Vista

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O ÚLTIMO POR DO SOL ANTES DO ADEUS

Olhava meus dedos dos pés e chorava. Chorava por ele, por ele que logo partiria.
As malas estavam prontas...
Era a última noite que dormiríamos sob o mesmo teto. Na mesma cama já estava fazendo alguns meses que não dormíamos.
Eu já passava dos quarenta e cinco, porém, me sentia tão imatura.
A borboleta amarela e o beija-flor vieram me visitar. A tarde devagarzinho morria. Como eu, como eu.
Eu poderia chorar, desfazer as malas, me esgoelar. Ele desistiria da partida se eu implorasse.
Mas ficar com alguém desta forma? Como se ele estivesse me fazendo um favor?

A franja me caía nos olhos e eu a afastava, molhava suas pontinhas com as lágrimas que ensopavam meu rosto. Esfregava a boca e assoava o nariz. O lenço de papel estava ensopado. Precisava pegar outro. No entanto entrar na casa àquela hora?
Queria vê-lo chegar. Queria. Queria falar com ele.
Sofrer mais um pouquinho? ─ Diria minha sábia mãe.
Esticava a perna e recolhia, esticava de novo. Ela estava adormecendo de tanto tempo que ficara sentada ali. Uma hora, duas. O telefone cansou de tocar, o celular também. Não atendi.
Devia ser algum chato. “Poderia ser até meus filhos – mas eles ligariam outra hora”. Ou minha mãe. Ela também ligaria depois e faria milhares de perguntas. Sabia que não estávamos bem e estranharia meu silêncio. Conhecia meus hábitos e sabia que eu estava sempre em casa no final da tarde.
E se fosse ele? Ele não ligaria. Terminamos tudo e ele estava apenas aguardando que terminassem uns detalhes de pintura na casa que alugara. Levaria tão pouco, o indispensável eu diria.
Havia me dito que partiria bem cedinho.
Não brigamos desta vez. Só escutei e foi como se uma montanha de gelo despencasse sobre minha cabeça.
Nos últimos dois anos discutimos tanto que tudo se esgotou. O carinho morreu.
Houve um tempo que o medo de perdê-lo era maior e aí eu tentava reconquistá-lo. Depois fui me sentindo tão vazia e via que tudo era inútil.
Ele dizia coisas que me feriam fundo. Será que tinha noção do que estava fazendo? Não sei.
Acabei por feri-lo também. Não entendia ainda que estava agindo de forma errada.
Cada carro que passava fazia meu coração disparar, pois pensava que era Augusto que estava chegando.
De onde estava podia ver o sol descendo lentamente na linha do horizonte. Tínhamos uma vista privilegiada.
Quando compramos a casa comentamos que ninguém no mundo tinha uma vista igual. Até nosso ocaso era diferente, porque éramos muito especiais e nosso amor era exclusividade.
Nunca que terminaria um romance destes, nunca.

