Poemas Inéditos para Colectâneas

Foto de Osmar Fernandes

Homem do lixo

Misturado aos urubus, esconde seu rosto, seu nome.
Briga por cada saco de lixo em busca de pão.
É a lei do mais forte para não morrer de fome.
A espécie demarca seu território como um cão.

Despe-se de sua imagem...
Assim, é o planeta dos mendigos!
Marca registrada do capitalismo selvagem.
A humilhação se estampa na face dos meninos.

O homem triste, do lixo,
Tem alma... é um ser-humano.
Vive como um bicho!
Vegeta nesse mundo desumano.

Nesse lugar, a Pátria apagou sua luz.
Falta o cumprimento constitucional.
Ali, cada um faz a sua lei, carrega a sua cruz.
É a fotografia da política social.

Prof. Osmar Soares Fernandes - autor
Respeite o direito autoral

Foto de carlosmustang

"""DESMITIFICAÇÕES"""

Quantas vezes lhe disse,
que não sou desse planeta
Só alguém para admirar
O que é o amor

Alguém, que venera seu corpo
Todo feito com carinho
Todo feito para amar
E sentir-se um cometa
Na emoção de te sentir

Mas mesmo assim não perco
Porque tudo é mais que isso
Sem esperar um paraíso
Sinto me tão feliz

Ouço sua voz em qualquer lugar
Sabendo amar eu sou eterno
Em braços de deusa,
me desfaço num sonho fraterno!

Foto de Joaninhavoa

PRESENTES OLVIDADOS!

*
PRESENTES OLVIDADOS!
*

Luzia foi uma formosa donzela de Siracusa.
Segundo reza a história surge em famosos quadros
pintados a óleo e em bandejas, verdadeiras
relíquias ezíguas.

Olhavam suas formas deliciosas
Nas chagas de óleo cores e misturas
Semicerravam os olhos para ver o pormenor
E acertar tiro ao alvo no epicentro comedor

Figura fascinante! Atraía os olhares
Das gentes a matéria e suas composições
Eram nos quadros algo pr`além de suposições
Verdadeiras obras d`arte onde rumores

Mil vezes repetidos por quem privava
Cruzava com tais presentes sacramentos
Mil e um serafins em esplenderosos reflexos

Saboreavam-na em neutras cúpulas
Seus reconditos cachos espelhados
Crucificados por pensamentos

Jamais esquecidos! Óh formosíssima
Ângulos adornados vértices onde a boca
Constrói presentes olvidados

Nunca antes conjugados.

Joaninhavoa
(helenafarias)
28 de Dezembro de 2008

Foto de Joaninhavoa

MAS O AMOR ESTÁ NO AR...

*
MAS O AMOR ESTÁ NO AR...
*

Meu amor
Você me faz
Água na boca
E sonhar...
Palavras são meio loucas
São pirilampos
A piscar...
Me excitam demais
Quando você as deixa
no ar...
Do teu altar a navegar
num vai que não vem
num mar...
Noite que chega
E eu sem você
Pr`amar...

Meu amor
Você me faz
Água na boca
E sonhar...

Vamos fazer amor
no chão num foguetão
no ar...
Fazer amor num submarino
no mar...
Vem! Fazer amor na melodia
do dia a nascer
Vem! Invadir o espaço
D`amor no ar...
no ar...
no ar...

Vem! Vem meu amor
Porque só você me faz
Água na boca!

Joaninhavoa
(helenafarias)
27 de Dezembro de 2008

Foto de POETAREMOS

O engano no olhar

*
*
*
*
Em momento singular
Contato de brisa
Olhos que enganam
Contorcendo o real
Fazendo crer
Na possibilidade da ter
Mesmo por minutos
A presença da deusa
Movendo os fatos
Para a realidade do querer

Manoel Freitas de oliveira

Foto de annytha

VOLTASTE

VOLTASTE!

Hoje fiquei a tua espera por um longo tempo e cheguei a pensar que tu nunca mais irias voltar. Mas tu chegastes de mansinho. Corri ao teu encontro e tu me deste um ardente beijo, onde sorvi o doce néctar dos teus lábios! Depois, do longo beijo, ainda trêmulo, me perguntaste qual o raio do luar deveríamos seguir, pois a noite estava linda e a lua cheia, cúmplice daquele encontro perecia sorrir para nós! Saímos sem nos preocupar com o relógio, peça inventada pelo homem pra nos fazer lembrar que o tempo se esvai. Não tínhamos pressa! O sol mal dera lugar à lua... Enfim, tínhamos um ao outro e naquele momento era tudo o que importava.
Teus lábios correram em meu corpo, me levando ao delírio ... Fiquei como desfalecida caída em teus braços. Tu gritavas o meu nome com tanta força, que o vento levava o eco da tua voz aos quadrantes do mundo!
Pedi para que tu não exagerasse nos carinhos, porque de tanta paixão e por ser um tanto delicada como o orvalho que nos envolvia naquela noite, quando o sol raiasse, eu juntamente com o orvalho também morreria. Tu me abraçavas cada vez mais forte, me fazendo estremecer de paixão. O calor do teu corpo conservava o meu do frio que fazia.
Por momentos, eu me sentia perdida, sem referências. Um grande medo de te perder me invadia e eu te pedia para não me deixares ficar contigo apenas nas recordações. Nada disseste, apenas me sorriste. Um sorriso calmo, sereno, que me dava certeza que seriamos eternos.
Nos levantamos e caminhamos até o mar, onde suas águas estavam agitadas, e não podemos sair no barquinho que estava ali, como se estivesse nos esperando pra nos levar ao lugar onde vivem os amantes. Eu temi pelo frágil barco, pois não pretendia ficar à deriva, e tu, atendeste ao meu temor e não insistisse. Ficamos ali abraçados, em silêncio.
Nada falamos, pois naquele instante as palavras não teriam nenhum significado.
Naquela noite, a felicidade tomou a nossa forma. Fomos felizes! Até quando não sei. Vivemos o presente, sem pensar no passado, esperando pelo futuro.

