Uniforme

Foto de Ivone Boechat

Dia da criança

Hoje é Dia da criança!
dia marcado para refletir
sobre o que faz o Brasil
por seus pequeninos
para torná-los homens de bem,
como se empenha
na construção da felicidade,
no exemplo de atenção,
no cumprimento das leis
da educação...
Sonha com o futuro esse menino,
tem ansiedade para ser alguém,
não quer ser mais um
pedindo esmola,
matricula entusiasmado,
se orgulha do uniforme,
vai feliz da vida estudar,
muito longe dali onde mora,
mas encontra na escola...
Porta fechada, cadeado, muro
exigência pra todo lado...
a incompetência
o empurra para fora,
foi impossível agradar ao dono...
a vítima segue
o caminho, rejeitado:
evasão, escuro,
abandono.

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

Dia da criança

Hoje é Dia da criança!
dia marcado para refletir
sobre o que faz o Brasil
por seus pequeninos
para torná-los homens de bem,
como se empenha
na construção da felicidade,
no exemplo de atenção,
no cumprimento das leis
da educação...
Sonha com o futuro esse menino,
tem ansiedade para ser alguém,
não quer ser mais um
pedindo esmola,
matricula entusiasmado,
se orgulha do uniforme,
vai feliz da vida estudar,
muito longe dali onde mora,
mas encontra na escola...
Porta fechada, cadeado, muro
exigência pra todo lado...
a incompetência
o empurra para fora,
foi impossível agradar ao dono...
a vítima segue
o caminho, rejeitado:
evasão, escuro,
abandono.

Ivone Boechat

Foto de Ivone Boechat

Confissões de um menor abandonado

Eu sei que sou culpado,
não tive a capacidade de assumir a administração de minha vida, não fui capaz de resolver as emoções infantis nem consegui equilibrar-me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém, os desentendimentos de seu casamento falido nublaram os tais exemplos de que ouvi falar, só falar.
Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque faltou-lhe a chama do amor, sustentando-nos unidos. Cada qual saiu para o seu lado. Na confusão da vida me perdi.
Candidatei-me à escola. Juntei a identidade civil ao retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro, entrei na fila. Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vaga, sentei-me num banco escolar, jurei persistência, encarei o desafio.
- Joãozinho, você não sabe sentar-se?
- Joãozinho, seu material está incompleto.
- Joãozinho, seu trabalho de pesquisa está horrível.
- Joãozinho, seu uniforme está ridículo.
A barra foi pesando, fui sendo passado para trás e vendo que escola é coisa de rico. Um dia, arrependi-me, mas a professora se escandalizou das faltas (nem eram tantas!) e disse que meu nome já estava riscado, há muito tempo. O que fazer? Dei marcha à ré ali e, olhando a turma, com vergonha, fui saindo.
Moro nas marquises, debaixo da ponte, nas calçadas e não moro em lugar nenhum. Tenho avós, pais, irmãos e primos, mas não tenho família. Tenho idade de criança e desilusões de adulto. Minha aparência assusta as pessoas e nada posso fazer. A cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico, mais fraco.
Sou um rosto perdido, perambulando, em solo brasileiro. Na verdade, chamam-nos menores, todavia, somos os maiores desgraçados.
Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto. Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara. Para nós, menores abandonados, o vermelho é a cor da esperança.

Ivone Boechat

Publicado no livro Por uma Escola Humana, pág.121 Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

Foto de carlosmustang

ENCARDIDOS

Eu tenho muitos amigos
E me fazem tão bem
Eu lhes envolvo com aparencia
Sou uniforme, mas alem

Choro por amor, sou evolvente
Luto pra não permanecer nos restos
E estufo o peito, pra acasalhar
E fazer um belo bebe numa garota.

Esse mundo só me ensinou
Deixou muitas lembranças
Algumas que hoje posso tocar

Mas no total eu perdi
Caminhei todo errado
E mesmo assim dormi em paz!

Foto de Rosamares da Maia

Contradições do Ser

Contradições do Ser

Sou mesmo assim, côncavo e convexo.
Do jeito que você vê e não entende.
Doce e salgada, agridoce, contradição.
A suavidade da rosa se despetalando.
Mas que ao chegar ao chão quebra tudo.

Assim mesmo, o dito e o não dito, desconforme.
Graça e sutileza, pretensão e falta de jeito.
Afinal, ninguém é totalmente uniforme.
Na lente, olhado de perto, nada é normal!
Ninguém consegue andar em linha até o final.

