Veias

Foto de helo Paulinha

Digo que te amo.

Beijos de amor
Caricias delicadas
por esse caminho descubro nosso destino,
encontro com ele o nosso melhor sabor
nosso melhor amor.

nao sao apenas beijos , ou simples desejos ,
sao palvras que sao ditas e ouvias por um misterio do coraçao.

Segredos compartilhados por desejos entrelaçados,
desejos escondidos e bem apurados que entrego em tuas veias,pelo amor que me pediste .

Sao escolhas de amor que nos mostram qual é o nosso sabor,
escolhi te amar por toda vida, qual será este sabor..?

Eu te amo, Eu te amo , reptidamente ouvidas e faladas ,sinto no teu beijo, falo no meu desejo , no meu abraço , e no meu sorriso.
Eu te amo

Foto de Joaninhavoa

A CONCHA

Resta-me ainda pegar a concha
da areia da praia... tactear seus relevos
leve, levemente... como quem chama por ti!...

Sigo o trajecto em toques sem rumo
Círculos quadrados redondos sem prumo
Linhas rectas... infinitos os pontos
Da concha que me leva em elos!...

Vigoro o sangue... lúcido jaz em mim
teu Ser... faz tempo!...
Óh! Ignorância... como um ermo
Términus. Desta lembrança
Tábua rasa por eu não saber!...

Corre nas veias a mistura
Vermelha d`um azul pardo
Alarme alado... que veícula
nosso prado ainda assim tão beijado!...

São círculos de semi-círculos
que afago em rodas de rodar e voltar
Ao contrário às voltas a dar...
Tantas quantas for necessário exaltar!...

Desfazem-se pragas de fragas essências
Sentenças... desmistificando destinos
Traçados sem prazer!...
Labirintos são muitos... infinitos
Mas da recta há muito a dizer!...

JoaninhaVoa, em
08 de Janeiro de 2008

Foto de ek

Meu Poeta

Na fronte de meu poeta,
há uma grave expressão de tristeza,
seus cabelos já não são negros como a noite
e em seus olhos há um estranho brilho.
A mão de meu poeta já não escreve,
e seus lábios não compõem os mais belos versos.
De alma tão nobre não sobrou quase nada,
em suas veias já não corre o amor
hoje seu coração bombeia toda a mágoa do mundo.
Foste poeta,
viveu, amou e até creu,
tu mesmo o disseste.
Tu, talvez o mais triste dos homens,
tu, que emocionou e fez chorar,
hoje seu nome esta escrito em paginas que o tempo manchou,
teus versos hoje são consumidos pelas traças
teu nome que grande foi um dia,
hoje apodrece nos livros de história e poesia.
Foi poeta?
Sim foi, um dos grandes,
mas o que és hoje?
Desperdiçou sua vida
tudo que conseguiu foram algumas poucas lágrimas
de pessoas que não valiam o sacrifício.
Tudo que és hoje
é uma vaga lembrança da literatura.
Mas que importa,
foi poeta, viveu, amou e até creu.
E nestas páginas amarelas que outrora escreveste,
resta ainda um pouco de ti
restam os sonhos que não realizaste
resta o amor não correspondido
resta a ironia.

Foto de Carmen Vervloet

Cidade Sem Cor

Cidade Sem Cor

Com seus olhos de progresso
A cidade caminha
Pelas minhas veias
Com seu andar assassino.
Percorre meu corpo
Que resiste
Com seu jeito menino
Que teima em acreditar
No homem... Em Deus...
Na verde esperança
Que se mistura ao cinza
Da poluição...
Ao negro do petróleo... Do minério...
Indício de morte... Cemitério...
Sinto cada pedaço de mim
Arrancado do meu ser...
Num triste padecer
Entre lamentos e dor...
A cidade está sem cor!
E meus olhos vermelhos
De tanto chorar!...
Ruínas... Destruição...
Sinto-me um corpo estranho
No corpo da cidade aniquilada...
Mas não perco a fé!...
Não me rendo!...
Acredito nesta nova geração
Atenta...
Ela nos libertará do caos...
Disseminará o mal...
E embarcará nesta nau
Quase naufragada...
E com a força do seu jovem coração
Segurará com firmeza o timão
Na perspectiva de uma vida futura
Reerguerá com outros ideais
E nova arquitetura, esta cidade...
Com zelo... Respeito... Devoção...
Enquanto resisto... Liberto meus versos...
Estes, a poluição, não pode me arrancar...
Liberto-os devagar!...
Para que ecoem no ar
Num grito de socorro
Enquanto aos poucos... Morro.

