar tomado
Que as gentes em si
Andam buscando
E há de dar vaia
A quem não mora
Ao pé da praia,
É doce o verão

Há de saber da lua
E de seus amores
E nas ruas de centos de cores
Surgirá o vento engalanado
A cem por cento, invejoso.

O vento do verão
Que nas noites quentes
Te estarão esperando
Nas ruelas para te encontrarem
... Perdida.

Paulo Martins

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o Ano Termine...

Conto Literário

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.

O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.

A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.

O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.

Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.

Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz

Direitos Reservados

Foto de CELIO

Minha timidez

Passo por você e não te olho
Deixo você passar para depois te olhar..

Passo e não te comprimento
Depois, sonho em ti cumprimentar..

Ao te ver esnobo sua imagem
E quando estou longe, sonho em te encontrar..

Quando tenho oportunidades, não o faço,
Quando não tenho, peço por mais uma..

Por trinta minutos te desejo e mais trinta a timidez destrói este pensamento..

Se te vejo, mudo de direção,
Depois, sonho em me perder com você..

Se ti vejo lá longe, peço com que venha para cá,
Se você vem, abaixo a cabeça..

Já pensei em esquecer você, mas a força do amor cobre isto,já pensei em jogar tudo para o alto e ficar com você, mas a coragem me falta,
Chegaria correndo até você...
e depois voltaria...

Se o fazer fosse tão fácil quanto o pensar e a coragem fosse tão grande quanto minha vontade,
a minha timidez seria pequena em relação ao amor que sinto...

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