Um menino gritou na rua e fez meu coração pular e pensar nos meus filhos pequenos. Que pena que cresceram! Era tão bom tê-los sob a barra da saia.
De repente me via pensando no poema de Gibran: Vossos filhos não são vossos filhos.
Claro que não. Os filhos são do mundo. Só somos os escolhidos para colocá-los no mundo e orientá-los. E amá-los.
A menina se casara tão novinha e eu pensava que ela poderia ter esperado mais. Todavia havia o tal do livre arbítrio...
Meu filho estava cursando a universidade noutro estado. Foi o caminho que ele escolheu.
O menino continuava gritando e eu ficava ouvindo seus berros. Aquilo mexia com meus nervos que já andavam à flor da pele. O sol descia, descia.
Aí o carro estacionou. Era Augusto. Ele ainda tinha as chaves e o controle do portão. Foi abrindo e percebi que estava aborrecido.
Ele se mudaria no dia seguinte e nunca gostara de mudanças.
Na minha concepção meu esposo já tinha partido fazia bom tempo.
Olhei aquele belo homem estacionando na garagem e comecei a pensar quando nos conhecemos. Como ele era bonito!
Lógico que com os anos ganhara uma barriguinha, o cabelo diminuíra um pouco.
Mas num todo o corpo estava bem e o rosto sempre lindo.
Ele vinha em minha direção e meu coração disparava.
─ Você está bem?
─ Estou.
Minha voz saía rouca e eu pensava que precisava fazer aquele pedido, antes que nosso tempo se esgotasse.
─ Posso lhe pedir algo, Augusto?
─ Diga, Solange.
─ Não vai se aborrecer?
Que pergunta idiota! Eu o conhecia bem e sabia que estava arreliado.
─ Diga logo, que preciso tomar um banho. Tenho um compromisso daqui uma hora.
A frase veio como um balde de água fria me fazendo quase desistir de falar, Acontece que se não fizesse naquele instante não teria outra oportunidade e resolvi perguntar de uma vez.
─ Lembra-se quando ficávamos assistindo o sol se esconder de mãos dadas?
Ele pigarreou (andava fumando muito). Só que estava pigarreando neste momento para disfarçar.
E por fim falou baixinho:
─ Claro que lembro. Certas coisas não conseguimos esquecer por mais que tentemos.
─ Eu posso lhe pedir uma coisa?
─ Não se estenda, Solange. Já falei que estou apressado.
Outro balde.
─ Quero lhe pedir que sente aqui comigo para ver o sol se esconder. Falta pouco. ─ coloquei mais doçura na voz ─ Nem precisa segurar a minha mão.
Ele me olhou sem ternura no olhar, mas com pena.
Estaria eu fantasiando?
─ Augusto. Onde você vai morar dá para ver o sol se escondendo?
Ele virou o rosto na direção do horizonte e seu rosto parecia esculpido em pedra.
O telefone voltou a tocar e eu rezei baixinho:
─ Quieto, telefone. Fique quieto, por favor.
Por coincidência ou pela força de meu pedido depois do terceiro toque o telefone silenciou.
Em alguns instantes a magia daquele instante terminaria. Aquele corpo amado jamais estaria tão próximo ao meu.
Não resistindo eu busquei sua mão e ele estreitou a minha da forma que sempre fizera, apertando fortemente o mindinho.
Se eu chorasse naquela hora estragaria tudo. Ele havia me dito que não suportava a mulher chorona que eu me transformara.
Banquei a forte e nossos rostos estavam bem próximos. Os dois olhando o sol alaranjado e faltava apenas uma nesginha para o nosso astro rei se esconder.
Ele se levantaria em segundos e entraria no banheiro. Tomaria um banho e sairia. Chegaria tarde em casa e eu nem o veria chegar. Na manhã seguinte se mudaria e fim.
Um tremor percorreu meu corpo e de repente me vi estreitada em um abraço.
Aquilo não poderia estar acontecendo.
Sua boca sôfrega procurava a minha e eu me entregava inteira.
O sol acabava de desaparecer lá distante.
Eu já não via, mas sabia.
A língua dele tocava o céu da minha boca.
Estaria ficando louca?
Estaria sonhando?
Queria falar, mas o encanto se acabaria se falasse qualquer coisa.
Pressentia que não poderia me mexer, senão a poesia daquele instante se acabaria. Então fiquei bem quieta. Esperando. Esperando para saber se tinha escapado da realidade e entrado no sonho.
Eu não tomara absolutamente nada. Estava sóbria.
O corpo dele se estreitava ao meu.
Estreitava-se tanto que eu chegava a pensar que me quebraria algum osso.