Carmen Vervloet

Foto de CarmenCecilia

LANGUIDEZ

Languidez

Viagem...
Sentidos...
Desejos...
Carnais...
Química...
Anestesia...
Rumo...
Pele...
Célula...
Acende...
Amantes...
Essências...
Busca...
Curvas...
Excitantes...
Entranhas...
Façanhas...
Lábios...
Suspiros...
Beijos...
Arrepios...
Penetrações...
Lentas...
Volúpias...
Línguas...
Fluxos...
Contínuos...
Ritmos...
Cadências...
Veias...
Ofegantes...
Sexo...
Lânguido...
Inflama...
Cheiros...
Perfumes...
Orgasmos...
Múltiplos...
Lascivos...
Longos...
Intensos...
Constantes...
Profundos...
Impulsivos...
Dissonantes...
Quentes...
Ferventes...
Envolventes...
Relaxantes...
Loucos...
Delirantes...
Provocantes...
Carícias...
Soltas...
Delícias...
Dedos...
Toques...
Eróticos...
Maviosos...
Delicados...
Doces...
Eloqüentes...
Amor...
Perfeito...
Presente!

Hildebrando Menezes

Foto de Carmen Lúcia

Efeito Estufa

Execrável e torpe anseio
Inunda meu pretensioso ser,
Meu corpo é só desejos,
Desejo o teu querer...
Em meu retrovisor interno
Clarão de meu inferno,
Te vejo a todo instante...
Desfaleço, enlouqueço, arquejo ...
Sinto um tremor inquietante...
Tento expirar ao inspirar o ar
E um bloqueio não o deixa passar...
Ofegante, alma trepidante
Exercito o âmago a fim de respirar,
Mas ele se incendeia e o sangue a bombear ardente
Transpassa minhas veias, não há como apagar...
Camadas de ansiedade impedem-me de ver
A luz impenetrável que ronda meu viver...
Meu cérebro se afogueia
É como um furacão!
“Não dá pra segurar,
explode, coração!”

Foto de Raiblue

MarÍntimos...

Marés dos corpos
Entre minhas coxas
Seu remo movimenta
Desorienta meu destino
Minha concha se abre
Você toca minha pérola
Tesouro no fundo do meu mar
Lua cheia
Enchentes naturais
Vão conduzindo os caminhos
Levando todos os pudores
Tornando-nos transgressores
Marinheiros sem navio
Mergulhamos no mais profundo desvario
Mar, ritmos
Marítimos somos por natureza
Em nossas veias correm ondas
Alternadas
Doces e salgadas
Que deságuam na pele
Superfície delicada
Ondas que vão abrindo passagens
Rotas sussurradas
Línguas tocam ouvido e alma
Música profana e sagrada
Curvas se alteram
No gráfico, desponta um pico
Marulhamos orgasmos loucos
MarÍntimos...
Viagem obscena sob o luar
Ondulações por segundo
Língua(mar)...

(Raiblue)

Foto de Carmen Lúcia

Hipertensão

Meu corpo...Uma explosão de átomos!
Partículas candentes inundam o meu ser,
Percorrem cada célula, calor abrasador,
Incendeiam neurônios, isentos de extintor
E a massa encefálica se derrete com o ardor.
Desejos se esparramam, pensamentos se inflamam,
O coração bombeia velozmente nas veias,
O sangue que caminha pressionando sem noção...Hipertensão!
O ar vem devagar, reclamam os pulmões,
Volúpia do querer, ápice da paixão,
Suores persistentes, calafrios e tensões...
O rubor nas faces denunciam estupor,
Na garganta um alarido abafado, comprimido,
E mantenho meu desejo calado, reprimido.

Foto de Lou Poulit

O CONDE GAGUINHO

CONTO: O CONDE GAGUINHO
AUTOR: LOU POULIT

Quando chegou a sua vez de jogar, o Bacalhau bateu a pedra marfim na mesa de cimento armado, das que haviam na calçada da praça, e disse espargindo saliva e cerveja para todos os lados: A minha mulher é a melhor. Sabe porque eu sempre ganho? Porque ela é falófaga ...— E desatou sua gargalhada mais destrambelhada. A estranha palavra feriu os ouvidos de todos que a escutaram, despertando curiosidade e calando o burburinho dos que jogavam em outras mesas. Todos queriam saber o que poderia significar aquela palavra, mas como todos já conheciam o jeito do Bacalhau, limitaram-se a rir, vindo alguns em seguida fazer uma roda em torno da sua mesa. Ainda restavam pedras nas mãos dos demais jogadores de dominó, mas eles sabiam que a partida estava selada. O velho Baca tinha a última quina e fecharia aquela partida na próxima rodada, sem que os adversários o pudessem fazer algo para impedir.