Gente tem altos e baixos, variação do tempo,
Ama sem razão e odeia só por sugestão,
E no mesmo diapasão da sonoridade perfeita,
Atravessa o tom no tempo da desarmonia.

E nesta antítese milenar que é viver a vida,
A brisa acolhe sem cerimonia a tempestade.
E no auge do caos, no vórtice do furacão.
Os ventos destruidores sem razão se dissipam,
Para que inexplicavelmente se abra um lindo dia.

Por que logo eu deveria manter a constância?
O convexo, o agridoce, a suavidade,
O chão quebrado, desconforme e sem jeito.
O nada normal da linha, as variações do tempo,
A sonoridade de atravessar o tom sou eu.

A antítese da vida que acolhe a tempestade,
Vivendo como uma brisa sem cerimonias,
Caos que se abre e dissipa inexplicavelmente,
O vórtice destruidor no auge de um lindo dia.

Rosamares da Maia – 30.10.2012

Foto de Allan Sobral

Pai, afaste de mim este cálice

Os últimos acontecimentos, e os atos de repressão que tem ocorrido, nos mais diversos pontos do nosso país, faz com que se levante das cinzas o monstro que sempre combateu o espírito jovem revolucionário brasileiro, pois é como se os tempos do cativeiro, da autocracia brasileira, a ditadura militar, mostrasse aos poucos suas garras, sufocando qualquer ar de liberdade que conquistaram nossos heróis. Como se o velho tempo do “cálice de vinho tinto e sangue” ressurgisse, ou ao menos se faça em memória.
Já há muito tempo que nossa sociedade se estagnou, por uma falsa estabilidade econômica e moral, acorrentando-se a um laço servil regido por uma minoria, como diria Marx, a burguesia; minoria esta que se manteve no trono por possuir supostamente o controle das riquezas universais, podendo assim obrigar grande parte de nossa população a submeter-se a suas vontades, e trocar suas vidas pela miserável parte de seu capital, suficiente apenas para manter-se em vida.
Com o avanço tecnológico, esta mesma parcela controladora da sociedade, expandiu seus ideais escravistas a um horizonte antes impenetrável, chegaram ao ponto maximo de domínio, controlar pensamentos, com o poder de formar opinião e distorcer a realidade, poder fornecido pela mais poderosa ferramenta de coerção, a mídia. Atributos que caberiam a população, ou a cada ser em sua particularidade, hoje são supostamente digeridos pela partícula dominante, e vomitada sobre nós, classe trabalhadora, operaria e estudante. Ditam os pensamentos padrões, roupas padrões, empregos padrões, atitudes padrões, e tacham esta padronização como normalidade, traçando um perímetro, onde qualquer que se opor ou se afastar de tal ideal é tido como louco, ou rebelde, baderneiro, ou até mesmo como maconheiro (como foi o caso recente dos estudantes da USP).
Simplesmente somos tachados como estúpidos, pois a tal “ditadura militar” apenas mudou de nome, agora a conhecemos como Republica Federativa do Brasil, o DOPS agora não tem mais grades e não tortura fisicamente quem se opõe as regras, agora ele manipula a sociedade para que se volte contra os que a querem libertar, os militares já não andam mais fardados de verde ou cinza, agora obrigam a população a vestir um terno ou um uniforme operário, assinar um contrato de trabalho, e lutar o quanto puder, em busca de sua carta de alforria, ou como preferem, sua suposta aposentadoria. Fazendo que a sociedade acredite que a liberdade é um favor, e que a sua remuneração mensal, é justamente recompensada a medida de seu esforço. Como os adultos fazem com crianças, para que não os chateei, dão passatempos, para que não desviem sua atenção, nos é imposto a distração, como a novela o futebol e outros supérfluos, para não chatearmos quem se beneficia com tal estabilidade.
Basicamente, a ditadura não acabou da mesma forma que não acabaram os revolucionários, pois não deixaremos de lutar em busca de nossa liberdade, pois o sistemas sempre deixa brechas (nós), que podem se tornar rachaduras, que ruminarão as muralhas da imposição fascista, e porá em ruínas as ideologias ditatoriais, pois só lutando poremos fim nas corrente que nos prendem para termos paz, pois como disse Malcom X “...Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua liberdade”.

