Vales

Foto de TrabisDeMentia

Amor é...

Nunca ninguém me ensinou a viver. Apenas me deram um corpo e me ordenaram: vive. Nunca ninguém me ensinou a amar. Apenas me deram uma alma e ordenaram: ama. Assim prossegui pelo caminho da vivência desfolhando significados. Mas nada! Nenhum livro, poema ou mandamento me fez crer em sua existência. Ele existia porém, os sábios assim contavam e sobre ele cantavam os enamorados. Mas nem em músicas eu achei o seu valor. Nem nos lábios em que o procurei eu achei o seu calor. E quando julgava ele pousando em minha mão logo vinha um pássaro maior e o levava. Foi com essa mão cheia de nada que eu cumprimentei a ilusão, que me dei a conhecer á saudade, que tomei em meus braços a dor (abraço forte, amargo afago). Com essa mesma mão escrevi sobre o amor como um cego que conta as estrelas. Escrevi como um surdo compondo a mais bela das sinfonias. Passei a correr atrás de borboletas, a perseguir pirilampos. Corri do mundo todos os cantos, vales e valetas. Desbravei á faca todas as matas. Mas nada, nada sobrou senão momentos! E sobre esse nada me debruçava e com todas as letras o descrevia. Das montanhas geladas que escalei e dos desertos em que me joguei só recolhi ecos e desesperos. E com esses restos o rescrevia. Descrevi céus e oceanos, grãos de areia e universos. Desenhei esboços complexos de todas as frentes, de todos os versos, de todos os objectos e sentimentos, mas do amor... Do amor nem o mais fino dos traços, nem o “era uma vez”, nem um ponto final. Foi então que larguei os vestigios dos pedaços dos porquês. Depois de tanto tempo decorrido me encontrava onde tinha partido. Tudo finda quando o frio aperta, a sede mata e a caneta se farta de tanta agonia. E para que não findasse, como que num ato de auto defesa, fechei os olhos para o que me rodeava (para nunca mais os abrir). E num ato de auto estima me fechei que nem ostra para a vida (para nunca mais me abrir). Mas ao me fechar e ao fechar dos olhos encontrei uma coisa linda! Enquanto o coração desacelarava e a respiração ainda ofegante acalmava, veio uma paz! Uma paz tão intensa que me fez chorar..Decidi abrir os olhos e me abrir para um nunca mais fechar. É que o amor não se encontra em vãos de escada ou escorrendo pelos passeios. Não está debaixo de nenhuma pedra de calçada nem escondido na cor do que quer que for, do que quer que seja. Amor não sobeja de uma fonte nem se esconde por detrás de um monte. Não há ponte que a eles nos leve. Amor não se almeja nem se descreve. Não se grita aos sete ventos. Amor não é momentos. Amor não é sentimentos. Amor é...

Foto de Ricardo felipe

Ilhéu

O negrusco acastanhado dos teus faróis naufragam-me o mundo na praia branca e fina de tua pele.
Alvorecer no rubor de tua face é contemplar deitado no desejo e chama do refúgio de teus lábios.
Agasalhar-me na macieza de tua carne
é sentir na palma das mãos as mudas de plumagem alva ,como quem sente as flores de pessegueiro molhadas por uma chuva fina à tarde quente.
Orvalhadas por ti ,sol.
A aragem de teu ofegar, o relento da noite, me acalenta.
Me sangram as pérolas de tua boca,
me cravam como raízes.
Tu videira me sorve.
Me envelhece em ti meu carvalho,
apura-me com o aroma de tuas florestas de ébano, com o vestígio do mel delas, o leite de teus montes, o pão de tua cintura e o calor a cada gole das grutas de nascente morna e nevoada.
Chama-me com o tremular de teu dorso desfolhado.
Chama-me com o escorrer das nascentes por teus vales intactos.
Eu como uma brisa gélida soprando ao leito, hei de criar em ti outono e ti eriçar a relva das margens.
Paraíso inexplorado.
Vem, me toma Ártemis .
Me ensina a matar-te animal lascivo, coisa arisca.
Me faz querer tua carne. Eu sou só fome em ti.
Ti faz riacho, me mata a cede.
Estremece em meu mergulho e me deixa,
em queda, percorrer-te em vinco.
Teu olhar é mar cálido, escuro destas partes do oceano.
Vulcão. Floresta úmida quente, tropical.
Solo profundo: branco, roxo, vermelho, dor. Fértil.
É doce na aragem do porto de teus faróis ao alvorecer.
E salgado são os deltas de teus vales no fluir das termas .
A concha do oceano ti traz Afrodite em tua alvura.
Toque de carne de ostra, sabor de mar,
cor de papoula, brisa de oceano em revolta.
Anseio por ti cercar, abater-te, ti esquartejar com os olhos.
Ti devorar as partes. O celeiro de tuas pernas, a cana de teus lábios,o leite de teus montes.
Conheço os todos. Habito-os, alimento me deles.
Os faço vermelhos e em brasa os devoro.
Labareda que me arde em ti.
Me comprime em teu vale, me torna ecoar em tuas montanhas.
Meu brado em ti é suplica.
Meu gemido em ti, ilha minha, deleite.
Como resistir à tuas frutas?
Como fugir da terra tua, mana, leite e mel?
Fome é de trôpego em tuas montanhas, é de arrastar-se em tua relva.
Perscrutar-te o delta em teu oceano, canto a canto.
E morrer em teu canto é ficar exausto em ti.
Saciar a cede de ti é ti fazer morada,
descansar nas castanheiras de teus cabelos.
Viver é ti mapear todo o solo, a alvura de todas as praias, as águas mornas do oceano à margem de teu bosque ebâneo.
Ti possuir é desejar matar-se sempre em ti.