Estava tão magra. Ossuda mesmo.
Ele é que rompeu o silêncio.
─ Desculpe.
─ Desculpar o quê?
Deus! Ainda era meu marido. Ainda era. Não tínhamos tratado da separação.
Augusto não sentia assim e provou isso pedindo desculpas.
─ Não tenho que desculpar nada, meu bem. Eu queria que acontecesse. E acho que você também.
Parecia que meu tom melodramático não o abalara em nada.
─ Foi um momento de fraqueza. Vou tomar um banho. Espero que você entenda que me deixei levar...
Eu o agarrei pelas costas e fiz com que se virasse e me olhasse nos olhos. Ainda haveria tempo de salvar nosso casamento?
─ E se eu mudar o meu comportamento?
─ Não há o que mudar. Tudo está resolvido. Amanhã cedo eu vou embora. Nossos filhos entenderão.
─ Será? Será que tudo é tão simples como diz?
─ Não vamos recomeçar.
E foi entrando porta adentro.
Eu fui seguindo-o. Se me beijara daquela forma ainda sentia amor e desejo. Ou estaria equivocada?
Ele colocou a chave do carro e a carteira sobre o rack e eu fui ao nosso quarto.
O que eu poderia fazer ainda? Jogar charme por cima dele não adiantaria de nada. Pedir? Implorar?
Deitei na cama e ele entrou no banheiro social e ligou o chuveiro.
Imaginei seu corpo nu e senti vontade de fazer amor com ele. Senti vontade de sentir de novo um abraço apertado, como o que acontecera há alguns minutos.
Que foi feito de nós? Fiquei me perguntando.
Em seguida desligou o chuveiro e fiquei pensando.
─ Ele nunca tomou um banho tão rápido.
A porta do quarto foi aberta abruptamente e molhado como estava ele me puxou para seus braços e me carregou para o nosso banheiro.
Usou a mão esquerda para ligar o chuveiro e com a destra livre foi me arrancando a roupa.
Será que em outras ocasiões fora tão impetuoso?
Era tudo tão espetacular e louco que eu custava a crer que estava sendo real.
Ele descia a boca para meus seios e mordiscava os mamilos.
Fizera isso milhares de vezes aqueles anos todos, mas estava sendo diferente, pois parecia haver uma raiva nele. Um desespero por me possuir.
Pensei se estava me violentando.
Acontece que eu estava querendo tudo aquilo e também o amei desesperadamente.
Também eu o mordi e o apertei.
Também eu quando tomei seu órgão genital nas mãos fui agressiva. Apertei mais do que devia.
Fazia-o não como uma fêmea no cio, mas como uma mulher desesperada.
Sabia que era a última vez e estava sendo maravilhoso e maluco.
Nunca nos amamos brutalmente antes e não estava sendo propriamente brutal. Era diferente. Era como se nós dois estivéssemos morrendo de sede e água nunca conseguisse nos saciar.
A relação sexual ocorria num ritmo alucinado. Bocas e mãos procuravam, deslizavam, corriam pelo corpo todo.
Palavras não existiam e antes falávamos tanto enquanto fazíamos amor.
Eu nem conseguia pensar direito tal a intensidade do que estava vivendo. Era como estar com um estranho. Aquele homem não era o Augusto de todos aqueles anos e aquela Solange exigente eu nunca fora.
Eu queria mais e mais e mais.
Antes nunca ocorrera comigo o orgasmo múltiplo e nem tinha conhecido que de repente pudesse senti-lo e sentia. O êxtase chegaria para nós? Ele aguentaria até quando?
Taxativamente eu desconhecia naquele homem meu companheiro de tantos anos e ele também devia estar me desconhecendo.
Prolongou-se ainda por meia hora o coito e quando por fim caímos exaustos na cama estávamos suados e arquejantes. Tão exaustos que não tínhamos forças para mexer um dedo.
Envergonhada pensava que não conseguiria mais encará-lo depois de tudo aquilo e foi ele que quebrou o silencio.
─ Estou desconhecendo-a, dona Solange.
─ E eu também não o reconheci ─ falei com débil voz.
Ele tinha se esquecido do compromisso?
Fiquei quietinha e nem queria pensar que ele pudesse se levantar e sair.
Augusto colocou o braço em volta do meu ombro e me puxou para seus braços.
Pensam que ele partiu no dia seguinte?
Está até hoje comigo e nossas noites costumam ser muito agitadas. Muitas vezes ele vem almoçar e esquecemos completamente da comida.
Ele perdeu a barriguinha e diz que eu acabo com suas forças, que sou a culpada.
Eu penso que sou a salvadora.