Allan Sobral

Foto de Rute Mesquita

Uma seda que queima

Nos tecidos da minha pele macia, que se vai enrugando com as peripécias da vida, escorrem suores de ti. Suores que ficaram, de um respirar sustido, de um suspiro profundo envolvido num delicado lençol de seda, tecida de um vermelho uniforme e apaixonado.
Em segredo, lanço-te num mar de olhares tímidos e inocentes e contemplo-te. Penetro-te, invado-te faminta do teu ser tão admirável. E querendo ser o teu sorriso, incendeio-me de lágrimas de emoção. Conquistas-me assim, docemente e conscientemente. De cortiços encaixados, de almas entrelaçadas de sorrisos beijados, somos perfeitas.
A sede ganha movimentos sinuosos, mostra-se volumétrica. Escaldante e húmida, desnuda-nos, caindo no chão como um colar de pérolas e em gestos (des)entendidos, mútuos, devoramo-nos até à exaustão, deixando marcas daquele antídoto, daquela química nociva. Acelera-se a acção, todo o acontecer abalando todo o redor energeticamente. E no momento certo, do tocar perfeito e desejado, explodem-se em gemidos estridentes e satisfeitos. Sem forças, alagados em suores de prazer, comunicam-se através de olhares cintilantes e sorrisos rasgados. Depois de um longo período de tempo, a respiração estabiliza, os corpos secam-se e num arrepiar conjunto abraçam-se, entrelaçam-se, adormecem serenamente.

Foto de MALENA41

QUARENTA MINUTOS...

Era o tempo de subir o elevador. Abrir a porta do apartamento.
Era o tempo...
Os dois tão jovens, bonitos. Ficariam naquele hotel quarenta minutos.
Existia amor?
Existia tesão. Grande atração.
A porta mal fechou e ele a abraçou. Ardentemente a beijou.
Ali, naquele hotel teriam quarenta minutos.
E depois?
Para que pensar no depois?

Micaela o conhecera no shopping center. Marcelo era alto. Bem alto. Bonito, lindo mesmo.
Os olhos azuis, o corpo atraente.
Ele também notou-a de imediato.
De lilás ela ficava bem e usava naquele dia o uniforme de trabalho. Estava em seu horário de almoço. Os brincos também eram roxinhos.
Como caía bem para aquela loira a cor lilás!

Ele pediu um café expresso e não a perdia de vista. Ela também era alta. Um metro de setenta e cinco? Um pouco mais?
Como se aproximar dela?

Quando a viu entrando na loja de celulares resolveu fazer o mesmo.
Ficariam próximos e quem sabe pudesse puxar conversa com ela.

- É muito legal este que pegou antes.
- Você acha? – ela respondeu sorrindo.
Ainda mais bonita sorrindo, ele pensou.
- Acho.
Ele não resistiu.
- Você fica bem de lilás.
- Acha? É meu uniforme. Trabalho aqui no shopping.
- Eu não sou daqui. Estou de passagem nesta bela cidade.
- Gostou daqui?
- Gostei de você. - Nasceu aqui?
Esqueceram completamente a vendedora e o celular. Deixaram o balcão e a vendedora que os viu se afastando sem nada dizer.
- Meu nome é Marcelo.
- Micaela.
- Queria te ver de novo.
- Até quando fica aqui?
- Parto depois de amanhã.
Olhando-a nos olhos.
- Deve ter um namorado. É muito bonita.
- Estou sozinha no momento. Terminei um namoro de cinco anos.
- Cinco anos?
- Sim. Você também deve ter uma namorada. É muito bonito.
- Sou noivo. Vou casar daqui dois meses.
- Foi um prazer lhe conhecer, – disse Micaela estendendo a longa mão e fazendo menção de se afastar.
- Quero vê-la de novo.
- É melhor não.
- Onde trabalha?
- Esqueça. Tchau.
- Quero vê-la de novo. Gostei de você.

Ela sentia que não devia encompridar o papo. Ela sentia...
Mas num ímpeto falou o nome da loja onde trabalhava.
- Vou comprar uma camisa lá. Estou precisando.
- Ok. Agora preciso ir. Está na minha hora de entrar.
- Passo lá.

Ele passaria? Falou que passaria.
Olhava cada homem que entrava e Marcelo apareceu duas horas depois.
Escolheu a camisa e na despedida deixou um pequeno pedaço de papel em sua mão.
Ela disfarçou e ficou de rabo de olho olhando-o sair.
Noivo.
Pouco depois foi a toalete e viu o número do celular dele anotado ali.
Ligaria? Ainda não sabia se o faria.

Na manhã seguinte...
- Marcelo. É Micaela.
- Sabia que me ligaria. Quero vê-la hoje. Minha viagem foi antecipada. Preciso voltar esta tarde para casa.
- Tenho uma hora e meia de almoço.
- É tempo suficiente.