Foto de DouglasDichter

O grude

Quero em teu céu estar.
O céu da tua boca.
Quero teu véu rasgar.
O véu das tuas resistências.
Quero teu mel beber.
O mel das tuas entranhas.
Quero correr em teus montes,
Afogar-me em teus vales
De segredos e odores
Infindáveis.

Quero ser teu prazer.
Passar por tuas portas sem bater
E descobrir que haviam mil cadeados,
Mas que só por minha presença
Tu despensas as chaves
E deixa-me entrar.

Quero afagar tuas partes
E ser parte das partes.
Arrancar teu espartilho
E contigo ter um filho.

Quero estar em teus sonhos.
Ninar-te em teu sono.
Acordar ao teu lado.
Ser teu pensamento alado.
E, depois de tudo isto,
Ainda ouvir-te dizer
Que tens saudades de mim.

Foto de Noah

Trilhos

Graças à mente que me segura
Desvendo os caminhos do coração
Sobre trilhos e vales
Azinhagas e estradas
Pedras e lixo
Plantas e espinhos...
Sobrevivo devagar
Dia após dia
Minuto sobre minuto
Sem segundos
Sem armas de passado
Olhares do futuro...
Graças à voz que me guia
Trago os pés descalços seguindo o rumo do sol
Iluminada pelas noites claras
Pelas estrelas que sopram o vento
E me realizam os sonhos...
Caladamente a minha alma
Insiste o pensamento
Consiste na palavra
Na crença do animal...
Mas...
Em coração rasgado como pedaços de papel
Com a força que me distorceste
Acompanhado com a fúria da razão
As minhas mãos seguram-te
Os pés cicatrizam
E alma vive...Do teu lado!

Foto de Vanessa de Oliveira

Encontrei um caminho

Encontrei um caminho
Onde o amor é vital
Onde tudo tem um ar de pureza
E meu coração pode descansar um pouco.
Um lugar cheio de paz
Onde ninguém grita para ser ouvido
Onde sentimentos é tudo o que importa...

Encontrei um caminho
Belo como os dias de minha infância
Onde me sinto segura
E o Amor pode ser sentido de forma Intensa e doce.
Um caminho com as mais belas rosas
Tão belas, que não deixam dúvidas
De que vale a pena viver.

Encontrei um caminho
Um caminho distante
Caminhei por vales medonhos para Finalmente encontra-lo,
E dos meus olhos fluem lágriams de Emoção.
Meus passos são curtos, mas Aproveitados ao máximo.
Pois sinto algo maravilhoso
Que até então me era desconhecido,
E eu não quero mais me perder.

Encontrei um caminho
Onde os dias ensolarados são mais Longos.
Onde o Amor é mútuo
E não há preocupações com o orgulho.
Uma terra distante, de beleza Indescritível.
Encontrei um caminho,
Invisível aos olhos, e agradável ao Coração...

Foto de LEOANDRADE

Nuances (Leonardo Andrade)

Feche essa porta,

Venha escutar meu coração;

Aqui você é a letra, eu dito a melodia,

Nós somos a canção.

Encosta teu corpo ao meu

Acabando com a distância abissal

Entre esses dois corpos que só vivem unos

Misticamente criados reciprocamente como
côncavo e convexo.



Unos,sem paredes ou clausura

Destinados ao prazer supremo de metades

Que jamais deveriam se separar

Mas que nada pode impedir de se reencontar

Sempre, sempre ...

Saciemos desejos palpáveis e carnais

Troquemos fluidos, essências, néctares

fazendo amor ritmicamente com nossos sete corpos

Em todos os níveis, de todas as formas ...

Beije-me com a saudade acumulada de eras de solidão a dois

E a urgência frenética do ineditismo

Deixe nossas almas se interlaçarem novamente

Apagando as cicatrizes do antigo rompimento.