À sua direita, o Herculano Fraga apoiou o cotovelo mais à frente sobre a mesa, erguendo um pouco o traseiro suado da cerâmica que espelhava o assento dos bancos da praça, e coçou largamente a sua genitália, num típico gesto de auto-afirmação machista. Como não conseguiu atrair a atenção dos demais, que ainda olhavam para o Bacalhau como se houvessem sido ludibriados no jogo, em seguida o Herculano ajeitou os fios grossos do bigode sobre os lábios e levantou o braço para o garçom, enquanto asseverava em tom de brincadeira para o Bacalhau: Se a dona Marilda sabe disso você ta morto, Baca... A dona Marilda era a mulher do Bacalhau. Era uma mulata peituda, nova ainda mas surrada da vida difícil de criar oito filhos. Era uma mulher forte e tinha fama de valente e de mão pesada, que não havia por ali quem não o soubesse. Do outro lado da rua, um negrinho acenou da calçada do bar, confirmando que já levaria para eles mais duas cervejas. Depois, o Herculano falou com impaciência, mostrando que também nas suas veias o sangue já derrapava nas curvas: Acabou senhores, não adianta chorar o leite derramado. A quina com o terno está com o Baca... É, tem jeito não, mas na próxima vou estar de olho em você, Bacalhau — O “seu” Charuto acrescentou, do alto dos seus mais de oitenta anos... Ô, Cha-charuto, vê se, se não começa aí, o meu parceiro ta be-bêbo, já nem tem, já nem tem condição de roubar no, no jooo-jôgo.

O parceiro do Bacalhau era o Conde Gaguinho, que só bebia uns goles e no copo dos outros, para que sua mulher não visse ou fossem lhe contar. Mas noutros tempos bebera muito e de tudo que contivesse álcool, “menos perfume, não gosto não” dizia sempre. Até que depois de uma bebedeira despretensiosa foi parar no hospital, de onde saiu 45 dias e noites depois, muito pálido, todo de branquinho, parecia um defunto, apoiado no braço companheiro da sua esposa e enfermeira, Josefina. Ficara manco, meio lento e gago, porém ainda estava vivo! Razão da sua contumaz alegria. Era mesmo descendente de um conde argentino, que recebera o título pelo casamento com uma alemã, mas o Gaguinho fazia o tipo canalha-engraçado sem a menor cerimônia, e quando queria fazer com que todos rissem se passava por enfezado, falando palavrões gaguejados. A despeito da piedade carinhosa que despertava, era o mais ladino de todos.

As pedras foram embaralhadas e redistribuídas para uma nova partida. Olhando as pedras que escolheu e fazendo cara de desgosto, o negro velho e malandro, que parecia mesmo um charuto, coçou a calva dos cabelos crespos e brancos e tornou a implicar com o Bacalhau: Mas peralá, voltando à vaca-fria, ô Bacalhau, a gente estava falando de mulher boa, né? — O outro confirmou com a cabeça — Então você disse que a sua era a melhor, mas não explicou o porque... Mas eu disse, “seu” Charuto... Não, você usou de propósito uma palavra que, pelo jeito, ninguém entendeu, ou fez que entendeu... — O Herculano sorriu e o Gaguinho também queria entender, o Charuto insistiu — Vamos logo, Baca, explica isso aí que ela é, que agora todo mundo quer saber...