Foto de Joaninhavoa

VOANDO...

*
VOANDO...
*

Um eclipse crava no ar um gris
gris alaranjado
E o céu flutua navegando
no ar.

Tudo treme! E eu contigo
a sonhar
Sobre as asas do amor
a voar... a voar.

Uma cauda de foguetes
Um gris matizado.

(Oh, tu e eu passeando
nós dois namorando!) Um gris
gris alaranjado.

Joaninhavoa
(helenafarias)
26 de Dezembro de 2008

Foto de ALTOLIVER

Chuva...

Hoje, apenas um céu nublado me faz refletir e pensar que demais são nossos obstáculos, porém, nem tanto intransponíveis...
Dias atrás, estava eu cá em meu cantinho de prosa escrevendo sobre a chuva, sobre o som que emite ao cair do telhado, ecoando insistentemente aos meus ouvidos e revolvendo de minha alma, angústias e solidão...
Tal qual a chuva, a desintegrar-se das nuvens os pequeninos pingos d´água que uniformemente regam o corpo da terra, como uma dádiva ao martírio do fustigante calor sofrido por ela, após um sol abrasador que sem trégua assolou-a fazendo com que suas entranhas ficassem em total sequidão e inférteis...
Assim como a terra, estava meu coração e como as nuvens, meus olhos buscavam o evaporar do meu suor para que, em forma de chuva minhas lágrimas pudessem regar o meu corpo e dar vida ao meu coração, para que dele pudesse brotar os renovos que tanto bem fariam não só a mim, como também a todos que deles pudessem alimentar-se...
Eis-me aqui, sol avassalador! Eis-me aqui, lágrimas de refrigério...
Sem teu existir e sem tua partida, não teríamos a luz sublime e encandescedora da formosa lua, lua que veio um dia e levou o meu amor e apenas uma silhueta deixou em minha lembrança...
Vejo-te, minha amada... Nas águas douradas do mar em cada entardecer, posso vê-la também em cada estrela cadente que como minha esperança, cai subitamente diante dos meus olhos ávidos a te procurar na escuridão da noite...
Podes me dizer aonde vai, displicente sol, já vai esconder-se por detrás das nuvens...
Sob este dia nublado, continuo aqui... A refletir e esperar o anoitecer sem nuvens, para que eu possa ver a lua e perguntar-lhe...
Porventura tens visto a minha Amada?

Foto de NiKKo

Ave liberta

Abri minhas asas sob a luz de seu olhar
e as minhas penas, eu já não sentia mais doer.
Minhas feridas com seu carinho foram cicatrizadas
e os grilhões da amargura e solidão seu amor veio romper.

Suas mãos carinhosas ao me afagarem
fizeram-me compreender que posso de novo voar.
Que o jugo do passado e da tristeza pode ser quebrado
se com sinceridade e sem medo meu coração eu entregar.

Você me mostrou que o passado nos leva a crescer
mesmo quando a desilusão parece que a tudo domina,
Seu amor faz meu coração ficar leve como pluma
mesmo sendo mulher madura, ao seu lado sou uma menina.

Reaprendi a caminhar de mãos dadas sem medo
e a sorrir por ver estrelas no céu noturno a brilhar.
Seu rosto se abre em um sorriso fagueiro e malicioso
porque você vê através de meus olhos, que estou a lhe amar.

Vivo com você em meus pensamentos e confesso
que é por você que hoje eu componho a minha poesia.
Você é o sol que ilumina meus dias nublados e escuros
é você a razão de meus sonhos e a minha alegria.

Hoje sei que todas as lembranças que me faziam sofrer
estão no passado sepultadas, e não irão mais me fazer chorar.
Hoje sou ave liberta das tristezas e amarguras,
e com você ao meu lado abro minhas asas,
sou livre, posso voar.

Foto de NiKKo

Ponto pacífico.

Amo você.
Não adianta querer a todos, sorrindo iludir,
não adianta tentar de mim mesma, isso esconder,
pois meus versos traduzem e revelam o que sinto,
seria mentira dizer que já consegui te esquecer.

Amo você.
E tenho vivido do que fomos no passado,
pois o seu adeus destruiu em mim a ilusão,
feriram fundo meu peito que hoje chora
lembrando de nossos momentos cheios de emoção.

Amo você.
E sua distancia roubou a alegria que eu sentia,
levou consigo, em seu adeus, a minha esperança.
Hoje passo horas e horas olhando para o nada.
Hoje choro muitas vezes, como criança.

Amo você.
E minha alma que é tola, romântica e apaixonada,
não entende que você já me esqueceu,
meu coração não aceita que não vale a pena te esperar
e mesmo sofrendo lhe diz: meu amor ainda é teu.

Amo você.
E por tudo, o que um dia você me fez sentir,
ouso dizer você também chegou a me amar.
Pois isso minha alma encontra consolo no passado
onde pela felicidade sentida, reapreendi a voar.

Amo você.
Mas você está distante de mim agora.
Lembranças e recordações são hoje tudo o que tenho,
por isso carrego meus olhos tristonhos e sem brilho,
por isso sem palavras a tua presença hoje eu venho.

Amo você.
E estou aqui para admitir que ainda te quero muito.
Que meu coração mesmo sofrendo ainda é seu.
Amo você, e isso é ponto pacífico em minha vida.
Embora sofrendo, eu admito, meu coração não te esqueceu.

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