Abandone lá fora nossos passados separados

Apague nossas pseudo-paixões e envolvimentos fugazes

Nomes vazios e já esquecidos

Nada mais importa além do Universo dos nossos corpos

Duos em uno

Uníssono

Yin e Yang

Gerando como resultante o Amor

Brindemos juntos o prazer supremo que outrora sentimos

Dejá Vú da perfeição

Seja minha taça, eu sou seu vinho

e sensualmente te banharei por inteiro

Queimemos na lareira os sofrimentos e frustrações

Preenchamos com amor e tesão as lacunas existentes

Ignoremos o tempo, aqui ele não impera.

Somos Reis e Reino, fundidos, interlaçados

Deixe-me explorar o oásis do seu corpo

E alimentar em você meus desejos

Exarcebar meus sentidos, violar seus ouvidos

E divinamente profaná-la ...

Quero mapear seu corpo

Vales e depressões

Demarcar meu território anexo

E cravar meu nome em cada célula sua ...

E assim permanecer nesse místico ritual

sem previsão de acabar

Sem pressa , sem medo, sem pudor...

Apenas nuances do sentimento supremo, o Amor

Leonardo Andrade

Foto de Romarj

Simplesmente

Deixa-me ser o senhor dos teus sonhos,
E partilhar todos os teus tormentos,
Deixa-me rir o teu riso,
E navegar no mar afoito que te cerca,
Permita-me amar as coisas que amares,
Ser tua sombra e acalentar-te quando o frio da noite invadir o teu corpo.
Deixa-me seguir teus passos por vales floridos ou por negros abismos,
Deixa-me percorrer teu doce corpo e refugiar-me no teu ventre e beber dos teus lábios
Aceita-me simplesmente,
Nada mais...

Carlos Roberto Silva 77/06/11

Foto de LEOANDRADE

Labirintos (Leonardo Andrade)

Nossos corpos, como que imantados

não conseguem se separar,

como duas metades que separadas não tem vida,

eles precisam se unir, se encaixar...



Preciso beber seus beijos molhados,

me alimentar do seu corpo,

ser abelha num mundo de vespas

e sugar de você seu mais saboroso mel

Te dar a vida

inundando de prazer

seus vales e depressões,

num eterno ciclo de prazer, o cio da nossa terra.

seu corpo é um templo

onde eu , ora conquistador, ora servo

insisto em profanar

para depois adorar... repetidas vezes...

Nessa loucura que nos leva ao mundo de êxtase

numa longa viagem através de suas curvas,

com paradas estratégicas e obrigatórias,

nunca canso de buscar novos percursos...

Explorando cada vez mais os arredores e cercanias

desse universo perfeito do seu corpo

onde me perco e me acho

pelos seus labirintos ...

Cada chegada é o prelúdio

de um novo começo

que tem o infinito como meta,

tanto de prazer quanto de amor...

Leonardo Andrade

Foto de Patrícia

Rosa Pálida (Almeida Garrett)

Rosa pálida, em meu seio

Vem querida, sem receio

Esconder a aflita cor.

Ai! a minha pobre rosa!

Cuida que é menos formosa

Porque desbotou de amor.


Pois sim...quando livre, ao vento,

Solta de alma e pensamento,

Forte de tua isenção,

Tinhas na folha incendida

O sangue, o calor e a vida

Que ora tens no coração,

Mas não era, não, mais bela,

Coitada, coitada dela,

A minha rosa gentil!

Curvam-na então desejos,

Desmaiam-na agora os beijos...

Vales mais mil vezes, mil.

Inveja das outras flores!

Inveja de quê, amores?

Tu, que vieste dos céus,

Comparar tua beleza

Às folhas da natureza!

Rosa, não tentes a Deus.

É vergonha...de quê, vida?

Vergonha de ser querida,

Vergonha de ser feliz!

Porquê? Porquê em teu semblante

A pálida cor da amante

A minha ventura diz?

Pois, quando eras tão vermelha

Não vinha zângão e abelha

Em torno de ti zumbir?

Não ouvias entre as flores

Histórias de mil amores

Que não tinhas, repetir?

Que hão-de eles dizer agora?

Que pendente e de quem chora

É o teu lânguido olhar?

Que a tez fina e delicada

Foi de ser muito beijada,

Que te veio a desbotar?

Deixa-os: pálida ou corada,

Ou isenta ou namorada,

Que brilhe no prado flor,

Que fulja no céu estrela,

Ainda é ditosa e bela

Se lhe dão só um amor.

Ai! deixa-os e no meu seio

Vem, querida, sem receio,

Vem a frente reclinar.

Que pálida estás, que linda!

Oh! quanto mais te amo ainda

Dês que te fiz desbotar.

Almeida Garrett (1799 - 1854)

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