Foto de MALENA41

QUARENTA MINUTOS...

Era o tempo de subir o elevador. Abrir a porta do apartamento.
Era o tempo...
Os dois tão jovens, bonitos. Ficariam naquele hotel quarenta minutos.
Existia amor?
Existia tesão. Grande atração.
A porta mal fechou e ele a abraçou. Ardentemente a beijou.
Ali, naquele hotel teriam quarenta minutos.
E depois?
Para que pensar no depois?

Micaela o conhecera no shopping center. Marcelo era alto. Bem alto. Bonito, lindo mesmo.
Os olhos azuis, o corpo atraente.
Ele também notou-a de imediato.
De lilás ela ficava bem e usava naquele dia o uniforme de trabalho. Estava em seu horário de almoço. Os brincos também eram roxinhos.
Como caía bem para aquela loira a cor lilás!

Ele pediu um café expresso e não a perdia de vista. Ela também era alta. Um metro de setenta e cinco? Um pouco mais?
Como se aproximar dela?

Quando a viu entrando na loja de celulares resolveu fazer o mesmo.
Ficariam próximos e quem sabe pudesse puxar conversa com ela.

- É muito legal este que pegou antes.
- Você acha? – ela respondeu sorrindo.
Ainda mais bonita sorrindo, ele pensou.
- Acho.
Ele não resistiu.
- Você fica bem de lilás.
- Acha? É meu uniforme. Trabalho aqui no shopping.
- Eu não sou daqui. Estou de passagem nesta bela cidade.
- Gostou daqui?
- Gostei de você. - Nasceu aqui?
Esqueceram completamente a vendedora e o celular. Deixaram o balcão e a vendedora que os viu se afastando sem nada dizer.
- Meu nome é Marcelo.
- Micaela.
- Queria te ver de novo.
- Até quando fica aqui?
- Parto depois de amanhã.
Olhando-a nos olhos.
- Deve ter um namorado. É muito bonita.
- Estou sozinha no momento. Terminei um namoro de cinco anos.
- Cinco anos?
- Sim. Você também deve ter uma namorada. É muito bonito.
- Sou noivo. Vou casar daqui dois meses.
- Foi um prazer lhe conhecer, – disse Micaela estendendo a longa mão e fazendo menção de se afastar.
- Quero vê-la de novo.
- É melhor não.
- Onde trabalha?
- Esqueça. Tchau.
- Quero vê-la de novo. Gostei de você.

Ela sentia que não devia encompridar o papo. Ela sentia...
Mas num ímpeto falou o nome da loja onde trabalhava.
- Vou comprar uma camisa lá. Estou precisando.
- Ok. Agora preciso ir. Está na minha hora de entrar.
- Passo lá.

Ele passaria? Falou que passaria.
Olhava cada homem que entrava e Marcelo apareceu duas horas depois.
Escolheu a camisa e na despedida deixou um pequeno pedaço de papel em sua mão.
Ela disfarçou e ficou de rabo de olho olhando-o sair.
Noivo.
Pouco depois foi a toalete e viu o número do celular dele anotado ali.
Ligaria? Ainda não sabia se o faria.

Na manhã seguinte...
- Marcelo. É Micaela.
- Sabia que me ligaria. Quero vê-la hoje. Minha viagem foi antecipada. Preciso voltar esta tarde para casa.
- Tenho uma hora e meia de almoço.
- É tempo suficiente.

Era uma loucura estar ali nos braços daquele homem. Uma deliciosa loucura. Ele tinha uma noiva...
- Que gostosa é sua boca. Você toda é gostosa.
E depois?
Depois nada.
Ela se entregaria a ele e pronto.

O beijo já os deixava maluquinhos. Imagine o resto.
Ele beijava-a na boca, na face, descia para o pescoço.
Nunca fora bom assim com Augusto. Não havia este fogo.
Por que lembrar de Augusto nesta hora?
Ela estremecia.
- Está bem, querida?
- Sim. Quero mais beijos. Está bom.

Se alguém lhe dissesse que estaria fazendo isso em seu horário de almoço um mês antes ela diria que esta pessoa estava louca. Se lhe dissessem dois dias antes ela também diria.
Que loucura boa! Que beijo gostoso!
Uma noiva.
Que vontade de perguntar se amava a noiva. Mas não estava mais do que claro? Ia se casar com ela.
Deixava aos poucos que o uniforme escorregasse de seu corpo.
Linda e nua ela tremia de prazer.

- Como você é bonita!
Ele também era lindo nu. Lindo e gostoso. Tinha um pênis avantajado e ela nem imaginava que homens pudessem ter realmente tão grandão.
Como se livrara rápido das roupas!

(tinham quarenta minutos)

Na cama ele a beijava toda e Micaela gemia.
Se contorcia, tremia. Ele beijava, lambia...

- Tudo bem, amor?
- Tudo.
Ela puxava-o para sugar seus mamilos e a boca escorregava para a barriga. Que delícia!
Ele descia mais e penetrava o dedo enquanto chupava seu clitóris.
Estava adorando aquilo.
- Continua, continua...

...quando por fim gozaram juntinhos ela olhou no relógio e viu que
não haveria tempo para um banho
Ele beijou-a de leve nos lábios
- Como você é gostosa!

Foto de andre-lz

Volta Logo

Num momento de desespero
Quase te pedi pra ficar
Bateu um aperto no peito
E uma vontade louca de chorar.

Me contive,
Te olhei,
De quando eu tinha os meus sonhos,
Eu lembrei.

Eu sonhava, planejava, vivia
E assim, me dirigindo, errei uma manobra
E sem perceber o que fazia
Esqueci meus sonhos...e a vida cobra.