Era uma loucura estar ali nos braços daquele homem. Uma deliciosa loucura. Ele tinha uma noiva...
- Que gostosa é sua boca. Você toda é gostosa.
E depois?
Depois nada.
Ela se entregaria a ele e pronto.

O beijo já os deixava maluquinhos. Imagine o resto.
Ele beijava-a na boca, na face, descia para o pescoço.
Nunca fora bom assim com Augusto. Não havia este fogo.
Por que lembrar de Augusto nesta hora?
Ela estremecia.
- Está bem, querida?
- Sim. Quero mais beijos. Está bom.

Se alguém lhe dissesse que estaria fazendo isso em seu horário de almoço um mês antes ela diria que esta pessoa estava louca. Se lhe dissessem dois dias antes ela também diria.
Que loucura boa! Que beijo gostoso!
Uma noiva.
Que vontade de perguntar se amava a noiva. Mas não estava mais do que claro? Ia se casar com ela.
Deixava aos poucos que o uniforme escorregasse de seu corpo.
Linda e nua ela tremia de prazer.

- Como você é bonita!
Ele também era lindo nu. Lindo e gostoso. Tinha um pênis avantajado e ela nem imaginava que homens pudessem ter realmente tão grandão.
Como se livrara rápido das roupas!

(tinham quarenta minutos)

Na cama ele a beijava toda e Micaela gemia.
Se contorcia, tremia. Ele beijava, lambia...

- Tudo bem, amor?
- Tudo.
Ela puxava-o para sugar seus mamilos e a boca escorregava para a barriga. Que delícia!
Ele descia mais e penetrava o dedo enquanto chupava seu clitóris.
Estava adorando aquilo.
- Continua, continua...

...quando por fim gozaram juntinhos ela olhou no relógio e viu que
não haveria tempo para um banho
Ele beijou-a de leve nos lábios
- Como você é gostosa!

Foto de CarmenCecilia

PEDRA BRUTA VÍDEO POEMA

Querida Enise...
Poemas em tuas mãos são como jóias lapidadas.
Beijosss!!! Parabéns!!!

PEDRA BRUTA
POESIA: CARMEN CECILIA
EDIÇÃO: ENISE

PEDRA BRUTA

Essa Pedra Bruta... Que fazer com ela?
Deixá-la?
Desprezá-la?
Ou lapidar?

O trabalho vai ser árduo
Pra começar quantas arestas
A serem aparadas
Toda pontiaguda
Como se ao tocá-la
A intenção fosse machucar

Esse limbo então
É uma crosta de tal dimensão
Que não sei não
A empreita vai ser de montão

To ouvindo seu apelo mudo
Até agora me fiz de surdo
Mas vou tentar moldá-la

Vou tirar essa capa
E em cada etapa
Vou desnudá-la
E esculpi-la

Assim aos poucos perderá seu aspecto opaco
Disforme...
Agora sim!!! Está mais uniforme
Vai se descubrindo
Seu interior insinuando

E ela então nas facetas que vai mostrando
Que vão se torneando
Simetricamente agora se apresenta
E assim a preciosa gema vai se revelando

Poderá não ser um diamante raro
Nem caro
Mas refletirá todas as cores do arco íris
E seu brilho terá a intensidade da reciprocidade
Desse ourives que a contemplará

Carmen Cecilia

Foto de Kelly Gardenya

Saudades!

Passamos por tantos momentos juntos,
Tantas coisas revelamos um ao outro, sentimentos… paixão!
Aos poucos nasceu a confiança e foi crescendo.
E quando a confiança cresce, essa paixão transforma-se
Em algo uniforme, o Amor!
Que reveste o coração
Leva embora a solidão.

Hoje te amo com todas as forças que tenho em mim,
Mais do que se pode imaginar ou que as palavras expressam!
O destino quis que fosse assim
Significando muito para mim, e talvez nem tanto para ti!

Apenas com o olhar dizíamos tanto, um sobre o outro!
E segredos revelamos, afetos trocamos!
Quando nos encontrávamos, era maravilhoso…
E aqueles bons momentos que passamos, piadas que contamos!

Espero que percebas a importância que tens para mim, para minha vida!
Mudaste o significado de viver que eu tinha, de amar, de família
Porque você é especial
A coisa de 2 anos e tal, você foi… e é!
Não tenho coragem
De seguir uma viagem, sabendo que será sozinha!
Talvez não venha de novo a sentir, o que senti ao teu lado
Talvez não possa mais sorrir,
Mas sei o que queria neste momento era com meus beijos, te cobrir!

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