O Bacalhau se fez de rogado e, aproveitando a passagem por perto do garçon pediu mais cerveja. O Gaguinho arriscou: Ele qui-quis dizer que ela é fa, fa-fa-ladeira... Nem pode, Gaguinho — Replicou o Herculano com um risinho sarcástico — Nem tem como... As jogadas se sucediam e, alheio ao falatório, o velho Charuto não tirava os olhos do Bacalhau, cismou que o pegaria de gato ainda naquela tarde. O Gaguinho arriscou outra: Então só, só pode ser pó-porque na hora a, ‘aaaa-ga’ ela fa-falha – Disse escondendo o olhar por detrás das pedras que tinha nas mãos... Dessa vez todos os demais acharam que não podia ser e caíram juntos numa grande gargalhada. O velho negro fechou o jogo, mas foi o Gaguinho quem anotou numa papeleta o traço correspondente àquela partida (ou pelo menos fez que estava anotando), porque todos riam muito ainda. Enxugando as próprias lágrimas com o dorso da mão, o Herculano explica: Não, senhor conde, nesse caso ela seria ‘fa-falhófaga’ – Mais risadas... E voltaram a uma nova partida. No momento mais decisivo desta partida, na sua vez de jogar o Bacalhau pôs seu dominó na mesa com algum barulho, fazendo um gesto discreto, mas que não escapou ao olhar e aos ouvidos atentos do Charuto. Ó, ‘seu’ Baca, pode parar... Que foi Charuto?... Eu vi, tu ta fazendo sinal com a pedra pro Gaguinho, ta pedindo o carroção do terno pra tu ficar batido... Eeeeuuu? Ocê ta bebo, eu nem to vendo terno aqui... Ah, não né. Então eu vou esperar até esse terno aparecer, porque se o terno com a ás não ta na mesa tem que estar na mão de alguém, e se estiver na tua eu vou te botar no lixo – Prometeu o negro, convicto de que dessa vez pegaria o Bacalhau de jeito. Compreendendo o verdadeiro sentido da expressão usada pelo Charuto, o Herculano completou com sarcasmo: Baca, meu camarada, vai abrindo o teu olho, porque o Charutão aqui escolheu você pra botar no lixo, e eu acho que você não está em condições de sair correndo não...

Novamente foi a vez do Bacalhau, mas ele não se mexeu. Os segundos passam e ele não se decide, olha para o jogo e para as pedras na sua mão diversas vezes, porém nada de colocar uma pedra na mesa. O charuto se esforçou para parecer irritado, coisa impossível de se imaginar para quem o conhecesse, e exigiu que o outro deixasse os demais jogarem. O Bacalhau ouviu impassivelmente. Sabendo que a dupla que perdessem mais uma partida perderiam também o jogo e teriam que sair da mesa, Herculano pôs lenha na falsa fogueira do seu parceiro, aproveitando-se do seu potente timbre de voz: Ta fugindo da charutada, né. Mas não vai adiantar, ou você joga ou levanta da mesa e deixa os outros jogarem... Pressionado, o Bacalhau acabou por ceder, mas não sem antes fazer também a sua cena, olhando desafiadoramente com os seus olhos baços e estreitos para os dois adversários, tentando fazê-los crer que tinha duas pedras válidas naquele momento. Mal o Bacalhau acabara de deixar a sua pedra na mesa, imediatamente e com um sorriso largo, cheio de dentes amarelados sob o bigode grosseiro, o Herculano Fraga fechou as duas pontas em ternos, e o Charuto deu um tapa na mesa de satisfação. Agora era a vez do Gaguinho, e ele tinha a impressão de que todos os olhares da praça e das janelas dos edifícios em volta estavam esperando impacientemente pela sua jogada. Tentou pensar em uma saída para impedir que jogassem seu parceiro aos urubus. Mas não havia. Estavam todos prestando atenção e, naquele momento, não seria possível usar uma trapaça sem que a percebessem. Expirou todo o ar do seu pulmão frágil e num gesto de desânimo jogou o tão esperado carroção de ternos sobre a mesa, sem a gentileza de encaixá-lo em uma das pontas. Na sua vez, o velho negro apontou o dedo indicador grande e cheio de nós para o Bacalhau, “Sua hora ta chegando, meu neném...”, e estendeu a mão para encaixar a sua pedra. A chegada do garçom com a cerveja não interrompeu a risada geral provocada pelo alerta do negro, mas quando o rapaz estava servindo Bacalhau fingiu se acomodar no banco, e assim fez com que o garçom derramasse cerveja no colo do Charuto. O negro deu um pulo ágil mas inútil para trás, reclamou, chamou o adversário de desastrado, porém não demorou para que voltassem ao jogo, que estava no seu clímax. Mas assim que recomeçaram chegou a vez do Bacalhau, que disse apenas “passo”. O Herculano foi o primeiro a escapar da surpresa: Como “passo”? A gente sabe que você pediu o terno, agora vem com essa de “passo”...
Mas eu não tenho terno aqui, uai. O que você quer que eu faça, Herculano?... – O Bacalhau tentou se justificar. Todos se entreolharam, procurando uma pista para entender o que estava acontecendo ali.
Determinado a pegar o Bacalhau, o negro levantou-se e fez com que ele abrisse as mãos. Todos viram que nelas faltava uma pedra. Então, afastando as pessoas da roda para procurar a pedra que faltava pelo chão da praça, para sua surpresa e dúvida o Charuto se viu diante da Marilda, e aos pés desta a tal pedra. Sem saber ainda o que estava acontecendo no jogo, a mulata respeitosamente agachou-se para pegar a pedra e entregá-la ao velho negro, que assim sentiu-se embaraçado. Até um segundo antes queria provar que o marido dela era um trapaceiro safado, mas agora já não tinha certeza de que devia fazer isso. Sentindo a tensão provocada pela chegada inesperada da Marilda, o Gaguinho quis fazer uma graça para descontrair: Ó, “se-seu” Baca, chegou a fa, fa-falófaga... A mulher não entendeu, mas sentiu-se convencida de que não devia ser coisa boa e foi logo dando a cara emburrada: Quem é o que aqui, “seu” moço?... O Bacalhau não movia nem um dedo, quietinho, com o pescoço já enterrado no tronco. E o conde, deveras assustado, quis se eximir de qualquer culpa: Sei não, dona Maaa-marilda. Quem fa-falou foi aqui o seu, ma-marido Baaa-baca!