O tempo é assim, implacável,
As vezes destrói, outras vezes afaga.
Mas saiba que o que juntos vivemos
Nem mesmo o tempo apaga

Então, busque seus sonhos
Nunca os perca de vista
Não cometa o meu erro
Não erre a manobra, não desista.

Não te pedi para ficar
Mas olho pro céu e rogo
Vê se não demora muito
Volta logo...

Foto de usuario12345

Sabe

Sabe o que era bom você fazer?
Me entregar seu coração pra mim viver.
Eu vou cuidar muito bem dele,
Você não vai se arrepender.

Sabe, eu não sabia o que queria,
Mas isso era até outro dia,
Descobri o que eu precisava,
Ao te conhecer.

Você mudou a minha vida ao amanhecer,
Quando me olhou e a nossa vista se modificou,
O nosso olhar cruzou, decidiu o amor,
Que ali era a hora de nos aparecer.

Sabe, você sabe muito bem,
Que entrou de vez na minha história,
Se tornou a minha glória,
Agora vem comigo, vem.

Foto de Carmen Lúcia

Sobre nós...

Nem um toque...
E por que toques
se te contacto no infinito de meu ser
e te vejo renascer
em cada gesto de carinho
trazido pela brisa do mar
a contornar tua boca
que me beija
e teu corpo que me abraça
e me deseja...

Nem uma palavra...
Só o silêncio.
E por que as vãs palavras
a quebrarem o fascínio do momento,
insano deslumbramento
de uma força tamanha
que nos atrai,
nos alicia,
acaricia...
Palavras, falam nosso olhar.

Sobre nós não há o que dizer.
Não se pode descrever,
apenas sentir
e calar...
Não há como avaliar
o irreal, o surreal.
É algo imensurável
a se perder de vista...
É verdade,
é saudade,
é do sonho a realidade
do artista.

_Carmen Lúcia_

Foto de Diario de uma bruxa

Xeque mate

Tem pessoas que já nascem com o destino traçado
Sabendo esperar sem procurar
Pois sabe que o que é seu por direito
Um dia virá

Vai parecer coincidência, pode até ser
Mas com certeza é o destino
A te encontrar

Aparece do nada
E se encaixa perfeito em você

Como aquela pecinha do xadrez
Vista na hora certa
Mexida no momento exato
Pronto
Xeque mate encontrei você.

Poema as Bruxas

Foto de odias pereira

"MEU SEGREDO."...

Eu sempre tive uma vontade louca ,

De te revelar um segredo meu.

Mais as chances foram poucas,

De te falar, que sou aficcionado por esse corpo seu.

Ja tentei de todo o jeito,

Me chegar bem de mansinho.

E estudar com muito efeito,

Me aproximar do teu cantinho.

E ter um jeito bem carinhoso,

Pra chegar até você,

E com um papo bem gostoso.

A conquista acontecer.

Quando eu olho pro teu corpo,

Mexe na minha imaginação.

Me arrepio fico louco,

Fico cheio de tesão.

Tesão essa que so termina,

Quando a imagem tua some de minha vista.

Acabando a adrenalina,

Da minha tesão entusiasmista.

São José dos Campos

Odias Pereira
11/01/2011

Foto de Odir Milanez da Cunha

O VÔO DO PASSARINHO

O VÔO DO PASSARINHO
Odir, de passagem

Onde vás nesse vôo, passarinho!
A tarde cai, o dia se completa.
A luz já não te dá voar sozinho,
pois quem sozinho voa é o poeta!

Acalma o vôo, voa de mansinho,
o vento frio a tua vista afeta.
Por que tardaste a volta para o ninho,
quando a noite nos ninhos se projeta?

Pondera se te espera algum espinho,
espinho que te fira e roube a vida,
até que cesse o curso do caminho.

Refece as tuas asas na descida,
contenta com cantigas teu cantinho
e surta as sombras de sinais de vida!

JPessoa, 19.01.2011

Foto de KAUE DUARTE

AMOR PLANTADO NA TERRA

É a seiva que nutre o caule
Lubrificando e dando vida em tuas folhas
Lhe dando coragem pra florificar e frutificar
Apoio em tuas raizes
Para que sejam fortes e profundas
E encontrem nutrientes no mais profundo solo
Para que de primavera em primavera
A cada estação seja a mais bela
Bem vista e apetitosa
Com seu povoar nos pastos sagrados da terra
Assim vem povoar meu coração o amor
De tal forma como as arvores criam raizes
E dão vida a seus protozoários
E embelezam seu cotidiano
Do mesmo processo que a arvore sofre
Pra ser rainha
O coração que ama sofre pra ser rei
Mais em tudo consiste a bonança
O amor faz a sombra como as grandes arvores
Alimenta como as macieiras
Traz penca de amores como a bananeira
Que ficam grudadinhos como a jabuticaba
As vezes amargos como a carambola
Mais tambem doces como a uva
A fruta do amor tem sabor
Sabor variavel
Depende de como é nutrida
E afagada pelos sonhos de DEUS...
,,,,,,,,,,,,, Kaue Jessé 17.01.2011 //*

Foto de Deni Píàia

Terminal Rodoviário

-Pipoca é cinquennnn... té cinquennnn... té cinquennn
-Meus irmãos, está aqui na Bíblia.
-Amendoim torradinho só setenta.
-Pipoca é cinquennnnn...
-Tem um trocadinho pra me ajudar?
-Chocolate Suflé, só num é mais doce que mulé.
-Um é dois, três é cinco.
-E Jesus falou...
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Moçô, passa na rodoviária?
-Água só um e vinte.
-E a pipoca?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Torradinho, torradinho!
-Vrrrrrummmmm...
-Peraí, moçô!
-Quando Jesus perguntou aos seus apóstolos...
-Tem uma moedinha?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Suflé é da Nestrê!
-A que horas vai sair?
...
Marqueteiros, vendedores, pastores, pedintes... Povo. O terminal de ônibus me parece uma grande colcha de retalhos humanos onde cada um busca seu lugarzinho ao sol, embora seja noite. Sentado num banco tentando registrar o que vejo e ouço, fico perdido num turbilhão de ofertas, pedidos, perguntas, conselhos, freadas, aceleradas, passos, correrias e pernas, algumas bem bonitas! Fico imaginando de onde vem toda essa gente que, de alguma forma, em sua maioria, tenta levantar uns trocados. Verdadeiros profissionais de vendas, desdentados e maltrapilhos, que vivem de seus parcos negócios, enquanto eu não consigo vender nem pra mim mesmo. Onde estão suas famílias, seus amigos, suas casas?
Resolvi experimentar o amendoim torradinho-torradinho, acondicionado em tubinhos de papel dentro de uma espécie de balde que, embaixo, tem uma abertura onde uma brasa mantém a iguaria aquecida. E não é que estava quentinho! Achei que valeu o preço: só setenta centavos. O “Suflé” até que provoca a gente, mas naquelas mãos quentes deve estar uma papa. A água mais quente ainda. Quanto à pipoca tenho vontade de chutar o pacote, de tão chato que é seu anúncio: -É cinquennnn... té cinquennnnn...
Um caso à parte é o pastor. Bela oratória! Um sujeito bem vestido, terno limpo, puído, mas limpo. Pasmo com seu nível de informação. Fala do diabo disfarçado de roqueiro, citando Led Leppelin, John Lennon e Nirvana, discorrendo sobre Raul Seixas no cenário nacional, entre outros. Faz uma profunda e excelente crítica sobre a programação televisiva onde, logicamente, lá está o capeta de novo, em todos os canais e horários. Mete o pau em religiões, todas! –Minha religião é a Bíblia, diz ele. Pisoteia sobre a moral de pastores que pedem e tiram dinheiro dos fiéis, até deixando alguns expectadores contrariados.
À primeira vista lembra uma feira onde ninguém conhece ninguém, onde todos estão sós. Ledo engano. Observando melhor percebo que, atento ao pastor/orador, outro espera ao longe para substitui-lo ou acompanha-lo no caminho de volta. O vendedor de “Suflé” acompanha o da pipoca, que é amigo do amendoim. A mulher que vende água é mãe da moça que vende frutas na outra plataforma. O pedinte de moedas é parceiro do outro que já pediu, ganhou e agora está fumando sossegado. Os motoristas são companheiros entre si e conhecidos da maioria dos passageiros. Enfim, acabei por concluir que só eu estava sozinho. E como num passe de mágica, de repente o terminal se esvazia. Para onde foram todos? Vendedores desapareceram, o pastor silenciou e sumiu, os ônibus escassearam, os pedintes já se acomodam na calçada. Fico com a impressão que se diluíram e escorreram para as bocas-de-lobo, de onde agora me observam irônicos. Seguiram seus caminhos e eu fiquei só. Vou tomar o próximo ônibus e também seguir o meu, para chegar em casa e continuar só. Mas amanhã eu volto.

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