A Marilda até costumava dar uns tapas no Bacalhau, de vez em quando. Porém achava que isso fazia parte da privacidade deles, e não julgava aceitável que sequer o tratassem de “babaca”, ou de qualquer outra forma pejorativa. A perder tempo explicando a sua intenção inocente, o Gaguinho preferiu levantar-se, e se preparar para correr o quanto pudesse. E a mulata já ia dando a volta na mesa, na sua direção. Peraí, dona Marilda. O seu marido aqui ta roubando no jogo. Essa pedra que a senhora pegou no chão bem ali, foi ele mesmo que deixou cair de propósito... – O Charuto argumentou. Conhecendo bem o próprio marido e sentido-se na condição de ser respeitosa para com a severidade do negro octogenário, a mulata estancou por um instante, até decidir o que fazer. Herculano tentou dar um jeito no aperto do amigo Bacalhau: Pode deixar, a gente já conhece esse pilantra e gosta dele assim mesmo... Mas a Marilda não quis saber de conversa, pegou o marido pelo cotovelo e foi puxando aos trancos, dizendo que queria ver se a pilantragem dele funcionava em casa. Não houve quem conseguisse ficar sério.

Fim de confusão, o Charuto pediu ao Gaguinho a papeleta de marcação dos pontos: Gaguinho, passa a papeleta e deixa a outra dupla sentar na mesa... Mas a paaa-partida não te-terminou! -- O conde protestou. Como não? – Herculano quis ver o rasgo de papel – Só faltava uma, o seu parceiro roubou, o ponto é nosso... Pooo-pode ver bem aí na, na paaa-pa-pa-peleta que ainda fa-falta uma paaa-partida!... Falta nada não, seu conde canalha! Eu estou contando desde o início. Você deixou de anotar aqui a batida do Charuto... Eee-euuuu?... Você mesmo, com esse seu jeitinho de pobre coitadinho, seu Gaguinho, sei que é o maior larápio... O Gaguinho pretendia rechaçar a acusação do Herculano, mas como todos em volta riam com certeza concordavam, e o jeito foi rir também. Para não perder a dignidade ponderou, para delírio dos demais: Ora, aaamigo, se eu não tenta-tasse, como podia saaa-saber se você presta aaa-tenção no jo-jogo?

Foto de Sirlei Passolongo

Veneno

Há um veneno
em minhas veias
Que embriaga minha alma
Fez meu coração em teias
E do meu sangue tirou a calma

É um venero, é um vicio.
Sem antídoto,
Um feitiço!
É um veneno que queima
Que amarga
Embriaga
alucina
contamina
Todo o meu viver

Na boca ainda sinto o gosto
Do veneno doce que você deixou
Agora, sem ver seu rosto
Só seu veneno restou.
E no meu peito o sufoco
de um veneno que mata aos poucos
E morrendo estou devagar
Sem você para me salvar.

(Sirlei L. Passolongo)

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